Todas as
nossas referências a semelhantes peças do trabalho biológico, nos reinos da
Natureza, objetivam simplesmente demonstrar que, além da trama de recursos
somáticos, a alma guarda a sua individualidade sexual intrínseca, a definir-se
na feminilidade ou na masculinidade, conforme os característicos acentuadamente
passivos ou claramente ativos que lhe sejam próprios.
E o instinto
sexual, por isso mesmo, traduzindo amor em expansão no tempo, vem das
profundezas, para nós ainda inabordáveis, da vida, quando agrupamentos de
mônadas celestes se reuniram magneticamente umas às outras para a obra
multimilenária da evolução, ao modo de núcleos e eletrões na tessitura dos
átomos, ou dos sóis e dos mundos nos sistemas macrocósmicos da Imensidade.
Por ele, as
criaturas transitam de caminho a caminho, nos domínios da experimentação
multifária, adquirindo as qualidades de que necessitam; com ele, vestem-se da
forma física, em condições anômalas, atendendo a sentenças regeneradoras na lei
de causa e efeito ou cumprindo instruções especiais com fins de trabalho justo.
O sexo é,
portanto, mental em seus impulsos e manifestações, transcendendo quaisquer
impositivos da forma em que se exprime, não obstante reconhecermos que a
maioria das consciências encarnadas permanecem seguramente ajustadas à sinergia
mente-corpo, em marcha para mais vasta complexidade de conhecimento e emoção.
Evolução do Amor:
Entretanto,
importa reconhecer que à medida que se nos dilata o afastamento da animalidade
quase absoluta, para a integração com a Humanidade, o amor assume dimensões
mais elevadas, tanto para os que se verticalizam na virtude como para os que se
horizontalizam na inteligência.
Nos
primeiros, cujos sentimentos se alteiam para as Esferas Superiores, o amor se
ilumina e purifica, mas ainda é instinto sexual nos mais nobres aspectos,
imanizando-se às forças com que se afina em radiante ascensão para Deus.
Nos
segundos, cujas emoções se complicam, o amor se requinta, transubstanciando-se
o instinto sexual em constante exigência de satisfação imoderada do “eu”.
De
conformidade com a Psicanálise, que vê na atividade sexual a procura incessante
de prazer, concordamos em que uns, na própria sublimação, demandam o prazer da
Criação, identificando-se com a Origem Divina do Universo, enquanto que outros
se fixam no encalço do prazer desenfreado e egoístico da auto adoração. Os
primeiros aprendem a amar com Deus. Os segundos aspiram a ser amados a qualquer
preço.
A energia
natural do sexo, inerente à própria vida em si, gera cargas magnéticas em todos
os seres, pela função criadora de que se reveste, cargas que se caracterizam
com potenciais nítidos de atração no sistema psíquico de cada um e que, em se
acumulando, invadem todos os campos sensíveis da alma, como que a lhe obliterar
os mecanismos outros de ação, qual se estivéssemos diante de usina reclamando
controle adequado.
Ao nível dos
brutos ou daqueles que lhes renteiam a condição, a descarga de semelhante
energia se efetua, indiscriminadamente, através de contatos, quase sempre
desregrados e infelizes, que lhes carreiam, em consequência, a exaustão e o
sofrimento como processos educativos.
Poligamia e Monogamia:
O instinto
sexual, então, a desvairar-se na poligamia, traça para si mesmo largo roteiro
de aprendizagem a que não escapará pela matemática do destino que nós mesmos
criamos.
Entretanto,
quanto mais se integra a alma no plano da responsabilidade moral para com a
vida, mais apreende o impositivo da disciplina própria, a fim de estabelecer,
com o dom de amar que lhe é intrínseco, novos programas de trabalho que lhe
facultem acesso aos planos superiores.
O instinto
sexual nessa fase da evolução não encontra alegria completa senão em contato
com outro ser que demonstre plena afinidade, porquanto a liberação da energia,
que lhe é peculiar, do ponto de vista do governo emotivo, solicita compensação
de força igual, na escala das vibrações magnéticas.
Em
semelhante eminência, a monogamia é o clima espontâneo do ser humano, de vez
que dentro dela realiza, naturalmente, com a alma eleita de suas aspirações a
união ideal do raciocínio e do sentimento, com a perfeita associação dos
recursos ativos e passivos, na constituição do binário de forças, capaz de
criar não apenas formas físicas, para a encarnação de outras almas na Terra,
mas também as grandes obras do coração e da inteligência, suscitando a extensão
da beleza e do amor, da sabedoria e da glória espiritual que vertem,
constantes, da Criação Divina.
Alimento
Espiritual:
Há, por
isso, consórcios de infinita gradação no Plano Terrestre e no Plano Espiritual,
nos quais os elementos sutis de comunhão prevalecem acima das linhas
morfológicas do vaso físico, por se ajustarem ao sistema psíquico, antes que às
engrenagens da carne, em circuitos substanciais de energia.
Contudo, até
que o Espírito consiga purificar as próprias impressões, além da ganga
sensorial, em que habitualmente se desregra no narcisismo obcecante, valendo-se
de outros seres para satisfazer a volúpia de hipertrofiar-se psiquicamente no
prazer de si mesmo, numerosas reencarnações instrutivas e reparadoras se lhe
debitam no livro da vida, porque não cogita exclusivamente do próprio prazer
sem lesar os outros, e toda vez que lesa alguém abre nova conta resgatável em
tempo certo.
Isso ocorre
porque o instinto sexual não é apenas agente de reprodução entre as formas
superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo
qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na
permuta de raios psíquico-magnéticos que lhes são necessários ao progresso.
Os espíritos
santificados, em cuja natureza supere volvida o instinto sexual se diviniza,
estão relativamente unidos aos Espíritos Glorificados, em que descobrem as
representações de Deus que procuram, recolhendo de semelhantes entidades as
cargas magnéticas sublimadas, por eles próprios, liberadas no êxtase
espiritual. De outro lado, as almas primitivas comumente lhe gastam a força em
excessos que lhes impõem duras lições.
Entre os
espíritos santificados e as almas primitivas, milhões de criaturas conscientes,
viajando da rude animalidade para a Humanidade enobrecida, em muitas ocasiões
se arrojam a experiências menos dignas, privando a companheira ou o companheiro
do alimento psíquico a que nos reportamos, interrompendo a comunhão sexual que
lhes alentava a euforia, e, se as forças sexuais não se encontram
suficientemente controladas por valores morais nas vítimas, surgem,
frequentemente, longos processos de desespero ou de delinquência.
Enfermidades
do Instinto Sexual:
As cargas
magnéticas do instinto, acumuladas e desbordantes na personalidade, à falta de
sólido socorro íntimo para que se canalizem na direção do bem, obliteram as
faculdades, ainda vacilantes, do discernimento e, à maneira do esfaimado,
alheio ao bom senso, a criatura lesada em seu equilíbrio sexual costuma entregar-se
à rebelião e à loucura em síndromes espirituais de ciúme ou despeito.
À face das
torturas genésicas a que se vê relegada, gera aflitivas contas cármicas a lhe
vergastarem a alma no espaço e a lhe retardarem o progresso no tempo.
Daí nascem
as psiconeuroses, os colapsos nervosos decorrentes do trauma nas sinergias do
corpo espiritual, as fobias numerosas, a “histeria de conversão”, a “histeria
de angústia”, os “desvios da libido”, a neurose obsessiva, as psicoses e as
fixações mentais diversas que originam na ciência de hoje as indagações e os
conceitos da psicologia de profundidade, na esfera da Psicanálise, que
identifica as enfermidades ou desajustes do instinto sexual sem oferecer-lhes
medicação adequada, porque apenas o conhecimento superior, gravado na própria
alma, pode opor barreiras à extensão do conflito existente, traçando caminhos
novos à energia criadora do sexo, quando em perigoso desequilíbrio.
Desse modo,
por semelhantes rupturas dos sistemas psicossomáticos, harmonizados em permutas
de cargas magnéticas afins, no terreno da sexualidade física ou exclusivamente
psíquica, é que múltiplos sofrimentos são contraídos por nós todos, no decurso
dos séculos, porquanto, se forjamos inquietações e problemas nos outros, com o
instinto sexual, é justo venhamos a solucioná-los em ocasião adequada,
recebendo por filhos e associados de destino, entre as fronteiras domésticas,
todos aqueles que constituímos credores do nosso amor e da nossa renúncia,
atravessando, muitas vezes, padecimentos inomináveis para assegurar-lhes o
refazimento preciso.
Compreendamos,
pois, que o sexo reside na mente, a expressar-se no corpo espiritual, e
consequentemente no corpo físico, por santuário criativo de nosso amor perante
a vida, e, em razão disso, ninguém escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as
forças, sem escarnecer e desarmonizar a si mesmo.
Compilado
por Vinhas de Luz-Livro: Evolução em Dois Mundos
Autor: André Luiz (Espírito) e Francisco C. Xavier
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