É fato que o
ser humano tem muita dificuldade de aceitar a morte. Muitas pessoas me mandam
mensagens pedindo um consolo, uma palavra ou mesmo uma psicografia de um ente
querido ou amigo já falecido. O sofrimento dessas pessoas pela “perda” de
alguém que muito amam parece não ter fim. Por esse motivo, decidi escrever
alguns dos principais pontos a respeito da vida após a morte. Essas informações
podem ajudar algumas pessoas a enfrentarem com fé e resignação a passagem de
pessoas muito queridas.
O primeiro
ponto que todos devem entender para se consolarem com a partida de uma pessoa
que amamos é a verdade de que a morte, absolutamente, não existe. É preciso que
todos saibam que a morte é apenas uma passagem, uma transição de um estado a
outro de existência. A morte nada mais é do que a perda do corpo físico.
Descartamos o invólucro carnal e passamos a existir apenas numa dimensão mais
sutil de realidade. Aquilo que somos lá no fundo e que não depende do corpo
físico para existir se conserva e vai ao plano espiritual. A morte é apenas uma
mudança de vibração. Costumo comparar a morte a uma espécie de viagem que
nossos entes queridos e amigos fizeram. Uma viagem para um lugar distante que
nós ainda não podemos ir. Um dia, é certo que vamos encontrar as pessoas falecidas
que muito amamos e ninguém deve duvidar disso. Por mais que as impressões
materiais possam nos fazer crer que a vida se encerra com a morte, é certo que
a vida continua sempre, em muitos níveis, fases, planos e estados da existência
universal.
O segundo
ponto fala da ausência de sentido caso a morte fosse o fim de tudo. Isso
significa que se a alma humana se encerrasse definitivamente com a morte, a
vida não teria nenhum sentido. Imagine que vivemos apenas um segundo da
eternidade e morremos, para nunca mais voltar, nunca mais existir. Qual seria o
sentido da vida se assim fosse? Seria melhor que abraçássemos logo esse fim
absoluto, que seria nosso destino inexorável, do que permanecer na Terra apenas
para gozar nossa condição material. Portanto, se acreditamos que a vida tem um
sentido, jamais podemos aceitar a ideia do fim absoluto do ser. Por outro lado,
se a morte representasse a extinção completa de nosso ser, de nossa vida, do
nosso eu, essa morte seria o único fim absoluto de alguma coisa em toda a
natureza e universo. Isso porque nada que é natural morre de fato, mas ocorre
apenas uma mudança de forma. A flor que morre renasce como abudo da terra; a
semente que morre no solo nasce como planta; a lagarta morre como lagarta e
nasce a borboleta. Como diz Lavoisier, “Nada se perde, tudo se transforma”.
Tudo aquilo que morre, renasce em outra forma. Essa é uma lei natural que
também vale para a alma humana. O espírito também morre como forma para depois
aderir a outra forma. Como dissemos em um de nossos escritos, morremos no plano
físico, para renascer no plano espiritual, da mesma forma que o sol “morre” no
horizonte num ponto da Terra e “nasce” no outro lado do mundo. Portanto, não há
morte… há sempre continuidade da vida.
O terceiro
ponto nos informa que a morte existe no nascimento e o nascimento existe na
morte e que ambos são parte de um mesmo ciclo da alma. Da mesma forma que a
morte de uma pessoa é motivo de lágrimas e saudade para aqueles que permanecem
no plano físico, aqueles que permanecem no plano espiritual também sofrem e
sentem saudades de nós quando nascemos no plano físico. O contrário também
ocorre: quando uma alma nasce na Terra, ela é recebida com alegria e festa. Da
mesma forma, quando a alma morre no plano físico, ela é recebida com alegria e
festa no plano espiritual. Portanto, assim como não há motivo para tristeza
quando uma alma nasce, também não há motivo para tristeza quando ela morre,
pois muitos espíritos que a amam ficam muito felizes com sua chegada ao plano
espiritual. Aqui reside outro aspecto importante da morte… Sempre acontece da
alma que acabou de desencarnar ser recebida no plano espiritual pelos seus
entes queridos espirituais, que o recebem com todo o amor e carinho. As
pesquisas com “experiências de quase morte” confirmam de forma clara esse
ponto. Esses espíritos foram pessoas que a alma amou, ama e conviveu ao longo
de sua existência terrena e ao longo de muitas vidas passadas. Por esse motivo,
não há qualquer razão para sofrimento, posto que, quando desencarnamos, as
pessoas que desencarnaram antes de nós estarão lá para nos receber e
regozijar-se com nossa chegada à pátria espiritual. Pessoas que acreditamos
termos “perdido” aparecerão nesse sublime momento de nossa chegada ao plano
espiritual e nos receberão com todo o amor e carinho.
O quarto
ponto fala sobre a possibilidade da alma ficar presa a Terra e nos fazer muito
mal. Já falamos sobre isso em outro texto, portanto, não nos alongaremos nesse
assunto. O que as pessoas precisam saber é que não devem ficar prendendo
mentalmente um espírito junto delas, pois nesse caso, ela pode se tornar o que
no espiritualismo se chama de um “espírito preso a Terra” e gerar muito mal aos
encarnados e a si próprio. É muito comum que uma alma recém desencarnada fique
presa a nós por conta de nosso apego. Quando isso ocorre, ela pode sugar nossas
energias, assim como nos transmitir toda a sua tristeza, confusão e até fazer
com que fiquemos doentes e deprimidos. É necessário permitir que a alma ascenda
ao plano espiritual e não fique aprisionada na matéria. Portanto, uma forma
eficaz de diminuir nossa dor é permitir a partida do espírito que pode ter
ficado preso a Terra. Em outro texto de nossa autoria ensinamos uma técnica que
permite ao encarnado encaminhar o recém desencarnado ao plano espiritual. O
nome da técnica é “Encaminhando Espíritos”. Ela pode ser encontrada no blog de
Hugo Lapa. Pessoas que realizaram essa técnica relataram sentirem-se aliviadas
e mais tranquilas após sua realização. Isso se deve ao fato que o desencarnado
já não está mais conosco, nos transmitindo sua tristeza e pesar.
O quinto
ponto, e muito importante, é que a morte nos ajuda a dissolver os apegos que
temos diante de algumas pessoas. Se uma pessoa não consegue viver a sua vida
após a morte de outra pessoa, significa que ela se apoiava emocionalmente no
outro, o outro era seu sustento psicológico, seu alimento emocional, e ninguém
pode ficar dependente assim de outra pessoa. Por exemplo, quando um filho morre
e uma mãe não consegue dar continuidade a sua vida, significa que essa mãe era
totalmente dependente do seu filho no sentido emocional. Ela estava presa a
esse apego e essa dependência emocional do filho. Mas o desenvolvimento
espiritual pressupõe o fim de todos os apegos, o fim de qualquer dependência
emocional. Pressupõe que sejamos capazes de viver sem nos apoiar no outro, sem
descontar no outro nossas carências, sem usar o outro como nosso alimento
emocional. Por isso, Deus leva momentaneamente as pessoas que amamos a fim de
nos libertar desse apego ao outro. Não vamos confundir amor com apego. O amor
mais puro, real, não é apegado, não nos faz estar viciados no outro,
necessitando de sua presença conosco. O amor incondicional é aquele que existe
mesmo quando a pessoa amada está longe e, mesmo sentindo saudade, aceitamos de
bom grado essa condição, pois não estamos presos ao outro. Portanto, conseguem
lidar melhor com a morte aqueles que não cultivam nenhum apego. Ao contrário,
aqueles que estão muito apegados, praticamente não conseguem mais seguirem suas
vidas sem o outro. É preciso amar sem posses, sem se anular pelo outro, sem
fazer do outro nossa vida. Dessa forma, a passagem se torna muito menos
dolorosa e não nos prejudica.
O sexto
ponto nos mostra que nenhuma vida pode ser interrompida antes da hora, como as
ilusões do mundo podem nos fazer supor. Vejo muitas mães dizendo que “perderam”
seu filho “antes da hora” e que ele ainda tinha muito para viver nessa vida não
fosse a causa de sua morte, como um homicídio, um acidente de carro, uma doença
que o acometeu, dentre outras causas de sua morte. Queremos declarar aqui a
verdade de que ninguém morre antes da hora. Em primeiro lugar, é certo que não
há interrupção da vida, posto que a vida sempre continua e jamais se extingue.
Em segundo lugar, essa “interrupção” não foi algo que ocorreu ao acaso, por
acidente ou pela força das circunstâncias, mas precisava acontecer. Isso porque
quando uma alma desencarna, sua missão na Terra já se completou. Mesmo quando
uma pessoa é assassinada, ela só desencarnou porque sua hora chegou, caso
contrário, o assassino não conseguiria seu intento e algo daria errado. Uma
alma só deixa a Terra quando não precisa mais ficar aqui, pois já passou por
todas as provas e expiações que necessitava e já cumpriu sua missão. Portanto,
mesmo um jovem de 15 anos que foi assassinado, não teve sua vida interrompida
pelo assassino. Ele foi embora porque Deus permitiu que ele se libertasse da
matéria após o término de sua missão e das provas que precisava suportar para
evoluir espiritualmente. Seu tempo terrestre se esgotou e nada mais havia para
ele fazer na Terra. Esse é um ponto bem difícil das pessoas compreenderem, mas
é verdadeiro e também consolador. Aqueles que tomam consciência de que as
pessoas apenas desencarnam quando terminaram suas tarefas terrenas para a vida
presente, são mais resignadas e não cultivam dúvida ou raiva de certos
acontecimentos que consideramos como a causa da morte. Por outro lado, mesmo
pessoas mais jovens, até crianças nos primeiros anos, têm uma missão a cumprir
e são úteis ao desenvolvimento espiritual de uma família e em alguns casos até
mesmo da coletividade. É o caso de crianças em tenra idade que são violentadas
e assassinadas. As almas que passam por essas tragédias, que tocam a sociedade,
podem ser espíritos missionários que vêm nos ensinar a importância do amor, do
perdão e vem sensibilizar a todos de que é urgente uma transformação em nível
global.
O sétimo
ponto e um dos mais importantes é o fato de que a morte nos mostra o quanto
esse mundo é transitório, efêmero e ilusório. O ser humano sempre procurou
negar a morte, pelo simples fato de que ele é muito apegado ao mundo e seus
prazeres. Acreditamos que nós vamos viver eternamente nesse mundo, que o outro
vai ficar conosco até a velhice e acabamos esquecendo da imprevisibilidade da
morte. Temos a ilusão de que a morte ocorre com os outros, mas nunca conosco.
Queremos acreditar que vamos viver 100 anos e que nossa família nunca vai
morrer. Essa crença inconsciente vem do irremediável apego que temos diante do
mundo das formas, da matéria e dos prazeres. A morte é um instrumento que Deus
se serve para ir dissolvendo aos poucos dentro de nós esse apego a matéria e as
ilusões do mundo. Por outro lado, a morte nos dá uma noção de que não há tempo a
perder, de que tudo que devemos realizar, precisamos fazer imediatamente, sem
desvios e sem atraso. Portanto, a morte serve para nos mostrar que essa vida
aqui é somente uma passagem e que estamos apenas temporariamente revestidos de
matéria. De outro modo, uma pessoa que amamos pode ir embora a qualquer momento
e isso é que nos move a dar-lhe o devido valor, a perdoar, a aproveitar sua
estada conosco e trata-la com amor e carinho. Ninguém deve permitir que a
raiva, as disputas de ego, a soberba, as contrariedades, as rixas pequenas e os
problemas passageiros sejam causas de brigas, pois o outro pode ir embora mais
rápido do que esperamos e a culpa de te-lo maltratado e não lhe dar valor pode
nos torturar por anos.
O oitavo
ponto nos deixa claro o quanto a vida mundana, que tanto valorizamos, é
insignificante, estéril e sem valor. As mensagens dos espíritos sempre afirmam
a verdade de que a vida na matéria é passageira e pequena diante da imensidão,
da glória, da harmonia e da felicidade da vida espiritual. A maioria das
pessoas se digladia e morre pelas migalhas do mundo perecível. Trocamos
facilmente nossa felicidade pelo dinheiro e pelos bens materiais deste mundo.
Passamos a vida tensos e angustiados para manter nosso sustento financeiro
sempre com medo de tudo perder. Ao desencarnar percebemos a imaturidade de tais
atos; nos damos conta do caráter ínfimo, transitório e irrisório de tudo isso.
Os espíritos dizem que brigamos por coisas sem nenhuma importância; nos matamos
pelas sobras dos ossos debaixo da mesa; perdemos nossa vida alimentando o
ilusório ao invés de valorizar o eterno ser espiritual que somos. Tudo isso
para depois nada receber; vivemos para tudo conquistar apenas para nos dar
conta que depois vamos tudo perder. Sofremos pelas perdas como uma criança
chora e se esperneia ao perder sua bola, e quando chega a idade adulta, admite
que a perda da bola foi um episódio absolutamente sem valor. Os espíritos
descrevem a eterna luz da vida, o infinito sol espiritual que sustenta todas as
almas , assim como o sol brilha e dá vida a tudo o que existe na Terra. Mesmo a
mais luxuosa mansão, o carro mais sofisticado, as festas mais badaladas, o
vinho mais antigo e saboroso, a refeição mais opulenta, as viagens mais
refinadas, tudo isso é irrelevante, ilusório, miserável, vazio e sem alma perto
da felicidade suprema da vida cósmica. Essa vida de bênçãos infinitas nos
aguarda, mas para sentirmos essa inexplicável paz é preciso enfrentar com fé e
resignação as lutas da vida humana; é preciso não guerrear contra aqueles que
querem a batalha; é preciso acalmar nosso coração diante da mais estrondosa
tempestade; é preciso entregar nossa vida a um plano maior que tudo organiza; é
preciso abençoar as mazelas, os sofrimentos e as dores encarando-as como provas
do infinito para nos elevar. É preciso despertar o amor mesmo por aqueles que
nos perseguem, nos caluniam, nos maltratam e nos agridem; é preciso neutralizar
o ódio com o amor; o conflito com a paz de espírito; as pragas com a bem
aventurança; não se importar de estar nos últimos lugares, de ser o
marginalizado, o oprimido, o rejeitado, pois os últimos sempre serão os
primeiros; o mais baixo sobre a Terra será o mais elevado no reino do infinito.
(Hugo Lapa)
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