O mundo de
paz e regeneração
Como se sabe
os mundos são acessíveis aos Espíritos de acordo com o seu grau de evolução.
Embora não se possa fazer dos diversos mundos uma classificação absoluta,
pode-se, contudo, em virtude do estado em que se acham e da destinação que
trazem, tomando por base os matizes mais destacados, dividi-los, de modo geral,
como segue:
– mundo
primitivo, destinado às primeiras encarnações da alma humana;
– mundos de
expiação e provas, onde domina o mal;
– mundos de
regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças,
repousando das fadigas da luta;
– mundos
ditosos, onde o bem sobrepuja o mal, e
– mundos
celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente
reina o bem.
A Terra,
segundo essa classificação, pertence à categoria dos mundos de expiação e
provas, preparando-se para ingressar na categoria de mundo regenerador, em
função da Lei do Progresso, conforme esclarece Santo Agostinho em O Evangelho
Segundo o Espiritismo:
“O progresso
é lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criação, animados e inanimados,
estão submetidos pela bondade de Deus, que quer que tudo se engrandeça e
prospere. (…) Ao mesmo tempo em que todos os seres vivos progridem moralmente,
progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar
um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os
primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia percorrer uma escala
incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e
a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que
eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o
progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da
habitação, porquanto nada na Natureza permanece estacionário. Segundo aquela
lei, este mundo esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje
se acha e se alçará sob esse duplo aspecto a um grau mais elevado”.
E Santo
Agostinho conclui afirmando:
“Ele (o
planeta Terra) há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de
orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão
ditosos, porque nele imperará a lei de Deus”. (grifo)
OS QUE VÃO
PERMANECER NA TERRA
A seleção
dos espíritos que ficarão na Terra, segundo o Espírito São Luís, ao responder a
questão 1019 de O Livro dos Espíritos formulada por Allan Kardec, se jamais
poderá implantar-se na Terra o reinado do bem, será feita da seguinte maneira:
“O bem
reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons
predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do
bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é
que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus.
Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o
egoísmo.
Predita foi
a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará,
momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso.
Essa
transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que
constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a
morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas
serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem,
cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados,
desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao
mesmo tempo trabalharão pelo de seus irmãos ainda mais atrasados.
Neste
banimento de Espíritos da Terra transformada, não percebeis a sublime alegoria
do Paraíso perdido e, na vinda do homem para a Terra em semelhantes condições,
trazendo em si o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade
primitiva, não descobris a não menos sublime alegoria do pecado original? (…)”
ESPÍRITOS
QUE NÃO REENCARNARÃO
Allan
Kardec, abordando a questão da geração nova, em A Gênese, diz para que os
homens sejam felizes na Terra, é preciso que somente a povoem Espíritos bons,
encarnados e desencarnados, que só se dediquem ao bem. Havendo chegado o tempo,
grande emigração se verifica neste momento entre os que a habitam: a dos que
praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já
não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, visto que, se assim
não fosse, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam
obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos
inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos
inferiores, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por
missão fazê-las avançar. Serão substituídos por Espíritos melhores, que farão
reinarem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.
No dizer dos
Espíritos, a Terra não deverá transformar-se por meio de um cataclismo que
aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe
sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das
coisas.
Tudo, pois,
se processará exteriormente, como de costume, mas com uma única e capital
diferença: uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra, aí não mais
tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado
e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado
e propenso ao bem.
Trata-se,
pois, muito menos de uma nova geração corpórea, do que de uma nova geração de
Espíritos. Sem dúvida, é neste sentido que Jesus entendia as coisas, quando
declarava: “Digo-vos, em verdade, que esta geração não passará sem que estes
fatos tenham ocorrido”. Assim, os que esperam ver a transformação operar-se
efeitos sobrenaturais e maravilhosos ficarão bastante decepcionados.
A época
atual é de transição; os elementos das duas gerações se confundem. Colocados no
ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se
assinalando cada uma, no mundo, pelas características que lhes são peculiares.
As duas
gerações que se sucedem têm ideias e pontos de vista opostos. Pela natureza das
disposições morais e, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, torna-se
fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo. Cabendo-lhe fundar a
era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão
geralmente precoces, aliadas ao sentimento inato do bem e a crenças
espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de
adiantamento anterior. Não se comporá de Espíritos eminentemente superiores, mas
dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias
progressistas e estejam aptos a secundar o movimento de regeneração.
Ao
contrário, o que distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a
revolta contra Deus, por se recusarem a reconhecer um poder superior aos
poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os
sentimentos anti-fraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme; enfim,
o apego a tudo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
A PROMESSA
DE JESUS
Queremos
concluir essas linhas sobre todos esses acontecimentos que já estão ocorrendo,
em consonância com as palavras proféticas pronunciadas pelo Cristo no célebre
Sermão do Monte:
–
“BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO BRANDOS E PACÍFICOS PORQUE ELES HABITARÃO A TERRA”.
Jesus ao
dizer isso, não está exigindo perfeição dos que vão continuar no planeta depois
da sua ascensão de categoria, mas sim a condição de “manso e pacífico”, em
outras palavras, pacificado interiormente.
Publicado no
Jornal Correio Espírita edição 67 Janeiro 2011