Qual a situação do Espírito que vai reencarnar, desde o momento da fecundação?
- Pelo que sabemos da ação dos Espíritos técnicos da reencarnação, pela resposta à questão n° 344 de "O Livro dos Espíritos", deduzimos que só após a formação do zigoto (ovo fecundado, mas ainda não dividido) é que se inicia a ligação do Espírito que deverá reencarnar. Inicia, mas não se completa. Isso só irá acontecer definitivamente quando a criança vier à luz. Durante a gestação, o Espírito permanece em estado quase igual ao sono do encarnado (questão n° 351 de "O Livro dos Espíritos").
Conforme seu estado evolutivo, terá relativa liberdade das faculdades, no Plano Espiritual.
Se o embrião for congelado, qual a situação do Espírito ligado a ele?
- Essa questão é, talvez, a de maior alcance e interesse da genômica.
As considerações a respeito dos embriões congelados trilham sobre o fio da navalha de algo tão transcendental, já largamente sendo experimentado pelos geneticistas e embriologistas: manipulação, aproveitamento, armazenamento, descarte ...
O embrião manipulado em laboratório, poderá ter duas destinações: uma, para fertilização assistida, caso em que a ligação do Espírito ocorrerá da mesma forma como se dá ao natural; outra, para produção de células-tronco, para fins terapêuticos, sendo de supor que não haverá Espírito ligado a ele. Só suposição, pois certeza, só o Plano Maior tem ...
Na fertilização assistida, vários embriões são manipulados, dos quais, normalmente, quatro são implantados no útero e os demais, mantidos congelados, para eventual repetência da fertilização, caso não prospere a tentativa anterior (tem sido um problema ético mundial o descarte dos embriões congelados que já não mais interessam ao casal).
Mas também estão sendo manipulados embriões, para pesquisas, os quais permanecem congelados. Também há congelamento de células germinativas (gametas), óvulos e espermatozoides.
Vemos assim, que os embriões podem ter duas finalidades: uma reprodutiva, outra para pesquisas laboratoriais.
O nó górdio da questão é saber em qual embrião, seja para uma ou para outra destinação, há ou não Espírito a ele ligado, posto que em "A Gênese", cap. XI, item n° 18, consta que na fecundação ocorre uma expansão do períspirito daquele que irá reencarnar, atraindo-o, irresistivelmente. E à medida que o feto se desenvolve, esse laço espiritual se encurta. Repetindo o que já enfatizamos, homem algum do mundo tem conhecimento se no embrião há ou não um Espírito a ele ligado.
Se um embrião ao qual está ligado um Espírito for conduzido ao congelamento - seja para pesquisa ou para futura reencarnação - e assim permanecer por longo tempo, em demorado estágio, podemos aventar algumas hipóteses espirituais que justifiquem tal condição, certamente muito desconfortável, para não dizermos sofredora.
Na hipótese formulada pela pergunta, a de que há embriões congelados com ligação espiritual efetuada, imaginamos que podem ocorrer as seguintes situações:
a. ali está um Espírito que se ofereceu, voluntariamente, para participar do progresso da ciência terrena, por ser dela devedor, em vidas passadas. O período do congelamento (prisional), qual casulo impenetrável, o obrigará ao mutismo e às reflexões de ajustamento futuro, o que lhe é benéfico!
b- ali está um Espírito "semimorto" ("Nosso Lar", cap.27); ou um Espírito "paralítico, qual feto da espiritualidade" ("Os Mensageiros", cap.22); ou um Espírito mergulhado no mal, que passou pela "segunda morte" e se transformou em ovoide, qual feto ou ameba mental, passando a ser "hóspede" de outro Espírito ("Libertação", cap.VI).
Obs: André Luiz é o autor espiritual das três obras citadas e os Espíritos infelizes, nelas referidos, acham-se adormecidos há longo tempo, sofrendo pesadelos sinistros ou estão imantados a outros Espíritos, haurindo lhes a vitalidade. Inferimos que a transferência de alguns desses Espíritos para embriões congelados poderá representar um primeiro passo para futura reencarnação, vez que permaneceriam "num quase sono", vestibular para a gestação, similar descrito na questão nº 351 , "O Livro dos Espíritos";
c. ali está um Espírito que durante sua(s) existência(s) terrena(s) amealhou inúmeros inimigos, por causa do seu grande poder e procedimento cruel, que pode até ter causado milhares de vítimas, as quais, agora no Plano Espiritual, perseguem-no obstinadamente, com propósitos vingativos. Se esse Espírito for alocado num embrião congelado isso lhe proporcionará abrigo (esconderijo) indevassável, constituindo defesa contra tantos vingadores. Simultaneamente, receberá tratamento espiritual a cargo de enfermeiros espirituais, podendo arrepender-se e iniciar processo de reconstrução moral. Quanto mais tempo aí permanecer, maior a chance dos perseguidores evoluírem e abandonarem a ideia de vingança, ou, no mínimo, reencarnarem e temporariamente concederem trégua para esse Espírito, assim contemplado com bênção inapreciável.
Como entender uma gestação sem ligação espiritual?
- Vamos repetir: o embrião - ovo a partir da primeira segmentação - pode ter ou não um Espírito a ele destinado, segundo os Espíritos que, à questão 356 de "O Livro dos Espíritos", esclarecem que há casos de gestação nos quais não há um Espírito endereçado à vida no corpo em formação, que ao nascer, será natimorto ...
Isso quer dizer que há embriões em desenvolvimento, mas sem ligação perispiritual. E à questão n° 136, da mesma obra, a surpreendente hipótese de que em algumas gestações a vida orgânica pode arrimar um corpo sem alma (apenas massa de carne, sem inteligência).
A conclusão que podemos tirar é de que existem embriões sem nenhuma ligação espiritual.
Refletimos que devem ser casos raríssimos ... Ninguém conhece todas as leis de Deus. Podemos apenas lucubrar que nos casos - dolorosos para os pais - de embriões sem ligação espiritual, talvez haja algum Espírito, devidamente autorizado ou assessorado por Espíritos Siderais, agindo à distância, por caridade ou por tarefa voluntária de resgate, energizando o desenvolvimento embrionário, contudo sem a ele estar jungido para fins reencarnatórios.
Para nós, assim, é ponto pacífico que a humanidade não tem ainda condições de determinar em qual embrião não há ligação espiritual.
Mas o bom senso, a lógica e principalmente o respeito à vida, induzem-nos à afirmativa de que todos os embriões devem ser sagrados!
O que nós espíritas devemos ter presente é que desconhecendo os desígnios divinos, jamais poderemos concordar com o descarte de um deles.
Há consenso entre os espíritas de que a ligação perispiritual do reencarnante ocorre no momento da fecundação, mesmo se o embrião se destinar a ser congelado?
- Não, não há consenso: alguns autores espíritas manifestam seu pensamento de que no embrião congelado não há Espírito a ele ligado. Aliás, essa opinião vale para todos os casos, isto é, a ligação espiritual só acontece quando o embrião é implantado no útero materno, seja de forma natural ou de forma assistida ...
Essa é uma ideia que pode estar certa, mas também, pode incidir naquela questão do limite do conhecimento humano: voltamos a repetir que não há na Terra nenhum homem capaz de afirmar se, em qualquer embrião, há ou não essa ligação espiritual e muito menos ainda, no caso positivo, quando ela acontecesse na concepção ou na implantação no útero materno.
A favor da ligação espiritual se iniciar na concepção já citamos afirmação espiritual a respeito, como se vê na questão n° 344 de "O Livro dos Espíritos".
Para que não pairem dúvidas sobre o significado da palavra "concepção", que os dicionários traduzem por geração no útero, cabe acrescentar que quando essa significação foi feita, a genética ainda não havia realizado a fecundação "in vitro " , isto é, fora do útero.
No livro "Missionários da Luz", cap. 13,que já citamos, vemos detalhadíssima descrição da fecundação do óvulo, sob comando do Instrutor espiritual Alexandre, nas seguintes fases:
- é selecionado um espermatozoide, dentre milhões (!!!)
- esse gameta selecionado é energizado por Alexandre;
- tal gameta parte veloz rumo à célula feminina que o aguardava, com vibrante atração magnética, sendo acolhida por ela;
- nesse preciso momento, o Instrutor ajustou a forma reduzida do futuro reencarnante ao organissmo perispirítico daquela que lhe seria mãe e declara:
"Está terminada a operação inicial de ligação.
Que Deus nos proteja".
Em quanto tempo o embrião inicia a divisão celular e quando chega ao útero?
- Na pág. 197 da obra "O Livro da Saúde ˆEnciclopédia Médica Familiar", 8ª Ed., 1976, Seleções do Reader's Digest encontramos:
"( ... ) Pouco depois da fecundação do óvulo, o ovo começa a dividir-se (segmentação). A célula inicial divide-se primeiramente em duas células, que, por sua vez, dão Origem a quatro, e assim sucessivamente, formando-se rapidamente uma massa celular, semelhante a uma amora, a que se dá o nome de "mórula". Ao fim de cinco a sete dias, o embrião - designação de um novo ser (humano), desde a fase da divisão do ovo até o quarto mês de gestação - atinge o útero, aderindo fortemente à mucosa uterina".
Assim, sempre com Kardec, alocamos as opiniões daqueles autores no rol das "opiniões pessoais" e não como sendo ensino de vários Espíritos, de forma a consagrá-las e serem incorporadas às premissas do Espiritismo.
Eurípedes Kuhl