
É necessário
dizer que os benzedores e curadores do interior não são mais que médiuns curadores.
as causas que promovem a cura são as mesmas em todos os médiuns dessa espécie.
Os eflúvios magnéticos-mediúnicos emitidos pelo curador, sobretudo das mãos,
contribuem de maneira decisiva para os resultados. Doenças dificilmente
curáveis ou mesmo consideradas incuráveis com os recursos da Medicina clássica,
cedem rapidamente com os eflúvios ódicos de determinados indivíduos. As
palavras propriamente, as rezas têm naturalmente valor secundário em todos os
casos. servem apenas para fixar a atenção e a vontade do curador durante a
operação.
Os
processos, entretanto, variam de um para outro. cada um tem o seu sistema.
Alguns fazem determinada oração em voz baixa e não revelam o segredo das suas
palavras a ninguém. Outros não fazem mistério disso e ensinam as suas rezas a
quem quiser aprendê-las.
Um detalhe
mais ou menos comum a todos é que “rezam” fazendo cruz com a mão aberta sobre a
parte afetada, o que corresponde à aplicação do passe mediúnico. Alguns há que
utilizam um ramo de determinado arbusto, na crença de que o mal se transfere
para a planta.
No interior
contam-se os mais extraordinários feitos dos curadores, o Dr. H. de Irajá, no
seu livro “Feitiços e crendices”, refere que em Santa Maria – RS, o Dr.
astrogildo teve em sua casa alguém com grave dermatose, a que vulgo chama
“cobreiro”.
Como médico,
fez tudo que a Medicina recomenda, sem resultados. Vieram os colegas, e nada de
melhora. Dizia a criada da casa:
– Se o
doutor deixasse, eu trazia um benzedor.
– Qual
benzedor, qual nada! Acredito lá nessas asneiras… – dizia o doutor.
Os remédios
sobravam. Era remédio para pingar, remédio para tomar, remédio para passar. Mas
o cobreiro aumentava cada dia. A criada continuava a dizer:
– Se o
patrão deixasse, eu trazia o “seu” Pedro, benzedor, e o cobreiro corria”.
Uma noite o
Dr. Astrogildo, já desanimado, depois de examinar a doente com febre alta,
gritou para os de casa:
– E porque
não experimentam esse tal de benzedor?
No dia
seguinte o homem veio e “rezou”. Quiseram dar-lhe dinheiro. Não quis e saiu
rindo. Nessa noite a febre não voltou; na manhã seguinte as bolhas tinham
secado, e, dois dias depois, a doente estava boa. Mas o Dr. Astrogildo nunca
acreditou em benzeduras.
As façanhas
dos benzedores e curadores de vários matizes correm mundo. Os curadores de
cobra etc. – são outras variantes de médiuns curadores. Quem não ouviu falar
dos curadores de bicheiras. tão conhecidos nos sertões? É verdadeiramente
extraordinário o efeito magnético-mediúnico de certos curadores. As larvas que
se alimentam das carnes caem aos punhados, inanimadas mortas, logo após a
“reza” do curador.
Contam-se
coisas extraordinárias de curadores de picada de cobra. No crato (Ceará) havia
um curador de cobra famoso. Certa vez um cavalo puro-sangue, propriedade de um
abastado chefe local, foi mordido por uma cobra venenosa. Só depois de muita
procura, encontraram o curador bebericando com alguns amigos.
– Ainda
respira bem o animal?
– Perguntou
ele.
– Ainda –
responderam-lhe.
– Bem, levem
o meu chapéu e ponham sobre ele, que irei daqui a pouco.
O
curandeiro, apesar da insistência do dono do animal, demorou ainda duas horas.
Quando ele chegou, o animal, com os
olhos injetados de sangue, respirava com dificuldade. Dir-se-ia que pouco tempo
tinha de vida. O curandeiro aproximou-se do cavalo, abriu-lhe a boca murmurou
algumas palavras e deu-lhe uma cusparada no fundo da garganta. Tirou o chapéu
que estava sobre o animal, deu-lhe um pontapé na barriga, e disse: levanta-te
bruto!
O animal
levantou-se quase de um salto.
– Deem-lhe
água e deixem-no descansar hoje. Amanhã já pode ser montado!
Os
estudiosos de Psiquismo sabem o que significa a providência inicial do curador,
mandando colocar em cima do animal o próprio chapéu. eles sabem, por experiência própria, que os objetos de
uso pessoal do curador acumulam fluidos altamente curadores, e no caso acima o
chapéu serviu de neutralizador do veneno ofídico.
Para bem
compreendermos tais fatos teremos de nos valer dos estudos do barão de Reichenbach, do Coronel de Rochas, Durville,
Luys, Baraduc e tanto outros que se ocuparam das radiações e dos eflúvios
magnético-mediúnicos, que, sem dúvida, serão um campo vastíssimo de observações
da medicina espiritualista.
Fonte – O
ReformadoR
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