Questão grave que requisita acurados estudos e contínuo
exame, a fim de haurir-se necessário conhecimento, a que diz respeito à
problemática das distonias e afecções psíquicas, sejam decorrentes dos
transtornos orgânicos e mentais, sejam de causa obsessiva.
Em cada processo de alienação mental há uma causa
preponderante com complexidades que escapam ao observador menos vigilante e
pouco adestrado, em relação às questões do Espírito.
Sendo o homem um Espírito encarnado em processo evolutivo,
somente por meio do seu conhecimento espiritual serão possíveis os esforços
exitosos no solucionamento dos distúrbios que o surpreendem no trânsito carnal.
Cada enfermidade mental tem sua etiopatogenia específica
sediada nas intricadas tecelagens do perispírito do paciente, como resultado do
comportamento que se permitiu de maneira equivocada. Isto porque as soberanas
Leis da Justiça Divina sempre alcançam os infratores dos seus estatutos, onde
quer que se encontrem,.
O homem, por meio das realizações, construções mentais e
atitudes, instala nos centros da vida pensante os germens dos distúrbios que
produzem alienações as mais diversas, impondo os impostergáveis ressarcimentos
pela autopunição, por meio das psicoses, psicopatias, psiconeuroses, traumas,
obsessões que se apresentam em múltiplos aspectos...
Da neurose simples às complexas manifestações da hidro, da
micro e da macrocefalia, do mongolismo [Síndrome de Down], da esquizofrenia, as
causas atuais possuem suas matrizes na anterioridade do caminho percorrido, no
passado, pelo Espírito ora em alienação...
As agressões à caixa craniana e ao cérebro, pela desarvoração
que conduz ao suicídio, engendram as anomalias da constituição morfológica e de
funcionamento das engrenagens mentais desarranjadas pelos petardos e atentados
perpetrados na suprema rebeldia a que o homem se entrega...
Ninguém foge à vida sem se surpreender com ela mais
adiante... Pessoa alguma se evade à responsabilidade sem que se veja defrontada
pelos problemas criados à frente. Criminosos não justiçados reencarnam com
psicoses maníaco-depressivas, como a tentarem fazer justiça ante o delito, não
ressarcido, fixado na memória. Homens que enganaram, não obstante as homenagens
que desfrutaram, refugiam-se em várias formas de loucura, como a fugirem dos
compromissos que não têm coragem para enfrentar...
Na gama multiface das alienações mentais, a obsessão
igualmente ocupa lugar expressivo. Ódios demoradamente cultivados e decorrentes
de erros graves vinculam os que se demoram no além-túmulo aos que reencarnaram
na Terra, produzindo lamentáveis consórcios mentais de consequências
imprevisíveis. Hediondos conciliábulos que transcorreram em sombras, produzindo
gravames, convertem-se em heranças de interdependência psíquica, que degeneram
em obsessões cruéis... Amores violentos, saciados em sangue, asfixiados em
traição, silenciados em infâmias, mantidos em tramas urdidas para se libertarem
dos empecilhos, reagrupam algozes e vítimas no intercâmbio espiritual que se
transforma em subjugações truanescas de curso demorado e pungente...
A morte não apaga a memória, antes a aguça, facultando a uns
lucidez exagerada, enquanto outros jazem em longo torpor, automaticamente
atraídos e imantados aos compares dos crimes e descalabros, produzindo
interdependência, em comunhão danosa, de vampirização fluídica, em que se
exaurem as forças constitutivas da cápsula carnal, por onde deambulam os
encarnados. A morte é sempre a grande, fatal desveladora de mistérios, de
enigmas, de causas ocultas... E a vida física se organiza mediante as
consequências dos atos pretéritos, transformados em presídios de dor ou
paisagem de liberdade. Simultaneamente, a experiência carnal enseja tesouros de
incomparável valor para a elaboração de causas propiciatórias à paz e à
felicidade que um dia todos lograrão, após depurados e esclarecidos.
Do conhecimento da Vida Espiritual defluirão preciosos
benefícios para a sanidade mental das criaturas humanas.
O Espiritismo ou Cristianismo moderno possui as mais valiosas
terapêuticas para a problemática mental da atualidade, por ensinar a
indestrutibilidade e comunicabilidade do princípio espiritual do homem,
asseverando quanto à necessidade das sucessivas reencarnações, anulando o pavor
da morte, dos sofrimentos e sendo o mais perfeito método contra os fatores que
produzem traumas, desvarios, desequilíbrios...
Favorecendo o otimismo, este produz a vitalização dos centros
do equilíbrio psicofísico, reabastecendo de energias compatíveis as engrenagens
eletromagnéticas do campo mental, vitalizando os fulcros debilitados da
fomentação de forças mantenedoras da vida.
A diminuição das defesas morais encarregadas de criarem um
campo de força defensiva no homem faculta a invasão microbiana no organismo,
permitindo que sequelas desta ou daquela ordem afetem os núcleos do
discernimento e da razão, arrojando-o no desconserto da loucura.
O cultivo da prece, a conversação edificante, o exercício da
meditação e da reflexão, as ações nobilitantes, o labor pelo próximo, conseguem
fortalecer o homem com energias específicas, forrando-o das agressões físicas
como espirituais, propiciatórias das distonias múltiplas, promotoras das
doenças mentais e obsessivas que tanto infelicitam.
No sentido oposto, a ociosidade física e mental, o
pessimismo, a irritabilidade, o desânimo, a malícia, a ira e o ódio, o ciúme e
os vícios, facultam não apenas a proliferação dos fatores que geram loucuras
como o surgimento de matrizes para fixações obsessivas de consequências graves.
Em razão proporcional aos distúrbios morais crescem os
desvarios mentais supliciando os Espíritos levianos e culpados, em terapêutica
depuradora, de que se poderiam forrar, não se demorassem vinculados aos
círculos da insensatez, da leviandade, do imediatismo...
Em face do conhecimento do Mundo Espiritual, presente em
todos os cometimentos humanos, poderão a Psiquiatria, a Psicologia, a
Psicanálise, a Psicossomática enriquecer-se de luzes para se transformarem,
realmente, em ciências da alma e da mente em benefício do homem, após vencido o
preconceito que não obstante o respeito que nos merecem, lhes põem antolhos
impeditivos para a clara e ampla visão das realidades da vida, na grandeza que
lhe é própria.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da
noite de 25 de fevereiro de 1974, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em
Salvador, Bahia.
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