" SEJA
QUAL FOR A DURAÇÃO DO CASTIGO, NA VIDA ESPIRITUAL OU NA VIDA FÍSICA, ONDE QUER
QUE SE VERIFIQUE, TEM SEMPRE UM TERMO, PRÓXIMO OU REMOTO. NA REALIDADE, NÃO HÁ
PARA O ESPÍRITO MAIS QUE DUAS ALTERNATIVAS: PUNIÇÃO TEMPORÁRIA DE ACORDO COM A
CULPA, E RECOMPENSA GRADUADA SEGUNDO O MÉRITO. REPELE O ESPIRITISMO A TERCEIRA
ALTERNATIVA; A DA CONDENAÇÃO ETERNA." (ALAN KARDEC, O CÉU E O INFERNO, 1ª
PARTE, CAP V, O PURGATÓRIO. QUESTÃO Nº 9.)
Recordando o
Evangelho de Jesus, podemos afirmar com absoluta certeza, que o Mestre Divino
nunca deixou de nos advertir quanto à responsabilidade que nos será cobrada
após a morte, ocasião em que certamente cada um de nós encontrará o resultado
de nossas ações, no campo do bem ou do mal.
O Nazareno
afirmou categoricamente : "Eu porém vos digo, que todo aquele que sem
motivo se irar contra seu irmão de luta, estará sujeito a julgamento; e quem
proferir um insulto a seu irmão estará também em julgamento no tribunal; e quem
chamar o outro de tolo e desprezível, estará sujeito ao fogo do inferno ."
Jesus nos dá
uma ideia clara e insofismável de que, do outro lado da vida, depois do remorso
e do arrependimento, iniciaremos um trabalho de ressarcimento de nossas faltas
passadas, a fim de diluirmos os nossos erros, com provas e expiações que terão
um tempo determinado, mas que nuca serão eternas.
A Doutrina
Espírita estabelece conceitos idênticos aos do Evangelho de Jesus. Afirma em
sua Codificação que, por mais cruéis que sejam os atos cometidos pelos
espíritos, ainda assim, sempre terão o perdão de Deus, a fim de se reajustarem
diante das Leis Divinas; mas, para isso, é necessário que os culpados se
arrependam e se mostrem interessados na reabilitação.
O Espiritismo
descreve com muita precisão, a diversidade e os graus de sofrimento moral que
experimentam na vida imortal os espíritos que violam os preceitos da ética e da
convivência pacífica com os seus semelhantes.
Menciona,
ainda, as provas e expiações, muitas delas dolorosas e de difícil aceitação por
parte dos culpados. Não aceita em hipótese alguma, a crença do chamado castigo
eterno, dogma na maioria das religiões tradicionais da Terra, em que se afirma
que determinados pecados não tem perdão, tirando das pessoas, o direito de se
reabilitarem diante da sociedade que aviltaram.
O chamado
castigo eterno sem remissão é defendido por religiosos obtusos dos textos
bíblicos, que ainda estão apegados à Lei de Moisés, que realmente dava essa
ideia de eternidade das penas; mas com o advento de Jesus tudo mudou. Não
morrerão mais os filhos pelos pais, e nem os pais pelos filhos, mas cada um
morrerá pelo seu próprio pecado.
Disse ainda
Jesus que não se deve perdoar sete vezes, mas setenta vezes sete. Deu-nos o
exemplo de que o perdão deve ser irrestrito, sem exigências, a fim de provocar
no culpado os sentimentos de bondade e de compaixão
Esse castigo
definitivo pregado por várias religiões durante séculos, não só para os bons,
mas também para os maus, era uma forma de amedrontar aqueles que não
professassem as mesmas ideias, sendo considerados hereges, e por isso muitos
foram queimados na fogueira da Inquisição.
A crença
cega nos castigos eternos ou no inferno, não é somente impiedosa, como também
exclusivista e declaradamente partidária, pois protege e livra desses tormentos
apenas os adeptos da religião dominante, que prega esses conceitos.
Durante
muitos séculos eles exerceram papel principal para pressionar fiéis. Formaram o
nascimento de uma fé cega, sustentada pelo medo da morte, que sem dúvida
nenhuma, também foi utilizada para assustar e intimidar, quem não obedecia aos
dogmas da religião tradicional.
Por incrível
que pareça ainda prevalece nos dias de hoje essa força teológica toda poderosa,
usando sempre a intimidação pelo medo; mas, aos poucos, as figuras do diabo e o
espectro da morte, as brasas do inferno, os horrores do purgatório, vão ficando
para trás, como mitologias antigas, contos de fadas, historias de bruxas e
outras lendas tão comuns no folclore brasileiro.
A aberração
teológica dos castigos eternos seria para o espírito imortal uma espécie de
estagnação dentro da própria eternidade, da qual ele não pode fugir, por estar
inserida no seu destino, não importando os anos ou séculos que levará para se
corrigir.
O certo é
que todos têm o direito de evoluir e crescer para Deus. Esse é o destino de
todos os seres humanos, criados por Ele. Não se pode simplesmente lançar no
fogo do inferno os ateus, os pecadores ou pagãos ou outros mais que contrariem
os dogmas da igreja tradicional, pois demonstra ante o Criador, um sentimento
anti-fraternal que amesquinha e diminui o Seu amor pelos Seus filhos..
Deus está
sempre disposto a ouvir as lamúrias, choros, ranger de dentes, irresignações e
revoltas dos espíritos culpados. Atende a todos, de acordo com a situação
mental de cada um, mas nunca deixando de amparar, principalmente os mais
necessitados, os deserdados da sorte.
Para a
Doutrina Espírita, fica difícil aceitar em sã consciência essa ideia
aterradora, retrógrada e obscura, desses religiosos dogmáticos e de fé cega.
Nós, ainda imperfeitos na evolução terrena, compadecemo-nos de criminosos
perversos e impiedosos, que praticam todo o tipo de mal, de crime, de
perversão, chocando muitas vezes milhares de pessoas, tal a hediondez como
foram cometidos. Como então poderemos pensar que Deus, sumamente sábio, amoroso
e misericordioso, possa execrar seus filhos com penas eternas?
O mais
provável é que Ele perdoe infinitamente, que é o que realmente faz. Perdoa não
sete vezes como disse Jesus, mas setenta vezes sete, desde que o infrator das
suas Leis que regem a vida cósmica, se humilhe diante Dele , obedecendo aos
conceitos morais, já inseridos na consciência de cada ser humano em experiência
aqui neste Planeta de Provas e Expiações.
Djalma
Santos-Correio Espírita
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