Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam
em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do
Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre
os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito,
faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias
divinas do Ilimitado. A sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face da
Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente entre a
Capela e o nosso planeta, já que a luz percorre o espaço com a velocidade
aproximada de 300.000 quilômetros por segundo.
Quase todos os mundos que lhe são dependentes já se
purificaram física e moralmente, comparando às condições de atraso moral da
Terra,onde o homem se reconforta com as vísceras dos seus irmãos inferiores, como nas eras pré-históricas de sua existência, marcham uns
contra os outros ao som de hinos guerreiros, desconhecendo os mais comezinhos
princípios de fraternidade e pouco realizando em favor da extinção do egoísmo, da vaidade, do seu infeliz orgulho.
Há muitos milênios, um dos orbes (mundos) da Capela, que
guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um
dos seus extraordinários ciclos evolutivos.
As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam
delineadas,como ora acontece conosco, relativamente às transições esperadas
no século XX, neste crepúsculo de civilização.
Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando
a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e
virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera
jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos .
As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos,
deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no
crime, aqui na Terra, longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos
trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e
impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores. Foi
assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes.
Com a sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas
desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de
solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas.
Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de
si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na
prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da
amargura; reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem
o paraíso perdido nos firmamentos distantes. Por muitos séculos não veriam a
suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e
confortados na sua imensa misericórdia.
Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram,
proporcionalmente, nas regiões mais importantes, onde se haviam localizado as
tribos e famílias primitivas, descendentes dos "primatas". Com a sua
reencarnação no mundo terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na história
etnológica dos seres.
Um grande acontecimento se verificara no planeta.
É que, com essas entidades, nasceram no orbe os ascendentes
das raças brancas. Ou “RAÇAS ADÂMICAS”.
Em sua maioria, estabeleceram-se na Ásia, de onde
atravessaram o istmo de Suez para a África, na região do Egito, encaminhando-se
igualmente para a longínqua Atlântida, de que várias regiões da América
guardam assinalados vestígios.
Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do
Cristo, os homens brancos olvidaram os seus sagrados compromissos.
Grande percentagem daqueles Espíritos rebeldes, com muitas
exceções, só puderam voltar ao país da luz e da verdade depois de muitos
séculos de sofrimentos expiatórios; outros, porém, infelizes e retrógrados,
permanecem ainda HOJE, na Terra, nos dias que correm, contrariando a regra
geral, em virtude do seu elevado passivo de débitos clamorosos.
As raças adâmicas guardavam vaga lembrança da sua situação
pregressa, tecendo o hino sagrado das reminiscências.
As tradições do paraíso perdido passaram de gerações a
gerações, até que ficassem arquivadas nas páginas da Bíblia sua imensa
misericórdia.
Assim como aconteceu no sistema capela, acontecerá também no
Orbe terrestre. A terra hoje e um mundo de expiação e de provas; mas está
evoluindo para ser um mundo de Regeneração. Vivemos o momento da grande
transição, em que os espíritos nobres reencarnarão no planeta terra a fim de
apressar-lhe a evolução, enquanto os outros espíritos,aqueles que optaram pela
perversidade e tornaram-se verdugos da sociedade, já não fruirão da mesma
oportunidade, sendo transferidos para mundos inferiores onde realizarão o seu
processo evolutivo.
E assim, a história do Paraíso Perdido se repete.
Chico Xavier. da Obra:" CAMINHOS DA LUZ"