Há alguns anos temos tido a
oportunidade de fazer parte de um grupo de palestrantes, que tem como objetivo
levar a evangelização espírita no Centro de Progressão Penitenciária e no
Centro de Ressocialização Feminino, ambos de São José do Rio Preto, SP.
O trabalho é regulamentado por Lei.
Desde a entrada pela portaria, até a
saída, após o término da tarefa evangélica, somos recebidos e tratados com
muito, mas muito mesmo, respeito e reverência, tanto pelos profissionais,
quanto pelos reeducando.
É uma experiência fascinante.
Absolutamente extraordinária.
Dizemos isso porque o ambiente
espiritual no templo ecumênico onde ocorre a reunião é indescritivelmente
agradável. Parece que se está flutuando em círculos espirituais superiores,
conforme descrições a respeito.
Pessoalmente, após quase trinta anos
de experiência como palestrante, temos como sendo o melhor lugar para se
palestrar. Não é preciso nem mesmo preparar um tema, embora seja uma obrigação
natural. A intuição é incrivelmente intensa e produtiva, somada ao anseio por
conhecimento espiritual por parte deles, que é inesgotável.
Conhecida passagem de Francisco
Cândido Xavier ilustra bem o que queremos dizer:
“O assunto girava em torno de uma
visita a um presídio na cidade de São Paulo, que um grupo de amigos havia
realizado, juntamente com o Chico.
Estávamos, sábado à tarde, no Grupo
Espírita da Prece, em Uberaba (MG), e era lembrado o ocorrido… Dizia-nos o
Chico, muito feliz, que recebera calorosos abraços de aproximadamente quatro
mil internos daquela casa de correção.
– Imagine – começou a sorrir – que,
depois de receber tantas tapinhas, eu tinha as costas doloridas…
Um moço que havia participado daquele
trabalho indaga:
– Chico, você viu muitos espíritos
obsessores lá no presídio?
– Não! – respondeu ele. Não vi
obsessores. Vi, sim, muitos benfeitores amigos, muitas mães. Lá não há
obsessores, não! Eles já fizeram o que queriam!…
Nós, que ouvimos aquela resposta,
quedamos, surpreendidos pela lógica convincente.”
Pois é, junto aos internos e internas
encontram-se legiões de Espíritos Benevolentes, em nome do Senhor Jesus, bem
como de familiares desencarnados, que os buscam para consolo e orientações no
íntimo de suas almas, trabalhando diuturnamente para conscientizá-los quanto
aos novos rumos a serem trilhados.
No Evangelho Jesus anuncia que Ele
veio para as ovelhas perdidas da Casa de Israel, e que são os doentes que
precisam de médico”, como disse também “que há mais alegria no Céu por um arrependido,
do que por noventa e nove que não necessitam de arrependimento”. Ou seja, o
“Céu” trabalha pelos que erram, para levá-los de volta ao bom caminho.
Ah, o Senhor disse também, “estive
preso e me visitaste”, e que quando o fizéssemos a alguém seria como se fosse à
Ele.
Durante as visitas facilmente se
percebe o quanto ainda somos frágeis como seres humanos, e o quanto a ausência
de uma educação focada na estrutura moral e religiosa da criatura humana
provoca desequilíbrios e atitudes impensadas e desprovidas de ética,
resultando, para cumprimento da Lei dos Homens, na necessidade de se passar
pela internação em instituições prisionais.
Quem de nós pode se dizer livre de
tal condição, mais hoje, mais amanhã?
Muitas pessoas, no mundo aqui de
fora, mesmo conhecendo a orientação evangélica para não julgar o próximo,
opinam favoravelmente à pena de morte, e à prisão perpétua. É natural que
pensem assim, pois que não tem elas a experiência de ter um filho, uma filha,
um pai ou uma mãe, ou ainda um irmão dentro do Sistema Prisional.
O trabalho na área da educação é de
todos nós, e não só do Governo.
Mas sempre haverá algum encarnado
questionando se não há riscos na tarefa, como agressões, rebeliões, e até a
possibilidade de se perder a vida física.
Isso nos remete a um diálogo que
tivemos com um Espírito Benfeitor, no início da tarefa de evangelização
carcerária, quando levantamos essa questão, ao que ele nos disse:
“Não se preocupe com isso, porque
você não tem méritos para sofrer esse tipo de retaliação ao trabalho do Cristo;
por hora é melhor você ir lá, do que ir para lá”.
É para se pensar, não?
Antônio Carlos Navarro-Fonte: Agenda
Espírita
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