
Séculos antes, a reforma protestante
deu início à questionamentos de dogmas absolutos impostos pela igreja católica.
Tempo depois a Revolução Francesa e o Iluminismo prosseguiram com tempos de
razão, desenvolvimento científico e filosófico.
Em meados do século XIX, através da
codificação de Allan Kardec, a Doutrina dos Espíritos ou Espiritismo, elucidou
a moral religiosa, fundindo filosofia, ciência e religião.
E o por quê desse resumo histórico?
Para dizer que Deus não é pai, pois, segundo a questão de número 1 do Livro dos
Espíritos, “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”
O machismo é um fato histórico, e
reforçado por governos e religiões, que por séculos escravizaram as mulheres
como objeto limitando-as em tarefas domésticas, a satisfazer as vontades dos
homens e procriar. Enquanto isso os homens eram líderes políticos e religiosos
detentores de conhecimentos e direitos proibidos para as mulheres.
A luta para combater esses
pensamentos bárbaros e retrógrados se estendem até os dias de hoje. Na questão
817, também do Livro dos Espíritos, a espiritualidade superior ressalta que
assim como a inteligência e a faculdade de progredir, os direitos devem ser os
mesmos para ambos, homens e mulheres.
Ainda no item Igualdade dos direitos
do homem e da mulher, a questão 822 diz que:
“…A emancipação da mulher acompanha o
progresso da civilização. Sua escravização marcha de par com a barbárie. Os
sexos, além disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos
podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles.
Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.”
A lutas intensas e protestos pelos
direitos das mulheres ganharam forma pós revolução industrial. Com a migração
das mulheres, do campo aos centros urbanos, para trabalhar nas fábricas, os
movimentos políticos por direitos passaram a ser organizados pelas mulheres inseridas
naquela realidade.
As sufragistas, reivindicavam sua
posição na política. Visando o sufrágio, o direito ao voto, em meados do século
XIX, na Inglaterra, as mulheres manifestaram seu interesse na política. Apenas
com seus votos e suas candidaturas, elas poderiam reivindicar seus direitos
diretamente com o parlamento.
Outro grande momento na luta pelos
direitos das mulheres é o dia 8 de março de 1857. Neste dia trabalhadoras de
uma fábrica têxtil , em Nova York, protestavam pela diminuição da jornada de
trabalho e reivindicavam o direito de licença maternidade.
Policiais interviram no protesto e
centenas de mulheres morreram queimadas. Em memória e apoio a luta, no ano de
1911 foi instituído o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Para a filósofa francesa Simone de
Beauvoir, “as mulheres sempre foram marginalizadas porque os homens de todas as
classes e partidos sempre lhes negaram uma existência autônoma”.
Na edição de Janeiro de 1866, Allan
Kardec escreveu, na Revista Espírita, o artigo As Mulheres têm Alma?. Nele o
codificador do Espiritismo discorreu pela igualdade espiritual de homens e
mulheres, suas diferenças físicas e encerrou com a seguinte afirmação:
“Com a Doutrina Espírita, a igualdade
da mulher não é mais uma simples teoria especulativa; já não é uma concessão da
força à fraqueza, mas um direito fundado nas próprias leis da Natureza. Dando a
conhecer essas leis, o Espiritismo abre a era da emancipação legal da mulher,
como abre a da igualdade e da fraternidade.”
E para finalizarmos este texto, em
que reafirmamos a validade das lutas pacíficas pelos direitos de igualdade das
mulheres, relembramos o discurso da apresentadora estadunidense Oprah Winfrey,
em sua homenagem na premiação do Globo de Ouro, que foi marcado pelos protestos
contra assédio sexual na indústria do cinema de Hollywood. Oprah finalizou
relembrando o movimento online em que mulheres compartilharam casos de abuso
com a hashtag #metoo.
“Que as meninas assistindo esta noite
saibam que um novo dia está chegando. Quando esse dia chegar, será por que
muitas mulheres magnificas, muitas que estão aqui nesta noite, e homens
fenomenais, que as ajudaram, lutaram para serem os líderes que conduziram esse
tempo em que ninguém mais precisa dizer ‘me too” (eu também)”
TV MUNDO MAIOR | Ricardo Guelfi de
Souza-
Fonte: Chico de Minas Xavier