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sábado, 18 de março de 2017

“AS SETE ESFERAS DA TERRA”

Com fulcro na Bíblia Sagrada e em várias obras da bibliografia espírita e espiritualista, é estabelecido de forma explícita nesse livro que o planeta Terra está convencionalmente dividido em sete dimensões, e essa convenção teve origem no Plano Espiritual. A cada uma delas é atribuído um nome característico, sendo os da primeira e da segunda esferas colhidos, respectivamente, em Apocalipse e na Coleção A vida no Mundo Espiritual – Série André Luiz2 (como veremos no decorrer deste artigo), e os das cinco restantes, no livro Cidade no além.3
O assunto, evidentemente, não constitui maior novidade, mas da forma exótica e até certo ponto confusa pela qual vinha sendo apresentado, principalmente pelas escolas filosóficas orientais, para esta nova formulação simplificadora e lógica, o avanço é muito significativo.
Faremos, a seguir, uma breve incursão em cada uma dessas esferas, lembrando que – para usarmos a terminologia bíblica – algumas são habitadas só por joio, outras por joio e trigo, e outras somente por trigo:
Abismo.
Esta é a primeira e a mais inferior das esferas, só habitada por joio em sua pior condição. A nomenclatura é empregada por João Evangelista, em Apocalipse, 20:1 a 3, quando diz:
Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o, e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. […]
Segundo a Doutrina Espírita, esse ser diabólico chamado Satanás não representa uma entidade tomada individualmente, mas uma falange de Espíritos que se feriram profundamente perante a Lei. Na definição de André Luiz, são:
Espíritos caídos no mal, desde eras primevas da Criação Planetária, e que operam em zonas inferiores da vida, personificando líderes de rebelião, ódio, vaidade e egoísmo; não são,  todavia, demônios eternos, porque individualmente se transformam para o bem, no curso dos séculos, qual acontece aos próprios homens. (Libertação, cap. 8 – Inesperada intercessão, nota 3 do autor espiritual.)
Até as entidades obsessoras, atuantes na Crosta terrestre, denotam conhecer e temer essa formidável região abissal. Quando Jesus ordenou aos Espíritos imundos que saíssem do endemoniado  geraseno, eles lhe rogaram “[…] que não os mandasse sair para o abismo” (Lucas, 8:31). Preferiram a manada de porcos.
Trevas.
 Esta é a segunda esfera, também só habitada por joio, mas em condição mais branda que a dos habitantes do Abismo.
André Luiz estranha, em Nosso lar (cap. 44 – As trevas), a menção feita pelo Governador, em seu discurso, “aos círculos da Terra, do Umbral e das Trevas”, pois ainda não tivera notícia deste último plano. E busca a orientação de Lísias, que informa:
– Chamamos Trevas às regiões mais inferiores que conhecemos. […]
– Naturalmente, como aconteceu a nós outros, você situou como região de existência, além da morte do corpo, apenas os círculos a se iniciarem da superfície do globo para cima, esquecido do nível para baixo. A vida, contudo, palpita na profundeza dos mares e no âmago da terra. […][…] Quem estime viver exclusivamente nas sombras, embotará o sentido divino da direção. Não será demais, portanto, que se precipite nas Trevas, porque o abismo atrai o abismo e cada um de nós chegará ao local para onde esteja dirigindo os próprios passos.
Em outras obras da Série André Luiz, o instrutor Gúbio chama essas regiões habitadas de “precipícios subcrostais” (Libertação, cap. 7 – Quadro doloroso), e o instrutor Jerônimo, de “esferas subcrostais” (Obreiros da vida eterna, cap. 15 – Aprendendo sempre).
Crosta terrestre.
Esta é a terceira esfera, habitada por nós, os Espíritos encarnados, em que já aparece o trigo mesclado ao joio em todos os povos e nações. Essa esfera é de todos nós sobejamente conhecida, por ser nossa morada provisória, dispensando, por isso, maiores considerações. Sobre o Umbral, a esfera que vem logo acima da Crosta, dispomos de ampla e minuciosa descrição na obra luiziana, tão rica de detalhes quanto o poderia desejar o mais exigente pesquisador desses “mistérios” celestiais.
Aqui é de justiça reconhecer que o genial escritor desencarnado fez autêntica revolução neste setor de conhecimento. Lançou jorros de luz sobre essa intrigante região espiritual, como se varresse com potentíssimos holofotes esses sítios tenebrosos. E desmitificou um campo tão próximo à Crosta, de onde os homens só recebiam pálidas e distorcidas imagens (haja vista A divina comédia, de Dante Alighieri), por meio das dissertações teológicas, teosóficas, esotéricas e ocultistas divulgadas no mundo em todos os tempos.
Superando todas essas distorções, temos em André Luiz uma espécie de conspícuo embaixador terrestre enviado por nossa Humanidade a um país limítrofe. Nesse país, ele visita pessoalmente cada região e nos envia circunstanciado relatório, não só expondo com argúcia e suma inteligência seu ponto de vista, mas também colhendo profundos e sérios subsídios dos elevados mentores que o conduzem e esclarecem a cada passo.
Umbral.
Esta é a quarta esfera, que envolve a Crosta terrestre, habitada também por trigo e joio, mas, ao contrário daqui, lá as gramíneas já se encontram separadas: o trigo habitando as cidades amuralhadas e o joio espalhado pela “terra da liberdade” (E a vida continua…, cap. 14 – Novos rumos). A cidade Nosso Lar está situada sobre o Rio de Janeiro, nas regiões superiores do Umbral.
O Umbral, como vemos na citada Série (e, neste parágrafo, apresentado em sinopse), começa em nosso plano e é habitado por milhões de Espíritos que partilham, com as criaturas terrenas, as condições de habitabilidade da Crosta do mundo. Os que habitam suas regiões inferiores apoiam-se na mente encarnada e é pelo pensamento que os homens encontram nessa região os companheiros que afinam com as suas tendências. Funciona como “uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena” [Nosso lar, cap. 12 – O Umbral]. O interesse de seus habitantes inferiores é a conservação do mundo ofuscado e distraído, à força da ignorância defendida e do egoísmo recalcado, adiando-se o Reino de Deus, entre os homens, indefinidamente.
Arte, Cultura e Ciência.
Esta é a quinta esfera, só habitada por trigo em toda a sua envoltura.
Acerca desse quinto orbe, cremos haver encontrado uma ilustrativa página mediúnica de Victor Hugo, psicografada pela médium Zilda Gama. Nesse texto cintilante, o fecundo escritor francês narra o voo cósmico que o instrutor espiritual Alfen levou seu pupilo Paulo (recém-liberto da carne) a fazer pelas esferas superiores da Terra, a fim de prepará-lo, através da visão inebriante dessas regiões divinas, para uma última reencarnação na Crosta. O objetivo dessa viagem espiritual era fortalecer o Espírito Paulo para que, em sua futura e próxima existência na carne, se redimisse, finalmente, de seus derradeiros ônus para com a Lei de Deus.
A narrativa prossegue, minuciosa, descrevendo a amarguíssima existência vivida por Paulo, na França, da qual, finalmente, sai vencedor. Após a desencarnação, levado de volta ao orbe superior pela mão de seu guia espiritual, ele é finalmente apresentado por Alfen à corte celeste como um habitante definitivo daquele plano, um futuro mensageiro celestial.4
Amor fraterno universal.
Esta é a sexta esfera, também só habitada por trigo, mas num estágio superior ao dos habitantes da quinta.
É desse plano verdadeiramente hiperceleste que, sem dúvida, desceu o mensageiro Asclépios, materializando-se no Santuário da Bênção, em Nosso Lar, para uma formosa preleção a seus habitantes. Informa o instrutor Cornélio:
– Pertence Asclépios a comunidades redimidas do Plano dos Imortais, nas regiões mais elevadas da zona espiritual da Terra. Vive muito acima de nossas noções de forma, em condições inapreciáveis à nossa atual conceituação da vida. Já perdeu todo contato direto com a Crosta terrestre e só poderia fazer-se sentir, por lá, através de enviados e missionários de grande poder. Apreciável é o sacrifício dele, vindo até nós, embora a melhoria de nossa posição, em relação aos homens encarnados. Vem aqui raramente. Não obstante, algumas vezes, outros mentores da mesma categoria visitam-nos por piedade fraternal. (Obreiros da vida eterna, cap. 3 – O sublime visitante.)
Diretrizes do planeta.
Esta é a sétima e última esfera, onde certamente o Cristo está entronizado no seio de uma Humanidade cuja altitude evolutiva é por ora inconcebível para nós. E desse refulgente Paraíso celestial, governa esse maravilhoso Organismo de Esferas chamado planeta Terra, que Ele mesmo formou por determinação de Deus.
Quem nos poderia proporcionar alguma informação dessa esfera paradisíaca?
Narcisa, falando da ministra Veneranda, fornece alguns parâmetros do merecimento que o Espírito precisa amealhar para, um dia, ser levado a visitar esse Plano Divino:
[…] É a entidade com maior número de horas de serviço na colônia e a figura mais antiga do Governo e do Ministério, em geral. Permanece em tarefa ativa, nesta cidade, há mais de
duzentos anos. […]
[…] Com exceção do Governador, a ministra Veneranda é a única entidade, em Nosso Lar, que já viu Jesus nas Esferas Resplandecentes, mas nunca comentou esse fato de sua vida espiritual e esquiva-se à menor informação a tal respeito. […] As Fraternidades da Luz, que regem os destinos cristãos da América, homenagearam Veneranda conferindo-lhe a medalha do Mérito de Serviço, a primeira entidade da colônia que conseguiu, até hoje, semelhante triunfo, apresentando um milhão de horas de trabalho útil, sem interromper, sem reclamar e sem esmorecer. […]
[…] Soube que essa benfeitora sublime vem trabalhando, há mais de mil anos, pelo grupo de corações bem-amados que demoram na Terra, e espera com paciência. (Nosso lar, cap. 32 – Notícias de Veneranda.)
Notem a sublimidade da informação dada por Narcisa: “Com exceção do Governador, a ministra Veneranda é a única entidade, em Nosso Lar, que já viu Jesus nas Esferas Resplandecentes”, confirmando assim para nós, que Jesus tem de fato um lugar em que normalmente permanece neste planeta, cercado por seus ministros e assessores – recebendo visitas dos que conseguem adquirir esse merecimento altíssimo –, enquanto governa o planeta a partir dessa esfera, que é a mais elevada dentre as que compõem o globo.
E agora, a pergunta crucial: Qual a importância destas reflexões sobre a vida nas esferas? Um turista precavido, quando se propõe a visitar determinado país procura, com alguma antecedência, estudar sua história, sua geografia, seu povo, sua língua, seus costumes e seus pontos turísticos de maior interesse, a fim de tirar o melhor proveito de sua viagem. Que somos nós, habitantes da Terra, senão turistas forçados em trânsito por esta “hospedaria” chamada Crosta? E nossa passagem por esta pensão é tão rápida que, como diria Kardec, citando o Sr. Jobard, “não vale a pena desfazer as malas”.5
As sete esferas da Terra, nesta nova edição ilustrada, expandida e enriquecida, constitui-se numa preventiva e eficiente carta de navegação cósmica que ofereço fraternalmente a meus irmãos de jornada para auxiliá-los em seus próximos passos pela esteira do Infinito.
REFERÊNCIAS:
1KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2016. cap. 3 – O céu.
2No bojo do artigo, os livros citados com capítulos são da Coleção A vida no Mundo Espiritual (Série André Luiz), recebidos por Francisco Cândido Xavier e publicados pela FEB Editora, os grifos são do autor.
3XAVIER, Francisco C.; CUNHA, Heigo-rina. Cidade do além. Pelos Espíritos André Luiz e Lucius. 9. ed. Araras (SP): IDE, 1987.
4GAMA, Zilda. Na sombra e na luz. Pelo Espírito Victor Hugo. 1. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014. livro 2– Na escola do Infinito e livro 5 – O homem astral.
5KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 1, n. 7, jun. 1858, p. 356. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 5. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2014.

 Revista Reformador - Federação Espírita Brasileira 2014

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