A
perturbação que se segue à separação do Espírito e do corpo é igual para todos
os Espíritos?
Também é uma
pergunta (164) contida no Livro dos Espíritos. Eis a resposta: "Não;
depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado se reconhece
quase imediatamente, pois que se libertou da matéria, antes que cessasse a vida
do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está
pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria."
E a questão
165 aprofunda o assunto: "Por ocasião do desencarne, tudo, a princípio, é
confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma.
Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de
profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A lucidez das ideias
e a memória do passado voltam, à medida que se apaga a influência da matéria
(corpo) que ela acaba de abandonar, e à medida que se dissipa a espécie de
névoa que lhe obscurece os pensamentos.
Muito
variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de
algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. Aqueles que,
desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os
aguardava, são os que compreendem imediatamente a posição em que se encontram.
Aquela
perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres dos
indivíduos e, principalmente, com o género de desencarne. Nos casos de
desencarne violento, por suicídio suplício, acidente, apoplexia, ferimentos,
etc, o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar desencarnado.
Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo,
reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele.
Acerca-se
das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem.
Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só
então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao
número dos vivos.
Este
fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o
Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera
ainda o desencarne como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque
pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar desencarnado. Mais lhe aumenta a
ilusão, o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas
cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar.
Observa-se
então o singular espetáculo de um Espírito assistir ao seu próprio enterramento
como se fora o de um estranho, falando desse ato como de coisa que lhe não diz
respeito, até ao momento em que compreende a verdade.
A
perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se
conserva calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tranquilo
despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é
cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que ele da sua
situação se compenetra.
Nos casos de
desencarne coletivo, tem sido observado que todos os que perecem ao mesmo tempo
nem sempre tornam a ver-se logo. Presas da perturbação que se segue à morte,
cada um vai para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe interessam."
Fonte:
A Casa do Espiritismo
www.acasadoespiritismo.com.br/