Vem da Idade
Média o ódio de povos de várias nacionalidades, seitas e crenças religiosas
contra os cristãos. E quem são os responsáveis por tudo isso? De acordo com
Manoel Philomeno de Miranda, no livro “Transição Planetária”, somos nós mesmos,
quando, no passado, nos autoproclamando “cristãos”, seguidores da Doutrina de
Jesus, cometemos inumeráveis atrocidades contra o próximo, sob a acusação de
hereges.
Vejamos
alguns trechos do Capítulo 17 do livro citado:
“Em nome de
Jesus, vinculamo-nos ao poder imperial, deixamos de ser perseguidos para nos
tornarmos perseguidores, abandonamos a humildade, sob os mantos do orgulho e da
soberba… Encontramos meios de afastar os inimigos aos quais deveríamos amar, os
antipatizantes que pensávamos conquistar, os equivocados que nos cabia
esclarecer, e demos início às aventuras da loucura, criando as Cruzadas, os
Tribunais do Santo Ofício, as perseguições inclementes aos mouros e judeus, a
todos aqueles que não compartilhavam das nossas ideias, afundando-nos no abismo
das aberrações mais desastrosas. “
“E
martirizamos milhares de trabalhadores de Jesus nos mais diversos setores do
pensamento e dos ideais, somente porque não se submetiam ao talante das nossas
equivocadas determinações.”
“Na
península ibérica, por exemplo, seguindo os exemplos terríveis de outros
países, em nome da hegemonia católica e da fidelidade ao papa, utilizamo-nos de
recursos ignóbeis para permanecermos em domínio político, religioso e cultural
da sociedade, expulsando das formosas terras aqueles que chamávamos de hereges,
somente porque não aceitavam o nosso Jesus. Naturalmente não O aceitavam em
razão dos nossos exemplos de anticristianismo, de perversidade e de presunção
com que nos vestimos para representá-lo, quando Ele se deixou dominar pelo
amor, pela compaixão, pela misericórdia, pelo perdão…”
“E
atualmente, o que ocorre? Não nos fazem recordar os comportamentos cavilosos a
que nos entregamos no passado? É compreensível, portanto, que sejamos alvos que
desejam atingir, em razão do mal que lhes fizemos, quando tivemos ensejo de
ajudá-los a sair das deploráveis situações em que se demoravam. Os seus
sentimentos inamistosos defluem dos ressentimentos que mantêm desde aqueles já
recuados tempos, embora ainda vivos nas carnes das suas almas, que anelam por
desforço e paz, que não têm ideia sequer, pensando que ela virá após atenderem
a sede de vingança a que se entregam.”
“Lares e
vidas foram destroçados, santuários de fé e educandários religiosos foram
praticamente destruídos e a fúria da malta ensandecida, após incendiar as
cidades e perseguir os sobreviventes, hasteou a bandeira da vitória onde antes
tremulava a muçulmana…”
“Expulsos
também os judeus, as suas sinagogas, seus lares foram destruídos, suas vidas
tornadas banais e vendidas a peso de ouro, a fim de poderem permanecer depois
da apostasia das doutrinas a que se vinculavam anteriormente, mudando os
antigos nomes para aqueles que seriam denominados como cristãos. “
A fim de
arrancar-se a confissão do infiel, eram usados todos os meios bárbaros
concebíveis, incluindo-se o empalamento, a roda, a tortura da polé, e tudo
quanto de hediondo a mente humana pode conceber quando enlouquecida. As
mulheres eram violadas, as crianças assassinadas ou vendidas como escravas,
separadas para sempre dos seus pais, os homens válidos eram igualmente
vendidos, os idosos e doentes vilmente mortos após suplícios extenuantes… E
dizíamos que assim nos comportávamos em nome de Jesus e de Sua doutrina…”
Fernando
Rossit- Kardec Rio Preto
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