A cada dia
que passa, recebemos mais notícias a respeito de movimentos em defesa dos
animais. Muitos, inclusive, contrários ao antigo hábito da humanidade de fazer
uso deles na alimentação, como o Vegetarianismo, e também às demais formas de
sua utilização por nós, como o Veganismo.
O
Vegetarianismo é uma prática alimentar que faz uso, exclusivamente, de
alimentos de origem vegetal, sem incluir os de origem animal. Algumas
definições mais abrangentes dessa prática consideram vegetariano, também,
aqueles que consomem produtos de origem animal, porém que não envolvam
diretamente a morte de nenhum ser, como o ovo e o leite, por exemplo.
O Veganismo
é uma ideologia cuja base é a convicção de que os animais, como os humanos, têm
direitos fundamentais e que, devido a isso, nenhum deles deve ser vítima de
exploração por parte da humanidade. Baseado nesse modo de pensar, o vegano
evita produtos e atividades em que os animais são explorados e/ou mortos. Sendo
assim, ele adota, como regime alimentar, o Vegetarianismo estrito (sem nada que
venha de animais, nem mesmo leite e ovos), não usa roupas de origem animal, se
abstém de produtos que foram testados em animais – no limite de suas
possibilidades – e também boicota circos com animais, rodeios, zoológicos etc.
O crescimento
desses movimentos sociais nos leva às seguintes questões: o que nos ensina o
Espiritismo a respeito de como devemos nos relacionar com os animais? É correto
nos alimentarmos deles?
Para
respondermos a essas perguntas, vamos começar pelas primeiras orientações dos
Espíritos sobre esse tema, seguindo uma ordem cronológica, que – veremos – será
importante para compreendê-las adequadamente:
Em 1857, O
Livro dos Espíritos dizia, na questão 723, que "a carne nutre a carne, do
contrário o homem perece" e, na 734, que "o homem tem direito de
destruição sobre os animais, porém limitado e regulado pela necessidade de
prover à sua alimentação e segurança".
Na questão
888 do mesmo livro, recebemos a seguinte recomendação: "sede dóceis e
benevolentes para com todos (...), assim como em relação aos seres mais ínfimos
da Criação, e tereis obedecido à Lei de Deus". Na 963, nos é comunicado:
"Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam; nada é
demasiado pequeno para a sua bondade".
Percebemos,
assim, já pelos ensinamentos do Livro dos Espíritos (1857), que devemos ser
afáveis e bondosos com os animais, e fazer uso deles como alimento apenas
quando realmente necessário.
Mas, desde a
publicação deste livro, a Ciência da Nutrição evoluiu muito e, como Allan
Kardec havia esclarecido que "o Espiritismo é uma revelação progressiva,
que assimila as descobertas da Ciência" (A Gênese, cap. I, item 55), o
conteúdo das mensagens espirituais foi se desenvolvendo, de acordo com a
capacidade da humanidade de recebê-lo, acompanhem:
AS OPINIÕES
DOS BENFEITORES ESPIRITUAIS
O benfeitor
Emmanuel, mentor espiritual de Chico Xavier, nos diz em 1938: "Os animais
têm a sua linguagem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com
atributos inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo,
por isso, a sua proteção e amparo." (...) "Recebei como obrigação
sagrada o dever de amparar os animais. (...) Estendei até eles a vossa
concepção de solidariedade e o vosso coração compreenderá, mais profundamente,
os grandes segredos da evolução, entendendo os maravilhosos e doces mistérios
da vida." (Livro Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, cap. XVII:
"Sobre os animais").
Emmanuel,
ainda, quando questionado se é um erro nos alimentarmos com a carne dos
animais, responde, em 1941: "É um erro de enormes consequências. (...) É
de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da
criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos
podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade
absoluta de matadouros e frigoríficos." (Livro O Consolador, psicografia
de Chico Xavier, resposta à pergunta 129).
Aniceto,
instrutor de André Luiz, orienta-nos contra a matança de animais, em 1944:
"Cooperemos no despertar dos homens, nossos irmãos, relativamente ao nosso
débito para com a Natureza maternal. (...) Ajudemo-los a compreender, para que
se organize uma era nova. Auxiliemo-los a amar a terra, antes de explorá-la no
sentido inferior; a valer-se da cooperação dos animais, sem os recursos do
extermínio! Nessa época, o matadouro será convertido em local de
cooperação..." (Livro Os Mensageiros, psicografia de Chico Xavier, cap.
42: "Evangelho no Ambiente Rural").
Outro
instrutor de André Luiz que nos adverte quanto ao equívoco de nos alimentarmos
de animais é Alexandre. Ele, em 1945, chama a atenção para nossa capacidade de
encontrar nutrientes para nossos corpos sem recorrer às "indústrias da
morte". Vejamos: "A pretexto de buscar recursos proteicos,
exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. (...)
Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de
proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão
fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar
novos elementos e meios de incentivar os suprimentos proteicos ao organismo,
sem recorrer às indústrias da morte." (...) "Tempos virão, para a
humanidade terrestre, em que o estábulo, como o lar, será também sagrado."
Continuando
com suas sábias palavras, Alexandre nos mostra a incoerência de rogarmos
proteção aos superiores benevolentes e, ao mesmo tempo, permanecermos
infringindo a lei divina de auxílios mútuos: "Se não protegemos, nem
educamos, aqueles que o Pai nos confiou, como gérmens frágeis de racionalidade
nos pesados vasos do instinto; se abusamos largamente de sua incapacidade de
defesa e conservação, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios,
cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa
lastimável condição de infratores da lei de auxílios mútuos?" (...)
"Devemos prosseguir no trabalho educativo, acordando os companheiros
encarnados, mais experientes e esclarecidos." (...) "Sem amor para
com nossos inferiores, não podemos aguardar a proteção dos superiores."
(Livro Missionários da Luz, psicografia de Chico Xavier, cap. 4:
"Vampirismo").
ALERTA DO
ESPÍRITO HUMBERTO DE CAMPOS
Podemos
encontrar ainda, entre as obras psicografadas por Chico Xavier, este alerta, em
1958, do Espírito Humberto de Campos (o Irmão X): "Os homens que se julgam
distantes da harmonia orgânica sem o sacrifício de animais, são defrontados por
gênios invisíveis que se acreditam incapazes de viver sem o concurso deles.
(...) Quem devora os animais, incorporando-lhes as propriedades ao patrimônio
orgânico, deve ser apetitosa presa dos seres que se animalizam. Os semelhantes
procuram os semelhantes. Esta é a Lei." (Livro Contos e Apólogos,
psicografia de Chico Xavier, cap. 15: "O Enigma da Obsessão").
Neste trecho
de outra obra, Humberto de Campos também nos estimula à renovação dos hábitos
alimentares, em 1967: "Comece a renovação de seus costumes pelo prato de
cada dia. Diminua, gradativamente, a volúpia de comer a carne dos animais. O
cemitério na barriga é um tormento depois da grande transição. O lombo de porco
ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe
dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos
outros." (Livro Cartas e Crônicas, psicografia de Chico Xavier, cap. 4:
"Treino para a Morte").
Hoje, a
Ciência já constatou que os nutrientes contidos nas carnes, e mesmo no leite ou
em ovos, podem ser substituídos pelos de origem vegetal. Esta é a declaração,
sobre o tema, da principal organização científica mundial especializada em
Nutrição – a Academy of Nutrition and Dietetics: "Dietas vegetarianas
apropriadamente planejadas – incluindo dietas vegetarianas estritas ou veganas
– são saudáveis, nutricionalmente adequadas e podem prover benefícios à saúde,
na prevenção e tratamento de certas doenças. São apropriadas para indivíduos
durante todos os estágios da vida, incluindo gravidez, lactação, infância e
adolescência, e para atletas”.
CONCLUSÃO
Diante
destas tão claras manifestações de nobres espíritos, por meio da confiável
mediunidade de Chico Xavier, e da evolução da Ciência da Nutrição, cabe o
questionamento: por que nós, espíritas, não iniciamos essa nova era a que se
referem os mentores? Não é hora de modificarmos nossos hábitos diários para que
deixemos de causar sofrimentos desnecessários aos nossos irmãos animais?
As
informações sobre como substituir os alimentos vindos de animais pelos de
origem vegetal já estão disponíveis para todos, seja em livros, revistas
especializadas, internet ou com nutricionistas e nutrólogos atualizados.
Compete a cada um de nós assumirmos a responsabilidade que temos perante nossos
irmãos de outras espécies, nos informarmos e modificarmos essas práticas que já
não condizem com os conhecimentos adquiridos. Só assim os matadouros e
frigoríficos poderão se tornar "página virada" na história da
humanidade.
Correio
Espírita.
Maravilhoso texto.
ResponderExcluirAcho que este é o futuro próximo da humanidade.
ResponderExcluirPorventura sei também que uma alimentação equilibrada sem proteína animal é cara e indisponível para a maioria da população.
Lembremos da passagem de JESUS que multiplicou o pão e o PEIXE para alimentar os pobres e miseráveis.
Não podemos ser extremistas radicais numa sociedade que capenga em produzir alimentos a condições acessíveis para a maior parte da população.
Devemos estar atentos a ganância de grupos poderosos que vêem no comércio de carnes animais a finalidade do lucro em primeiro lugar, sem a nobre intenção de alimentar o povo mais carente e necessitado.
Verduras e frutas custam mais barato do que a carne!E a carne de soja tbm é acessível! É só uma questão de hábito, aprender a comer verduras e frutas!
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