Seguidores

sábado, 21 de maio de 2016

CHICO XAVIER CONTA SOBRE A VISITA QUE FEZ À COLÔNIA ESPIRITUAL "NOSSO LAR" NA COMPANHIA DE ANDRÉ LUIZ!

Tive a alegria de conhecer a Doutrina em 1980 e o prazer de conhecer (ou reconhecer) o médium Chico Xavier em 1981, em Pedro Leopoldo (MG), na casa de sua irmã, Cidália Xavier e do nosso saudoso Francisco Carvalho. Um encontro que ficará registrado na minha memória espiritual. Nesse período, estabelecemos um contato estreito, onde tive a oportunidade de acompanhar parte do seu admirável trabalho. Em todos esses anos, sempre procurei manter a nossa amizade em bases de respeito e confiança. Talvez, por isso, ela só tenha sido interrompida em 30 de junho de 2002.
O caso que narro a seguir foi contado pelo Chico, em meados da década de 80, na casa de sua irmã Luiza Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo (MG). Estávamos conversando sobre o livro Nosso Lar, quando fiz ao Chico a seguinte pergunta:
Qual foi o acontecimento que mais o alegrou na Seara Espírita até o dia de hoje?
R - Tenho tido sempre muitas alegrias em minha vida mediúnica, principalmente na recepção dos livros de nossos instrutores do Alto,
no entanto, assinalo, como sendo uma das mais belas surpresas da minha vida de médium, a saída de meu corpo físico, durante algumas horas, em julho de 1943, na companhia do nosso amigo desencarnado, André Luiz, a fim de conhecer uma faixa suburbana de Nosso Lar, a cidade que ele descreve no primeiro livro que ele escreve, por meu intermédio, providência essa que Emmanuel permitiu fosse tomada para que eu não prejudicasse a psicografia de André Luiz, cujas narrações eram para mim inteiramente novas.” (No Mundo de Chico Xavier, p. 106-107) Chico Xavier.
Ele me disse também que no capítulo do livro intitulado Bônus Hora, ele havia parado de psicografar por uns 15 dias.
Pensou que estava sendo mistificado. Segundo ele, André Luiz, percebendo que a dúvida poderia atrapalhar o desenvolvimento da obra, disse que em uma das quartas-feiras ele seria levado para conhecer alguns aspectos da cidade. Recomendou o Chico quanto aos cuidados em relação aos pensamentos e à alimentação. E aconselhou que ele se deitasse em decúbito dorsal, procurando evitar qualquer posição desconfortável, principalmente para a região do pescoço. Chico disse que ele se deslocou do corpo e ficou aguardando a chegada de André Luiz, mantendo boa consciência.
No horário marcado, André Luiz e Chico “caminham” na rua São Sebastião, em direção à rua Comendador Antônio Alves (rua principal da cidade), e ficam aguardando em frente à Matriz. Lá permanecem por alguns minutos, quando Chico observa que um veículo na forma de um “cisne” aterriza suavemente na rua. No lugar onde ficam os “órgãos do cisne” se localizavam as janelas e nos “olhos do cisne” os condutores do veículo.
Antes de entrar no citado veículo, André Luiz disse a Chico que a partir daquele momento ele não precisava articular nenhuma palavra, que se comunicariam através do pensamento. Entraram no veículo e Chico observou que todos os lugares já estavam ocupados, com exceção dos dois últimos. Chico perguntou mentalmente a André Luiz o que aquelas pessoas estavam fazendo ali e ele disse que muitas estavam indo à cidade de Nosso Lar para refazimento e outras para orientação e instrução, sempre acompanhadas por algum amigo ou benfeitor espiritual.
Chico observou que o deslocamento do veículo era muito diferente do avião comum, que para pegar altitude tem de dispor de muito espaço. Ao contrário, aquele veículo pegava altitude rapidamente e foi exemplificando com as mãos que o veículo pegava altitude utilizando um movimento espiralado.
Chico não soube precisar exatamente quanto tempo esteve no veículo, mas me relatou que acreditava ter ficado por volta de 40 minutos. Disse ainda que não era possível observar pela janela o que estava acontecendo na paisagem exterior e que, de repente, o veículo fez um movimento semelhante ao de quando empurramos um objeto de plástico para o fundo da água e o soltamos ele volta um pouco acima do nível da água e depois se acomoda na superfície.
Naquele momento, quando Chico olhou pela janela, o veículo estava sobre um oceano. Segundo André Luiz, na perspectiva de Nosso Lar os encarnados "estão vivendo em um mar de oxigênio”. 
O médium relatou que o veículo deslizou por alguns minutos na horizontal e parou em uma espécie de porto. O comandante da “nave” disse a todos que deveriam estar novamente naquele local a uma determinada hora.
Cada grupo seguiu a sua direção. Chico afirmou que no trajeto para a cidade existiam flores emitindo cores variadas. André Luiz disse que pela manhã as flores absorvem a luz solar e à noite emitem luz, permitindo um jogo de cores impressionante. Chico não teve permissão de conhecer a Governadoria.
Observou que as ruas eram bem largas e arborizadas. Conheceu algumas dependências do Ministério da Regeneração. Disse que entrou em uma espécie de hospital (acho que ele se referiu ao Santuário da Bênção). Viu muitos enfermos. Observou que as lâmpadas nesse local tinham a forma de um coração. André Luiz disse que durante as orações da Governadoria e de toda a comunidade, pontualmente às 18h, os enfermos recebem energias de refazimento através dessas lâmpadas.
André Luiz falou sobre o chamado Bônus Hora, explicando o seu mecanismo. Boa parte dessa explicação consta no próprio livro. Retornaram no horário previsto.
Das obras psicografadas pela faculdade mediúnica do nosso Chico Xavier, na minha opinião, a série André Luiz representa uma fonte inesgotável de informação, consolo e esclarecimento. Precisamos estudá-la urgentemente.
Ana Maria Teodoro Massuci.
Fonte: Geraldo Lemos Neto Vinha de Luz Editora Ismael Gobbo | SP

Jhon Harley - Presidente do Conselho Curador da Fundação Cultural Chico Xavier, instituída em 01/07/2005, e trabalhador do Grupo Espírita Scheilla e da Casa de Chico Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo (MG).

sexta-feira, 20 de maio de 2016

“A SEPARAÇÃO RESOLVE?" CONFLITOS ENTRE CASAIS SE RESOLVE COM O DIVÓRCIO?

Os dias atuais têm testemunhado muitas separações conjugais. Nós perguntamos, e gostaríamos que você respondesse, com toda a sinceridade: a separação resolve?
Embalados pelo suave encantamento do namoro e noivado, os casais entram na barca da paixão e se deixam levar pelo grande oceano do casamento.
Sentindo ainda as emoções dos primeiros tempos, tudo é alegria e contentamento...
A música, o perfume, as flores, os passeios, a comida predileta, tudo é compartilhado com carinho e cada um faz tudo para agradar ao outro.
Na balança das ações, somente o prato das virtudes é utilizado.
Todavia, o tempo passa... surgem os ventos, os maremotos, a neblina... E as dificuldades começam...
O casal esquece de estender a ponte do diálogo que, certamente, iria propiciar soluções para os problemas ou encontrar maneiras de os contornar com sabedoria.
Surgem os conflitos... e na balança das ações começa a pesar mais o prato das imperfeições...
Perguntamo-nos: Como pôde aquela alma tão querida de outrora se transformar em uma pessoa cheia de defeitos? E o outro, seguramente, faz-se os mesmos questionamentos a nosso respeito.
Cada um se isola num canto da barca buscando resolver o próprio problema. O que antes era compartilhado com carinho e doçura, agora é tratado de forma egoísta e, muitas vezes, injusta.
É bem certo que o suave encantamento do início não é mais o mesmo, todavia, ele ainda está lá, basta que o busquemos.
Iremos descobrir que, com o passar do tempo, os sentimentos amadureceram, se transformaram em amizade, em companheirismo, em afeto verdadeiro...
Vale a pena que repensemos a nossa situação relativamente ao casamento. Vale a pena lembrar que, os que estamos em família, não estamos juntos por conta do acaso.
Se o esposo ou esposa não é bem o que desejamos, lembremos que é o melhor que Deus pôde nos oferecer para que cresçamos juntos.
Se a barca do nosso casamento está navegando por mares difíceis e as neblinas densas dos problemas o ameaçam, pensemos nos frutos dessa união: os filhos, que se somaram a nós.
Busquemos colocar na balança todos os momentos de alegria compartilhada...
As pequenas coisas que nos faziam rir antes...
As tantas vezes que o outro nos acarinhou os cabelos nos momentos amargos...
Os chás feitos com ternura nos dias de enfermidades...
As preces dirigidas a Deus, em nosso favor...
Os cabelos brancos, adquiridos juntos... os quilinhos a mais... os vincos na face... os filhos amados...
Tudo isso deve ser pesado antes de decidir-se pela separação, causadora, em muitos casos, de maiores dissabores e tormentos.
Nesses tempos de dificuldades, quando as pessoas buscam a separação por motivos fúteis, lembre-se de que talvez os dois juntos superem os obstáculos com mais facilidade, se somarem ao invés de dividir.
E se o fato já estiver consumado, não se desespere, busque amar e compreender, rogando a Deus que o abençoe, abençoando igualmente os demais familiares, que são também, antes de tudo, filhos de Deus.
Redação do Momento Espírita.

.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

“VOCÊ APROVEITA A VIDA?

Você aproveita a vida?
É muito comum ouvir as pessoas e, principalmente os jovens, dizendo que querem aproveitar a vida. E isso geralmente é usado como desculpa para eximir-se de assumir responsabilidades.
Mas, afinal de contas, o que é aproveitar a vida?           
Para uns é matar-se aos poucos com as comilanças, bebidas alcoólicas, fumo e outras drogas.
Para outros é arriscar a vida em esportes perigosos, noitadas de orgias, consumir-se nos prazeres carnais.
Talvez isso se dê porque muitos de nós não sabemos porque estamos na Terra. E, por essa razão, desperdiçamos a vida em vez de aproveitá-la.
Certo dia, um jovem que trabalhava em uma repartição pública, na companhia de outros colegas que costumavam se reunir todos os finais de expediente para beber e fumar à vontade, foi convidado a acompanhá-los.
Ele agradeceu e disse que não bebia e que também não lhe agradava a fumaça do cigarro. Os demais riram dele e lhe perguntaram, com ironia, se a religião não lhe permitia, ao que ele respondeu: A minha inteligência é que me impede de fazer isso. 
E que inteligência é essa que não lhe permite aproveitar a vida? Perguntaram os colegas.
O rapaz respondeu com serenidade: E vocês acham que eu gastaria o dinheiro que ganho para me envenenar? Vocês se consideram muito espertos, mas estão pagando para estragar a própria saúde e encurtar a vida que, para mim, é preciosa demais.
Observando as coisas sob esse ponto de vista, poderemos considerar que aproveitar a vida é dar-lhe o devido valor.
É investir os minutos preciosos que Deus nos concede em atividades úteis e nobres.
Quando dedicamos as nossas horas na convivência salutar com os familiares, estamos bem aproveitando a vida.
Quando fazemos exercícios, nos distraímos no lazer, na descontração saudável, estamos dando valor à vida.
Quando estudamos, trabalhamos, passeamos, sem nos intoxicar com drogas e excessos de toda ordem, estamos aproveitando de forma inteligente as nossas existências.
Quando realmente gostamos de alguma coisa, fazemos esforços para preservá-la. Assim também é com relação à vida. E não nos iludamos de que a estaremos aproveitando acabando com ela.
Se você é partidário dessa ideia, vale a pena repensar com seriedade em que consiste o aproveitamento da vida.
E se você acha que os vícios lhe pouparão a existência, visite alguém que está se despedindo dela graças a um câncer de pulmão, provocado pelo cigarro.
Converse com quem entrega as forças físicas a uma cirrose hepática causada pelos alcoólicos.
Ouça um guloso inveterado que se encontra no cárcere da dor por causa dos exageros na alimentação.
Visite um infeliz que perdeu a liberdade e a saúde para as drogas que o consomem lentamente. 
Observando a vida através desse prisma, talvez você mude o seu conceito sobre aproveitar a vida.
A vida é um poema de beleza, cujos versos são constituídos de propostas de luz, escritas na partitura da natureza, que lhe exalta a presença em toda parte.
Em consequência, a oportunidade da existência física constitui um quadro à parte de encantamento e conquistas, mediante cuja aprendizagem o Espírito se embeleza e alcança os altos planos da realidade feliz.
Redação do Momento Espírita




quarta-feira, 18 de maio de 2016

“RELAÇÕES FAMILIARES” COMO CONVIVER COM PARENTES DESAFETOS?

O lar, na Terra, é um bendito laboratório para as experiências da evolução do Espírito.
A família constitui uma verdadeira escola na qual recebemos aquilo que, afetivamente, para nós está reservado, nesta existência.
Este núcleo de convivência é um educandário de excelente qualidade para os ajustes das mais variadas naturezas, sendo, sempre, uma oportunidade de crescimento espiritual.
Retornam, como nossos familiares, Espíritos com os quais necessitamos conviver e aos quais devemos aprender a amar.
Na vida familiar os Espíritos vinculados têm a convivência necessária para aprender comportamentos saudáveis, para praticar o amor e o respeito mútuos.
É por esta razão que habitualmente não se tem a família que se gostaria de ter, mas aquela que necessitamos para valiosas conquistas espirituais.
Deus, em Sua imensa bondade, frequentemente, nos permite o retorno, junto a alguns Espíritos com os quais já tenhamos evoluído afetivamente, sendo, para nós, os familiares que mais nos amam e por nós são amados.
É possível entender, portanto, que o ambiente que temos em nossa casa é resultado da semeadura que fizemos em passado distante.
Por esta razão não devemos desdenhar a família que temos, e, muito menos, desejar abandoná-la. Ao tomar tal atitude estamos deixando de aproveitar uma grande oportunidade de ajustamento.
Pais desatenciosos, muitas vezes, nos são colocados para que valorizemos o amor paternal.
Irmãos que não querem nos amar, e que por vezes nos fazem sofrer, devem ter, de nossa parte, o amor como resposta, pois esta é uma maneira de progredirmos.
Filhos problemáticos nos são dados para que aprendamos a amar incondicionalmente. Jamais devemos maltratá-los ou abandoná-los.
Não lamentemos o ninho doméstico que se encontra conturbado ou desfeito, nem a solidão que possamos sentir. Entendamos que, provavelmente, é uma lição pela qual necessitamos passar no caminho de nossa evolução.
Se entendêssemos que a família verdadeira é a família espiritual e que a família terrestre nos é um educandário, passaríamos a conviver melhor com nossos familiares.
Talvez, para alguns deles o amor não desabroche facilmente, mas o primeiro passo pode ser dado no momento em que aprendamos a não revidar, a silenciar se uma palavra de carinho não puder ser pronunciada.
Tenhamos a certeza de que cada membro de nosso lar é uma gema preciosa, que nos é concedida para nossa lapidação, e que o convívio diário deve ser norteado no amor, no respeito, na resignação.
O lar é, em realidade, a primeira escola da vida física, e a família é o mecanismo superior para a valorização da harmonia em nossa existência.
Agradeçamos sempre a Deus esta oportunidade a nós concedida e que se chama família.

    Redação do Momento Espírita com base no cap. 20 do livro Iluminação interior,

pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco. 

terça-feira, 17 de maio de 2016

“OS ANJOS CAÍDOS, O PARAÍSO PERDIDO E O PECADO ORIGINAL”

Os mundos progridem fisicamente pela elaboração da matéria, e normalmente pela purificação dos Espíritos que o habitam. A felicidade existe nele, em razão da predominância do bem sobre o mal, e a predominância do bem é o resultado do progresso moral dos Espíritos. O progresso intelectual não basta, pois que com a inteligência, eles podem fazer o mal. Logo que um mundo alcança um dos seus períodos de transformação que o deve fazer galgar a hierarquia, operam-se mutações em sua população encarnada e desencarnada; é então que se realizam as grandes emigrações e imigrações. Aqueles que, apesar de sua inteligência e de seu saber, perseveraram no mal, em sua revolta contra Deus e suas leis, seriam a partir de então um entrave ao progresso moral ulterior, uma causa permanente de dificuldades ao repouso e felicidade dos bons; é por isso que são excluídos e enviados a mundos menos adiantados; lá eles aplicarão sua inteligência e a intuição de seus conhecimentos adquiridos, ao progresso daqueles em cujo meio são chamados a viver, ao mesmo tempo que expiarão, numa série de existências penosas e através de um duro trabalho, suas faltas passadas e seu endurecimento voluntário.
Que serão eles, no meio de tais povos, novos para eles, ainda na infância da barbárie, senão anjos ou Espíritos decaídos, enviados em expiação? A Terra da qual foram expulsos não será para eles um paraíso perdido? Ela não era, para esses degredados, um lugar de delícias, em comparação com o meio ingrato onde vão se encontrar relegados, durante milhares de séculos, até o dia em que terão merecido sua libertação? A vaga recordação intuitiva que conservarão, é para eles como uma miragem longínqua que os faz lembrar aquilo que perderam por suas faltas.
Porém ao mesmo tempo que os maus partem do mundo que habitavam, são substituídos por Espíritos melhores, vindos talvez da erraticidade desse mesmo mundo ou de um mundo menos adiantado que deixaram por merecimento, e para os quais sua nova residência é uma recompensa. A população espiritual sendo assim renovada e purgada de seus piores elementos, no fim de algum tempo fará com que o estado moral do mundo se encontre melhorado.
Estas mudanças são algumas vezes parciais, isto é, limitadas a um povo, a uma raça; outras vezes, são gerais, quando o período de renovação chegou para o globo.
A raça adâmica tem todos os caracteres de uma raça proscrita; os Espíritos que dela fazem parte foram exilados sobre a Terra, já povoada porém por homens primitivos, mergulhados na ignorância, e que eles têm por missão fazer progredir, trazendo-lhes as luzes de uma inteligência desenvolvida. Não será esse, com efeito, o papel que esta raça executou até hoje? Sua superioridade intelectual prova que o mundo de onde saíram era mais adiantado que a Terra; porém, devendo aquele mundo entrar numa nova fase de progresso, e esses Espíritos, por via de sua obstinação, não tendo sabido se colocar à altura desse progresso, ali estariam deslocados, e teriam sido um entrave à marcha providencial das coisas; é por isso que eles foram excluídos, enquanto que outros mereceram substituí-los.
Ao relegar essa raça sobre esta terra de labores e de sofrimentos, Deus teve razão de lhes dizer: "Tirarás teu alimento com o suor de teu rosto." Em sua mansuetude, prometeu-lhe que enviaria o Salvador, isto é, aquele que deveria clarear seu caminho pelo qual sairia deste lugar de misérias, deste inferno, e chegaria à felicidade dos eleitos. Este Salvador, ele o enviou na pessoa do Cristo, que ensinou a lei de amor e de caridade, desconhecida deles, e que devia ser a verdadeira âncora de salvação.
É igualmente com a finalidade de fazer progredir a humanidade num sentido determinado, que os Espíritos superiores, sem ter as qualidades do Cristo, se encarnam de tempos a tempos sobre a Terra, para ali realizar missões especiais que ao mesmo tempo resultam em seu progresso pessoal, se eles as executarem segundo as finalidades do Criador.
Sem a reencarnação, a missão do Cristo seria um contrassenso, assim como a promessa feita por Deus. Suponhamos, com efeito, que a alma de cada homem seja criada com o nascimento de seu corpo, e que ela nada faça senão aparecer e desaparecer sobre a Terra; não há nenhuma relação entre as que vieram desde Adão, até Jesus Cristo, nem entre aquelas que vieram depois; serão todas estranhas umas às outras. A promessa de um Salvador feita por Deus não poderia se aplicar aos descendentes de Adão, se suas almas não tivessem ainda sido criadas. Para que a missão do Cristo pudesse ligar-se às palavras de Deus, era preciso que tais palavras pudessem se aplicar às mesmas almas. Se essas almas forem novas, não podem ser manchadas pela falta do primeiro pai, o qual nada mais é senão o pai carnal, e não o pai espiritual; por outro modo Deus teria criado almas manchadas por uma falta que não podia recair sobre elas, pois ainda não existiam. A doutrina vulgar do pecado original implica, pois, a necessidade de uma relação entre as almas do tempo do Cristo com as do tempo de Adão, e por conseguinte, a reencarnação. Admiti que todas essas almas faziam parte da colônia de Espíritos exilados sobre a Terra no tempo de Adão, e que elas eram manchadas por vícios que as haviam excluído de um mundo melhor, e tereis a única interpretação racional do pecado original, pecado próprio de cada indivíduo, e não o resultado da responsabilidade da falta de outrem, que ele jamais terá conhecido; dizer que essas almas ou Espíritos renascem por diversas vezes sobre a Terra, na vida corporal, para progredir e se purificar; que o Cristo veio iluminar essas mesmas almas não somente por suas vidas passadas, mas também por suas vidas ulteriores, e somente assim vós dareis à sua missão uma finalidade real e séria, aceitável pela razão.

A GENESE DE ALLAN KARDEC

segunda-feira, 16 de maio de 2016

“AJUDA-TE E O CÉU TE AJUDARÁ” FAZ A TUA PARTE E EU TE AJUDAREI"

Pedi, e dar-se-vos-á, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca, acha; e a quem bate, abrir-se-á. Ou qual de vós, porventura, é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus, dará boas dádivas aos que lhes pedirem. (Mateus, VII: 7-11).
Segundo o modo de ver terreno, a máxima: Buscai e achareis, é semelhante a esta outra: Ajuda-te e o céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho, e por conseguinte, da lei do progresso. Porque o progresso é o produto do trabalho, desde que é este que põe em ação as forças da inteligência.
Na infância da Humanidade, o homem só aplica a sua inteligência na procura de alimentos, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos inimigos. Mas Deus lhe deu, a mais do que ao animal, o desejo constante de melhorar, ou seja, essa aspiração do melhor, que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua situação, levando-o às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da ciência, pois é a ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Graças às suas pesquisas, sua inteligência se desenvolve, sua moral se depura. Às necessidades do corpo sucedem as necessidades do espírito: após o alimento material, ele necessita do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.
Mas o progresso que cada homem realiza individualmente, durante a vida terrena, é coisa insignificante, e num grande número deles, até mesmo imperceptível. Como, então, a Humanidade poderia progredir, sem a preexistência e a reexistência da alma? Se as almas deixassem a Terra todos os dias, para não mais voltar, a Humanidade se renovaria sem cessar com as entidades primitivas, que teriam tudo a fazer e tudo a aprender. Não haveria razão, portanto, para que o homem de hoje fosse mais adiantado que o dos primeiros tempos do mundo, pois que, para cada nascimento, o trabalho intelectual teria de recomeçar. A alma voltando, ao contrário, com o seu progresso já realizado, e adquirindo de cada vez alguma experiência a mais, vai assim passando gradualmente da barbárie à civilização material, e desta à civilização moral. (Ver cap. IV, nº 17).
Se Deus tivesse liberado o homem do trabalho físico, seus membros seriam atrofiados; se o livrasse do trabalho intelectual, seu espírito permaneceria na infância, nas condições instintivas do animal. Eis porque ele fez do trabalho uma necessidade, e lhe disse: Busca e acharás; trabalha e produzirás; e dessa maneira serás filho das tuas obras, terás o mérito da sua realização, e serás recompensado segundo o que tiveres feito.
É em virtude da aplicação desse princípio que os Espíritos não vêm poupar ao homem o seu trabalho de pesquisar, trazendo-lhe descobertas e invenções já feitas e prontas para a utilização, de maneira a só ter que tomá-las nas mãos, sem sequer o incômodo de um pequeno esforço, nem mesmo de pensar. Se assim fosse, o mais preguiçoso poderia enriquecer-se, e o mais ignorante tornar-se sábio, ambos sem nenhum esforço, e atribuindo-se o mérito do que não haviam feito. Não, os Espíritos não vêm livrar o homem da lei do trabalho, mas mostrar-lhe o alvo que deve atingir e a rota que  leva a ele, dizendo: Marcha e o atingirás! Encontrarás pedras nos teus passos; mantém-te vigilante, e afasta-as por ti mesmo! Nós te daremos a força necessária, se quiseres empregá-la. (Ver Livro dos Médiuns, cap. XXVI, nº 291 e segs.).
Segundo a compreensão moral, essas palavras de Jesus significam o seguinte: Pedi à luz que deve clarear o vosso caminho, e ela vos será dada; pedi a força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos Bons Espíritos, e eles virão ajudar-vos, e como o anjo de Tobias, vos servirão de guias; pedi bons conselhos, e jamais vos serão recusados; batei à nossa porta, e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças, e as próprias quedas que sofrerdes constituirão a punição do vosso orgulho.
É esse o sentindo dessas palavras do Cristo: Buscai e achareis, batei e abrir-se-
vos-á

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.

domingo, 15 de maio de 2016

"MUITO ALÉM DO UMBRAL"


A fim de que possamos melhor avaliar a posição de inferioridade a que se aferram os espíritos que habitam as regiões umbralinas, é preciso entender que o ser humano é o somatório de seus atos, pensamentos e sentimentos.
Na estrutura de suas vibrações pessoais, está definido o padrão de sua personalidade, como a impressão digital magnética inconfundível, que atesta o nível de elevação, de compromisso como o espelho fiel do seu caráter geral.
Dessa maneira, uma vez perdido o envoltório carnal, os espíritos, que até a morte física estavam levando a sua vida de acordo com seus hábitos, seus costumes e com aquilo que se costuma chamar de “imposição do meio social”, despertam no lado espiritual ostentando em si próprio o padrão luminoso ou escuro de todos os seus comportamentos, sem poder evitar que, no caso da ausência de luz pessoal, isso tenha sido produzido pela sua adesão ao tipo comum da conduta da maioria das pessoas.
Ser normal como a maioria das pessoas, fazer o que todo mundo faz, andar pelos mesmos caminhos e se desculpar, nos erros cometidos, alegando que nada mais fez do que seguir o grande rebanho dos inconsequentes, não servirá a ninguém como escusa ou argumento capaz de melhorar a sua posição vibratória.
Na realidade do mundo espiritual, a questão da essência é fundamental. Seremos, efetivamente, aquilo que fizemos de nós próprios, ainda que o tenhamos feito tão somente para agradar aos outros ou para não destoarmos da maioria. Esteja certo que a maioria das pessoas também estará mal como aqueles indivíduos que imitou e se manteve sem melhoras significativas.
Deste modo, surpreendido no plano do espírito, a maioria dos indivíduos se sente fustigada por essa aparente contradição, alegando de maneira infantil que conduziu sua existência por um caminho que lhe parecia justo e correto. Muitos costumam dizer: Eu não fiz mal a ninguém; nunca prejudiquei o meu semelhante, nunca tirei o que não me pertencia. Então, como é que vim parar aqui? Onde está o paraíso.
E, quando lhes é perguntado acerca do Bem que espalharam, se perdoaram os que os prejudicaram ou se dividiram o que lhes pertencia com os que nada possuíam, as respostas desaparecem e o desejo de encontrar o paraíso murcha diante da realidade da omissão, do egoísmo, da indiferença para com os que eram seus semelhantes.
Por isso, quando o espírito recém-chegado da Terra se conscientiza de que não será capaz de esconder coisa nenhuma de suas intenções mais vis,  de seus pensamentos maus ocultos e de seus atos mais inferiores- coisa que todo mundo está acostumado a fazer num mundo físico que admite todo tipo de máscaras e disfarces,- se vê desnudado na sua maneira verdadeira de ser e, por mais que suas palavras digam o contrário- já que continuará tentando fantasiar a verdade com tênue véu da fantasia-  seu perispírito, como espelho de sua alma, denunciará a sua realidade à vista de todas as pessoas.
Será como o bêbedo falando que não bebeu, mas sendo denunciado pelo próprio hálito.
Isso é o que espera pela maioria dos indiferentes, dos que se consideram razoáveis
Indivíduos, que muitas vezes se têm até mesmo na conta dos que são eleitos de Deus.
Quando, no entanto, sobre a consciência do espírito pesam atos nocivos, erros clamorosos, deliberadamente cometidos sob a condescendência de um caráter ao mesmo tempo cruel e fraco, os efeitos de tais ações se cristalizam na estrutura sutil de seu envoltório energético e o deformam, desestruturando a sua harmonia pelo exercício de sentimentos contrários à lei de Amor que rege o Universo.
JOSÉ LUIZ RUIZ. Pelo Espírito: “LUCIUS”.

Da obra: “ A Força da Bondade.”

sábado, 14 de maio de 2016

“O ÚLTIMO DIA...”

Naquela manhã, sentiu vontade de dormir um pouco mais. Estava cansado, tinha deitado muito tarde e não havia dormido bem. Mas logo abandonou a ideia de ficar um pouco mais na cama, e levantou-se, pensando nas muitas coisas que precisava fazer na empresa.
Lavou o rosto e fez a barba correndo, automaticamente. Não prestou atenção no rosto cansado e nem nas olheiras escuras, resultado de noites mal dormidas.
Engoliu o café e saiu resmungando baixinho um "bom dia", sem muita convicção. Desprezou os lábios da esposa, que se ofereciam para um beijo de despedida. Não entendia porque ela se queixava tanto da ausência dele e vivia pedindo mais tempo para ficarem juntos.
Ele estava conseguindo manter o elevado padrão de vida da família, não estava? Isso não bastava?
Entrou no carro e saiu. Pegou o telefone celular e ligou para sua filha. Sorriu quando soube que o netinho havia dado os primeiros passos. Ficou sério quando a filha lembrou-o de que há tempos ele não aparecia para ver o neto e o convidou para almoçar.
Ele relutou bastante: sabia que iria gostar muito de estar com o neto. Mas não podia, naquele dia, sair da empresa. Quem sabe no próximo final de semana?
Chegou à empresa e mal cumprimentou as pessoas. A agenda estava lotada, e era muito importante começar logo a atender seus compromissos, pois tinha plena convicção de que pessoas de valor não desperdiçam seu tempo com conversa fiada.
Na hora do almoço, pediu à secretária para trazer um sanduíche e um refrigerante diet. O colesterol estava alto, precisava fazer um check-up, mas isso ficaria para o mês seguinte.
Começou a comer enquanto lia alguns papéis que usaria na reunião da tarde. Nem observou que tipo de lanche estava mastigando.
Enquanto relacionava os telefonemas que deveria dar, sentiu um pouco de tontura, a vista embaçou. Lembrou-se do médico advertindo-o, alguns dias antes, quando tivera os mesmos sintomas, de que estava na hora de fazer um check-up.
Mas ele logo concluiu que era um mal estar passageiro, que seria resolvido com um café forte, sem açúcar.
Terminado o "almoço", escovou os dentes e voltou ao trabalho. "a vida continua", pensou. Mais papéis para ler, mais decisões a tomar, mais compromissos a cumprir.
Saiu para uma reunião já meio atrasado. Não esperou o elevador. Desceu as escadas pulando os degraus de dois em dois. Entrou no carro, deu a partida e, quando ia engatar a marcha, sentiu de novo o mal estar e agora com uma dor forte no peito.
O ar começou a faltar... A dor foi aumentando... O carro desapareceu... Os outros carros também... Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante de seus olhos, ao mesmo tempo, que surgiam cenas de um filme que ele conhecia bem.
A esposa, o netinho, a filha e, uma após outra, todas as pessoas de que mais gostava.
Por que mesmo não tinha ido almoçar com a filha e o neto? O que a esposa tinha dito à porta de casa quando ele estava saindo, hoje de manhã?
A dor no peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbá-lo: a do arrependimento.
Ele não conseguia distinguir qual era a mais forte: a dor da coronária entupida ou a de sua alma rasgando.
Escutou o barulho de alguma coisa quebrando dentro de seu coração, e de seus olhos escorreram lágrimas silenciosas...
Queria viver, queria ter mais uma chance, queria voltar para casa e beijar a esposa, abraçar a filha, brincar com o neto...
Queria... Queria... Mas não havia mais tempo...
Quantas pessoas estão vivendo hoje seu último dia de existência na Terra e não sabem disso!
Quantas saem do corpo físico diariamente e deixam muitas coisas por fazer!
Certamente os compromissos profissionais, a limpeza da casa, as compras, os pagamentos, outras pessoas farão.
Mas as questões afetivas, as coisas do coração, somente cada um pode deixar em dia. Aquela visita a um amigo, o abraço de ternura num familiar querido, um beijo carinhoso na esposa ou esposo, uma palavra atenciosa a alguém que precisa, um tempo a mais para dedicar aos amores...
Desconheço o Autor

sexta-feira, 13 de maio de 2016

“PODE O ESPÍRITO DE UMA CRIANÇA SER TÃO DESENVOLVIDO QUANTO DE UM ADULTO”?

O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?
— Pode mesmo ser mais, se ele mais progrediu, pois são apenas os
órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Age de acordo com o instrumento de que se serve.
Numa criança de tenra idade, o Espírito, fora do obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, pensa como uma criança ou como um adulto?
— Enquanto criança, é natural que os órfãos da inteligência, não estando desenvolvidos, não possam dar-lhe toda a intuição de um adulto: sua inteligência, com efeito, é bastante limitada, até que a idade lhe amadureça a razão. A perturbação que acompanha a encarnação não cessa de súbito com o nascimento e só se dissipa com o desenvolvimento dos órgãos.
Comentário de Kardec: Uma observação vem ao apoio desta resposta: é que os sonhos de uma criança não têm o caráter dos sonhos de um adulto; seu objeto é quase sempre pueril, o que é um indício da natureza das preocupações do Espírito.
Com a morte da criança o Espírito retoma imediatamente o seu vigor primitivo?
—Assim deve ser, pois que está desembaraçado do seu envoltório carnal: entretanto, ele não retoma a sua lucidez, primitiva enquanto a separação não estiver completa, ou seja, enquanto não desaparecer toda ligação entre o Espírito e o corpo.
O Espírito encarnado sofre, durante a infância, com o constrangimento imposto pela imperfeição dos seus órgãos?
— Não; esse estado é uma necessidade natural e corresponde aos desígnios da Providência. É um tempo de repouso para o Espírito.
Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pela infância?
 — Encarnando-se com o fim de se aperfeiçoar, o Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação.
Por que os primeiros gritos da criança são de choro?
— Para excitar o interesse da mãe e provocar os cuidados necessários. Não compreendes que, se ela só tivesse gritos de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se inquietariam com as suas necessidades? Admirai, pois, em tudo, a sabedoria da Providência.
Qual o motivo da mudança que se opera no seu caráter a uma certa idade, e particularmente ao sair da adolescência? É o Espírito que se modifica?
— É o Espírito que retoma a sua natureza e se mostra tal qual era. Não conheceis o mistério que as crianças ocultam em sua inocência; não sabeis o que elas são, nem o que foram, nem o que serão; e no entanto as amais e acariciais como se fossem uma parte de vós mesmos, de tal maneira que o amor de uma mãe por seus filhos é reputado como o maior amor que um ser possa ter por outros seres. De onde vêm essa doce afeição, essa terna complacência que até mesmo os estranhos experimentam por uma criança? Vós sabeis? Não; e é isso que vou explicar.
As crianças são os seres que Deus envia a novas existências e, para que não possam acusá-lo de demasiada severidade, dá-lhes todas as aparências de inocência. Mesmo numa criança de natureza má, suas faltas são cobertas pela não-consciência dos atos. Esta inocência não é uma superioridade real, em relação ao que elas eram antes; não, é apenas a imagem do que elas deveriam ser, e se não o são, é sobre elas somente que recai a culpa.
Mas não é somente por ela que Deus lhe dá esse aspecto, é também e sobretudo por seus pais, cujo amor é necessário à fragilidade infantil. E esse amor seria extraordinariamente enfraquecido pela presença de um caráter impertinente e acerbo, enquanto, supondo os filhos bons e ternos, dão-lhes toda a afeição e os envolvem nos mais delicados cuidados. Mas quando as crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência que lhes foi dispensada durante quinze a vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez: permanecem boas, se eram fundamentalmente boas, mas se irisam sempre de matizes que estavam na primeira infância. 
Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores, e que, quando se tem o coração puro, é fácil conceber-se a explicação a respeito.
Com efeito, ponderai que o Espírito da criança que nasce entre vós pode vir de um mundo em que tenha adquirido hábitos inteiramente diferentes; como quereríeis que permanecesse no vosso meio esse novo ser, que traz paixões tão diversas das que possuís, inclinações e gostos inteiramente opostos aos vossos; como quereríeis que se incorporasse no vosso ambiente, senão como Deus quis, ou seja, depois de haver passado pela preparação da infância? Nesta vêm confundir-se todos os pensamentos, todos os caracteres, todas as variedades de seres engendrados por essa multidão de mundos em que se desenvolvem as criaturas. E vós mesmos, ao morrer, estareis numa espécie de infância, no meio de novos irmãos, e na vossa nova existência não terrena ignorareis os hábitos, os costumes, as formas de relação desse mundo, novo para vós, manejareis com dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais vivaz do que o é atualmente o vosso pensamento.
A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos não ingressam na vida corpórea senão para se aperfeiçoarem, para se melhorarem; a debilidade dos primeiros anos os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que devem fazê-los progredir. É então que se pode reformar o seu caráter e reprimir as suas más tendências. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão de responder.
É assim que a infância é não somente útil, necessária, indispensável mas ainda a consequência natural das leis Deus estabeleceu e que regem o Universo.
Os pais e os professores espíritas devem ponderar sobre este item e os que se lhe seguem. O Espiritismo vem abrir um novo capítulo da psicologia infantil e da pedagogia, mostrando a importância da educação da criança não apenas para esta vida mas para a sua própria evolução espiritual. (N. do T.)

Fonte: O Livro dos Espíritos-Allan Kardec

quinta-feira, 12 de maio de 2016

“NÃO ACREDITEIS EM TODOS OS ESPÍRITOS.”

Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantaram no mundo. (João, Epístola I, cap. IV: 1).
Os fenômenos espíritas, longe de confirmarem os falsos cristos e os falsos profetas, como algumas pessoas gostam de dizer, vêm, pelo contrário, dar-lhes o último golpe. Não soliciteis milagres nem prodígios ao Espiritismo, porque ele declara formalmente que não os produz. Da mesma maneira que a Física, a Química, a Astronomia, a Geologia, revelaram as leis do mundo material, ele vem revelar outras leis desconhecidas, que regem as relações do mundo corpóreo com o mundo espiritual. Essas leis, tanto quanto as científicas, pertencem também à natureza. Dando, assim, a explicação de uma ordem de fenômenos até agora incompreendidos, o Espiritismo destrói o que ainda restava do domínio do maravilhoso.
Como se vê, os que fossem tentados a explorar esses fenômenos em proveito próprio, fazendo-se passar por enviado de Deus, não poderiam abusar por muito tempo da credulidade alheia, e bem logo seriam desmascarados. Aliás, como já ficou dito, esses fenômenos nada provam por si mesmos: a missão se prova por efeitos morais, que nem todos podem produzir. Esse é um dos resultados do desenvolvimento da ciência espírita, que pesquisando a causa de certos fenômenos, levanta o véu de muitos mistérios. Os que preferem a obscuridade à luz, são os únicos interessados em combatê-la. Mas a verdade é como o Sol: dissipa os mais densos nevoeiros.
O Espiritismo vem revelar outra categoria de falsos cristos e de falsos profetas, bem mais perigosa, e que não se encontra entre os homens, mas entre os desencarnados. É a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudo-sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e se disfarçam com nomes veneráveis, para procurar, através da máscara que usam, tornar aceitáveis as suas ideias, frequentemente as mais bizarras e absurdas. Antes que as relações mediúnicas fossem conhecidas, eles exerciam a sua ação de maneira mais ostensiva, pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, auditiva ou de incorporação. O número dos que, em diversas épocas, mas sobretudo nos últimos tempos, se apresentaram como alguns dos antigos profetas, como o Cristo, como Maria, e até mesmo como Deus, é considerável. 
São João nos põe em guarda contra eles, quando adverte: “Meus bem amados, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus; porque muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. O Espiritismo nos oferece os meios de experimentá-los, ao indicar as características pelas quais se reconhecem os bons Espíritos, características sempre morais e jamais materiais. (Ver o Livro dos Médiuns, Caps. 24 e segs.). É sobretudo ao discernimento dos bons e dos maus Espíritos, que podemos aplicar as palavras de Jesus: “Reconhece-se à árvore pelos seus frutos; uma boa árvore não pode dar maus frutos, e uma árvore má, não pode dar bons frutos”. Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como a árvore pela qualidade de seus frutos.


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

quarta-feira, 11 de maio de 2016

"O QUE É HUMILDADE?"

Humildade pode ser definida como um estado ou condição de um ser humano, parte integrante de seu caráter e de suas virtudes, que é o contrário do orgulho, da vaidade, da soberba e da prepotência. A palavra humildade vem do latim húmus, que significa “terra” ou “filhos da terra”.
Nesse sentido, o humilde seria aquele que admite a realidade de suas limitações e, por esse motivo, vive mais tranquilo e satisfeito com o que é, sem ficar desejando demonstrar algo que não é ou possuir algo que não possui. O que faz a terra? Coloca-se sempre abaixo de todos, em sua base de sustentação, e por isso mesmo, é a coisa mais grandiosa do mundo.
A humildade verdadeira nada tem a ver com submissão. Humildade também não é um mero aspecto de nossa personalidade, não é um traço psíquico. É, antes de tudo, uma forma de encarar a vida. Jesus se referiu aos humildes como mendicantes do espírito, ou seja, aqueles que se submetem a harmonia universal e as leis naturais a fim de receber as graças do infinito e do plano divino. Pessoas humildes valorizam mais o ser e não o ter.
Uma pessoa humilde não se coloca acima dos outros. Ele procura sempre aceitar suas imperfeições e limites. Sabe que seu conhecimento não pode tudo abarcar e vive num estado de simplicidade diante da vida. Humildade pressupõe uma liberdade espiritual, pois o humilde não precisa gastar energia para sustentar suas máscaras e seu ego inflado. Aqui vale a máxima “A pessoa mais livre é a que possui menos necessidades”. O humilde admite apenas as necessidades reais e não fica criando falsas necessidades. Sendo assim, naturalmente é uma pessoa menos carente do que aquela que fica criando muitas expectativas sobre a vida.
O humilde possui menos necessidade de demonstrar algo para os outros e provar algo para si mesmo. Não veremos uma pessoa humilde contando vantagem do que possui ou do que é. A humildade sempre tem por base o respeito a outras pessoas pelo que elas são, e não pelo nós acreditamos que deve ser. O humilde não se percebe superior a ninguém, pois reconhece que a vida humana ainda é muito limitada e entreve os grandes desafios que o progresso reserva aos seres humanos.
Pessoas arrogantes sempre enxergam o universo como muito pequeno, sempre cabendo dentro do seu nível de conhecimento e vivência. O humilde considera que seu conhecimento ainda é muito pequeno, tímido, rudimentar e aspira ao desenvolvimento pessoal e espiritual. Os indivíduos soberbos não são apenas aqueles que se colocam acima dos outros; para que mantenham sua condição de superioridade, eles precisam, isso sim, rebaixar outras pessoas, para que elas jamais estejam acima do soberbo. Julgar-se superior não é suficiente para o prepotente, é necessário também depreciá-las, humilhá-las, degradá-las, para que jamais elas possam interferir na crença de sua superioridade. Caso o orgulhoso não procurasse rebaixar os outros, logo sua suposta superioridade seria posta em cheque, e isso seria um desastre na vida do arrogante. O humilde já não possui a necessidade de exaltar ou de rebaixar quem quer que seja, pois está mais ou menos liberto do jogo das afirmações do ego dentro das relações sociais.
Jesus disse: “Bem aventurados os humildes, pois deles é o reino dos céus”. Não por acaso Jesus proferiu essas palavras. Como sábio que era, Jesus tinha plena consciência que os humildes estão muito mais próximos de Deus do que os arrogantes e egoístas. A humildade é uma precondição para a liberdade espiritual. O ego sempre foi considerado, desde épocas arcaicas o oriente místico, como a fonte de todos os males do mundo. O ego deve ser transcendido, para que a simplicidade, a tranquilidade e a naturalidade possam despertar e se tornarem o caminho para a libertação espiritual.
Uma vida simples é uma vida feliz. Uma vida sofisticada sempre vem regrada de compromissos, necessidades, peso, complexidade, confusão e, sem dúvida, frustração e sofrimento. A felicidade tem como matéria-prima a humildade. Se uma pessoa aspira a felicidade, não pode jamais aceitar o orgulho e o egoísmo em seu coração. Como disse Confúcio: “A humildade é a única base sólida de todas as virtudes”.

(Hugo Lapa)

𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...