A afinidade
consiste na semelhança, identidade ou conformidade de gostos, interesses,
sentimentos, propósitos, pontos de vista. Por sua vez, a sintonia se estabelece
em virtude da atração e da simpatia que passa a vigorar entre as partes que
mantêm afinidade. E pelos mecanismos da lei de afinidade, a sintonia constitui
lei inderrogável. Quais as implicações, as consequências disso?
Afinidade é
“uma faixa de união” em que nos integramos uns com os outros. Em tudo, vemos
integração, afinidade, sintonia... E de uma coisa não tenhamos dúvida: através
do pensamento, comungamos uns com os outros, em plena vida universal.
Todas as
coisas que existem no Universo vivem em regime de afinidade. Desde o átomo até
os arcanjos tudo é atração e sintonia. Nada que te alcança a existência é
ocasional ou fruto de uma reação sem nexo.
Teu
livre-arbítrio indica com precisão a posição de ocupas no Cosmo, uma vez que
cada indivíduo deve a si mesmo a conjuntura favorável ou adversa em que se
situa no momento atual.
Vieste da
inconsciência – simples e ignorante – e, pela lei da evolução, caminhas para a
consciência escolhendo a estrada a ser percorrida.
Encontrarás
o que busca. Tens a posse daquilo que deste.
Convives com
quem sintonizas. Conhecerás o que aprendeste, mas somente incorporarás na
memória o que vivenciaste.
Avanças ou
retrocedes de acordo com a tua casa mental.
Felicidade
ou infelicidade são subprodutos de teu estado íntimo.
Amigos são
escolhas de longo tempo. Teu círculo doméstico é a materialização de teus
anseios e de tuas necessidades de aprendizagem.
Pelo teu
jeito de ser, conquistarás admiração ou desconsideração.
O que
fizeres contigo hoje refletirá no teu amanhã, visto que o teu ontem decidiu o
teu hoje.
Com teus
pensamentos, atrais, absorves, impulsionas ou rechaças. Com tua vontade,
conferes orientação e rumo, apontando para as mais variadas direções. Disse
Jesus: “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto”.
Sintonia é a
base da existência de toda alma imortal. Seja na vida física seja na vida
astral, a lei de afinidade é princípio divino regendo a ti, a todos os outros e
a tudo.
Observa:
viver no drama ou na realidade, na aflição ou na serenidade, na sombra ou na
luz, é postura que está estritamente relacionada com teu modo de sentir, pensar
e agir.
A afinidade
consiste na semelhança, identidade ou conformidade de gostos, interesses,
sentimentos, propósitos, pontos de vista.
Por sua vez,
a sintonia se estabelece em virtude da atração e da simpatia que passa a
vigorar entre as partes que mantêm afinidade.
Podemos
aprender, com os postulados da Doutrina Espírita e sua literatura, que, pelos
dispositivos da lei de afinidade, a sintonia constitui lei inderrogável, ou
seja, que não pode ser abolida, anulada, eliminada, extinta. E qual a
implicação, a consequência disso? Onde colocarmos os pensamentos e os
sentimentos, aí se nos desenvolverá a própria vida, porque vivemos sob a
influência das crenças e valores que alimentamos, das emoções que cultivamos,
das aspirações e dos propósitos que guiam nosso cotidiano.
Sejamos ou
não conscientes dessa responsabilidade, cada um de nós encontra-se,
constantemente, atraindo as circunstâncias e as pessoas que, de uma forma ou de
outra, entram em consonância com o nosso mundo interior. Assim, cada um de nós
conviverá sempre e em toda parte e a todo momento com aqueles com os quais se
afina, efetuando inevitáveis trocas energéticas.
E qualquer
alteração nesse compartilhar dependerá, necessariamente, da transformação de
nossa condição íntima, porque as forças que nos unem uns aos outros são as que,
em primeiro lugar, emitimos de nós. Em essência, somos o que pensamos e
sentimos – e, por conseguinte, o que fazemos –, conectando, de modo automático,
nosso mundo interno ao universo externo, pois estamos com todos e no todo e
tudo está em nós.
Parafraseando
o “dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”, concluiremos que, basta
conhecermos nossas reais motivações e a índole de nossos amigos, para
atestarmos com quem desejamos nos assemelhar. Nesse sentido, o espírito
Emmanuel advoga que, se sintonia é acordo mútuo, “todo aquele coração que
palpita e trabalha no campo dos ensinamentos de Jesus, a Jesus se assemelhará.”
Mentes
comungam com mentes que se lhes assemelham.
Espíritos
sintonizam com espíritos que lhes são afins.
Pessoas
sincronizam com pessoas em quem se comprazem.
E, na grande
romagem, todos somos instrumentos das forças com as quais estamos em sintonia.
Todos somos
médiuns, dentro do campo mental que nos é próprio, associando-nos às energias
edificantes, se o nosso pensamento flui na direção da vida superior, ou às
forças perturbadoras e deprimentes, se ainda nos escravizamos às sombras da
vida primitivista ou torturada.
Cada
criatura, com os sentimentos que lhe caracterizam a vida íntima, emite raios
específicos e vive na onda espiritual com que se identifica.
Na sua carta
aos hebreus (12:1), o Apóstolo Paulo comenta sobre uma “nuvem de testemunhas” a
nos rodear, advertindo-nos quanto à condição moral dos indivíduos que temos por
companheiros. Todavia, serão eles apenas os que se encontram, materialmente,
participando de nossa rotina familiar, profissional e social?
Segundo os
ensinamentos trazidos por Allan Kardec, organizador e codificador da Doutrina
Espírita, a realidade é muito mais ampla.
Pelo nosso
modo de ser e de agir, não somente escolhemos os amigos e os ambientes de nossa
preferência, como também atraímos os indivíduos que vivem no mundo espiritual –
os espíritos –, tanto quanto somos por eles atraídos, mesmo que não acreditemos
ou sejamos conscientes dessa presença.
Na questão
484, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, temos: “Os Espíritos se afeiçoam de preferência
por certas pessoas?”
Resposta: Os
bons Espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se
melhorarem; os Espíritos inferiores com os homens viciosos ou que possam vir a
sê-los. Daí sua afeição, por causa da semelhança das sensações.
Em outra
oportunidade, Kardec também comentou: “Todas as imperfeições morais são outro
tanto de portas abertas que dão acesso aos maus Espíritos.”
Cada um de
nós constrói, de uma maneira muito particular, sua própria atmosfera moral. As
desarmonias e transtornos existenciais são decorrentes das imperfeições morais,
e que, pelos processos naturais da afinidade e da sintonia, atraem espíritos
igualmente imperfeitos e desequilibrados. E, estes, ao envolverem com seus
pensamentos perturbadores e doentios o indivíduo que se permite sofrer-lhes o
assédio, influenciam negativamente o campo da vontade e do discernimento do
encarnado, podendo empurrá-lo para situações difíceis, complicadoras ou
calamitosas.
No entanto,
o Espírito Joanna de Ângelis explica o ‘reverso da medalha’:
Como não
existem violências contra as Leis universais, nem privilégios para uns
indivíduos em detrimento de outros, quem ora e procura situar-se em equilíbrio
direciona ondas mentais que alcançam as Regiões felizes da Espiritualidade,
despertando amor e interesse dos Guias espirituais, que acorrem pressurosos
para auxiliá-lo. Assim, promovem encontros inesperados, inspirando um e outro a
tomarem o mesmo caminho, de forma que se defrontarão em determinado lugar,
casualmente, embora hajam sido telementalizados na escolha do roteiro.
Noutras
vezes, determinada aspiração ou necessidade que se apresente improvável, porque
a mente se encontra em sintonia com o mundo transcendente, é inspirado a tomar
tal ou qual decisão que terminará por solucionar o desejo.
Repetidamente,
pequenas ocorrências dão-se com naturalidade, propiciando encantamento e
ventura, que enriquecem de esperança e de gratidão aquele que é eleito.
Sintonizar é
estar na mesma frequência mental-emocional de outrem, podendo captar e emitir
pensamentos simultaneamente.
Dessa forma,
sintonizar com os espíritos é colocar-se predisponente ao contato psíquico com
eles de forma consciente ou inconsciente.
Cada
indivíduo assimila as forças superiores ou inferiores com as quais se
identifica. Por isso mesmo, Jesus recomendou a vigilância e a oração como
antídotos contra as sugestões desequilibrantes, oriundas tantos dos encarnados
como dos desencarnados.
Para a
sintonia com os espíritos superiores, devemos desfocar o pensamento e o
sentimento daquilo que esteja nos incomodando ou deixando-nos desassossegados,
de modo a captar outras ideias disponíveis à nossa consciência. Daí a
importância de aprendermos a disciplinar os pensamentos, exercitando a higiene
mental através de reflexões superiores e da oração, pois são estas que nos
permitem a mudança/elevação de nosso estado íntimo.
Todavia,
cultivar bons pensamentos e sentimentos durante a oração não é simplesmente
construir boas idéias no momento em que se queira conectar com os espíritos
desencarnados voltados ao bem, mas, também estabelecer um estilo de vida
pessoal que favoreça naturalmente o surgimento de ambos. Assim, aquele que é
ético e trabalha-se continuamente no exercício de sua amorosidade, obviamente
que tem por testemunha os espíritos do amor e da paz, e que o auxiliam em sua
trajetória evolutiva, pois, se é verdade que cada um somente pode dar conforme
o que tem, torna-se obvio que cada um recebe de acordo com aquilo que dá.
Bons
pensamentos contribuem para a sintonia com Bons Espíritos. Bons sentimentos
fortalecem a ligação do indivíduo com aqueles espíritos, na medida em que foram
construídos com base na bondade e no amor. A amorosidade da pessoa é uma das
formas mais seguras de construir sentimentos superiores.
Na faixa
mental em que você atua, é natural que receba as mensagens com o mesmo teor
vibratório como as envia.
Quem aspira
à elevação moral e espiritual, sintoniza com vibrações superiores, que se fazem
estímulos vigorosos, produzindo harmonia interior e renovação.
(...) Quem
se demora no pessimismo, acalentando insucessos, assimila ondas inferiores, que
carreiam miasmas pestilenciais, fixando-os nos paineis da emoção, que geram
desequilíbrios e enfermidades.
(...) A
felicidade começa no ato de desejá-la.
A desdita se
inicia no instante em que você lhe dá guarida.
Utilize bem
o tempo, tudo fazendo para que o seu momento seguinte seja-lhe sempre mais
promissor e agradável.
O que não
alcance agora, insistindo, conseguirá depois.
Eleja,
portanto, os ideais de engrandecimento humano e não se detenha nunca.
Urge
conscientizarmo-nos de nossa condição de espíritos imortais, e que, como tal,
devem realizar-se através da incorporação dos mais elevados princípios e
valores da moralidade e da amorosidade.
Quando Allan
Kardec, em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, por orientação dos Espíritos
Superiores, ressaltou a importância do estudo, não o fez com a propósito de que
nos intelectualizássemos em excesso, sobretudo para demonstrar aos demais a
superioridade de nossa capacidade e inteligência, mas para que, por meio dos
conhecimentos adquiridos, aprendêssemos a selecionar o que verdadeiramente
contribuísse para com o nosso enriquecimento íntimo. A reeducação íntima nos
tira da ociosidade, traz luz ao espírito, harmoniza a mente, bem como possibilita
a aproximação dos espíritos interessados em nossa ventura.
De acordo
com o Espírito André Luiz, nossa alma pode ser comparada a espelho vivo com
qualidades de absorção e exteriorização. Recolhemos a força da vida em ondas de
pensamento e as expressamos através das palavras, dos exemplos, das atitudes.
Procederam
acertadamente aqueles que compararam nosso mundo mental a um espelho.
Refletimos
as imagens que nos cercam e arremessamos na direção dos outros as imagens que
criamos.
E, como não
podemos fugir ao imperativo da atração, somente retrataremos a claridade e a
beleza, se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima.
Os reflexos
mentais, segundo a sua natureza, favorecem-nos a estagnação ou nos impulsionam
a jornada para a frente, porque cada criatura humana vive no céu ou no inferno
que edificou para si mesma, nas reentrâncias do coração e da consciência,
independentemente do corpo físico, porque, observando a vida em sua essência de
eternidade gloriosa, a morte vale apenas como transição entre dois tipos da
mesma experiência, no “hoje imperecível”.
- 278. Os
Espíritos das diferentes ordens estão misturados? Sim e não; quer dizer, eles
se vêem, mas se distinguem uns dos outros. Eles se evitam ou se aproximam
segundo a analogia ou a simpatia de seus sentimentos como acontece entre vós. É
todo um mundo do qual o vosso é o reflexo obscuro. Os Espíritos da mesma
categoria reúnem-se por uma espécie de afinidade e formam grupos ou famílias de
Espíritos unidos pela simpatia e pelo objetivo a que se propuseram: os bons
pelo desejo de fazer o bem, os maus pelo de fazer o mal, pela vergonha de suas
faltas e pela necessidade de se encontrarem entre os que se lhes assemelham.
Tal uma
grande cidade onde os homens de todas as categorias e de todas as condições se
vêem e encontram sem se confundirem; onde as sociedades se formam pela analogia
dos gostos; onde o vício e a virtude convivem sem se falarem.
Conforme as
informações compiladas por Allan Kardec, no mundo espiritual, os espíritos se
organizam de acordo com seus níveis evolutivos e por semelhança de propósitos e
interesses. À medida que evoluem e mudam de situação, ainda assim, se agrupam
com aqueles que se encontram na mesma faixa de evolução. Na vida material,
também os encarnados se buscam pelas afinidades e, em geral, realizam suas
tarefas de acordo com suas motivações.
Todos temos
um círculo de amizade preferido. São as afinidades resultantes de experiências
vividas em comum: atos de amor compartilhados; feridas abertas por alguns, mas
cicatrizadas pela amizade e pelo cuidado de outros; problemas em comum e que
exigem a união de esforços para serem resolvidos; compromissos de auxílio
recíproco... Para uma existência agradável, é fundamental a convivência com
pessoas que entendam a vida de forma parecida à nossa, que busquem os mesmos
objetivos que os nossos, que professem a mesma religiosidade... Tudo isso é
bastante natural e deve ser cultivado.
No entanto,
nada disso nos impede de estabelecer uma boa relação com os demais, participando
de fatos e ações ao lado deles. Afinal, conviver com as diferenças nos ajuda a
crescer, a desenvolver nossas potencialidades de compreensão e de aceitação
para com aqueles que não cultivam os mesmos gostos, interesses, sentimentos,
propósitos e pontos de vista. Quanta tranquilidade poderíamos usufruir se
apenas aprendêssemos a nos livrar da visão de acharmo-nos o melhor, o sempre
correto, de ser senão o dono da verdade, ao menos o seu melhor intérprete.
Ficaria mais fácil aceitar a nós mesmos e ao outro.
É no lar que
os espíritos renascem juntos por afinidades e, sobretudo, por contingências
expiatórias, em virtude de a família ser o principal organismo depurador de
conflitos do passado. É nela que se reúnem antigos amores e velhos desafetos,
ambiente no qual os espíritos têm a oportunidade de exercitar o perdão e o amor
sob os mais diversos aspectos.
Segundo os
postulados espíritas, pelo fato de os laços de sangue nem sempre reunirem as
almas essencialmente afins, o componente da família que conosco se relaciona e
com o qual não temos afinidade ou mesmo sentimos certa aversão, é sempre alguém
a quem temos de aprender a compreender e aceitar em nosso próprio benefício. E
a aceitação não consiste na concordância com suas inadequadas atitudes, mas na
disposição de ajudá-lo na superação de suas dificuldades, notadamente, as
íntimas.
Na questão
204, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec questiona a Espiritualidade Maior:
“Uma vez que temos tido várias existências, a parentela remonta além da nossa
existência atual?”
Resposta:
Não pode ser de outra forma. A sucessão das existências corporais estabelece
entre os Espíritos laços que remontam às existências anteriores. Daí, muitas
vezes, decorre as causas da simpatia entre vós e certos Espíritos que vos
parecem estranhos.
E, em O
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, o codificador anota:
Os Espíritos
formam, no espaço, grupos ou famílias unidos pela afeição, pela simpatia e pela
semelhança das inclinações; esses Espíritos, felizes por estarem juntos, se
procuram; a encarnação não os separa senão momentaneamente, porque, depois da
sua reentrada na erraticidade, se reencontram, como amigos ao retorno de uma
viagem. Frequentemente mesmo, eles se seguem na encarnação, onde se reúnem numa
mesma família, ou num mesmo círculo, trabalhando em conjunto para seu mútuo
adiantamento. Se uns estão encarnados e outros não o estejam, nem por isso não
estão menos unidos pelo pensamento; os que estão livres velam sobre os que
estão cativos; os mais avançados procuram fazer progredir os retardatários.
Depois de cada existência, deram um passo no caminho da perfeição; cada vez
menos ligados à matéria, sua afeição é mais viva, pelo fato mesmo de ser mais
depurada, não perturbada mais pelo egoísmo, nem pelas nuvens das paixões. Eles
podem, pois, percorrer um número ilimitado de existências corporais, sem que
nenhum prejuízo afete sua mútua afeição.
Entenda-se
que se trata aqui da afeição real de alma a alma, a única que sobrevive à
destruição do corpo, porque os seres que não se unem neste mundo senão pelos
sentidos, não têm nenhum motivo para se procurarem no mundo dos Espíritos. Não
há de duráveis senão as afeições espirituais; as afeições carnais se extinguem
com a causa que as fez nascer; ora, essa causa não existe mais no mundo dos
Espíritos, enquanto que a alma existe sempre. Quanto às pessoas unidas pelo
único móvel do interesse, elas não estão realmente em nada unidas uma à outra:
a morte as separa sobre a Terra e no céu.
A união e a
afeição que existem entre os parentes são indício de simpatia anterior que os
aproximou; também diz-se, falando de uma pessoa cujo caráter, gostos e
inclinações não têm nenhuma semelhança com os de seus parentes, que ela não é
da família.
Dizendo
isso, se enuncia maior verdade do que se crê. Deus permite, nas famílias, essas
encarnações de Espíritos antipáticos ou estranhos, com o duplo objetivo de
servir de prova para alguns e de meio de adiantamento para outros. Os maus se
melhoram pouco a pouco ao contato dos bons e pelos cuidados que dele recebem;
seu caráter se abranda, seus costumes se depuram e suas antipatias se apagam; é
assim que se estabelece a fusão entre as diferentes categorias de Espíritos,
como ocorre na Terra, entre as raças e os povos.
Fazendo um
balanço, através de reflexões, és impelido a renovar conceitos, face à
necessidade de colocar o Senhor em muitas das posições que Lhe competem e que
Lhe tens negado.
Não poucas
vezes, receoso e desiludido, interrogas, concluindo falsamente, qual
registrando resposta infeliz, decorrente da íntima secura que padeces.
Se ainda não
te convenceste da necessidade de sintonizar com Ele, completa os raciocínios,
pondo-O presente e notarás diferenças.
Mencionas
cansaço e desequilíbrio como carga que se sobrepõe, esmagadora, quase te
conduzindo ao fracasso. Todavia: "O fardo é leve!"
Referes que
a amizade de amigos transitou da tua para províncias estranhas. Em decorrência
sofres o vazio que ficou na alma, graças à deserção deles. No entanto:
"Aquele que não tomar a sua cruz e seguir-me, não é digno de mim."
Esclareces
que a monotonia das atividades a pouco e pouco mata o ardor do ideal que antes
te abrasava. Tens a sensação de que já não é a mesma a chama da fé, que ardia
em ti. Apesar disso: "O trabalhador da undécima hora faz jus ao salário
daquele da hora primeira."
Informas que
desejarias novos sinais dos Céus, a fim de que se robustecessem as convicções
que parecem esvaziadas de conteúdo, na torpe sociedade de consumo.
Sem embargo,
a lição é simples: "os que não viram e creram."
Minado por
enfermidades insistentes que te roubam a vitalidade, inquires: "Onde o
auxílio divino, na direção das minhas necessidades?" Não obstante, a
resposta está enunciada há quase dois mil anos: "Nem todos foram
curados."
A ronda da
fome aumenta cada vez mais, ampliando as dimensões dos seus domínios, e a
miséria, soberana, governa milhões de destinos. Marejam-se os teus olhos, em
justa compunção. No íntimo, indagas: "Por que o Senhor não solve a
dificuldade?"
Entrementes,
a elucidação já foi dada: "Nem só de pão vive o homem..."
Sim, são
horas de balanço interior, momento de colher o resultado da semeadura.
Cada um
respira emocionalmente o clima da província psíquica em que situa as
aspirações.
O homem
alcança o destino que lhe compraz, e o ideal, nele, tem a vitalidade que o suprimento
de sacrifício lhe dá, através de quem o sustenta.
És parte da
família que constitui o rebanho do Cristo. O Senhor prossegue o mesmo. Faze um
exame racional e honesto, a fim de verificares se a mudança, por acaso, não
terá sido de tua parte.
O rumo que
Ele nos aponta continua indicando liberdade. As amarras foram construídas por
cada qual, para a própria escravidão espiritual.
Diante de
tais considerações, no báratro dos tormentosos dias, convém consultar Jesus,
sem cessar, e, se tiveres ouvidos capazes de escutar-lhe, discernindo,
percebê-lo-ás a repetir: "Eu sou o Caminho: Vinde a mim!"
O Espírito
consciente, no entanto, embora submetido às leis que lhe presidem o destino,
tem consigo a luz da razão que lhe faculta a escolha.
A
inteligência humana, encarnada ou desencarnada, pode contribuir, pelo poder da
vontade, na educação ou na reeducação de si própria, selecionando os recursos
capazes de lhe favorecerem o aperfeiçoamento.
A reflexão
mental no homem pode, assim, crescer em amplitude e sublimar-se em beleza para
absorver em si a projeção do Pensamento Superior.
Tudo
dependerá de nosso propósito e decisão. Enquanto nos comprazemos com a
ignorância ou com a indiferença para com os princípios que nos governam, somos
cercados sem defensiva por pensamentos de todos os tipos, muitas vezes na forma
de monstruosidades e crimes, em quadros vivos que nos assaltam a imaginação ou
em vozes inarticuladas que nos assomam à acústica do espírito, conduzindo-nos
aos mais escuros ângulos da sugestão.
É por isso que
notamos tanta gente ao sabor das circunstâncias, aceitando simultaneamente o
bem e o mal, a verdade e a mentira, a esperança e a dúvida, a certeza e a
negação, à maneira de folha volante na ventania.
Eduquemo-nos,
estudando e meditando, para refletir a Divina Inspiração.
Lembremo-nos
de que o impulso automático do braço que levanta a lâmina homicida pode ser
perfeitamente igual, em movimento, ao daquele que ergue um livro enobrecedor.
A atitude
mental é que faz a diferença. Nosso pensamento tem sede de elevação, a fim de
que a nossa existência se eleve.
Construamos
em nós o equilíbrio e o discernimento.
Rendamos
culto incessante à bondade e à compreensão.
Habitualmente
contemplamos no espelho da alma alheia a nossa própria imagem, e, por esse
motivo, recolhemos dos outros o reflexo de nós mesmos ou então aquela parte dos
outros que se harmoniza com o nosso modo de ser.
Não bastam à
nossa felicidade aquisições unilaterais de virtude ou valores incompletos.
Todos temos
fome de plenitude. O desejo é o imã da vida.
Desejando,
sentimos, e, pelo sentimento, nossa alma assimila o que procura e transmite o
que recebe. Aprendamos, pois, a querer o melhor, para refletir o melhor em
nossa ascensão para Deus.
Fonte:
Espirit book