No livro
organizado pela Dra Marlene Nobre de entrevistas de Chico Xavier, nos 23 anos
da Folha Espírita, “há a referência de uma mensagem, recebida pelo médium, de
um rapaz que fez a cirurgia de mudança de sexo no plano físico, mas, após a
morte, constatou que continuava a ser homem. A cirurgia não havia modificado o
seu períspirito”.
Em razão
dessa comunicação, a Dra Marlene manifesta-se contrária à cirurgia de mudança
de sexo:
“Sendo
assim, sou contra, porque será uma decepção muito grande no mundo espiritual
quando o que fez a cirurgia no plano físico constatar que de nada adiantou.
Acho que permanecer com as partes anatômicas aqui ajudará a resgatar o sexo que
se almeja do outro lado da vida”.
No entanto,
creio que a comunicação de um espírito desencarnado não possui o condão de
estabelecer regra definitiva para o caso. Já ouvimos muitas vezes: cada caso é
um caso.
A
constituição do ser orgânico é decorrência das suas necessidades evolutivas,
que são trabalhadas pelo perispírito na condição de modelo organizador
biológico.
Trazendo
impressos os mecanismos da evolução nos tecidos sutis da sua estrutura íntima,
plasma, a partir do momento da concepção, o corpo, no qual o Espírito se
movimentará durante a vilegiatura humana, a fim de aprimorar o caráter e
resgatar os compromissos negativos que ficaram na retaguarda.
Trabalhando
nos códigos genéticos do DNA, aciona as moléculas fornecedoras das células que
programarão a forma, enquanto o Espírito se encarrega de produzir os fenômenos
emocionais e as faculdades psíquicas.
Assim sendo,
é herdeiro de si mesmo, promovendo os meios de crescer interiormente através
das experiências que ocorram numa como noutra polaridade sexual.
Em se
considerando as graves finalidades do aparelho genésico, na sua função
reprodutora, ele é repositório de hormônios especiais, que trabalham
conjuntamente com os outros das demais glândulas de secreção endócrina, de
forma que o equilíbrio físico, emocional e intelectual se expresse
naturalmente, sem traumas ou disfunções que decorrem dos problemas que ficaram
por solucionar.
A libido
impulsiona o indivíduo para a realização criativa e produtiva, quando se
expressa com moderação, sendo natural decorrência ancestral do instinto por
cuja faixa o ser transitou durante largo período e cujas marcas permanecem
dominadoras.
A qualquer
distonia de sua parte, logo surgem distúrbios neuróticos e comportamentais que
afetam perturbadoramente o processo reencarnatório a ela fortemente vinculado.
Essa
poderosa energia motora exige cuidadosa canalização, a fim de produzir
fenômenos harmônicos, que estimulem à ordem, à realização dignificadora,
porquanto, assim não sendo, a sua força irrompe como caudal desordenado que
passa deixando escombros.
O uso
adequado da função sexual - sintonia entre a psicologia e a fisiologia da
polaridade - proporciona bem-estar e facilita o crescimento espiritual, sem
gerar amarras com a retaguarda do instinto, assim como, também com as Entidades
perversas e viciadas que a ela se vinculam.
A sua
abstinência, quando a energia que exterioriza é trabalhada e transformada em
força inspirativa e atuante pelos ideais de beleza, de cultura, de sacrifício
pessoal, igualmente propicia equilíbrio e empatia, já que o importante é o
direcionamento dos seus elementos psíquicos, que têm de ser movimentados
incessantemente, porquanto para isso são produzidos.
Em
decorrência, é de fundamental importância que o Espírito reencarnado se sinta perfeitamente
identificado com a sua anatomia sexual, mantendo os estímulos psicológicos em
consonância com a mesma.
Quando a
ocorrência é diversa - função emocional diferente da forma física - encontra-se
em reajustamento, que deverá ser disciplinado, evitando a permissão do uso
indevido, que proporciona agravantes mais severos para o futuro.
Eis porque é
de vital importância o respeito que os pais devem manter em relação ao sexo dos
seus filhos, evitando interferir psíquicamente no processo da sua formação,
quando o zigoto começa a definir a futura forma consoante o mapa cármico do
reencarnante.
É natural
que se tenha opção por essa ou aquela expressão sexual para o ser amado; no
entanto, não deve ser tão preponderante que, em se apresentando diferente do que
se deseja, o amor sofra efeitos negativos. Outrossim, a invigilância que pode
originar-se na genitora optando e impondo o seu desejo sobre o ser em
desenvolvimento, poderá contribuir para alterar a constituição molecular,
atendendo-lhe psicocineticamente a aspiração. Não obstante, porque fora da
programação evolutiva do Espírito, essa mudança pode trazer-lhe prejuízos
emocionais e comportamentais.
A estrutura
genética em elaboração do corpo é constituída por elementos poderosos embora
sutis, que atendem aos planos energéticos que agem sobre ela.
Assim, a
mente do reencarnante - conscientemente ou não - como o dos seus genitores,
interferem expressivamente na constituição da sua anatomia, agindo diretamente
nos genes e seus cromossomos, se a vontade atuante se fizer forte e constante.
Essa ação psíquica pode alterar, na estrutura do DNA os pares de purinas e
pirimidinas, modificando as disposições estabelecidas e em formação.
Tal
ocorrência não é rara, antes é muito mais numerosa do que se tem detectado, particularmente
nas vezes em que o Espírito imprime sinais que traz de existências transatas -
suicídios, homicídios, acidentes - ou de condutas que se fixaram profundamente
no cerne do ser, ressurgindo agora na forma nova.
Da mesma
maneira, filhos com anatomia diferente da herança espiritual - em alguns casos
como efeito da preferência dos seus pais, especialmente da mãe que a trabalhou
psiquicamente mantendo a aspiração exagerada do que cultivou durante a gestação
- apresentam transtornos de expressão e comportamento que devem ser corrigidos
na infância, a fim de se não tornarem afligentes no período da adolescência,
quando da definição dos órgãos e caracteres anexos do sexo.
A orientação
cuidadosa e enriquecida de amor reestrutura o binômio forma-emoção, facultando
a existência saudável, sem angústias nem desassossegos.
De maneira
mais grave poderá acontecer quando os estudiosos da engenharia genética, nos
seus ensaios ambiciosos, pretendendo interferir nas vidas, reprogramarem
através dos códigos genéticos do DNA, os sexos já em vias de formação, para que
se alterem, mudando a anatomia e a função.
Nesses caso,
permanecendo a programação espiritual, que passaria a sofrer ingerência
externa, surgirão indivíduos com complexos problemas de conduta nessa área, desde
que fortemente necessitados da experiência na polaridade primitiva que foi
modificada. Encontrando-se noutra, que lhe não responde aos anseios dos
sentimentos nem às necessidades psíquicas, desarticulam-se interiormente.
Existem já
incontáveis ocorrências dessa natureza, que terminam em fugas terríveis para as
drogas que geram dependência, que se desgastam e levam à consumpção, quando não
se atiram aos suicídios desesperados para fugirem do conflito que os aturdem e
dilaceram, acreditando não terem solução nem razão para continuarem vivendo.
A questão
sexual é muito delicada e profunda, estando a exigir estudos sérios, sem as
soluções da vulgaridade, apressadas e levianas, que pretendem resolver as
situações conflitivas mediante sugestões para comportamentos insensatos, que
violentam as estruturas morais do próprio ser, que passa então a experimentar
distonia psíquica íntima ou desprezo por si mesmo, embora mantendo aparência de
triunfo que se encontra distante de o haver conseguido.
No momento
da concepção o perispírito é atraído por uma força incomparável, às células que
se vão formando, nelas imprimindo automaticamente, por força da Lei de causa e
efeito, o que é necessário à sua evolução, incluindo, sem dúvida, o sexo e suas
funções relevantes.
A ingerência
externa, alterando-lhe a formação somente trará inconvenientes, prejuízos e
distonias morais.
A engenharia
genética, à medida que penetrar nas origens da vida física, poderá oferecer uma
contribuição valiosíssima, desde que não se imponha a vacuidade de interferir
nos quadros superiores da realização e construção do ser humano.
O corpo
produz o corpo, que é herdeiro de muitos caracteres ancestrais da família, que
sofre as ocorrências ambientais, mas só o Espírito produz o caráter, as
tendências, as qualidades morais, as realizações intelectuais, o destino ...
Eis porque,
na vã tentativa de mudar-se o sexo, na formação embrionária ou noutro período
qualquer da existência física, desafia-se a lei de harmonia vigente na Criação,
o que provocará distúrbios sem nome na personalidade e na vida mental de quem
lhe sofrer a ingerência.
Todo o corpo
merece respeito e cuidados, carinho e zelo contínuos, por ser a sede do
Espírito, o santuário da vida em desenvolvimento. No entanto, na área sexual,
tendo-se em vista a finalidade reprodutora, o intercâmbio de hormônios
poderosos quão relevantes, o ser é convidado a maior vigilância e disciplina.
Educar o
sexo mediante conveniente disciplina mental é o maior desafio para a
felicidade, que todos enfrentam e devem vencer.
As amarras
aos vícios sexuais vêm retendo milhões de homens e mulheres na retaguarda das
paixões, reencarnando-se com difíceis e desafiadores problemas que aguardam
dolorosas soluções. E porque se não querem sacrificar, a fim de equacioná-los,
permanecem em situações penosas quanto aflitivas.
Todo abuso
ao corpo e particularmente ao sexo perpetrado conscientemente, gera dano
equivalente, que permanecerá aguardando correspondente solução por aquele que
se infligiu a desordem, passando a sofrê-lo.
Diante,
portanto, de qualquer dificuldade que se experimente, ou face às decisões
graves que aguardam atitude decisória, sempre se poderá perguntar ao Amor como
resolvê-las, e esse Amor que se manifesta em toda parte, sem os condimentos das
paixões perturbadoras, responderá com sabedoria meridiana que, atendida com
cuidado, proporcionará equilíbrio e paz, impulsionando o Espírito pelo rumo bem
orientado, pelo qual atingirá a meta para cujo fim se encontra reencarnado.
Dias
Gloriosos - Divaldo Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis - 2ª Ed. 1999 Ed.
LEAL.
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