O LIVRO DOS
MÉDIUNS, CAP. XXV, ITEM 283, PERG. 36
36. Podemos
evocar o espírito de um animal?
R – Depois
da morte do animal, o princípio inteligente que havia nele, fica em estado
latente; este princípio é imediatamente utilizado por certos espíritos
encarregados deste cuidado para animar de novo seres nos quais continua a obra
de sua elaboração. Assim, no mundo dos Espíritos, não há espíritos de animais
errantes, mas somente Espíritos humanos. Isto responde à sua pergunta.
36ª. Como é
então que algumas pessoas, tendo evocado animais, obtiveram resposta?
R – Evoquem
um rochedo e ele lhes responderá. Há sempre uma multidão de Espíritos prontos a
tomar a palavra para tudo.
Observação
de Kardec:
É por essa
mesma razão que se evocarmos um mito ou um personagem alegórico ele responderá.
Isso quer dizer que responderão por ele. O Espírito que se apresentar em seu
lugar tomará o seu aspecto e as suas maneiras. Alguém teve um dia à ideia de
evocar Tartufo e ele logo se manifestou. E ainda mais, falou de Orgon,de
Elmira, de Damis e Valéria, dando suas notícias. Quanto a si mesmo, imitou
Tartufo com tanta arte como se ele fosse um personagem real. Disse mais tarde
ser um artista que havia desempenhado o papel. Os Espíritos levianos se
aproveitam sempre da inexperiência dos interrogantes, mas evitam manifestar-se
aos que sabem que podem descobrir as suas imposturas e não dariam crédito às
suas estórias. É o mesmo que acontece entre os homens.
Um senhor tinha em seu jardim um ninho
de pintassilgos, pelos quais se interessava muito. Certo dia o ninho
desapareceu. Seguro de que ninguém de sua casa cometera o delito, e sendo
médium, teve a ideia de evocar a mãe dos passarinhos. Ela se comunicou e lhe
disse em excelente francês: “Não acuses a ninguém e tranquiliza-te quanto à
sorte dos meus filhinhos. Foi o gato que saltou e derrubou o ninho. Poderás
encontrá-lo sob a relva, juntamente com os filhotes que não foram comidos”.
Indo verificar, encontrou tudo certo. Devemos concluir que foi a ave quem
respondeu? Claro que não, mas simplesmente que um Espírito conhecia a história.
Isso mostra quanto devemos desconfiar das aparências: evoca um rochedo e ele te
responderá. (Ver o capítulo sobre Mediunidade nos animais, nº 234).
Como é
possível observar, a resposta do Espírito é muito clara e afirmativa quando diz
não haver espíritos de animais na erraticidade. Isso realmente muda tudo. Lemos
em muitos livros espíritas, mesmo de autores consagrados, sobre a existência de
animais na espiritualidade. André Luiz já publicou em suas obras sobre a
presença de animais nas colônias espirituais, como pássaros, peixes, cães e
outros animais…
Não quero
dizer com isso que André Luiz e mesmo Chico Xavier estão errados, mas a
intenção deste estudo é compreender como devemos interpretar essa lição.
Afirmo,
porém, que no momento fico com Kardec, até que alguém consiga trazer uma
informação que confirme, por A mais B, baseado somente nas obras de Allan
Kardec e ninguém mais, que existem animais na espiritualidade; uma informação
que seja tão clara quanto essa que o espírito trouxe à Kardec sobre a não
existência desses seres na erraticidade.
Para
complementar a informação, vamos recorrer ao Livro dos Espíritos, nas questões
de n° “597 a 600:”.
OS ANIMAIS E
O HOMEM:
597. Pois se
os animais têm uma inteligência que lhes dá certa liberdade de ação, há neles
um princípio independente da matéria?
R – Sim, e
que sobrevive ao corpo.
Aqui, como é
claro notar, o espírito afirma a Kardec que o Espírito do Animal sobrevive ao
corpo. Prosseguindo:
597ª. Esse
princípio é uma alma semelhante ao homem?
R – É também
uma alma, se o quiserdes; isto depende do sentido que se toma essa palavra (ver
em o Livro dos Espíritos – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita – Alma,
Princípio Vital e Fluido Vital); mas é inferior à do homem. Há, entre a alma
dos homens e dos animais, tanta distância, quanto entre a alma dos homens e
Deus.
598. A alma
dos animais conserva após a morte, sua individualidade e a consciência de si
mesma?
R – Sua
individualidade, sim, mas não a consciência de si mesma. A vida inteligente
permanece em estado latente.
Novamente
vemos que os Espíritos afirmam que a vida inteligente do animal, após a morte,
fica em estado latente. É o que vimos acima, na afirmação de O Livro dos
Médiuns: Depois da morte do animal, o princípio inteligente que havia nele,
fica em estado latente. Ora, se o estado de vida é latente, não há atividade;
se não há atividade, não há espíritos errantes de animais perambulando no mundo
espiritual.
599. A alma
dos Animais pode escolher a espécie em que prefira encarnar?
R – Não; ela
não tem o livre-arbítrio.
600. A alma
do animal, sobrevivendo ao corpo, fica num estado errante, como a do homem,
após a morte?
R – Fica
numa espécie de erraticidade, pois não esta unida a um corpo, mas não é um
espírito errante. O espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre
vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade. É a consciência de si mesmo
que constitui o atributo principal do espírito. O Espírito do animal é classificado,
após a morte, pelos espíritos incumbidos disso, e utilizado quase
imediatamente: não dispõe de tempo para se pôr em relação com outras criaturas.
Na resposta
acima, as coisas ficam ainda mais claras. Inicialmente, o espírito diz a Kardec
que o animal fica numa espécie de erraticidade. Eu compreendo com isso que eles
naturalmente vão para algum lugar, e esse lugar seria essa espécie de
erraticidade. Mas, seja onde for que fiquem eles não estão em ação, ou seja,
não se movimentam, não se relacionam, pois como já vimos acima, o princípio
inteligente que havia nele, fica em estado latente. E na conclusão da resposta,
afirma mais uma vez com a veemência de sempre que não dispõe de tempo para se
pôr em relação com outras criaturas. Como podemos notar, Allan Kardec obtém
sempre a mesma informação dos espíritos, afirmando não existir espíritos
errantes de animais. Eles, ao morrer, mantém a vida, como tudo na natureza, mas
essa vida, esse princípio inteligente ou não, dependendo da espécie, fica em
estado latente, e é utilizado imediatamente ou quase imediatamente pelos
espíritos incumbidos disso, para dar prosseguimento em seu progresso. Não
dispõe de tempo para se por em relação com outras criaturas!
Mais uma
vez, meus amigos, novas e claras afirmações de que não há espíritos de animais
na erraticidade. De que esses seres, esses irmãos menores do desenvolvimento,
não se relacionam após sua morte do corpo físico, por entrarem em estado
latente.
Notem
algumas afirmações de Kardec, neste trecho na Revista Espírita:
“Se as
coisas se passassem como dizeis, resultaria que no mundo espiritual haveria
espíritos de animais” O termo “se as coisas se passassem”, prova uma afirmação
contrária, ou seja, afirma que não se passa dessa forma, mas se outra.
“Assim, não
haveria razão para que não existirem o das ostras”.
Notem a
intensidade dessa frase! Ela nos faz pensar da seguinte forma: Se existisse
animais como cães, gatos, cavalos etc. no mundo espiritual, também deveria
haver pernilongos, ostras, mariscos, moscas, pois todos são formas de vida do
reino animal que mantém seu principio após a morte.
E também a
afirmação do espírito, ao dizer:“A alma dos animais – tendes perfeitamente
razão – não se reconhece após a morte do corpo”
Todos esses
tópicos são extraídos das obras de Allan Kardec, e como já disse acima, no
momento fico exclusivamente com Kardec, a respeito desse estudo e admito a tese
da não existência de animais no mundo espiritual.
Porém, sobre
as obras que dizem haver espíritos de animais, eu darei a minha opinião, que
foi a melhor conclusão a que cheguei a esse respeito até o momento: essas
formas de animais que são relatados nos livros, seriam na verdade uma projeção
feita pelos espíritos incumbidos pela beleza do ambiente espiritual. Assim,
plasmariam animais para enriquecer a natureza ao redor, assim como plasmam as
flores e árvores (Pois que também não existem almas das árvores e flores na
espiritualidade).
Seriam
projeções com todos os detalhes da realidade.
Caso alguém
encontre, em Allan Kardec – não aceito nenhuma outra obra – algum ponto que
seja tão claro e afirmativo, provando por A mais B que existem animais no mundo
espiritual, solicito a gentileza de me enviar, para que possamos dar
continuidade nesse estudo tão interessante.
Afirmo que
não estou fechado a afirmações ou negações. Meu interesse único é aprender. E
com esse estudo, creio que podemos aprender juntos.
André
Ariovaldo-Espírito Verdade