"Uma
jovem saída de uma família espírita, de uma cidade do sul de Minas Gerais,
demandou para São Paulo, acabara de formar-se e era jornalista. Era a única
filha dentre 3 filhos. Ela conseguiu logo que chegou a capital paulistana, uma
colocação ligeira. Mas, na medida em que o tempo foi passando, as suas
capacidades, as suas possibilidades, a sua criatividade, um espírito afável de
uma jovem profissional espírita, foi granjeando a simpatia geral. Em pouco
tempo, a jovem foi convidada para dirigir um programa de informações, música,
na Jovem Pan, e passou a residir na cidade de Campinas. O seu programa
galvanizava a mocidade, ela era entusiasta, deixava vazar na sua atividade a
sua proposta espírita. Mensagem espírita, sem rótulo, sem título. Mas a sua
forma de fazer o programa, passava a mensagem de esperança, de entusiasmo, de
cordura, de dignidade, de coragem no Bem. E o tempo passou . . . Seus pais no
sul de Minas, até hoje são trabalhadores da mediunidade, e os meninos hoje
rapazes, homens feitos, atuantes no movimento juvenil da época. Ela então,
paulista por adoção, conheceu um jovem por quem se enamorou. Ele também por ela
se encantou, e logo nos primeiros contatos, ela se deu conta que ele era um dependente
químico. Mas, e o amor que não vê estas coisas . . . Com a sua crença, com a
sua fé, ela supôs poder ajudá-lo, e quem sabe, retirá-lo desse pântano
aterrador que é a dependência química. Ele se enamorou por ela de tal forma,
que já não concebia a vida sem a sua cooperação. E, apesar de todas as
preocupações, os pais entenderam que havia um bem querer recíproco. E o casal
chegou às núpcias. Mas tão logo se casaram ele começou a demonstrar um ciúme
doentio por sua esposa. E pelo tipo de trabalho que realizava, não podia
cercar-se de timidez, não podia esconder-se do público. Quando estava sóbrio
conseguia suportar e superar. Quando embriagado pela droga, mostrava-se
agressivo, estranho, violento. Um dia, a notícia explodiu no sul de Minas,
depois de ter feito estrago em Campinas. Ela acabara de ser assassinada pelo
jovem esposo. Num surto de loucura, após o uso de drogas. Todos ficaram a
pensar o que faria a família assim que soubesse. A notícia, então, chegou ao
sul mineiro. E os pais e irmãos foram para Campinas. Imediatamente a polícia
prendeu o jovem, porque ele não fugiu. Caíra em si e em desespero. Os pais e os
irmão foram tratar das providencias legais para enterrar o corpo. E a mãe, foi
visitar o atormentado genro na cadeia. Foi chorar com ele as dores da perda.
Foi perdoá-lo. Foi amá-lo. E fazer com ele o Evangelho. Ninguém esperava. As
lágrimas de dor não continham mágoa, não continham ódio. Depois do enterro, a
família, todos os finais de semana demandavam à Campinas para fazer com ele o
Evangelho, para visitá-lo, para amá-lo. Admitiram que ele cometera um desatino
no momento de loucura porque ele a amava, porque era doente. Entenderam que se
sua filha pudesse falar, pediria que lhe perdoasse. Entenderam que foi assim
que Jesus Cristo ensinara, "Se alguém te bater numa face, apresenta-lhe a
outra." E a vida tem duas faces: a boa e a má. Uma é a face da violência,
do orgulho ferido, da vaidade mesquinha, do medo. A outra é a da paz, da
confiança no bem, da vitória do amor, da dignidade.
A família
chorava a saudade sem ódio, sem mágoa.
Quando ele
pôde sair da prisão periodicamente por bom comportamento, não tendo família no
Brasil, visitava a família da esposa, no sul de Minas, para recordar a amada,
para orar por ela e por si junto aos novos entes queridos.
Acompanhando
toda essa trajetória, pude sentir a presença de Cristo verdadeira sobre as
vidas humanas.
Quando
Cristo nasce em nossos corações, tudo se transforma, tudo se altera.
Estabelece o
Espírito Joanna de Ângelis que "quando conhecemos a Jesus, nunca mais
tornaremos a ser as mesmas criaturas", uma revolução enorme passa a ter
lugar em nossa intimidade. Uma luz gigantesca começa a ganhar expressão dentro
de nós, e a partir disso, passamos a ser cartas vivas do Evangelho. Não são
raras as notícias da ação de Jesus de Nazaré na alma humana.
Advertiu
Jesus: " Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra nós,
também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; mas, se não perdoardes aos
homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará
os pecados." (Mateus, VI - 14-15)
Fonte:
Esprit book- por Ana Maria Teodoro Massuci
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