Pesadelos são experiências oníricas,
experiências que acontecem durante o sono, que se caracterizam pelo medo. Pode
haver outras sensações ou emoções desagradáveis envolvidas, mas a principal
característica é o medo.
Para analisar o pesadelo, temos que
analisar o sonho.
O que são os sonhos para o
espiritismo?
De acordo com a classificação de
Allan Kardec, os sonhos podem ser comuns, reflexivos ou espíritas. Sonhos
comuns são a continuação de nossas disposições físicas ou psicológicas. Por
exemplo, quando você vai dormir com fome e sonha com comida, ou quando você tem
uma entrevista de emprego no dia seguinte e sonha com a entrevista. Sonhos
reflexivos são fragmentos de lembranças, dessa e de outras existências. São lembranças,
são imagens e emoções que vêm à tona quando dormimos. E os sonhos espíritas,
que são a atividade real do espírito durante o período de sono físico.
Os pesadelos seguem essa
classificação. O pesadelo comum, então, é a continuação das nossas disposições
físicas e psicológicas.
Um exemplo de disposição física: você
comeu demais, está com azia, está se sentindo péssimo. Quando você dorme, você
entra em outros níveis de consciência. E num caso assim, de forte indisposição
física, você fica num nível de consciência que o aproxima muito do mal-estar
que você está sentindo. Toda a sua atenção, toda a atenção desse seu nível de
consciência mais baixo está voltado para o seu processo digestivo, você se
confunde com o seu processo digestivo.
Um exemplo de disposição psicológica:
você passou por uma péssima experiência durante o dia. Uma experiência trágica,
algo que você viu, ou que você ficou sabendo – alguma coisa muito forte que lhe
marcou muito. Quando você dorme você permanece ligado a esse acontecimento num
outro nível de consciência. E como você não tem controle sobre esse nível de
consciência, já que você não está lúcido, você cria uma história, cria um
enredo sem pé nem cabeça envolvendo aquele acontecimento trágico.
O pesadelo reflexivo talvez seja o
mais comum. Pesadelos reflexivos são fragmentos de lembranças, de imagens de
fortes emoções experimentadas por você nesta ou em outras existências, e que
estão arquivadas em seu subconsciente. André Luiz define o subconsciente como
“o porão da individualidade”. Está tudo guardado lá. Todos nós já vivemos
situações muito dolorosas, muito assustadoras, situações muito marcantes em
nossa trajetória espiritual. Às vezes essas emoções são tão fortes que
ultrapassam a barreira da reencarnação. É só nós nos desligarmos um pouco do
corpo físico e nós lembramos essas situações. Nós podemos não lembrar dessas
situações, por terem acontecido há muito tempo, ou mesmo por terem ocorrido em
reencarnações passadas. Então não é o nosso cérebro físico que lembra. Nós nos
desligamos do corpo físico por ocasião do sono e as lembranças vêm à tona a
partir do nosso cérebro astral. Esses pesadelos geralmente são recorrentes, são
repetições de cenas, sempre a mesma situação que se repete. Essa situação
também pode ter ocorrido no astral, enquanto estávamos desencarnados. Alguns de
nós passaram por situações muito aflitivas no astral, e essas experiências
permanecem vivas dentro de nós.
E por fim o pesadelo espírita, ou a
experiência real do espírito durante o período de sono físico. Também acontece
de nós nos metermos em confusão no plano astral enquanto o nosso corpo físico
repousa. Todos nós temos nossas ligações no plano astral. E assim como nós
temos os nossos afetos, nós temos também os nossos desafetos – e se nós nos encontramos
com esses desafetos no astral nós podemos viver situações que, quando
despertamos, lembramos como pesadelos.
Uma coisa é certa: quase sempre nós
experimentaremos, durante o sono, o resumo do que nós experimentamos
intimamente durante o dia. Se nós cultivamos bons pensamentos, bons
sentimentos, se nós vivemos num estado de confiança e paz interior, não há
espaço para pesadelo.
Mas o principal, sempre, é o estado
de equilíbrio íntimo. Se controlamos os nossos pensamentos e sentimentos, se
somos gratos a Deus, à Vida, ao mundo, às pessoas, enfim; se desenvolvemos o
sentimento de gratidão, e se fazemos algo em benefício do próximo, naturalmente
nós nos protegemos e essas situações são superadas.
Morel Felipe Wilkon-espirito imortal