Embora essa
afirmação vá contra os ventos do movimento espírita atual, é importante
observarmos o que Allan Kardec ensina, em O Livro dos Espíritos, cap. 6,
perguntas 237 em diante:
SEXO:
necessita de órgãos genitais. O Espírito não tem … vai penetrar o que e onde?
(aliás não tem nem sexo, ou seja é assexuado).
SONO:
necessidade de repouso físico: o Espírito não tem mais um corpo e seu descanso
é exclusivamente moral e intelectual.
FOME:
necessidade de reposição química para o organismo, a fim de restabelecer
energias necessárias ao seu funcionamento: o Espírito não tem um corpo físico e
com isso, não tem necessidade de repor energias assim como nós
Os Espíritos
conservam os traços da vida física, mas não suas necessidades. Podem ainda, por
um tempo maior ou menor, experimentar necessidades que possuíam em vida, mas
não são mais as necessidades REAIS, e sim uma impressão em maior ou menor
intensidade, de acordo com sua maior ou menor evolução.
Com isso,
podem supor ainda necessitar de alimentação, sexo, ou sono, mas isso não chega
a ocorrer, tornando-se para uns uma provação. Suas necessidades tornam-se, na
vida espírita, diferentes das nossas, pois, desprovidos de um envoltório
físico, deixam de sofrer as angústias deste, embora algumas vezes sofram outras
ainda maiores, mas ainda assim, tais sofrimentos são exclusivamente morais ou
intelectuais, e não físicos.
Uma pessoa
que tem um dos membros amputados ainda sente o membro durante algum tempo. Não
é o períspirito, como afirmam alguns; o cérebro conservou a impressão, eis
tudo.
Algo
semelhante ocorre com os Espíritos que deixam a vida física. O impacto da vida
ainda repercute sobre eles, durante um tempo, mas pouco a pouco eles recobram a
consciência e a lucidez de Espírito e as antigas necessidades desaparecem,
dando lugar a outras.
Sugiro a
quem interessou o assunto, o estudo de O Livro dos Espíritos, cap. 6 –
PERCEPÇÕES, SENSAÇÕES E SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS – perguntas 237 em diante.
Sem dúvidas
não possuímos inteligência que nos permita compreender a profundidade da
essência espiritual ou do corpo perispiritual, no entanto possuímos uma base e
não devemos reinventar a roda.
Embora
Kardec não fale abertamente sobre muitos assuntos atuais, não é por isso que
deixou de fornecer elementos que, se bem compreendidos, nos ajudam a
entendê-los. É o que ocorre em relação à questão da alimentação e outras ações
que dizem respeito exclusivamente à natureza animal (corpo físico).
Quando
estamos encarnados, além de termos de suprir nossas necessidades morais e
intelectuais, somos obrigados a suprir também as necessidades físicas. Quando
deixamos a vida física, seja pelo sono, seja pela morte, tais necessidades não
nos acompanham, pois pertencem única e exclusivamente ao corpo.
A confusão
que se faz é que mesmo fora do corpo, conservamos a impressão deste que de
certa forma repercute sobre nós e nos dá a sensação de que ainda necessitamos
de coisas que fazem parte da vida material. No entanto, ter esta sensação não
implica em necessidades reais e o Espírito pode então criar uma ilusão, mas
isso somente para Espíritos que realmente dão maior importância para as
questões materiais que às espirituais.
Principalmente
após a separação da vida física, pela morte, o Espírito, pouco a pouco, recobra
sua lucidez e a impressão do corpo físico desaparece. No caso de Espíritos mais
ligados às questões materiais, essa impressão pode persistir por um tempo maior
ou menor, de acordo com seu grau de evolução e é isso o que estudamos por
“Perturbação Espírita” que, segundo os Espíritos, pode variar de alguns minutos
a alguns milhares de séculos.
Mas o fato
de se estar perturbado não equivale dizer que não há noção do seu estado.
Perturbação Espírita significa adaptação na vida espírita. Companheiros
costumam confundir perturbação espírita com ignorância da morte, ou seja,
atribuem esse princípio a Espíritos que dizem não saber que morreram. Realmente
existem Espíritos nestas condições, mas por quanto tempo? Allan Kardec, em O
Livro dos Médiuns, cita que “é raro um Espírito que em torno de 8 a 10 dias
mais ou menos não tenha noção do seu estado como Espírito”, ou seja, não saiba
que morreu. É raro, e não corriqueiro como o querem alguns espíritas pelo
movimento afora.
Quando o
Espírito está livre da vida física, entrevê sua existência com outros olhos, ou
seja, com outra percepção, independente do seu grau evolutivo. Naturalmente que
se for um Espírito de maior evolução, tal percepção será ampliada na mesma
proporção, mas independente de ser mais ou menos elevado, a visão que possui
sobre as coisas, sob todos os aspectos, é muito diferente daquela que ele
possuía quando em vida física, pois nesta, sua percepção se retinha no
imediato, e na espiritualidade, abrange o infinito. Assim, é muito comum que
deixemos de dar valor às coisas que julgamos mais importantes enquanto
encarnados, assim como uma criança que briga por seu brinquedo e quando se
torna adulto, vê a infantilidade das discussões criadas em torno de um simples objeto.
Se nos
víssemos fora do corpo, possivelmente não nos reconheceríamos, pois quando no
corpo, somos incitados a viver um personagem que desaparece quando estamos
libertos, porque o personagem é imposição atribuída pelos laços físicos. Em
Espírito, não possuímos mais personalidade, mas individualidade; deixamos de
ser fulano ou ciclano, e voltamos a viver, não mais esse personagem, mas um
Espírito individual e imortal, sem nome, sem raça, sem sexo.
Pode me
perguntar: “Mas e quando vemos, lemos, ouvimos sobre Espíritos que se
apresentam com as características da última existência? E esses Espíritos que
se apresentam contando detalhes de sua vida, falando como pais, filhos, mães ou
irmãos? Não apresentam aí uma personalidade?” Sim. Apresentam a personalidade
com a qual foram solicitados. Mas se o chamássemos pelo personagem que ele foi
a três encarnações passadas, ele tomaria então aquela forma e trejeitos, e nos
atenderia de acordo com o personagem ao qual foi solicitado comparecer. O
Espírito não possui identidade, mas pode assumir uma ou outra para melhor se
identificar e geralmente conserva, após a morte, a aparência que teve na última
existência. Mas ainda uma vez: essa aparência não é uma necessidade real,
somente uma opção.
Voltemos às
necessidades físicas.
Os espíritos
não têm mais um corpo físico. Sem o corpo físico, estão livres das necessidades
que este possuía: fome, sede, sono, sexo etc. Isso tudo fazia parte do corpo.
Ocorre que
alguns Espíritos conservam estas necessidades, mas não podemos confundi-las com
as necessidades reais, pois se fossem reais, seriam para todos e não estariam
vinculadas ao grau evolutivo. Se a alimentação fosse uma necessidade do
Espírito, teria que ser para todos e não somente para alguns, assim como aqui
na Terra, bons e maus, justos e injustos, tem que comer. O mesmo para todas as
outras necessidades. Alguns Espíritos, por sua condição moral e intelectual,
podem conservar com maior intensidade os traços da vida física e criar A ILUSÃO
de que ainda precisam se alimentar, mantendo a sensação da fome, mas ainda
assim, não equivale dizer que se alimentarão. “Poxa vida… parece que aprendemos
tudo ao contrário”, você pode me dizer. Não que seja ao contrário, mas que toda
essa teoria é a apresentada por Allan Kardec que deve ser sempre nosso porto
seguro. Foi ele, juntamente com os mais sérios Espíritos, que trouxeram toda
essa teoria. “Mas então deixam que os Espíritos passem fome? Não dão o que
comer a eles? Não é isso uma tremenda falta de caridade?” Bem, se realmente
tais perguntas fizeram parte da sua mente, talvez você ainda não tenha
compreendido a fundo a questão.
Os Espíritos
não tem fome. É apenas uma sensação que passa e quanto mais demora a passar,
maior é a prova desse Espírito. É o mesmo que pensar que os Espíritos faltam
com a caridade por não acenderem a luz para aqueles que se veem na escuridão. A
escuridão é um estado particular de cada um, uma provação dada a alguns
Espíritos; mas a escuridão em si, tal como a vemos na Terra, não existe para o
Espírito. Aqui temos o claro e o escuro, porque nossos olhos precisam da luz
para poder enxergar. Na falta dela, não vemos nada.
O Espírito
não possui olhos, assim como nós, pois os olhos são órgãos materiais. Conserva
a forma, mas forma não equivale a dizer órgãos. Desse modo, o Espírito vê, não
mais por órgãos localizados, mas em todo o seu ser. Não precisa mais da luz
para ver e é por isso que pode ver até mesmo sobre corpos opacos. Se ele pensa
estar na escuridão, essa é uma provação que lhe foi imposta e que deve cessar
assim que cessar a causa que cria em seu ser tal ilusão, ou seja, é um estado
particular.
O mesmo
ocorre com a fome ou com outras necessidades. Não são as necessidades que ele
possuía quando no corpo, mas a sensação destas necessidades. Essa sensação deverá
desaparecer assim que o Espírito se libertar da impressão causada pelo corpo, o
que dura um tempo maior ou menor de acordo com sua evolução e com o apego que
este possuía em relação à vida material. Algo semelhante ocorre com pessoas que
amputam um membro e que durante um tempo ainda sentem a presença do mesmo. O
cérebro conservou a impressão.
O Espírito
não possui cérebro, nem órgãos, mas um corpo perispiritual que lhe transmite
sensações. Após deixar o corpo, assim como a pessoa com o membro amputado,
conserva a impressão do corpo, mas é somente uma impressão e independente se
possui fome, sede, frio, desejos sexuais, como não tem mais um corpo, não há o
que saciar, pois estas sensações são físicas e não do Espírito. Assim como a
pessoa com o membro amputado, que embora sinta coceira no membro que não existe
mais, NÃO O PODERÁ COÇAR, o Espírito, embora sinta a resistência de algumas
necessidades, não poderá supri-las, porque lhe falta o objeto principal, que é
o corpo. Daí surgem para alguns tristes provações.
O que vemos
no movimento espírita atual é uma inversão de valores. Querem que o Espírito
seja lúcido no corpo e tolo como Espírito, quando o que ocorre é o oposto.
Quando estamos encerrados na vida física, grande parte de nossas percepções são
bloqueadas (ver questão 22ª de O Livro dos Espíritos) e somos incitados a viver
o aqui e o agora. Como Espíritos, as coisas se passam de forma muito diferente.
Daí a
importância de Allan Kardec em nossas vidas.
Muitos se
dizem espíritas, mas não sabe sequer qual é a pergunta número 1 de O Livro dos
Espíritos.
Deus abençoe
os nossos passos.
Espírito
Verdade
Fonte:
Espirit Book. Por : Nilza Garcia
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