Desde os
primeiros tempos, o homem sente que a vida não termina com a morte e que os que
se foram não estão tão distantes assim.
Inúmeros
estudos antropológicos nos mostram que, mesmo nas civilizações mais primitivas,
o homem já cultuava os seus antepassados e tinha seus feiticeiros, pajés e
xamãs, numa demonstração clara que eles já sabiam da existência dos espíritos e
da influência dos mesmos em nossas vidas.
Com o
espiritismo, essa influência passa a ser um fato observado e experimentado com
rigores de ciência.
Allan
Kardec, ao pesquisar fenômenos antes atribuídos ao maravilhoso e ao
sobrenatural, deparou-se com os espíritos, as almas dos que aqui viveram e que
ainda continuam vivos em outros planos, mas mesmo assim, podem se comunicar
conosco através de pessoas dotadas de uma faculdade denominada mediunidade.
Através dos
chamados médiuns, Allan Kardec pôde observar os fenômenos produzidos pelos
espíritos e também travar diálogos sobre vários assuntos com eles.
Kardec
pergunta se os espíritos influenciam nossos pensamentos e nossas ações, e eles
respondem: “Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito
frequentemente são eles que vos dirigem”.
Allan Kardec
prossegue no seu diálogo com a espiritualidade e vai desvendando os mecanismos
e leis envolvidos no processo de influência dos espíritos.
Ele constata
a existência da “Lei de sintonia e afinidade”, que é o que determina toda
interação entre os planos físicos e espirituais. A Doutrina Espírita é
progressiva e progride pelos ensinamentos dos próprios espíritos através dos
tempos.
“Seria
errado pensar que é necessário ser médium para atrair os seres do mundo
invisível. Eles povoam o espaço, estão constantemente ao nosso redor, nos
acompanham, nos veem e observam, intrometem-se nas nossas reuniões,
procuram-nos ou evitam-nos, conforme os atrairmos ou repelirmos” (LM item 232).
Assim, todos
nós, de uma maneira ou de outra, estamos sujeitos à influência dos Espíritos
desencarnados.
Muitos
Espíritos, por ainda não estarem plenamente conscientes de sua situação no
mundo espiritual, inclusive, alguns ainda julgando estarem vivos, acabam
influenciando os encarnados mesmo sem terem algum interesse específico em
prejudicá-los; ao se aproximarem dos que se encontram presos à matéria sentem
um certo alívio, como se dividissem com eles suas dores e sofrimentos.
Acreditamos
que alguns lugares especiais favorecem esse tipo de sintonia, como aqueles nos
quais ocorrem mortes ou nos que há ou lidam com pessoas mortas, tais como:
hospitais, funerárias, velórios, cemitérios, etc
Pululam em
torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de
seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos
flagelos com que a Humanidade se vê abraços neste mundo. A obsessão que é um
dos efeitos de semelhante ação, como
as enfermidades e
todas as atribulações
da vida, deve,
pois, ser considerada como
provação ou expiação e aceita com esse caráter.
Chama-se
obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo.
Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência
moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do
organismo e das faculdades mentais. [...]. (KARDEC, A Gênese, p. 347).
(Houaiss:
pulular: existir, ser ou concorrer em grande número; abundar, sobejar,
fervilhar, formigar)
“A obsessão
é uma espécie de enfermidade de ordem psíquica e emocional, que consiste num
constrangimento das atividades de um Espírito pela ação de um outro”.
“A
influência maléfica de um Espírito obsessor pode afetar a vida mental de uma
pessoa, alterando suas emoções e raciocínios, chegando até mesmo a atingir seu
corpo físico”.
“A
influência espiritual só é qualificada como obsessão quando se observa uma perturbação
constante. Se a influência verificada é apenas esporádica, ela não se
caracterizará como uma obsessão. Somente os Espíritos maus e imperfeitos
provocam obsessões, interferindo na vontade do indivíduo, fazendo com que ele
tenha ações contrárias ao seu desejo natural”.
“Porém, ninguém
simplesmente pega energias nocivas ou atrai espíritos infelizes de modo casual
ou fortuito. A vida não é injusta. Temos o que merecemos. Não somos vítimas
impotentes vivendo um destino impiedoso”.
A lei de “sintonia
é o estado em que se encontram duas pessoas que se acham numa mesma igualdade
de emoção, ponto de vista, crença ou pensamento”. Toda interferência espiritual
acontece respeitando a afinidade entre os agentes envolvidos no processo.
Por exemplo,
quando pensamos no bem atraímos quem é do bem, quando pensamos no mal atraímos
quem é do mal. Por isso, nos ensina o espírito Manoel Philomeno de Miranda:
“Pelo pensamento, cada um de nós elege a companhia espiritual que melhor nos
apraz”.
Nada é por
acaso, e todo efeito tem causa. Se estamos sendo foco de algum tipo de obsessão
ou perturbação espiritual é por que de alguma forma a provocamos.
Escreveu
Allan Kardec: ”É assim que Deus deixa à nossa consciência a escolha da rota que
devemos seguir e a liberdade de ceder a uma ou a outra das influências
contrárias que se exercem sobre nós.
O aspecto
mais importante a sabermos sobre a influência espiritual é que não somos
escravos dela e que podemos nos desvencilhar da mesma, bastando para isso,
apenas nossa própria vontade e determinação. Vejamos novamente o que nos ensina
o diálogo do codificador com os
espíritos:
“Pode o
homem se afastar da influência dos Espíritos que o incitam ao mal? Sim, porque
eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus
pensamentos.
“Pode uma
pessoa, por si mesma, afastar os maus espíritos e se libertar do domínio?
Sempre se pode sacudir um jugo, quando se tem uma vontade firme”.
Então,
conforme podemos ver, a influência dos espíritos em nossas vidas existe e pode
nos levar a vários caminhos, porém, nós é que escolhemos que caminho e até onde
vai esta influência.
Pensemos bem
antes de nos colocarmos como vítima na vida, pois somos responsáveis pela
felicidade ou infelicidade que estamos vivendo e o livre-arbítrio é o grande
atributo do espírito.
Conforme o
uso que fazemos dele, impulsionamos ou não a nossa caminhada rumo a evolução.
Influência é o ato ou efeito de influir. Ação que uma pessoa ou coisa exerce
sobre outra.
Com relação
aos encarnados, tanto quanto aos desencarnados, quem vai determinar se vai ou
não se deixar influenciar é a própria pessoa.
Pensar bem e
no bem deixa de ser uma norma moral ou religiosa, para ser uma atitude
profilática ou terapêutica, dependendo do caso, no que se refere a viver em paz
do ponto de vista emocional e espiritual.
Revista
Caminho Espiritual