A existência
terrena é delimitada por dois extremos:
O nascimento
e a morte.
O primeiro corresponde à chegada do Espírito
no plano físico.
Os homens preocupam-se muito com esse
instante.
Enxovais são
preparados, quartos são arrumados, as famílias se engalanam para receber seus
novos membros.
Isso é bom e
correto, pois o ressurgimento na esfera carnal constitui uma bendita
oportunidade de trabalho e progresso para aquele que nasce e para a família que
o recebe.
Em geral,
não se trata exatamente de um novo membro, mas de um antigo e querido
companheiro de lutas que retorna.
Já o que se
chama morte é o retorno do Espírito ao seu ambiente de origem.
Todo homem é
um Espírito que habita temporariamente um corpo.
O organismo
físico se desgasta, envelhece, adoece e morre.
Mas o
Espírito vive e evolui para sempre.
A verdadeira
pátria corresponde ao plano espiritual.
Toda
existência terrena é eminentemente transitória.
Estranhamente,
ao contrário do que se dá com o nascimento, em regra há pouco preparo para o
fenômeno da morte, ou desencarnação, como chamamos.
Esse tema é
envolto em tabus e fantasias, como se não fosse algo natural.
E constitui
um fato inexorável.
Toda
criatura, mais cedo ou mais tarde, verá seu corpo físico perecer.
Não há
providência possível contra isso.
Por ser um
fenômeno natural, deve ser tratado com naturalidade e calma.
Como todos
morrerão um dia, nenhuma separação é definitiva.
O ente
querido que morre apenas retorna antes ao verdadeiro lar.
Embora se
trate de algo natural, isso não implica negar a sua gravidade.
Ao nascer, o
Espírito traz uma programação de vida, voltada ao seu progresso e burilamento.
Ao término
da existência, ele faz um balanço de seu comportamento, de suas vitórias e
fracassos.
O momento do
encontro com a própria consciência pode ser terrível ou maravilhoso.
Tudo depende
do comportamento adotado durante a existência terrena.
O corpo
físico amortece enormemente as percepções e os sentimentos do Espírito.
Após a desencarnação, tudo se torna muito mais vívido.
A alegria de
um Espírito pelo dever bem cumprido possui uma intensidade inimaginável para
quem permanece vinculado à matéria.
Mas também o
remorso e a vergonha que experimenta por erros cometidos atingem proporções
lancinantes.
A
ingenuidade humana muitas vezes afirma que a pessoa descansa ou se liberta ao morrer.
Mas é
difícil avaliar o que significa esse pretenso descanso para quem se permitiu
semear dores e misérias na vida alheia.
Do mesmo
modo, quem gastou o tempo enredando-se em vícios e maldades não experimenta
qualquer libertação ao término da existência.
Quem morre
não vai para o céu e nem para o inferno.
O céu e o
inferno são estados de consciência, que cada qual cria para si com o próprio
proceder.
A cada um
conforme as suas obras, disse o Mestre Divino.
A lição é
cristalina e não permite enganos.
O fenômeno
da morte é natural, mas muito grave.
Ele
constitui um momento de balanço, de aferição de méritos ou deméritos.
Assim,
importa tratar do tema com serenidade e maturidade.
Não há qualquer
milagre ou favor envolvido.
Pense nisso.
Para passar com tranquilidade por esse momento, importa viver reta e dignamente.
Redação do
Momento Espírita, com base no cap. 30
do livro
Para uso diário, do Espírito Joanes,
psicografia
de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em
27.08.2008.