Tenho ouvido muitas espíritas repetirem: “Na outra encarnação, fulano há de colher o que plantou…”
Outros dizem assim: “Na outra encarnação, eu farei as pazes com sicrano…”
E vai por aí afora: na outra encarnação; isso, na outra encarnação aquilo…
Ora, será que já lhes ocorreu que, pensando dessa maneira, estão desconsiderando o chamado tempo de intermitência entre uma encarnação e outra? De que valerá, para o espírito, a experiência que medeia entre uma existência e outra no corpo físico? Será a vida no Mundo Espiritual, no que tange à Evolução, completamente nula?!
Eis algumas perguntas que merecem reflexão: O espírito pode se aperfeiçoar no Mundo Espiritual e voltar à Terra em melhores condições? Ele pode, por exemplo, se reconciliar com um desafeto no Mais Além? Pode começar a fazer por Lá, ou seja, por aqui, o que não fez quando encarnado?
Carlos T. Pastorino, autor de “Minutos de Sabedoria”, costumava dizer, e com razão, que o espírita se refere à Vida além da morte como sendo “Outra Vida”, quando a Vida é sempre a mesma, ou, por outras palavras, Única!
A Vida, com a morte do corpo, hora alguma, sofre solução de continuidade – o espírito não para de respirar, de pensar, enfim, de ser o que, essencialmente, é!
Quem se refere à “outra encarnação”, está, como que, inconscientemente, suprimindo as experiências que podem e devem ser vivenciadas na Vida que prossegue, sem alteração, para além das fronteiras do túmulo.
Quantos, porém, infelizmente, continuam a se sugestionar, postergando para a próxima experiência no corpo carnal o que devem e podem começar a fazer desde agora – e, caso não seja possível agora, sobre a Terra, que se faça possível na Vida imediata, que é esta aqui, onde estou e para onde vocês virão!
Neste sentido, André Luiz, através de Chico Xavier, começou a nos mostrar um Mundo Espiritual mais humano, porém ainda não tão humano quanto, de fato, ele é! É que André Luiz, sob o amparo dos Espíritos Superiores, teve que administrar essa transição de uma cultura religiosa antiga para o novo paradigma que o Espiritismo propõe.
Portanto, meus caros, comecemos a rever, em nossas palestras e ditos cotidianos, essa questão, que, embora não nos pareça, se mostra de suma gravidade em nosso inconsciente, para uma Vida mais plena na Terra e nas Dimensões Espirituais.
O que não se pode viabilizar sobre a Terra não carece de esperar pela “outra encarnação” para se viabilizar, concordam?
Se todos os mundos e todas as existências são, naturalmente, solidárias, o Mundo Espiritual não pode ser excluído do contexto evolutivo, e o espírito, mesmo após o seu desenlace, será chamado a fazer o que não fez.
Com essa história de “outra encarnação” é que muita gente vem dormir neste Outro Lado, imaginando, com certeza, que aqui seja um berçário ou algo semelhante… Os que fixam a mente na “outra encarnação” ficam pouco tempo por aqui!
Preparem-se para Vida ativa no Mais Além! Antes de voltar à Terra, em novo corpo, o espírito terá por aqui oportunidades semelhantes às que teve no mundo – oportunidades de trabalhar, estudar e tentar consertar os equívocos cometidos! Isto é possível, sim, porque o Mundo Espiritual é também um campo de ação e reação!
O efeito destruidor das drogas é tão
intenso que extrapola os limites do organismo físico da criatura humana,
alcançando e comprometendo, substancialmente, o equilíbrio e a própria saúde do
seu corpo perispiritual. Tal situação, somada àquelas de natureza fisiológica,
psíquica e espiritual, principalmente as relacionadas com as vinculações a
entidades desencarnadas em desalinho, respondem, indubitavelmente, pelos
sofrimentos, enfermidades e desajustes emocionais e sociais a que vemos
submetidos os viciados em drogas.
Em instantes tão preocupantes da
caminhada evolutiva do ser humano em nosso planeta, cabe a nós, espíritas, não
só difundir as informações antidrogas que nos chegam do plano espiritual
benfeitor que nos assiste, mas, acima de tudo, atender aos apelos velados que
esses amigos espirituais nos enviam, com seus informes e relatos contrários ao
uso indiscriminado das drogas, no sentido de envidarmos esforços mais
concentrados e específicos no combate às drogas, quer no seu aspecto
preventivo, quer no de assistência aos já atingidos pelo mal.
A AÇÃO DAS DROGAS NO PERISPÍRITO
Revela-nos a ciência médica que a
droga, ao penetrar no organismo físico do viciado, atinge o aparelho
circulatório, o sangue, o sistema respiratório, o cérebro e as células, principalmente
as neuroniais.
Na obra “Missionários da Luz” – André
Luiz ( pág. 221 – Edição FEB), lemos: “O corpo perispiritual, que dá forma aos
elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento
básico de equilíbrio do corpo perispiritual.” Em “Evolução em dois Mundos”, o
mesmo autor espiritual revela-nos que os neurônios guardam relação íntima com o
perispírito.
Comparando as informações dessas
obras com as da ciência médica, conclui-se que a agressão das drogas ao sangue
e às células neuroniais também refletirá nas regiões correlatas do corpo
perispiritual, em forma de lesões e deformações consideráveis que, em alguns
casos, podem chegar até a comprometer a própria aparência humana do
perispírito. Tal violência concorre até mesmo para o surgimento de um acentuado
desequilíbrio do Espírito, uma vez que “o perispírito funciona, em relação a
esse, como uma espécie de filtro na dosagem e adaptação das energias
espirituais junto ao corpo físico e vice-versa.
Por vezes o consumo das drogas se faz
tão excessivo, que as energias, oriundas do perispírito para o corpo físico,
são bloqueadas no seu curso e retornam aos centros de força.
A AÇÃO DOS ESPÍRITOS INFERIORES JUNTO
AO VICIADO
Esta ação pode ser percebida através
das alterações no comportamento do viciado, dos danos adicionais ao seu
organismo perispiritual, já tão agredido pelas drogas, e das conseqüências
futuras e penosas que experimentará quando estiver na condição de espírito
desencarnado, vinculado a regiões espirituais inferiores.
Sabemos que, após a desencarnação, o
Espírito guarda, por certo tempo, que pode ser longo ou curto, seus
condicionamentos, tendências e vícios de encarnado. O Espírito de um viciado em
drogas, por exemplo, em face do estado de dependência a que ainda se acha
submetido, no outro lado da vida, sente o desejo e a necessidade de consumir a
droga. Somente a forma de satisfazer seu desejo é que varia, já que a condição
de desencarnado não lhe permite proceder como quando na carne. Como Espírito
precisará vincular-se à mente de um viciado, de início, para transmitir-lhe
seus anseios de consumo da droga, posteriormente, para saciar sua necessidade,
valendo-se para tal do recurso da vampirização das emanações tóxicas
impregnadas no perispírito do viciado, ou da inalação dessas mesmas emanações
quando a droga estiver sendo consumida.
“O Espírito de um viciado em drogas,
em face do estado de dependência a que se acha submetido, no outro lado da
vida, sente o desejo e a necessidade de consumir a droga.”
Essa sobrecarga mental, indevida,
afeta tão seriamente o cérebro, a ponto de ter suas funções alteradas, com
conseqüente queda no rendimento físico, intelectual e emocional do viciado.
Segundo Emmanuel, “o viciado, ao alimentar o vício dessas entidades que a ele se
apegam, para usufruir das mesmas inalações inebriantes, através de um processo
de simbiose em níveis vibratórios, coleta em seu prejuízo as impregnações
fluídicas maléficas daquelas, tornando-se enfermiço, triste, grosseiro,
infeliz, preso à vontade de entidades inferiores, sem o domínio da consciência
dos seus verdadeiros desejos”.
Diante dos fatos e dos acontecimentos
que estão a envolver a criatura humana, enredada no vício das drogas, geradoras
de tantas misérias morais, sociais, suicídios e loucuras, nós, espíritas, não
podemos deixar de considerar essa realidade, nem tampouco deixar de concorrer
para a erradicação desse terrível flagelo que hoje assola a Humanidade. Nesse
sentido, urge que intensifiquemos e aprimoremos cada vez mais as ações de ordem
preventiva e terapêutica, já em curso em nossas Instituições, e que, também,
criemos outros mecanismos de ação mais específicos nesse campo, sempre em
sintonia com os ensinamentos do Espiritismo e seu propósito de bem concorrer
para a ascensão espiritual da criatura humana às faixas superiores da vida.
Reformador – Março/98-Extraído do
site: Verdade e Luz
Na vida acontecem encontros,
desencontros e reencontros motivados pela busca do grande amor. Para algumas
pessoas o amor é profissão, para outras é maternidade e para outras, ainda, é o
celibato. Porém, para uma grande parcela o amor representa o encontro com
aquele ou aquela que será a própria razão de viver.
Mas como explicar esses encontros que
resultam numa explosão de sentimentos que nos fazem acreditar que aquela pessoa
é a pessoa certa? Será que é simplesmente química orgânica ou algo a mais que
“a nossa vã filosofia não consegue compreender”?
Porém, para nós espíritas que
acreditamos na reencarnação, entendemos que esse “estado de alma” tem origem na
lei das afinidades. Isto é, os espíritos, quando encarnados ou não, estabelecem
intensos laços afetivos de amor e amizade que exercem forte atração quando se
encontram novamente encarnados. Todavia, existem aqueles espíritos que
necessitam experimentar a solidão para refletir sobre os excessos cometidos em
vidas pregressas ou passar por provações que necessitam vencer.
Seja como for, o amor é uma conquista
pessoal que exige atitude, intenção e continuidade. Não é possível amar alguém
sem antes amar a si mesmo (para amar é preciso se amar em primeiro lugar). Em
outras palavras, a maioria dos sofrimentos nasce do fato de não termos a
certeza que nos amamos ou se desejamos ser amados; se amamos tal pessoa de fato
ou se queremos possuí-la como um objeto; ou ainda, se o que sentimos é amor ou
se é um paliativo para as nossas carências.
Quando nos apaixonamos por alguém que
já está compromissado com outra pessoa ou quando nutrimos um desejo secreto por
outrem também comprometido, devemos nos afastar imediatamente, evitando, assim,
nos tornarmos um instrumento de tentação e queda no caminho daquela pessoa. Da
mesma forma, se não conseguimos conter nossos impulsos na presença de quem
desconhece tal intenção, melhor será tomar a iniciativa de evitar o encontro
com aquela pessoa.
Insistir em um relacionamento afetivo
sem que sejamos correspondidos é o mesmo que confessar que carecemos de amor
próprio e que estamos adoecidos pela mágoa e pelo egoísmo, pois, a afeição e o
amor saudável são sempre recíprocos e generosos.
Se vivemos com alguém que não nos ama
com a mesma intensidade é porque ainda não encontramos quem, verdadeiramente,
nos fará feliz.
Viver trocando de supostos afetos,
como se faz com alguma peça de roupa, desprezando os sentimentos alheios
envolvidos nesta constante troca, reserva ao praticante desconsolo no futuro;
ninguém lesa o outro sem lesar a si mesmo.
Quem ama de forma consciente e
responsável, sem desejar a posse do outro, ainda que se desencontre do ser
amado, haverá de se reencontrar aqui ou acolá, pois o amor é um imã que faz
almas afins se atraírem de forma irresistível.
O amor entre dois parceiros significa
a conquista da felicidade terrena e a consequência disso é a atração de boas
vibrações, o que os torna capazes de enfrentarem as expiações e provas a que
estarão sujeitos.
A compreensão desses fatos devolveria
de imediato parte da saúde física e mental à maioria das pessoas que, adoecidas,
insistem em esperar por alguém idealizado que imaginam existir ou amar e a quem
atribuem a tão almejada felicidade. E por conta da espera interminável, esses
melancólicos pseudo apaixonados fantasiam amores platônicos que atraem para si
espíritos com a mesma vibração. Desta forma, tornam-se hospedeiros para esses
espíritos que também se satisfazem com fantasias depressivas, fruto dos
devaneios de quem permanece inerte diante da vida.
Os maus espíritos são aqueles que o
arrependimento ainda não tocou; que se comprazem no mal, e nele não concebem
nenhum remorso; que são insensíveis às censuras, repelem a prece e,
frequentemente, blasfemam contra o nome de Deus. São essas almas endurecidas
que, depois da morte, se vingam, nos homens, dos sofrimentos que experimentam,
e perseguem com o seu ódio aqueles a quem odiaram durante a vida, seja pela
obsessão, seja por uma falsa influência qualquer.
Entre os espíritos perversos, há duas
categorias bem distintas: aqueles que são francamente maus e os que são
hipócritas.
Os espíritos francamente maus
São infinitamente mais fáceis de
conduzir ao bem do que os espíritos hipócritas; são, o mais frequentemente, de
natureza bruta e grosseira, como são vistos entre os homens, que fazem o mal
mais por instinto do que por cálculo, e não procuram se fazer passar por
melhores do que são; mas há neles um germe latente que é preciso fazer eclodir,
o que é conseguido, quase sempre, com a perseverança, a firmeza unida à
benevolência, pelos conselhos, pelo raciocínio e pela prece. Na mediunidade, a
dificuldade que eles tem em escrever o nome de Deus é indicio de um temor
instintivo, de uma voz íntima da consciência que lhes diz que são indignos;
aquele com quem ocorre isso, está no limiar da conversão, e pode-se esperar
tudo dele: basta encontrar o ponto vulnerável do coração.
Os espíritos hipócritas
São quase sempre muito inteligentes,
mas não tem no coração nenhuma fibra sensível; nada a toca; simulam todos os
bons sentimentos para captar confiança, e ficam felizes quando encontram tolos
que os aceitam como santos espíritos, e que eles podem governar à sua vontade.
O nome de Deus, longe de lhes inspirar o menor temor, lhes serve de máscara
para cobrir as suas torpezas. No mundo invisível, como no mundo visível, os
hipócritas são os seres mais perigosos porque agem na sombra, e deles não se
desconfia. Eles têm as aparências da fé, mas não a fé sincera.
Recentemente, os meios de comunicação
noticiaram que os familiares de vítimas de um acidente aeronáutico haviam
recorrido à Justiça para impedir a venda de um livro, de temática espírita, que
explicaria essa tragédia como um resgate de crimes ocorridos pelas vítimas em
encarnação anterior, quando queimaram cristãos. Segundo o advogado de um dos
familiares, “A família ficou desolada e decepcionada com este livro, que
denegriu a imagem de quem não está aqui para se defender. O autor diz que não
existem vítimas inocentes, que os passageiros eram algozes na Gália na época
dos romanos”.
A Justiça acolheu o pedido, mandou
retirar os exemplares das livrarias e proibiu novas edições. Reconheço que não
li o referido livro, nem conheço o médium responsável por sua publicação (Sim!
Os médiuns são responsáveis por aquilo que tornam público, mesmo que de autoria
de um espírito), mas, apesar de uma enquete realizada pela Livraria da Folha
mostrar que 58% dos votos eram contra a retirada do livro de circulação,
questiono fortemente a oportunidade de uma publicação como essa. Até mesmo
porque sabemos que, boa parte dessas pessoas que se posicionaram contra a
retirada, teriam opinião diferente, se um familiar seu estivesse entre as
vítimas do acidente.
Além de ver o nome da Doutrina
Espírita levado, mais uma vez, ao noticiário de forma negativa, com os parentes
protestando contra o que consideram ser uma ofensa à memória de seus entes
queridos, ainda somos obrigados a ler diversos textos, de autoria de ministros
de outras religiões ou materialistas, acusando os espíritas de serem
insensíveis ao publicar um livro que transforma vítimas em verdugos. O mais
triste, na verdade, é ter que concordar com eles…
Qual a real utilidade de se publicar
um livro que aponte as vítimas de uma tragédia tão recente como antigos
assassinos pagando seus débitos de vidas passadas? Se a resposta é ensinar que
tudo ocorre como fruto da justiça e da Lei de Ação e Reação, um
contra-argumento é que, um espírita bem orientado já deveria saber isso. Que
não existem vítimas inocentes já é uma questão de opinião do autor, visto que nem
sempre uma morte traumática pode ser expiação e sim prova. Vasta literatura
sobre o assunto já existe, tanto na forma de romances como de estudos
doutrinários. Mas quem não é espírita não quer saber a opinião do Espiritismo
sobre suas tragédias pessoais.
Então, para que lançar um livro
especificamente sobre essa tragédia? Para, aproveitando a atualidade do fato,
atrair mais leitores, curiosos sobre o assunto? E para divulgar a ideia de que,
para os espíritas, Deus se vinga das pessoas mesmo séculos depois, tal qual um
perseguidor implacável? Sim, porque para muitos não-espiritas e, infelizmente,
alguns espíritas, o que se conclui é que Deus está punindo espíritos
criminosos, com a Lei de Talião que pregava o olho por olho, dente por dente.
Não é raro ficarmos sabendo, por meio
de conhecidos que não são espíritas, que confrades nossos teriam “explicado”
situações dramáticas, como doenças, invalidez ou morte por meio dessa lógica
equivocada do tipo “se seu avô morreu afogado é porque afogou alguém em outra
vida e está pagando agora”. A insensibilidade desse tipo de comentário, mesmo
que correspondesse à verdade, é impressionante.
Se pretendemos ensinar como o mal que
fazemos dará origem a expiações no futuro, mesmo que em outras encarnações, não
precisamos de exemplos reais ou, pelo menos, tão recentes. Até porque o
raciocínio “morreu queimado para pagar por ter queimado alguém” nem sempre se
aplica.
Precisamos, antes de tudo compreender
os mecanismos da Lei de Ação e Reação. Um espírito não chega no mundo
espiritual e já recebe, como punição, a ordem de voltar a Terra e sofrer desse
ou daquele jeito, morrer dessa ou daquela maneira. Por incrível que pareça,
existem muitos espíritas desavisados que se confundem e acreditam nesse tipo de
punição. Sobre o assunto, Kardec recebeu a seguinte resposta dos espíritos:
“Deus sabe esperar; não apressa a expiação”. (1)
Muitas vezes, o espírito, ao chegar
no plano espiritual, nem tem consciência de suas faltas. Para ele, o que foi
feito ou está correto ou foi somente consequência das atitudes de outras
pessoas. Porém, com o tempo, seu nível de compreensão vai aumentando e ele
compreende o mal que fez aos seus semelhantes e sua consciência começa a
acusá-lo. Veja bem! Não é Deus quem o acusa, não são os espíritos superiores
que o condenam. É ele mesmo. Para que possa ascender mais um degrau na escala
de evolução espiritual, ele necessita reparar o mal que fez.
Sobre as penas, Kardec recebeu a
seguinte resposta: “ele escolhe as que podem ser para ele uma expiação, pela natureza
de seus erros, e lhe permite avançar mais rapidamente” (2). Mas, essa reparação
nem sempre é feita “pagando-se na mesma moeda” como muitas pessoas acreditam.
Uma vida de extrema dedicação ao próximo pode resgatar um assassinato praticado
em outra vida, sem a necessidade da pessoa ser assassinada também.
O que ocorre é que o resgate de
faltas passadas por meio de mortes trágicas ou traumáticas pode ser solicitado
pelo espírito devedor como forma de aliviar seu fardo de culpa, culpa essa que
surge como fruto do seu desenvolvimento moral. Portanto, o espírito da pessoa
que desencarna em situações trágicas, muitas vezes, já evoluiu o suficiente não
só para pedir essa prova, como também para poder aproveitá-la adequadamente.
Por isso, para ele, uma prova dolorosa não causa repulsa (3). De nada
adiantaria um espírito ainda preso aos crimes que cometeu, e sem nenhum
sentimento de remorso, passar pelo mesmo sofrimento que causou, porque isso só
o deixaria mais revoltado e em nada o ajudaria.
Isso não quer dizer que nenhum
espírito se revolte contra as provas que ele mesmo escolheu. Todos nós
conhecemos pessoas que são a prova viva disso, constantemente se queixando de
problemas que, desconfiamos, foram escolhidos por eles mesmos como forma de
exercitarem qualidades como paciência, resignação, tolerância, etc.
Mas, no geral, essas mortes
traumáticas, como forma de expiação, são escolhidas por espíritos que já
alcançaram um nível de entendimento para abraçá-las sem temor, certos de que,
após essa prova, poderão seguir no caminho da evolução espiritual livres do
peso da culpa.
Para se orientar um amigo que não
seja espírita, de forma a que ele não saia da conversa com uma má impressão dos
conceitos doutrinários, precisamos conhecer bem a Doutrina. A um espírita bem
informado, esses conceitos são indispensáveis para a compreensão das tragédias.
Mas não podemos, nem devemos, esperar esse mesmo grau de entendimento por parte
de quem não partilhe das mesmas crenças que nós. Para essas pessoas, a morte de
seus entes queridos só serviu para provocar dor e desespero nas famílias. Se creem
em Deus, procuram acreditar que essa morte foi determinada por Ele, mas não
compreendem os chamados “desígnios divinos”. Se não creem, a morte é o final de
tudo e os entes queridos se foram para sempre.
Se uma dessas pessoas, seja de que
crença for, procurar o auxílio de um médium, como tantas o fizeram com Chico
Xavier e ainda fazem hoje com outros médiuns, a obtenção de uma comunicação de
conforto, que explique que aquela morte teve um motivo justo, não só é
justificável como pode trazer paz a toda uma família. Mas essa pessoa, ao
procurar um médium, já estava psicologicamente preparada para o que recebeu.
Porém, que benefício trará uma
informação de que uma morte trágica foi fruto de uma expiação por crimes do
pretérito para um familiar que nunca procurou uma explicação espirita para o
fato? Na verdade, me parece muito mais que estamos copiando o que se fazia no
passado, quando padres e pastores vinham a público explicar, da maneira deles,
os fenômenos espíritas, seja acusando de fraudes, seja culpando demônios pelas
manifestações. Se não nos agradava esse comportamento, que não façamos o mesmo,
impondo nossa visão e crença àqueles que não querem ou não estejam preparados
ainda para isso.
(1) – Allan Kardec – O Livro dos
Espíritos – Questão 262a
(2) – Allan Kardec – O Livro dos
Espíritos – Questão 264
(3) – Allan Kardec – O Livro dos
Espíritos – Questão 266
Uma pessoa oportunista (no sentido
negativo da palavra) é quem gosta de tirar proveito de oportunidades em
benefício próprio. Ao desencarnar, quem possui essa característica, continua se
aproveitando de outros espíritos buscando adquirir vantagens pessoais sem
pensar no próximo.
Segundo o escritor e expositor
espírita, Alexandre Caldini, a nossa encarnação serve para fazermos evoluir,
mas se o espírito não conquistou sua elevação ele ainda manterá esse hábito.
“Quando a gente morre ninguém vira
santinho, ninguém muda de qualidade”, disse Caldini no Interpretando a Vida.
Quando nos deparamos com espíritos
desta “qualidade” devemos desconfiar de suas reais intenções. “O Evangelho
Segundo o Espíritismo” alerta para que fiquemos vigilantes com todos os
desencarnados.
“O Espiritismo vem revelar outra
categoria de falsos cristos e de falsos profetas, bem mais perigosa, e que não
se encontra entre os homens, mas entre os desencarnados”, diz a obra.
Esses espíritos podem ir aos centros
espíritas para oferecer conselhos que não beneficiarão os encarnados. Para
conhecer se o desencarnado está com boas intenções, fique atento se ele está
priorizando seu nome de encarnado. Caldini explica que é importante desconfiar
sempre.
“Espíritos, geralmente, não se
identificam. O que importa não é a identidade, mas qualidade da mensagem. Veja
se tem lógica no que foi dito. Isso vale para espíritos desencarnados e
encarnados”, complementou Caldini.
O Evangelho nos ensina como
reconhecer os bons espíritos, características sempre morais e jamais materiais.
“É sobretudo ao discernimento dos bons e dos maus Espíritos, que podemos
aplicar as palavras de Jesus: ‘Reconhece-se à árvore pelos seus frutos; uma boa
árvore não pode dar maus frutos, e uma árvore má, não pode dar bons frutos’.
Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como a árvore pela
qualidade de seus frutos”.
O Espírito protetor poderá abandonar
seu protegido, por esse se mostrar rebelde aos conselhos?
Afasta-se, quando vê que seus
conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de
submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas não o abandona
completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O
protetor volta desde que este o chame . . . (questão 495)
O motorista carregou na bebida.
Pesou no pé direito comprimindo o
acelerador.
O ônibus ganhou asas.
Os passageiros, assustados,
pediam-lhe que reduzisse a velocidade.
Ele, tranqüilo disse:
- Não se preocupem. Meu santo é
forte!
E voava baixo, ziguezagueando por
ruas e avenidas.
- Devagar, devagar! Cuidado!
- Calma, gente! Está tudo sob
controle. O santo nos protege!
Em pânico, os viajantes começaram a
descer, embora sua insistência:
- Fiquem frios! Meu santo não falha!
O coletivo esvaziou-se. Restou
derradeiro, heroico passageiro. Segurava-se precariamente ante as freadas
bruscas, as curvas fechadas do bólido sobre rodas.
Não resistiu muito tempo. Arrastou-se
até o motorista, tocou seus ombros e lhe disse:
- Meu filho, sou seu santo. Também
quero descer. Dirigindo assim, nem o Espírito Santo poderá protegê-lo.
E seguiu solitário o "pé de
chumbo", que acabou esborrachando-se num espetacular acidente que destruiu
o ônibus e o transferiu extemporaneamente para o além.
Confortador, maravilhoso saber que
"lá em cima" há amigos generosos dispostos a nos acompanhar e
proteger. Devemos buscá-los sempre, em oração, aprendendo a ouvir, na
intimidade do coração, sua orientação preciosa.
Consideremos, entretanto, que eles
não são babás a satisfazer nossos caprichos ou prestigiar nossos desatinos. Não
o imaginemos como um pajem a nos acompanhar nas 24 horas do dia, como se
fôssemos criancinhas. Se dirijo um automóvel de forma imprudente, meu mentor
não irá no pára-choque fazendo malabarismos para proteger-me. Essencialmente
ele é o mentor que, pelos condutos da inspiração, busca nos orientar nos
momentos mais importantes, estimulando-nos ao bem. Quando não os ouvimos eles
se afastam respeitando nosso livre arbítrio e voltam quando o chamamos.
O vale dos suicidas é uma região do
umbral onde os espíritos desencarnados que praticaram o suicídio quando em vida
se agrupam pela lei da atração ou afinidade, uma das leis universais, que pode
ser traduzida na máxima “Os iguais se atraem”.
A médium Yvonne Pereira, em seu livro
psicografado “Memórias de um suicida”, descrito pelo espírito Camilo Castelo
Branco, fala do Vale dos Suicidas, onde os seres desencarnados suicidas vivem
os mesmos dramas, dores e aflições, agrupando-se no mesmo vale das trevas.
Da mesma forma, agrupam-se também nas
trevas, em vales, por afinidade, os espíritos ligados às drogas, à loucura, aos
desequilíbrios sexuais, às guerras, aos abortos.
Mas todo suicida vai parar no Vale
dos Suicidas?
Na minha experiência clínica, após
conduzir mais de 20.000 sessões de regressão pela TRE (Terapia Regressiva
Evolutiva) – A Terapia do Mentor Espiritual, onde os pacientes descrevem suas
vidas passadas no umbral após terem praticado o suicídio, posso afirmar que
cada caso é um caso.
Muitos – após cometerem o suicídio na
vida pretérita – ficam presos ao local do crime, pois não conseguem se libertar
por terem transgredido a lei da vida.
Eu me recordo de uma paciente que
numa existência passada fora um general autoritário, vaidoso, arrogante e
centralizador. Numa das reuniões com seus comandados foi questionado por um
auxiliar de sua estratégia de guerra equivocada, onde iria colocar em risco a
vida de suas tropas.
Mandou o auxiliar calar a boca por se
sentir afrontado em sua autoridade. Mas seu auxiliar estava certo, pois toda a
tropa fora dizimada, inclusive seu filho (o general não sabia que ele fora
convocado para participar dessa batalha).
Desolado, cabisbaixo, viu seu filho e
os soldados ensanguentados, mortos no chão. Pegou o corpo do filho e o
enterrou. Após isso, subiu em seu cavalo e foi em direção a um estábulo e pegou
uma corda, jogando-a por cima de uma viga do teto, e deu cabo à sua vida,
enforcando-se. Após o suicídio, em espírito, ficava observando seu corpo físico
balançando na corda.
Não conseguia sair da cena do crime
e, mesmo após um longo tempo, continuava vendo seu corpo se decompondo.
Transcorrido muitos e muitos anos, apareceu uma senhora vestindo uma túnica
branca – era sua mentora espiritual – que lhe disse que havia chegado o momento
de sair daquele local e o levou para o plano de luz.
Eu me recordo também de outra
paciente, cujo tio, irmão de seu pai, e que havia se suicidado em seu quarto
dando um tiro em sua cabeça, apareceu em espírito numa de suas sessões de
regressão em meu consultório pedindo ajuda.
Ele não conseguia sair daquele
quarto, pois se sentia culpado, bastante arrependido por ter tirado sua própria
vida. A paciente orou muito por ele, emanando-lhe diariamente a luz dourada de
Cristo, até que em uma das sessões de regressão, seu tio foi levado pelos seres
amparadores de luz para uma Luz Maior.
Quero finalizar esse artigo dando um
recado aos que pensam em suicídio. O suicídio não é a solução. O suicida
materialista pode achar que seja a porta de saída para seus problemas, mas,
para o espiritualista que acredita que a vida continua após a morte do corpo
físico, o suicídio é porta de entrada para mais problemas, dores e aflições.
A jornada na Terra sempre chega ao
fim. Algumas vezes é necessário que o processo da velhice, doença e morte seja
acompanhada de perto por alguém.
Esta pessoa pode ser você, que terá a
responsabilidade de garantir o respeito, a dignidade e o conforto físico de seu
parente amado.
Acredito eu que não exista gesto mais
nobre de amor. Tenho a certeza que também não existe momento mais oportuno para
o aprendizado e para a vivência espiritual.
Muitas pessoas sentem-se
desconfortáveis frente à morte. Mas, acredite, para o espírito é um momento
belo e grandioso. Este texto tem a missão de desmistificar a morte, facilitar
sua vida ao lado da pessoa que se prepara para partir e te ajudar a viver
plenamente o amor que existe dentro de você (sem medo e sem receio).
"A separação da alma e do corpo
é dolorosa?
— Não; o corpo, frequentemente, sofre
mais durante a vida que no momento da morte; neste, a alma nada sente. Os
sofrimentos que às vezes se provam no momento da morte são um prazer para o
Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.
No momento da morte, a alma tem, às
vezes, uma aspiração ou êxtase, que lhe faz entrever o mundo para o qual
regressa?
— A alma sente, muitas vezes, que se
quebram os liames que a prendem ao corpo, e então emprega todos os seus
esforços para os romper de uma vez. Já parcialmente separada da matéria, vê o
futuro desenrolar-se ante ela e goza por antecipação do estado de
Espírito."
Ajudar alguém nos últimos meses ou
anos é uma das maiores responsabilidades que alguém pode ter. Sob certos
aspectos é bem mais difícil que criar uma criança. A criança coleciona
conquistas, o idoso ou o doente coleciona dificuldades. Mas, porém, virão
conquistas; conquistas para o espírito e para o amadurecimento pessoal. Nesta
fase os grandes ganhos não são exteriores, são interiores.
Tenha claro esta realidade: há muito
aprendizado nos últimos anos de vida.
E mais, são alguns dos aprendizados
mais importantes para o futuro do espírito.
Uma criança nasce e aprende a falar e
a andar. São ganhos que parecem grandes, mas que se perdem com o falecimento.
Já os aprendizados dos últimos anos são realmente centrais para o espírito. Por
exemplo: uma pessoa muito orgulhosa, ao se ver necessitada de ajuda, descobriu
na humildade a paz que lhe faltou por toda a vida. Ela dizia: "Meu Deus,
porque não aprendi a viver assim antes?" Não aprendeu antes, mas aprendeu
quando as limitações físicas se fizeram mais fortes.
Alguém poderia dizer; "antes
tarde do que nunca". Quem conhece a vida espiritual sabe que NUNCA é tarde
para esta transformação positiva. Esta transformação será muito importante por
décadas e séculos.
Por isto, não fique tão triste com as
perdas que acompanham a velhice e as doenças. São oportunidades únicas. São
oportunidades importantíssimas.
Primeiro porque "tira de cima da
pessoa" o peso da sociedade. A sociedade é uma prisão brutal para grande
parte das pessoas. Somos orgulhosos, esta é a verdade. São raríssimos os seres
humanos que não são orgulhosos. A doença e as limitações da idade jogam por
terra grande parte das vaidades, orgulho e desejo de ser aceito (os místicos
dizem: tudo desaba). É um choque que coloca o ego da pessoa lá embaixo; algumas
até deprimem. Mas, a queda do ego é a porta aberta para a emersão do que é
realmente importante para o espírito.
São bilhões de pessoas que tem na
velhice e nas doenças as últimas oportunidades para realizar seu progresso
espiritual.
Importante: aprenda a olhar para a
pessoa amada como um espírito que dá os últimos passos e que tem as últimas
oportunidades de realizar conquistas nesta vida (nesta encarnação).
O corpo perde, mas o espírito pode
ganhar. O corpo vai finalizar, mas a vida espiritual ainda é longa. Por isto,
tranquilize-se com as perdas. Tenha serenidade para acompanhar estas perdas.
Cuide com carinho, mas treine-se para o desligamento. Aceite cada passo que a
natureza der; traga conforto e use sempre um diálogo espiritualizado para
facilitar o entendimento e a superação das dificuldades.
Treine com a mensagem de Jesus:
"seja feita a Sua vontade". Nada é perda, tudo é transformação. Tenha
paciência, porque você é apenas alguém que acompanha uma trajetória que é muito
pessoal e especial - a trajetória do seu ente querido até a libertação do
corpo.
Veja a morte como saudade para quem
fica e liberdade para quem vai. É uma libertação, porque chegará um momento em
que os aprendizados serão pequenos; este é o momento de voltar para a vida
espiritual.
As pessoas tem medo da morte, porque
não confiam de fato na realidade espiritual. A morte é dar um salto de
confiança rumo a um novo nascimento, desta vez para a vida sem o corpo físico.
A morte "bem morrida" é uma morte repleta de confiança. É caminhar
para o que o corpo desconhece com a confiança de que ali está o melhor para si
mesmo.
A morte é, na imensa maioria das
vezes, o melhor que a pessoa pode esperar. Mesmo uma mãe que deixa seus filhos
pequenos deve se soltar e entrar em confiança: "este é o melhor
caminho". Estamos treinados para perceber a morte como ruim, como triste,
como sofrimento. Dizemos do morto: "coitado!" Esta ideia é fruto de
uma concepção errada. Do outro lado há, muitas vezes, uma festa. É chegada a
hora, o melhor está acontecendo, existem reencontros - porque não seria festa?
"O Espírito encontra
imediatamente aqueles que conheceu na Terra e que morreram antes dele?
— Sim, segundo a afeição que tenham
mantido reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo
dos Espíritos e o ajudam a se libertar das faixas da matéria. Vê também a
muitos que havia perdido de vista durante a passagem pela Terra; vê os que
estão na erraticidade, bem como os que se encontram encarnados, que vai
visitar."
Allan Kardec - O Livro dos Espíritos
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será para outras pessoas. Portanto, te convido a divulgar o link deste texto.
Todas as pessoas que vivem nesta
escola de preparação espiritual chamada Terra já passaram pela experiência de
ver partir entes queridos para um local que a maioria não consegue bem definir.
Acidentes violentos, enfermidades inesperadas, crimes hediondos, ou até mesmo
situações banais, são apenas algumas das formas pelas quais todos os dias
milhares de seres partem deste mundo rumo ao desconhecido.
A dor é ainda maior quando a morte
arrebata de nosso convívio pessoas que nos são tão caras. Como dói a um pai
sepultar o corpo do filho; a uma esposa que não terá mais a mão amiga do
marido; a um irmão privado da convivência com a irmã; ou simplesmente a
ausência física dos amigos queridos! Todos eles partem deixando em nossos
corações a doce brisa da saudade.
Como conciliar tamanha dor com a
justiça e a bondade do Pai, o Criador? Como explicar o amor de Deus que permite
que criaturas tão amadas sejam tiradas de nós dessa forma? Qual a explicação
para a morte daqueles que se vão em tenra idade, com todo um futuro promissor
pela frente? E qual seria o motivo que pudesse justificar as enormes dores que
levam à morte pessoas que desde o berço sempre cultivaram a bondade, a
humildade e a simplicidade para com seus semelhantes?
Diante de tudo isso, chegamos
inevitavelmente a uma encruzilhada: ou não existe reencarnação e Deus nem de
longe é o Pai amoroso, justo e misericordioso que Jesus nos apresenta em seu
Evangelho, ou então existe reencarnação e Deus é, de fato, um Pai que ama todos
os seus filhos indistintamente, concedendo a cada um deles os meios de
resgatarem seus erros do passado, harmonizando-se com as leis divinas. Se as
pessoas parassem para analisar tais situações, se convenceriam facilmente da
segunda opção, esta fascinante realidade que nós, espíritas, já conhecemos.
É claro que não seremos hipócritas a
ponto de afirmar que não sentimos a morte de nossos entes queridos. Não há
dúvida de que sentimos, pois a ausência física das pessoas que amamos dói bastante
e esta dor independe da opção religiosa daqueles que permanecem na Terra.
Contudo, o Espiritismo nos oferece algo a mais. As religiões pregam a
existência do Espírito, mas muitas estão vinculadas a dogmas ou interesses
obscuros e imediatistas que não permitem aos seus seguidores uma análise
imparcial e racional sobre o assunto.
Só a Doutrina Espírita é capaz de
esclarecer o que acontece com a alma antes do berço e depois do sepulcro. Como?
Vejamos alguns pontos, considerando que o Espiritismo é um doutrina de tríplice
aspecto: filosófico, científico e religioso.
Do ponto de vista filosófico, ao
examinar as questões mencionadas acima, a Doutrina dos Espíritos oferece
respostas a todas elas, nos convidando a raciocinar em termos da grandeza da
criação, bem como da justiça e do amor de Deus para com todas as criaturas.
Encontramos nos ensinamentos de Jesus e dos espíritos superiores a orientação e
o consolo que amenizam nossas dores e sofrimentos.
O esclarecimento espírita, sempre
pautado pela razão, pela lógica e pelo bom senso, eleva nossa visão a níveis
nunca antes imaginados. Demonstra, com segurança, que somente através do
conhecimento de princípios e leis universais como reencarnação, evolução, causa
e efeito e livre-arbítrio, pode o homem encontrar as verdadeiras respostas para
os mais diversos questionamentos feitos ao longo da história da humanidade.
Mas, o Espiritismo não nos força a
aceitá-lo. Ao contrário, nos convida a examinar seus postulados com serenidade,
comparando-os com tudo o que observamos ao nosso redor no dia-a-dia. Ao invés
de simplesmente repelir tais ideias, veja se há no mundo alguma outra doutrina
ou sistema capaz de elucidar todas essas questões de forma tão racional e
coerente. Não temos a menor dúvida em afirmar que você não encontrará.
Kardec, durante os trabalhos da
codificação espírita na segunda metade do século XIX, advertia para o fato de
que a fé cega já não era mais para aquela época. Hoje, em pleno século XXI,
quando o homem se vê a braços dados com tanta evolução no campo do intelecto, é
nítido que vivemos um período onde precisamos considerar a razão como elemento
fundamental para a iluminação e o fortalecimento de nossa fé. Todo aquele que
questiona, tendo como base a fé raciocinada, naturalmente concluirá quanto a
excelência e a veracidade dos fundamentos da Doutrina Espírita.
No que tange ao seu aspecto
científico, o Espiritismo tem na mediunidade o seu principal instrumento de
confirmação da existência do plano espiritual e da possibilidade de intercâmbio
entre os espíritos e os homens. As respostas que a filosofia espírita nos
proporciona são ratificadas pelas próprias almas daqueles que já viveram na
Terra e que agora, sem as limitações do corpo material, nos trazem notícias e
informações de sua situação nas outras esferas.
É através do intercâmbio mediúnico
que aprendemos com os bons espíritos e temos a oportunidade de auxiliar aqueles
que se encontram em situações menos fáceis no Além Túmulo. São, portanto, os
espíritos que nos dão a certeza da imortalidade da alma, demonstrando que o que
morre é apenas o corpo físico e que os nossos entes queridos que já partiram
são, assim como nós, viajantes do Cosmo, herdeiros imortais do Pai Celeste.
O Espiritismo não é apenas uma
doutrina filosófica de comprovação científica. Seus ensinamentos conduzem os
adeptos a uma nova visão da vida e, consequentemente, a um processo de
renovação íntima, cuja base é o Evangelho de Jesus.
Afirmamos que o Espiritismo é
religião porque a sua moral permite-nos religar a Deus em espírito e verdade,
sem rituais, sem dogmas, mas sim através da prática do bem, único caminho que
nos coloca em sintonia com a Espiritualidade Superior. Nas imorredouras lições
do Cristo, Allan Kardec fincou as raízes da Doutrina, sinalizando que a moral
ensinada pelo Mestre de Nazaré é a base da verdadeira religião universal: o
Amor.
Com o estudo das chamadas obras
básicas da Codificação e outras de inegável valor doutrinário, além, é claro,
do Evangelho, encontramos respostas consoladoras e elucidativas para todos
problemas. O absurdo de uma morte prematura ou a incoerência dos sofrimentos
inenarráveis vividos por uma boa pesssoa, encontram respostas nas opções feitas
e nas ações realizadas em vidas passadas.
Há que se reconhecer que, dentre as
várias moradas da casa do Pai, somos moradores de uma que ainda está longe de
ser o paraíso que todos almejamos. Em planetas de provas e expiações como o
nosso, reencarnam espíritos que guardam graves compromissos com as leis
divinas, a exigirem, no tempo e local apropriados, as devidas reparações.
Diante de situações tão difíceis
quanto às que citamos, somos compelidos a buscar o entendimento de suas causas.
Quando não as encontramos nesta existência, naturalmente somos levados a
compreender que elas se encontram nas existências pretéritas. Há um axioma
científico que afirma não existir um efeito sem causa. Ora, se sofremos, há que
existir uma causa para este sofrimento.
Os pais humanos por mais imperfeitos
que sejam, não punem seus filhos e não os deixa sofrerem sem que seja
necessário, mediante um motivo justo. Imagine então o nosso Pai Celestial!
Desde que admitamos que Deus, Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as
coisas, possui todos os atributos em grau ilimitado, inclusive a justiça, a
misericórdia, a bondade e o amor, chegaremos a conclusão de que a causa ou as
causas de nosso sofrimento são também justas e necessárias à nossa evolução
espiritual.
As leis divinas sempre favorecem o
indivíduo em sua caminhada ascencional, através de inumeráveis processos
educativos, de forma a facultar-lhe as oportunidades de reparação de erros, bem
como a aquisição de conhecimentos e virtudes indispensáveis ao processo
evolutivo.
Se você chora a perda de um ente
querido, que suas lágrimas sejam de saudade, de respeito, de reconhecimento e
de gratidão a Deus por ter lhe permitido desfrutar de prazeirosa companhia por
algum tempo. Lembre-se que a morte é um fenômeno natural que, simplesmente,
retira de nós a vestimenta carnal e nos permite retornar à verdadeira pátria
com o nosso corpo espiritual.
Mudamos de roupa e de casa, mas
continuamos existindo, em outra dimensão, mantendo nossa individualidade e
nossas tendências e gostos. Que suas lágrimas não sejam de revolta, de dor, de
lamentação e nem de reclamações contra o Criador. O choro desta natureza
prejudica muito os espíritos que aportaram recentemente no mundo espiritual e
que precisam, nestes momentos, de preces e boa vibrações para auxiliá-los a se
adaptarem à nova realidade.
Quando seus olhos buscarem os entes
queridos que já partiram para o Mais Além, não olhe para baixo. Olhe para as
estrelas ou simplesmente para seu lado. Se eles não estiverem te observando do
alto, pode ser que estejam velando por você ao seu lado. Quando sua mente ou
seu coração sentir aquele aperto de saudade daqueles que já não estão mais no
mundo físico, eleve seus pensamentos e sentimentos a Jesus e entregue ao Mestre
suas melhores vibrações. Ele se encarregará de encaminhá-las aqueles que você
tanto ama.
Na passagem evangélica da Mulher
Adúltera, a narrativa de João Evangelista resume-se até a absolvição dela. O
espírito Amélia Rodrigues, em o livro Pelos Caminhos de Jesus, pela psicografia
de Divaldo Franco, nos conta que naquela mesma noite a mulher procurou o Mestre
para mais elucidações. Abriu seu coração relatando-Lhe suas fraquezas, o
abandono do marido que se entregara às noitadas junto dos amigos e da tentação
de que não fora capaz de suportar. Reconhecia que nada desculpava sua atitude,
o que denotava arrependimento. Continuava sua exortação preocupada, pois não
poderia contar com ninguém já que fora levada a execração pública. Nem com a
ajuda de seu pai, tampouco de seu marido. Todos a abandonaram.
O Mestre lhe indicou a necessidade de
uma mudança, pois em Jerusalém não haveria espaço para um recomeço, tendo em
vista tudo o que aconteceu. Ela sentiu nas entrelinhas que deveria buscar novos
ares, onde pudesse viver sem a sombra do erro cometido. Na despedida, Jesus a
confortou: “Há sempre um lugar no rebanho do amor para ovelhas que retornam e
desejam avançar. Onde quer que vás estarei contigo e a luz da verdade no
archote do bem brilhará à frente, clareando o teu caminho”.
DIVULGADORA DA BOA NOVA
Dez anos transcorreram e vamos
encontrar nossa personagem em Tiro, em casa humilde, onde recebia companheiros
enfermos e abandonados. Um pouso de amor ela erguera. Não esquecera jamais a
passagem com o Messias. Tornara-se uma divulgadora da Boa Nova alentando almas,
enquanto limpava as chagas dos corpos doentes. Encontramos aí sua expiação.
Através dos trabalhos redentores se redimia perante a Lei de Causa e Efeito.
Mas faltava a reparação final: faltava-lhe apagar totalmente de sua consciência
o ato praticado dez anos atrás àquele que ofendera com o adultério. Faltava
compensar o ofendido.
Continua Amélia Rodrigues informando
que durante uma tarde, trouxeram-lhe um homem desfalecido. Ela tratou de suas
chagas, deu-lhe alimento revigorante que lhe aliviou as dores. Em seguida lhe
ofereceu mensagem falando de Jesus. Emocionado, o homem confessa que conhecera
o Doce Rabi em um fatídico dia em Jerusalém e desde então nutrira amargo
sentimento pelo Mestre Jesus. Guardava terrível raiva, pois o Mestre salvara a
esposa adúltera, porém, para com ele não guardara nenhuma palavra de consolo.
Confessara então que o tempo o fez meditar como se equivocou em seu julgamento
em Jerusalém. Buscava encontrar a companheira e a procurou em muitos lugares
sem êxito, até que a doença lhe visitara o corpo, consumindo-lhe as energias. Embargada
pelas emoções se recordara a mulher de todo o fato. Reconheceu o companheiro do
passado e sem revelar-lhe quem era, disse-lhe: “Deus é amor, e, Jesus, por isso
mesmo nunca está longe daqueles que O querem e buscam”.
A CURA DA ALMA
Encontramos nesta bela narrativa,
queridos leitores, a afirmação de que o amor liberta definitivamente, cura
todas as chagas de nossas almas, inclusive as feridas causadas pelos nossos
irmãos de jornada. Mas, devemos seguir o exemplo da mulher adúltera e
transpormos as barreiras do passado, buscarmos firmes através das lutas do
cotidiano as oportunidades para o reajustamento definitivo. Ressaltamos também
que o decurso de tempo é necessário neste processo, aliado ao esclarecimento
através do Evangelho exemplificado pelo Mestre Jesus, aprofundado com os
ensinamentos da Doutrina dos Espíritos. A necessidade de renovação íntima e
moral, e também de que em toda infração cometida à Lei de Deus, nascem o
arrependimento, expiação e reparação.
André Afonso Monteiro
Fonte: Correio Espirita
Bibliografia:
- Dias, Haroldo Dutra. João, capítulo
8, O Novo Testamento/ tradução de Haroldo Dutra Dias. – 1. ed. 2. imp. –
Brasília: FEB, 2013.
- Rodrigues, Amélia (Espírito). Atire
a primeira pedra. Luz no Mundo/ pelo Espírito Amélia Rodrigues; [psicografado
por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 1971.
- Rodrigues, Amélia (Espírito).
Encontro de reparação. Pelos Caminhos de Jesus/ pelo Espírito Amélia Rodrigues;
[psicografado por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 1988.
- Kardec, Allan, 1804-1869. Código
penal da vida futura. O Céu e o Inferno, ou, A Justiça Divina Segundo o
Espiritismo/ Allan Kardec; tradução de Albertina Escuderio Sêco. – 2. ed. – Rio
de Janeiro: CELD, 2011.
- www.feparana.com.br. Site federação
Espírita do Paraná. Artigo a Mulher Equivocada.