Quando o
ambiente doméstico, à conta de pesados compromissos morais, surgir frustrando
os seus anseios sinceros de felicidade, não o abandone, persevere um tanto
mais, pois tudo na vida tende a se transformar.
Enquanto não
conseguir ser compreendido por quantos se acham ligados a você pelos laços
consanguíneos, empregue a compreensão e a paciência necessárias para a
manutenção da paz que deseja.
Lembre-se, o
irmão difícil provavelmente é o desafeto de ontem que ressurge hoje, à conta de
credor lesado, reclamando o ajuste dos nossos débitos.
O cônjuge
intransigente quase sempre traz no subconsciente as marcas da incúria com que o
ferimos em pretérito distante, transformando o lar de hoje em um verdadeiro
laboratório de aprimoramento moral.
Por mais
difícil que seja a convivência no lar, não tome atitudes precipitadas. Arme-se
de um tanto mais de paciência e procure no companheiro ou na companheira as
qualidades e não apenas os defeitos.
Não desdenhe
da sabedoria de Deus que colocou vocês juntos para a construção da vossa
felicidade.
Cumpra a sua
parte. Mude as suas atitudes e pensamentos antes de exigir a mudança dos outros
que convivem com você.
Ninguém se
descarta de uma convivência necessária sem auferir para si, compromissos ainda
mais graves do que aqueles que está vivendo hoje.
Não destrua
o lar à conta de interesses egoístas e mundanos. Lembre-se, aqueles que a vida
trouxe para junto de nós, os quais muitas vezes não toleramos a presença, não
os ajudamos e não aprendemos a amá-los, amanhã, retornarão para junto de nós,
impondo-nos condições ainda mais aflitivas.
É assim que
uma esposa hoje desprezada poderá retornar amanhã na condição de uma filha
problema, obrigando-nos a um sacrifício ainda maior.
Quantos
esposos traídos e abandonados no passado estão hoje reencarnados como filhos
das esposas infelizes de outrora, cobrando-lhes caro a insensatez da traição e
do abandono.
A essas mães
e pais, facilmente identificados pela relação difícil com seus filhos,
aconselho que façam as mentalizações de reconciliação, ajudando a apagar, do
subconsciente dos seus filhos, as imagens negativas registradas no passado.
O lar é o
santuário onde devemos construir os alicerces da nossa felicidade. O tributo a
pagar é a renúncia e o perdão. Sem pagarmos esse tributo, jamais consolidaremos
nossa felicidade.
Antes de
bater no peito e gritar pelos seus direitos, observe se está cumprindo as suas
obrigações. Não falo das obrigações do pão e do teto, mas das obrigações morais
para com a sua esposa ou esposo e para com os seus filhos. Está dando a eles o
exemplo de fidelidade, de amor e de compreensão? Já consegue deixar do lado de
fora da porta o mau humor e os problemas que não dizem respeito a sua família?
Faça a si mesmo estas perguntas e analise profundamente. Fazendo isso, estará
se aproximando do autoconhecimento que levará você a encontrar o caminho da
felicidade, se é o que deseja realmente.
Eu vivi uma
experiência que me permite falar com propriedade sobre esse assunto:
Estava
casado há dois anos. Tinha um filho com um ano e três meses e outro com dois
meses e alguns dias. Certa manhã, ao levantar-me para ir ao trabalho, olhei no
berço do meu filhinho de dois meses e, com uma dor imensa no coração percebi
que estava morto. Depois do choque que tivemos eu e minha esposa, fizemos os
preparativos para o funeral. No momento em que o seu corpinho estava sobre a
mesa, minha mãe viu o espírito de uma mulher aproximar-se dele, rindo às
gargalhadas. A partir desse dia minha vida se transformou.
Minha mulher
que nunca fora agressiva, passou a maltratar-me. Os meus negócios começaram a
regredir de tal forma que durante o período de oito meses, não consegui sequer
pagar o aluguel da casa onde morava. Todos os meus planos pareciam ir por água
abaixo, até o alimento ameaçava faltar. Nesse clima difícil, tivemos mais um
filho.
O tempo
passou...
Com muita
luta, consegui equilibrar-me financeiramente, mas o trato com minha mulher
piorou, meu primeiro filho que contava quase três anos de idade, afirmava ver
uma mulher andando pela nossa casa.
Certo dia,
quando retornava do trabalho, sem qualquer motivo, minha esposa tentou
agredir-me. Sabendo do que se tratava, mantive a calma. Abri meus braços e orei
com fé. Imediatamente ela caiu no chão, logo percebi tratar-se do espírito que
minha mãe e meu filho haviam visto. Com palavras amigas, tentei convencê-la a
abandonar tal perseguição, porém, seu ódio por mim era tanto que gritava:
–
“Maldito... Vou acabar com você!”
Essa cena se
repetiu durante quatro anos, duas ou três vezes por semana, e a cada investida
eu lhe dava o que havia de melhor em mim, tratando-a com respeito e carinho.
Graças ao conhecimento Espírita, eu sabia que algum mal havia feito para aquela
irmã, em outra vida.
Eram os
últimos dias de junho de 1972. Pela manhã estávamos conversando, eu, minha
esposa e meu cunhado, quando a nossa irmã incorporou novamente. Chorava muito.
Comovido eu chorei também. Senti que naquele momento havia conquistado o seu
perdão. Conversamos em prantos, e quando partiu, prometeu não mais nos
molestar. Logo em seguida meu cunhado incorporou um espírito que não revelou
seu nome, mas disse-nos o seguinte:
– “Meu
irmão, Deus concedeu a vocês a oportunidade de transformar esse ódio em amor.
Nossa irmã renascerá como vossa filha, preparem o berço, virá na figura de uma
linda menina de olhos claros. Esta é a prova que vos dou.”
Realmente!
Em pouco tempo minha mulher concebeu, e em abril de 1973, nasceu minha filha,
uma linda menina de olhos claros! Foi uma grande prova, principalmente para
minha esposa que ainda tinha algumas dúvidas com relação à vida eterna. Graças
às experiências vividas com minha mãe, o fato veio apenas confirmar a fé que
cultivo desde criança, sem a qual, meu lar teria desmoronado.
A prova
maior veio depois...
Devido ao
ódio que a irmã sentia por mim, e que em tão pouco tempo não poderia ser
apagado do seu subconsciente, durante a gravidez, minha mulher sentia-se
influenciada por ela a ponto de sentir aversão por mim.
Durante os
nove meses de gravidez, meu relacionamento com minha esposa foi muito difícil,
precisei de muita paciência para superar. Depois que nasceu, quando tinha
alguns meses de idade eu não podia tocá-la. Ao pegá-la no colo, imediatamente
punha-se aos gritos como se estivesse sentindo dores, bastava entregá-la a alguém,
prontamente se acalmava.
Até os três
anos de idade tivemos uma relação muito difícil. Sempre me olhava com reserva e
raramente respondia às minhas perguntas. Brincava e sorria com todos, menos
comigo.
Não fora meu
conhecimento espírita, talvez essa aversão tivesse se perpetuado até hoje.
Cheguei em alguns momentos a pensar em desistir de conquistá-la, minha dor era
muito grande, por mais que eu tentasse aproximar-me, ela rejeitava-me
rudemente. Apesar de tudo, continuei insistindo, até que finalmente consegui
conquistá-la.
Um dia, ao
chegar em casa, estava brincando no jardim, olhei para ela e ao contrário do
que sempre fazia que era correr para junto da mãe, correu para mim e,
abraçando-me, beijou-me pela primeira vez. Chorei emocionado. Hoje, nos amamos
muito!
Nelson
Moraes-
Extraído do
livro: “Perdão - O Caminho da Felicidade!” – Autor: Nelson Moraes / Orientado
pelo Espírito Aulus
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