Falar com os espíritos, através de médiuns, sempre foi uma
atitude banal ao longo da história da humanidade. Allan Kardec (o codificador
do Espiritismo) descobriu as leis que regem esse tipo de comunicações. Agora é
a vez dos católicos dizerem que afinal é possível falar com os familiares já
falecidos. Ora veja!
O Padre Gino Concetti, comentador do «Observatore Romano»,
fala do Mais Além de uma nova maneira.
O Padre Gino Concetti, é irmão da Ordem dos Franciscanos
Menores, um dos teólogos mais competentes do Vaticano, e comentarista do
«Observatore Romano», o diário oficial do Vaticano.
A intervenção do padre Concetti, publicado num artigo desse
jornal, é muito importante, porque, aqui se vêem as novas tendências da Igreja
a respeito do paranormal, sobre o qual, até agora, as autoridades eclesiásticas
haviam formulado opiniões diferentes. Sustenta ele que, para a Igreja Católica,
os contactos com o Mais Além são possíveis, e aquele que dialoga com o mundo
dos defuntos não comete pecado se o faz sob inspiração da fé.
Vejamos pois alguns extratos da entrevista, publicada no
Jornal Ansa, em Itália, em Novembro de 1996.
Resposta - «Segundo o catecismo moderno, Deus permite aos
nossos caros defuntos, que vivem na dimensão ultraterrestre, enviar mensagens para
nos guiar em certos momentos de nossa vida. Após as novas descobertas no
domínio da psicologia sobre o paranormal a Igreja decidiu não mais proibir as
experiências do diálogo com os trespassados, na condição de que elas sejam
levadas com uma finalidade séria, religiosa, científica.»
P - Segundo a doutrina católica, como se produzem os contatos?
R - «As mensagens podem chegar-nos, não através das palavras
e dos sons, quer dizer, pelos meios normais dos seres humanos, mas através de
sinais diversos; por exemplo, pelos sonhos, que às vezes são premonitórios, ou
através de impulsos espirituais que penetram em nosso espírito. Impulsos que se
podem transformar em visões e em conceitos.»
P - Todos podem ter essas percepções?
R - «Aqueles que captam mais frequentemente esses fenómenos
são as pessoas sensitivas, isto é, pessoas que têm uma sensibilidade superior
em relação a esses sinais ultraterrestres. Eu refiro-me aos clarividentes e aos
médiuns. Mas as pessoas normais podem ter algumas percepções extraordinárias,
um sinal estranho, uma iluminação repentina. Ao contrário das pessoas
sensitivas podem raramente conseguir interpretar o que se passa com elas no seu
foro íntimo.»
«O Diálogo com os mortos não deve ser interrompido, pois na
realidade, a vida não está limitada pelos horizontes do mundo.»
João Paulo II
(2 Nov 1983, perante mais de 20.000 pessoas)
P - Para interpretar esses fenómenos a Igreja permite-lhes
recorrer aos chamados sensitivos e aos médiuns?
R - «Sim, a Igreja permite recorrer a essas pessoas
particulares, mas com uma grande prudência e em certas condições. Os sensitivos
aos quais se pode pedir assistência, devem ser pessoas que levam as suas
experiências, mesmo aquelas com técnicas modernas, inspiradas na fé. Se essas
últimas forem padres é ainda melhor. A Igreja interdita todos os contatos dos
fiéis com aqueles que se comunicam com o Mais Além, praticando a idolatria, a
evocação dos mortos, a necromancia, a superstição e o esoterismo; todas as
práticas ocultas que incitem à negação de Deus e dos sacramentos»
P - Com que motivações um fiel pode encetar um diálogo com os
trespassados?
R - «É necessário não se aproximar muito do diálogo com os
defuntos, a não ser nas situações de grande necessidade. Alguém que perdeu em
circunstâncias trágicas, seu pai ou sua mãe, ou então seu filho, ou ainda seu
marido e não se resigna com a ideia do seu desaparecimento, ter um contacto com
a alma do caro defunto pode aliviar-lhe o espírito perturbado por esse drama.
Pode-se igualmente endereçar aos defuntos se se tem necessidade de resolver um
grave problema de vida.
Nossos antepassados, em geral, ajudam-nos e nunca nos
enviarão mensagens nem contra nós mesmos nem contra Deus.»
P - Que atitudes convém evitar durante contatos
mediúnicos?
R - «Não se pode brincar com as almas dos trespassados. Não
se pode evocá-las por motivos fúteis, para obter por exemplo um nº do Loto.
Convém também ter um grande discernimento a respeito dos sinais do Mais Além e
não muito enfatizá-los. Arriscar-se-ia a cair na mais suspeita e excessiva
credulidade. Antes de mais nada não se pode abordar o fenómeno da mediunidade sem
a força da fé.»
José Lucas
(Extracto da entrevista publicada na revista “Presença
Espírita” do Instituto de Pesquisas Psíquicas (IPP) de Salvador - Bahia -
Brasil)
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