
Deus não dá uma obrigação mais pesada
nem mais leve a uns do que a outros, porque todos são seus filhos e sendo Ele
justo não tem preferência por nenhum. Deus lhes diz: "Eis a Lei que deve
guiar a vossa conduta. Só ela vos pode conduzir ao alvo. Tudo o que estiver de
acordo com essa Loi pertence ao bem, tudo o que a contrariar pertence ao mal.
Sois livres de a observar ou de a infringir, de maneira que sereis os árbitros
da vossa própria sorte."Deus, portanto, não criou o mal. Todas as suas
Leis conduzem ao bem. Foi o próprio homem quem criou o mal infringindo as Leis
de Deus. Se ele as observasse escrupulosamente jamais se afastaria do bom
caminho.
— Mas a alma, nas primeiras fases da
sua existência, da mesma maneira que a criança, não tem experiência e por isso
é falível. Deus não lhe dá a experiência, mas lhe concede os meios de adquiri-la.
Cada passo falso no caminho do mal representa um atraso para a alma. Ela sofre
as consequências de erro e aprende à própria custa o que deve evitar. É assim
que pouco a pouco ela se desenvolve, se aperfeiçoa e avança na hierarquia
espiritual até chegar ao estado de Espírito puro ou anjo.
Os anjos são, pois, as almas dos
homens que atingiram o grau de perfeição acessível à criatura e gozam da
felicidade prometida. Antes de haver atingido o grau supremo, gozam de uma
felicidade relativa ao seu adiantamento, mas essa felicidade não é a do prazer
ocioso. É, pelo contrário, a das funções que Deus lhes confia, a seu pedido,
sentindo-se felizes de desempenhá-las, porque estas ocupações são para elas um
meio de progredir. (Ver Cap. Ill, O Céu.)
— A Humanidade não está limitada à
Terra. Ocupa inumeráveis mundos que circulam no espaço. Ocupou os mundos que já
desapareceram e ocupará os que ainda se formarão. Deus criou desde toda a
eternidade e cria sem cessar. Muito tempo antes que a Terra existisse, por maior
ancianidade que lhe atribuamos, já havia em outros mundos Espíritos encarnados
que percorreram as mesmas etapas que nós, Espíritos de formação mais recente,
que estamos percorrendo agora o mesmo caminho que eles percorreram, chegando ao
seu destino antes mesmo que nós houvéssemos saído das mãos do Criador. Por toda
a eternidade sempre houve anjos ou Espíritos puros, mas como a sua existência
humana se perde no infinito do passado, temos a impressão, de que eles sempre
foram anjos.
— É assim que se nos revela a grande
Lei de unidade da Criação. Deus nunca esteve inativo e sempre teve Espíritos
puros, experientes e esclarecidos para transmitirem as suas ordens e para
dirigirem todo o mecanismo do Universo, desde o governo dos mundos até os mais
ínfimos pormenores. Não houve pois necessidade da criação de seres
privilegiados, isentos de encargos. Todos, antigos ou novos, conquistaram a sua
elevação através da luta e pelos próprios méritos. Todos, enfim, são filhos de
suas próprias obras. Assim se cumpre igualmente a soberana justiça de Deus.
Ana Maria Teodoro Massuci
Fonte: ESPIRIT BOOK