A separação
entre a alma e o corpo pode se dar antes que o corpo paralise suas funções
orgânicas, porém, isso é muito raro. Depende muito da situação psíquica do
Espírito. O mais das vezes, a chama espiritual permanece ligada ao fardo físico
por horas, dias ou meses e até anos, chumbada aos restos mortais por provas ou
por incapacidade de se libertar do próprio apego à vida física. Isto tem uma
variação muito grande. Pode-se dizer que é zero ao infinito.
Não existe
uma desencarnação igual a outra. Os processos de desligamento dos laços têm
variadas modalidades. Temos a dizer que, na arte de Deus, não existe violência.
Os meios de ligar-se à vida corporal e desligar-se dela são regidos por leis
que correspondem às necessidades da alma.
Sempre
falamos da necessidade dos homens se prepararem, no tocante à vida na Terra,
porque a verdadeira moradia é a espiritual. Quantos sofrem duras provas ligados
aos restos do corpo por muito tempo, por lhes faltar compreensão das leis
divinas!? Sofrem por ignorância. Não é por faltarem escolas; existem muitas que
levam as almas a despertar, educando a si mesmas. A vida é, pois, uma escola
onde todos devemos aprender como viver.
Os Espíritos
elevados descem de altas esferas, por misericórdia de Deus, no sentido de
ensinarem aos homens e Espíritos ainda humanizados nos seus instintos, a se
libertarem da inferioridade. Eles sabem esperar a maturidade de cada um,
entrementes, a melhor escola ainda é a dor. No estágio em que se encontra a
humanidade, sofrer é salutar remédio para desprender-se.
Assim, como
pode a alma desatar seus laços antes que cesse a vida orgânica, por evolução,
pode a vida orgânica cessar e o Espírito ficar ainda por muito tempo preso aos
restos carnais, de onde escapou toda a força vital dos órgãos. Assim como os
pais têm o dever de preparar seus filhos para a vida na Terra, dando-lhes
receitas que lhes possam assegurar uma existência melhor, o dever é o mesmo, ou
maior, de prepará-los ante a vida espiritual, diminuindo, portanto, seus
sofrimentos para o futuro, conscientizando-os da realidade da vida do Espírito.
O Espírito
encarnado está preso às grades da carne, sujeito a inúmeros problemas, que
antes eram chamados de castigo, e hoje, em certos meios, provações ou missões,
porém, é um aprendizado, onde gradativamente vão se despertando os valores da
alma. Essa poderá, com o tempo, ascender para regiões superiores, quando
compreender as leis de Deus e passar a vivê-las. A vida física é breve e cheia
de obstáculos, por ser o calvário de quem sustenta o corpo, e é nessa
engrenagem que aprendemos a escolher os nossos próprios caminhos e a corrigir
as nossas deficiências.
É bom que
saibamos que não há somente os laços espirituais que prendem a alma ao corpo;
há – e sim – os laços psicológicos, que por vezes são mais difíceis de serem
rompidos. A educação neste sentido é de grande valor. É por isso que o Espírito
renasce como membro de muitas famílias, participando de diversas nações, para
que surja o desprendimento e se liberte.
Filosofia
Espírita - Comentário de Miramez sobre a questão 0156 do Livro dos Espíritos.
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