
Eutanásia
deriva do grego,”eu”- bom e “thanatos”–morte, “boa morte”, porém dentro de uma
filosofia espírita devemos1 compreender que nenhuma morte pode ser boa quando
se trata de suicídio ou de eutanásia, que nada mais significa do que
literalmente tirar a vida de outro. A eutanásia é vista por muitos como uma
prática de alívio a dor e ao sofrimento diante de uma doença incurável pela
medicina humana. Segundo a História, a “euthanasia” seria utilizada há séculos
e muitos eram os doentes que procuravam com seus médicos o elixir da morte por
estarem cansados de viver. No entanto, a Doutrina Espírita nos esclarece que os
seres vivos são constituídos de um corpo físico e de uma alma – espírito
encarnado – e que a dor e o sofrimento são mecanismos de resgates necessários à
evolução do Espírito em seu caminho rumo a perfeição, tais sofrimentos seriam a
depuração energética de cada um, todos frutos do mal uso do livre arbítrio, já
que todos respondem dentro da Lei de Ação e Reação, ou seja, toda ação cometida
corresponde a uma reação de igual intensidade e gravidade, só que agora na
forma de doenças e sofrimentos, educando os espíritos no caminho do amor.
Muitas doenças, portanto, têm sua origem nesse mecanismo de resgate devido à
enorme gama de energias que foram condensadas no perispírito e que agora
afloram no corpo físico, esclarecendo melhor, pode-se concluir que todas as
doenças tem origem no Espírito.
Mas e os animais?
Eles não possuem resgates cármicos como os seres humanos e sua senciência prova
que eles sofrem tanto quanto os seres humanos, seria lícito então proporcionar
a esses irmãos a eutanásia afim de livrá-los do sofrimento?
Normalmente
para aceitar a eutanásia realizada num animal em fase terminal, busca-se os
recursos da Lei de Ação e Reação, da Lei do Carma, porém é preciso nos
atentarmos ao fato de que o animal ao qual nos referimos não é apenas o animal
que vemos na forma física, mas que há nele um Princípio Inteligente Universal,
uma alma que anima aquela matéria e que retornará ao Plano Espiritual em boa ou
má condição, dependendo muito de como agiremos com ele enquanto encarnado. E
como será o trabalho da espiritualidade se, com nossos recursos terrenos,
levarmos para o Plano Espiritual um animal antes de seu momento derradeiro,
afinal, qual de nós sabe com exatidão o que acontecerá dali a um minuto?
Trazemos conosco essa imensa dificuldade de separação entre o que material e o
que é espiritual. Acreditarmos que o animal se encontra em sofrimento sem
qualquer justificativa, já que aprendemos que não possui carma e crer apenas
nisto seria também acreditar que Deus houvesse criado tal sofrimento por puro
capricho, já que como nos coloca Emmanuel , os animais estão isentos da Lei de
Ação e Reação por não terem culpa a expiar, o que não significa que o
sofrimento pelo qual passam em determinado momento não esteja lhe trazendo a
evolução espiritual. André Luiz em seu livro “Libertação” coloca o seguinte :
“O sofrimento é reparação ou ensino renovador” e Emmanuel novamente acrescenta
o conceito de dor como aprendizado ao dizer que“…Ninguém sofre tão somente para
resgatar o preço de alguma coisa.Sofre-se também angariando recursos preciosos
para obtê-la. Assim é que o animal atravessa longas eras para instruir-se…para
atingir a auréola da razão, deve conhecer comprida fieira de experiências”. .
“O
sofrimento é reparação ou ensino renovador”, portanto, se os animais se
encontram isentos da Lei de Ação e Reação, só nos resta crer que para eles tal
sofrimento surge como grande aprendizado evolutivo, levando-nos a conclusão que
para eles o sofrimento não teria a finalidade de punir ou resgatar, mas sim de
educar para suas futuras reencarnações. Há, porém, um outro fato que não pode
ser deixado de lado: E se a prova for para os tutores e não apenas um
aprendizado para o animal? .
O que
geralmente acaba ocorrendo nestes casos é que logo no momento em que mais
precisam provar que amam esses pequenos irmãos os tutores desistem, na maioria
das vezes não por verem o sofrimento do animal, mas por sua própria dor e
fraqueza, e entregam-no a eutanasia. Quais aprendizados teriam retirado dali se
não houvessem desistido antes da escolha da “boa morte”? Força.Dedicação. Amor,
são alguns exemplos. .
É bem
verdade que existem casos e casos, presenciamos certa feita o caso de um animal
atropelado onde a matéria não poderia ser refeita pelos abnegados veterinários
que o recolheram ainda com vida, neste caso contudo, ocorreu a misericórdia
Divina ao ser solicitada a eutanásia, adormecendo a matéria, mas não o
espírito, deixando o restante do trabalho e talvez o mais difícil para os
irmãos zoófilos, que era o desligamento de todos os cordões fluídicos da
matéria, já que a eutanásia havia tirado do animal seu último minuto de vida.
Porém, na grande maioria dos casos e por pior que seja o sofrimento, cada tutor
tem em suas mãos a capacidade de auxiliar seus tutelados a permanecerem no
estágio de evolução onde se encontram até que a espiritualidade venha cortar os
cordões fluídicos que os une à matéria e assim, recolhê-los com carinho e
encaminhá-los ou a um tratamento no Plano Espiritual ou a uma nova
reencarnação, dependendo do estado no qual se encontre.
A eutanásia,
muito mais do que uma morte boa, pode ser considerada um atentado a vida, pois
cada ser vivo que reencarna tem em si uma programação de vida feita pela
Divindade, o que na visão humana se traduz apenas em sofrimento para o espírito
é depuração e aprendizado, tirar dele seu derradeiro minuto é privá-lo desse
aprendizado que lhe foi devidamente programado. Assim a eutanásia acaba se
transformando numa fuga do tutor diante de um momento difícil e que como
consequência impede que os cordões fluídicos se rompam normalmente, pois a
matéria morre diante dos olhos, mas o espírito permanece vivo e ainda ligado a
ela durante algum tempo, até que os irmãos zoófilos terminem de cortá-los um a
um. Por isso, apesar de vermos , como seres encarnados, o sofrimento da
matéria, é preciso pensar também que o espírito que anima aquele corpo
necessita daquele aprendizado , que ao libertar-se normalmente poderá ser
rapidamente levado para um tratamento ou para uma nova roupagem carnal e que o carinho
dos tutores , a água irradiada, os passes e as preces para que o animal se
desligue naturalmente do corpo carnal sem maiores sofrimentos é que irá
auxiliar a todos, tutores e tutelados,em seu caminho evolutivo.
Referências.
André Luiz,
Libertação, Ação e Reação, Evolução em dois mundos. Emmanuel ,Chico Xavier-Ação
e Caminho.