Pesquisa
avaliou benefícios do passe espírita em pacientes
Estudo
iniciado em 2013 no Hospital de Clínicas da UFTM buscou registrar resultados do
passe espírita aliado ao tratamento convencional em recém-nascidos, adultos e
pacientes com problemas cardiovasculares.
Coordenada
pela fisioterapeuta Élida Mara Carneiro e pela médica Maria de Fátima Borges, a
investigação teve como objetivo descobrir se o passe pode diminuir níveis de
ansiedade, depressão, estresse, dor, complicações, tempo de internação e
promover alterações no hemograma e parâmetros fisiológicos.
“O passe
espírita é a transfusão de energias psíquicas retiradas de um reservatório
ilimitado - forças espirituais - capazes de promover transformações no campo
celular. Isso, a partir da imposição de mãos de médiuns com o auxílio de bons
espíritos”, define a fisioterapeuta.
Recém-nascidos
Vinte e seis
bebês prematuros, divididos em dois grupos, receberam imposição de mãos, com
intenção de cura, durante três dias consecutivos, por dez minutos. Em um dos
grupos a imposição foi realizada por técnicos de enfermagem treinados. No
outro, por médiuns.
Segundo
Carneiro, constatou-se redução significativa na frequência respiratória -
medida por meio de um monitor multiparamétrico - e alterações positivas nos
hemogramas, ambos no grupo submetido à ação conduzida por médiuns.
Essas
alterações foram: redução no valor da hemoglobina, aumento nos níveis de
neutrófilos e linfócitos total. Nesse grupo, também diminuiu o número de
complicações - uso de antibióticos, drogas vasoativas e diagnóstico de anemia -
basicamente para a metade, conforme a pesquisa.
O tempo de
permanência hospitalar após o término das intervenções, no grupo controle, foi
em média 23 dias; no grupo alocado no passe espírita, 13 dias. No parâmetro
estresse, avaliado pela dosagem de cortisol salivar, não se detectou diferença
relevante.
Adultos
Cinquenta e
nove adultos internados nas enfermarias do HC-UFTM foram divididos em três
grupos: imposição de mãos conduzida por técnicos de enfermagem, por médiuns e
sem imposição de mãos.
Os
pesquisadores concluíram que houve diminuição significativa nos níveis
mensurados pela Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. Também diminuiu a
tensão muscular desse grupo, avaliada pela Escala Visual Analógica de Tensão
Muscular. Constatou-se, ainda, melhora nos resultados medidos pela Escala
Visual Analógica de Bem-Estar. Nos parâmetros dor, frequência cardíaca e
saturação periférica de oxigênio não foram constatadas diferenças relevantes.
Cardiopatas
Também
divididos em três grupos, 41 pacientes com problemas cardiovasculares
participaram da pesquisa. Os resultados, publicados na edição de Fevereiro do
periódico científico Complementary Therapies in Medicine, indicam que houve
queda nos níveis de ansiedade e da tensão muscular dos alocados no passe.
No mesmo
grupo, observou-se aumento na sensação de bem-estar e na saturação periférica
de oxigênio – avaliada por um oxímetro de pulso. Nos parâmetros dor, depressão
e frequência cardíaca não houve diferenças significativas.
Entrevista
concedida ao jornal Folha Espírita (FE - www.folhaespirita.com.br) pela
pesquisadora e fisioterapeuta Élida Mara Carneiro (EMC), coordenadora da
Capelania Espírita do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro e membro da Associação Médico-Espírita de Uberaba (AME-UBE)
FE: Como
surgiu a ideia de aplicar o passe no tratamento de neonatos?
EMC: Há
cinco anos iniciamos a Capelania Espírita no Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) que inclui, entre as diversas
atividades e locais de atuação, a aplicação de passe espírita nos neonatos da
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica. Com o intuito de realizar
as pesquisas para avaliar os efeitos do passe espírita, escolhemos,
inicialmente, os recém-nascidos pelo fato de ter sido realizado um estudo
anterior com essa população e alguns membros da equipe já possuírem habilidade
na coleta de cortisol salivar. Posteriormente, continuamos as pesquisas
inserindo outras populações.
FE: O que é
avaliado? Há alterações antes, durante ou após o passe?
EMC: Em
recém-nascidos foi realizado um ensaio clínico randomizado duplo-cego. Foram
avaliados os níveis de estresse por meio da análise do cortisol salivar, dor,
parâmetros fisiológicos como frequência respiratória, frequência cardíaca e
saturação periférica de oxigênio, antes e após a aplicação do passe espírita comparado
à imposição de mãos com intenção de cura, durante 10 minutos, durante três dias
consecutivos. Após as intervenções foram anotadas as complicações e o tempo de
permanência dos recém-nascidos no hospital. Foi encontrada redução significante
da frequência respiratória e diminuição considerável, embora sem significância
estatística, do número de complicações e do tempo de internação nos
recém-nascidos que receberam o passe espírita comparado à imposição de mãos com
a intenção de cura.
FE: Esse
estudo foi realizado com pacientes adultos?
EMC: Em
adultos, dois estudos foram publicados. O primeiro incluiu pacientes internados
na Enfermaria de Clínica Médica. Os pacientes foram alocados em três grupos:
passe espírita, imposição de mãos com a intenção de cura e controle, durante 10
minutos, três dias consecutivos. As variáveis psicológicas avaliadas foram:
níveis de ansiedade, depressão, intensidade de dor, percepção de tensão
muscular e sensação de bem-estar. E como variáveis fisiológicas os parâmetros:
frequência cardíaca e saturação periférica de oxigênio. Concernente aos
resultados, houve redução significante nos níveis de ansiedade, depressão e
tensão muscular, com consequente aumento da sensação de bem-estar nos pacientes
que receberam o passe espírita. Em relação ao segundo estudo, a amostra
compreendeu pacientes com doenças cardiovasculares hospitalizados. Observou-se
no grupo que recebeu passe espírita diminuição significativa nos escores de
ansiedade e de percepção da tensão muscular, melhoria da sensação de bem-estar
e aumento da saturação periférica de oxigênio, e, no grupo imposição de mãos
com a intenção de cura, houve redução significante da percepção de tensão
muscular e aumento da sensação de bem-estar. Entretanto, a redução da tensão
muscular e melhoria do bem-estar foram maiores no grupo que recebeu o passe
espírita.
FE: Se houve
alterações, elas são puramente observacionais ou pode-se mensurá-las
clinicamente?
EMC: As
alterações foram mensuradas por meio de instrumentos validados para o Brasil,
as medidas de parâmetros fisiológicos pelos monitores específicos e a dosagem
de cortisol salivar em laboratório de referência. Ressalta-se que, em todos os
estudos, os avaliadores eram "cegos" (entenda-se: desconheciam) aos
procedimentos que os pacientes recebiam, ou seja, os examinadores que
participaram da aplicação dos questionários, da coleta de cortisol salivar e
das variáveis fisiológicas não conheciam qual tratamento os pacientes estavam
recebendo e em qual grupo estavam alocados.
FE: Os
resultados foram os esperados pela equipe de pesquisadores?
EMC: A
equipe da pesquisa esperava os resultados diante das hipóteses dos estudos,
embora nem todas as variáveis apresentassem diferenças significativas
pressupostas.
FE: E a
recepção por parte de colegas, profissionais de Saúde e da diretoria do
hospital em relação à pesquisa?
EMC:
Diversos profissionais de Saúde e colegas demonstraram interesse pelos
resultados das pesquisas. Em relação à diretoria do hospital, desde o início,
tivemos um valoroso apoio da superintendência e também dos coordenadores dos
diversos setores do hospital.
FE: A
aceitação também foi igual por parte dos familiares dos pacientes?
EMC: A
aceitação do passe espírita, durante a realização das pesquisas, pelos pais dos
recém-nascidos e familiares dos pacientes foi relevante (89%). Esses resultados
denotam a aceitação dessa terapia complementar pela maioria dos indivíduos
elegíveis para a pesquisa, independentemente da crença religiosa.
FE: Há algum
novo projeto envolvendo o passe para o futuro?
EMC: Sim,
estamos trabalhando em novo estudo com a avaliação de outras variáveis.
Fontes:
(1) Unidade
de Comunicação HC-UFTM - o8.Jun.2017
Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
http://www.ebserh.gov.br/…/2017-06-pesquisa-avaliou-benefic….
(2) Folha
Espírita - Edição 518 - Abr.2017
Passe
espírita é tema de pesquisa em universidade mineira