Consta que a
formação das Colônias Espirituais data de diferentes épocas. O Espírito André
Luiz, ao decorrer de suas obras ditadas ao médium Francisco Cândido Xavier,
refere-se a várias estações de repouso do Mundo Espiritual. Nosso Lar, por
exemplo, foi fundado no século XVI, por portugueses distintos, desencarnados no
Brasil. Ainda no mesmo Nosso Lar, há referências à Colônia Socorrista Moradia,
como uma das mais antigas, ligada a zonas bem inferiores para atendimento à
população do Umbral, assim denominada a região espiritual habitada por
espíritos trevosos.
Outro
exemplo é a Colônia Campo da Paz a que o Espírito André Luiz se reporta no
livro Os Mensageiros, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Segundo ele,
esta é uma colônia bem próxima da Terra:
Alguns
benfeitores, reconhecidos a Jesus, resolveram organizar, em nome dele, uma
colônia em plena região inferior, que funcionasse como instituto de socorro
imediato aos que são surpreendidos na Crosta com a morte física, em estado de
ignorância ou de culpas dolorosas. O projeto mereceu a bênção do Senhor e o
núcleo se criou, há mais de dois séculos.
Em Obreiros
da Vida Eterna, também do Espírito André Luiz e psicografado por Francisco
Cândido Xavier, é citada a instituição de assistência aos desencarnados Casa
Transitória de Fabiano. Em uma de suas viagens de estudo, ele recebeu do
instrutor espiritual Jerônimo a informação de que esta colônia fora fundada
pelo Espírito Fabiano de Cristo, devotado servo da Caridade entre antigos
religiosos do Rio de Janeiro, desencarnado há muitos anos.
A Colônia
Redenção, descrita por Otília Gonçalves(Dedicada trabalhadora do Centro
Espírita Caminho da Redenção, fundado pelo médium Divaldo P. Franco. Ela
administrou a primeira creche dessa instituição) no livro Além da Morte,
psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco, conforme declara a autora
espiritual, foi criada no tempo da escravatura (provavelmente no século XVIII),
objetivando socorrer escravos desencarnados sob o peso de sofrimentos ou
sequiosos de vingança.
O Reverendo
George Vale Owen (Vigário de Oxford, no Lancashire, Inglaterra; 1869-1931. Após
experiências psíquicas, recebeu de Espíritos informações sobre a vida
Além-Túmulo), assessorado por sua mãe desencarnada e um grupo de Espíritos,
registra, em sua obra A Vida Além do Véu, a existência da Colônia da Música, em
que esta Arte é cultivada em todos os aspectos.
Enfim, não
há como definir, com exatidão, quando se formaram as primeiras Colônias
Espirituais, desde que a época da origem do Homem no planeta Terra não foi
ainda determinada pela Ciência. As diversas colônias existentes, por se
encontrarem bem próximas da Terra, sofrem as mesmas influências do planeta.
E não
poderia ser de outra forma, uma vez que foram criadas para atendimento a faixas
ainda não muito elevadas da Espiritualidade. Há, entretanto, as colônias dos
planos superiores, a que só têm acesso Espíritos que atingiram as esferas menos
densas. No seu oposto, estão as constituídas por falanges de Espíritos que se
dedicam ao Mal e se encontram, ainda, nos planos pavorosos do Mundo Invisível.
O Espírito Otília Gonçalves, em Além da Morte, a eles se refere como (...)
bandos perigosos, sob a direção de mentes cruéis, dificultando a obra de
evangelização do mundo.
Essas hostes
do Mal, muitas vezes sob o comando de chefes bárbaros, investem, furiosas,
contra abnegados missionários que lhes tiram das mãos Espíritos infelizes por
eles arregimentados.
No romance
mediúnico "Apenas uma Sombra de Mulher", de Fernando do Ó, uma
entidade descreve a Colônia Gordemônio situada nas adjacências da Terra, como
uma vasta região habitada por Espíritos transviados e malfazejos, solertes na
prática do vampirismo, os quais, após a desencarnação, surpreenderam-se
impotentes para galgar... (...) planos menos tenebrosos e horríveis, em vista
do seu atraso moral.
E formam.
(...) desde tempos quase imemoriais uma como 'societa sceleris', que tem por
esfera de ação essa extravagante, estranha e incrível metrópole do crime, (...)
organização sui generis que recruta sua população entre infelizes entidades
inferiores. A Colônia dispõe de líderes que superintendem todas as frentes de
atividade de Gordemônio. Os líderes contam com assessores que, a seu turno,
dirigem núcleos mais ou menos numerosos.
Portanto,
assim como temos Colônias habitadas por Espíritos benfeitores, somos informados
da existência de domínios sombrios, povoados de malfeitores que só pensam em si
mesmos ou se comprazem em praticar o Mal. Não é o inferno propalado pelas
religiões, pois não há calor nem fogo eternos; uma região criada por Deus com
características apropriadas ao pecadores da Terra e aos demônios.
Os Espíritos
que aí habitam poderão, em dias, anos ou séculos, libertar-se, por esforço
próprio, desse plano deprimente, criado por suas próprias mentes. Sobre o
assunto, Allan Kardec nos esclarece na Revista Espírita, no 4, de abril de
1859, no artigo Quadro da Vida Espírita:
Vem a seguir
o que se pode chamar de escória do mundo espírita, constituída de todos os
Espíritos impuros, cuja preocupação única é o Mal. Sofrem e desejariam que
todos sofressem como eles. A inveja lhes torna odiosa toda superioridade; o
ódio é a sua essência. Não podendo culpar disso os Espíritos, investem contra
os homens, atacando aos que lhe parecem mais fracos.
Excitar as
paixões ruins, insuflar a discórdia, separar os amigos, provocar rixas, fazer
que os ambiciosos pavoneiem o seu orgulho, para o prazer de abatê-los em
seguida, espalhar o erro e a mentira, numa palavra, desviar do Bem, tais são os
seus pensamentos dominantes.
Os Espíritos
que povoam as regiões inferiores não podem ascender a planos das Altas Esferas;
entretanto os Espíritos superiores baixam a planos inferiores para incentivar
os Espíritos atrasados a lutar pela sua renovação.
Os Espíritos
desencarnados, oriundos de países estrangeiros, também se referem a estações de
repouso no Mundo Espiritual, as quais denominam de Colônias e Cidades
Espirituais e dão descrições semelhantes às contidas em obras mediúnicas
brasileiras. Diversos desencarnados nos têm narrado, em mensagens avulsas, as
suas experiências pela faculdade mediúnica de Francisco Cândido Xavier, Divaldo
Pereira Franco e José Medrado, para esclarecimento e consolo dos que lhe são
caros: falam sobre o momento da morte, esclarecem dúvidas, dão notícias de
parentes falecidos, descrevem o ambiente em que se encontram e informam sua
situação no momento em que se comunicam.
Em A Vida
Além do Véu, por exemplo, o Espírito comunicante, entre outros com nomes
esquisitos, afirma ao Reverendo George Vale Owen que o Mundo Espiritual é a
Terra aperfeiçoada, exatamente como dissera Allan Kardec. Do lado de lá, como
no de cá, existem montes, rios, belas florestas e muitas casas; tudo preparado
por aqueles que o precederam.
Refere-se,
em diversas ocasiões, aos diversos planos da existência, desde os que se
encontram próximos da crosta terrestre, como o Umbral, até as altas esferas,
onde habitam os Espíritos mais evoluídos. O ponto discordante entre o conteúdo
das mensagens que os médiuns ingleses receberam e as recebidas no Brasil é não
considerar a reencarnação como fator imprescindível para o evolver do Espírito.
Em suma,
como se pode apreender dos ensinamentos e descrições que nos chegam do Outro
Mundo, não resta a menor dúvida de que o Mundo Espiritual pouco difere de nosso
mundo material. Entretanto, no que diz respeito a volume de obras psicografadas
sobre o tema colônias espirituais, encontra-se, na dianteira, o médium
Francisco Cândido Xavier.
FRATERLUZ
Fraternidade
Espírita Luz do Cristianismo
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