Seguidores

terça-feira, 27 de setembro de 2016

"JESUS..OBSIDIADOS E OBSESSORES"

Estava em Sinagoga, em Jerusalém, um homem possuído por um Espírito atrasado que bradou, em voz alta, à vista de Jesus:
— Ora, que importa a nós e a ti, Jesus de Nazaré, o que este sofre? Vieste a perder-nos? Eu sei que és o enviado de Deus.
Jesus repreendeu-o, dizendo:
— Cala-te e sai dele.
E tendo-o lançado por terra no meio de todos, o desencarnado saiu dele sem tê-lo magoado. Todos ficaram admirados, e perguntaram uns aos outros:
— Que palavra é essa, pois com autoridade e poder ordena aos Espíritos atrasados e eles saem?
E por todos os lugares da circunvizinhança divulga-se sua fama. (Lucas, 4:31-37 - tradução direta do original grego).
Como lhe era de hábito, nos sábados, Jesus visitava a Sinagoga. Não esclarecem os textos se os discípulos o acompanhavam; entretanto, a tradição afirma que ele se fazia acompanhar de alguns de seus seguidores mais chegados, a exemplo de Pedro, André, Tiago e João. Na Sinagoga era costume convidarem-se os visitantes e assistentes a falar, o que muito contribuiu para que o Mestre, vez que outra, usasse da palavra, pregando, àquela gente envolvida pela ortodoxia escriturística, a BOA NOVA, plena de conceitos e valores realmente revolucionários.
O evangelista Marcos destaca a admiração dos circunstantes pela autoridade com que Jesus se expressava, não exatamente como os escribas (os intelectuais da época), que, de ordinário, levavam, ao cenáculo da Sinagoga, seus comentários devidamente decorados. Os frequentadores do Templo estavam, pois, acostumados a ouvir as arengas dos escribas, recheadas de sentenças adredemente elaboradas, distanciadas, pois, de qualquer senso crítico. A palavra de Jesus diferia, em tudo, dessa postura. Ela era toda feita de interpretações vivas e palpitantes, elaboradas à luz da maravilhosa análise dos caracteres humanos. Jesus, na realidade, desceu aos labirintos da alma e de lá exumou as suas mazelas, os seus traumas, os seus mais recônditos sentimentos, e, debruçado sobre eles, elaborou o mais notável Código de Ética jamais concebido.
Jesus defrontou-se com o obsessor no Templo, apenas lhe impõe silêncio e o desliga do obsidiado, pondo em prática a mais estranha e fantástica técnica de desobsessão jamais, em tempos posteriores, igualada. O ato de desligamento provoca violenta agitação, e a perspectiva da separação (já se estabelecera, provavelmente, uma estranha simbiose entre subjugado e subjugador), causa, no subjugado, forte reação, e ele grita!
O que aconteceu na Sinagoga, ante os olhares espantados dos seus frequentadores, que, na verdade, não estavam entendendo nada, ocorre, guardadas as devidas proporções, nos recessos das casas espíritas que promovem sessões de desobsessão em que obsidiado e obsessor têm a oportunidade salutar e regeneradora de se enfrentarem, sob a égide de Espíritos superiores que se seguem, conquanto palidamente, a metodologia desobsessional do Mestre de Nazaré.
Lucas afirma que o subjugado foi lançado por terra, como se lhe faltasse o chão. Aliás, essa reação é natural em semelhante processo de desobsessão, aos moldes, por exemplo, de alguns casos relatados por Allan Kardec, na Revue Spirite.
É evidente que a fama de Jesus se espalhou por todos os recantos da Judéia. diziam, as boas e as más línguas, que Jesus de Nazaré era senhor de forças notáveis, acima do comum dos homens. O resultado dessa fama inesperada é que muita gente passa a procurar o Mestre, levando seus enfermos e obsidiados à sua presença. Ele atendia a todos, indistintamente, com o mesmo empenho e benevolência. 
O obsidiado de Gerasa 
Mateus (8:28-35), Marcos (5:1-20) e Lucas (8:26-39) referem-se ao famoso episódio de Gerasa, em que Jesus topou com uma legião de Espíritos inferiores que subjugavam um pobre coitado da região.
A iniciativa de ação pertence ao subjugado, que Mateus afirma terem sido dois:
Tendo ele - Jesus - chegado à outra margem, à terra dos gerasenos, vieram-lhe ao encontro dois obsidiados em extremo, furiosos.
É provável que tenham sido dois, embora um deles fosse o célebre louco violento e o outro apenas uma espécie de comparsa, que não chegou a chamar a atenção dos demais evangelistas.
Marcos apresenta maiores dados do episódio que ouvira dos lábios de Pedro, testemunha ocular:
— Quando Jesus desembarcou, veio logo ao seu encontro, dos túmulos, um homem obsidiado por Espírito não purificado o qual morava nas sepulturas e nem mesmo com cadeias podiam alguém segurá-lo.
Ao vê-lo vir a si, Jesus ordena, energicamente, que abandone a sua presa, chamando-o Espírito não-purificado (pneuma akátharton), ou seja inferior. O obsessor vocifera, blasfema, irrita-se! Jesus pergunta-lhe o nome, ao que o Espírito responde legião, o que é o mesmo que falange. Não quer dizer, porém, segundo pretendem alguns comentaristas, que se tratava, efetivamente, de 300 Espíritos (número de que se compunha uma legião de soldados romanos), mas apenas, como explica o obsessor incorporado, porque somos muitos.
Ainda segundo Marcos, o obsessor pede que não seja mandada a falange para fora do território: e, segundo Lucas, que não a mande para o abismo! 
Por que Jesus não doutrinava os obsessores?
Jesus, realmente, não se preocupou em doutrinar essa falange ou legião de obsessores, como, aliás, nenhum outro Espírito mau que foi por Ele afastado. Ou as entidades espirituais superiores se encarregavam disso, ou esses obsessores eram ainda tão involuídos que não adiantava doutrinação e se devia aguardar um pouco mais de evolução para que pudessem compreender a necessidade de corrigir-se.
Os obsessores de Gerasa estavam justamente nessa situação, e não poderiam entender qualquer tipo de providência desobsessional, senão aquela posta em prática pelo Mestre de Nazaré.
Após o acontecimento, os moradores de Gerasa correram até o local do histórico episódio e viram, sentado aos pés de Jesus, o ex-obsidiado, risonho, feliz, em seu juízo perfeito, ele que, antes, tanto pânico vivia a causar na região e que por todos era bem conhecido.
No momento em que Jesus se prepara para partir daquele lugar, o ex-obsidiado solicita-lhe lugar entre os discípulos. Sem dar os motivos, o Mestre recusa mantê-lo a seu lado, mas nem por isso deixa de lhe confiar tarefa de significativa responsabilidade: a pregação, sobretudo pelo exemplo! Humildemente, o ex-obsidiado aceita a tarefa. Sabe-se, mais tarde, que ele passou a percorrer a região da Decápole falando dos maravilhosos poderes de Jesus.
Carlos Bernardo Loureiro

(Jornal Verdade e Luz Nº 193 Fevereiro de 2002)

“ALFABETIZAÇÃO ESPIRITUAL”

A vida moderna nos impõe inúmeras obrigações e deveres. Grosso modo, uma existência bem aproveitada implica em administrar com proficiência problemas e dificuldades de toda sorte. Jesus – nosso modelo e guia – e outros expoentes da espiritualidade convivem com labores altamente complexos e desafiadores. Se o Pai Celestial trabalha, como asseverou o Mestre outrora, “... eu trabalho também” (João, 5: 17), deixando entrever a pesada carga de responsabilidades advindas da sua sublime missão de educador dos corações humanos. Portanto, não podemos, então, de nossa parte, esperar algo substancialmente diferente. À medida que evoluímos mais deveres abraçamos. Uma força incoercível nos compele a dar, entregar e a compartilhar mais de nós mesmos. Passamos a perceber, enfim, que somos muito menos que uma gota – e eu estou sendo generoso – do oceano.
No entanto, dada a nossa precariedade cognitiva e considerando as paisagens de sofrimento e destruição que, infelizmente ainda, caracterizam a Terra, temos a obrigação individual de nos auto iluminarmos para transformá-la numa das belas moradas da “casa do Pai”. E tal desiderato não pode ser atingido sem o esforço pessoal de nos alfabetizarmos espiritualmente. Dito de outra maneira, a criatura humana necessita urgentemente educar a sua própria alma. Como já nos referimos algures, “... são raros aqueles que, concomitantemente às exigências da vida moderna – onde sempre predominam as coisas de natureza material –, dão também atenção aos assuntos de origem transcendental. Aliás, se tivéssemos a curiosidade de averiguar quanto do nosso tempo é despendido em coisas ligadas à matéria ou de importância duvidosa, ficaríamos estarrecidos”. (Vasconcelos, A.F. A necessidade da agenda espiritual. O Clarim, nº 1, p. 12, agosto 2005)
De maneira similar, a renomada pesquisadora inglesa, Dra. Ursula King, observa que necessitamos dar mais atenção à educação do espírito. Ela considera que nós necessitamos aprender a desenvolver uma profunda liberdade interior e consciência para nos tornarmos mais alertas espiritualmente e conclui advogando que “A capacidade para espiritualidade está presente em todos os seres humanos, mas necessita ser ativada e realizada. Isso significa que tem de ser ensinada de algum modo, e isso requer novos enfoques para educação espiritual. [...]”.(King, U. The search for spirituality: our global quest for a spiritual life. New York, NY: BlueBridge, 2008, p. 88.)
Obviamente, o curso do autodesenvolvimento espiritual não é tarefa para apenas uma existência. Certamente continuará do lado de lá, assim como em outras encarnações. Também não podemos imaginar que tal aprendizado advirá exclusivamente de determinados cursos que venhamos a frequentar. Eles podem, na melhor das hipóteses, ajudar em determinados momentos, mas a maior parte desse processo de alfabetização ocorrerá mediante: constantes e solitários exercícios de reflexão e meditação acerca das atitudes tomadas no dia a dia; a busca incessante do autoconhecimento; a coragem para enfrentar as sombras da personalidade; e a determinação para proceder tomando sempre o bem como bússola. Paralelamente a esse esforço, o “aluno” deverá voltar-se a Deus através da oração sincera e confiante a fim de que os seus canais intuitivos captem sempre as melhores sugestões.
Não poderá abdicar também de mergulhar a sua atenção em leituras edificantes, esclarecedoras, eivadas de sabedoria e experiências humanas valiosas que lhe facultem condições de vislumbrar a dimensão antes ignorada, isto é, a da vida espiritual. Pode-se prever que o “bom aluno” mudará consideravelmente a sua percepção e conduta a partir daí. Os seus gostos, preferências e aspirações sofrerão profundas mudanças, a sua sensibilidade no trato com os semelhantes será amplificada, assim como dilatada a sua capacidade de compreensão dos fatos e eventos, entre outros tantos benefícios. Com toda certeza estará mais preparado para ouvir, dialogar e entender os companheiros de jornada.
Muitas vezes o “bom aluno” ver-se-á envolvido numa aparente solidão. Afinal, a sua gama de interesses e até mesmo objetivos transmutam-se completamente. Mas é na quietude da alma que encontrará respostas e conclusões para os mais importantes dramas existenciais. Concomitantemente, compreenderá que deverá desenvolver os recursos da paciência, discernimento, humildade, renúncia, emoções positivas, amor, fraternidade e tolerância – algumas matérias, convenhamos, nem sempre lecionadas nas salas educativas da Terra. O novo ser que emergirá dessa alfabetização dominará não apenas pensamentos, emoções e poderosas forças interiores, mas estará apto a entender e a cooperar de maneira mais incisiva na obra do Criador sendo uma criatura melhor sob todos os aspectos e sentidos.

Por Anselmo Ferreira Vasconcelos

𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...