Quem são os
espíritos que incorporam nas igrejas evangélicas? Geralmente eles são chamados
de demônios. Mas o que é demônio? Será um ser à parte da criação?
Nas
manifestações que ocorrem nas igrejas evangélicas (como em qualquer outro
lugar) há que se considerar, sempre, a possibilidade de mistificação, às vezes
inquestionável. Mas há também o fator anímico, que é quase sempre
negligenciado.
A Ana Paula,
que assiste o meu canal no Youtube, fez uma pergunta a respeito dos demônios –
dos demônios que incorporam em pessoas e se apresentam com os mais diversos
nomes.
Ela escreve
assim:
– Olá, eu
preciso de um esclarecimento. Sempre acreditei em demônios porque fui criada em
uma igreja evangélica, então vivenciei isso. Já conversei com esses supostos
demônios incorporados em uma pessoa, que se diziam ser Exu Caveira, Tranca rua,
Pomba-gira, Lúcifer, Cosme e Damião, entre outros… poderia me dar um explicação
clara do que seriam esses seres?
Antes de
mais nada vamos entender a origem da palavra demônio: Demônio é uma palavra
grega, daimon, que quer dizer “espírito”. Para os gregos, o demônio é um
espírito que acompanha uma pessoa. Platão narra que Sócrates tinha o seu daimon
– provavelmente o mentor espiritual de Sócrates.
A palavra
demônio se popularizou no Evangelho. O Evangelho – assim como todo o Novo Testamento
– foi escrito em grego. E no Evangelho há muitas menções a demônios. Jesus
expelia demônios, afastava demônios. Às vezes o Evangelho fala em demônio – no
grego daimon – e às vezes fala em espírito impuro, que também traduzem como
espírito imundo – no grego pneuma akatartos – que são a mesma coisa. O
historiador judeu Flavio Josefo, que viveu na época de Jesus, nos informa que
demônio é como os judeus chamavam os “espíritos dos homens perversos”.
Demônio é um
espírito, um espírito como qualquer outro, apenas muito atrasado. Mas demônio
não é um ser à parte da criação, -não existe, por exemplo, os animais, os
homens e os demônios. Não é assim. Demônio é como chamavam, no tempo de Jesus,
os espíritos atrasados, só isso.
A Ana Paula
diz que foi criada em igreja evangélica. Eu frequentei algumas igrejas
evangélicas, sei como são essas manifestações, aliás nós vemos isso todos os
dias na televisão (pra quem assiste televisão, que não é o meu caso). E nós
vemos, realmente, que esses espíritos se apresentam, se identificam como
demônio, exu, pomba-gira.
Temos que
considerar o animismo presente nessas manifestações. Existe a manifestação
mediúnica e existe a manifestação anímica. A manifestação anímica é a
manifestação do próprio espírito da pessoa. A pessoa que está ali não está
necessariamente incorporada por um espírito. Ela pode estar incorporada, mas
pode também estar manifestando aspectos de uma personalidade que ela animou
numa outra existência. Isso não é consciente – ela pensa que está incorporada,
mas não está; ela pensa que é um espírito se manifestando através dela, mas é
ela mesma (e ela é um espírito, todos nós somos espíritos), é ela mesma que
está manifestando aspectos do seu próprio ser que estão vivos no seu
subconsciente. Isso não é fingimento (não que não exista o fingimento, a
mistificação, mas nós não vamos considerar isso), mas a pessoa não está
fingindo. Ela pensa que está incorporada. E quando perguntada sobre o seu nome
ela se apresenta com um nome que inconscientemente ela associa a esse tipo de
manifestação.
Então existe
essa possibilidade de animismo, isso é muito mais comum do que se pensa e não
pode ser desconsiderado.
No caso de
ser realmente um espírito se manifestando, uma manifestação mediúnica: nós não
podemos ignorar que o plano físico reflete o plano astral. Assim como há
organizações religiosas, filantrópicas, beneficentes, aqui, lá também há essas
organizações, aliás, elas nascem lá, e depois são implantadas aqui. Do mesmo
modo, assim como há organizações criminosas aqui, em todos os níveis, há
organizações criminosas lá.
Grandes
organizações criminosas do plano astral arrebanham muitos milhares de espíritos
– falanges de espíritos – para trabalharem para essas organizações. Quando nós
vemos na televisão um jovem criminoso, que está no crime desde que nasceu, nós
vemos que ele mal sabe falar, ele é analfabeto, só fala em gíria, se perguntar
o nome completo da mãe e do pai ele provavelmente não sabe.
Do lado de
lá é a mesma coisa. Com o agravante que muitos desses espíritos estão há muito
tempo sem reencarnar, não têm plena consciência de si mesmos, praticamente não
pensam, não refletem, vivem como autômatos. Essas falanges de espíritos formam
ordens de trabalho que atendem por um nome. Isso tanto para o bem como para o
mal. Uma falange de pretos-velhos que trabalham para o Bem, que fazem a
caridade, eles formam uma ordem de trabalho. São milhares de espíritos que
atendem, por exemplo, pelo nome de “Pai José”.
Do lado do
crime também. Milhares de espíritos atendem pelo nome de Pomba-gira, de
Lúcifer, de Tranca-rua. Existem entidades mais elevadas que atendem por esses
nomes – mas nomes são apenas nomes. Um espírito pode se manifestar dizendo que
é um santo qualquer. Nós é que temos que saber distinguir se ele é bom ou se
ele não é bom. Como Jesus disse, pelos frutos se reconhece a árvore. Aliás, o
apóstolo João já alertava para isso na sua epístola: “Amados, não creiais a
todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos
falsos profetas se têm levantado no mundo”.
João 4:1
Então o que
precisa ficar claro é que não existe demônio como um ser à parte da criação, o
que existe são espíritos, todos nós somos espíritos nos mais diversos níveis de
evolução. Essas entidades que se apresentam com os mais diversos nomes, são
espíritos assim como eu e você. A diferença entre eles e nós é que eles estão
mais atrasados, só isso. São espíritos quase sempre ainda primitivos, com muito
pouco esclarecimento, que se esquecem muitas vezes da sua natureza humana. Eles
são submetidos por espíritos mais poderosos, mais experientes, muito
inteligentes, e que escolheram o caminho do mal. Isso não é difícil de
entender, basta observarmos, por exemplo, a política; acontece exatamente a
mesma coisa.
Morel Felipe
Wilkon