Se optamos pela separação, não estamos transferindo nossa missão para com nosso companheiro para outra época (vidas), ou seja, estamos deixando de lado nosso “carma” por utilizarmos nosso livre-arbítrio de forma equivocada, sem tentar solucionar os problemas mais caridosamente?
Não deveríamos nos prender ao conceito de carma. Essa é uma posição da filosofia oriental que tem aproximações com a Lei de Causa e Efeito apresentada pelo Espiritismo, mas há distinções em relação ao entendimento isso na prática. Quando se usa o termo carma, há uma conotação de fatalidade, enquanto que a Doutrina enfatiza a possibilidade de minimização ou eliminação das ocorrências de sofrimento, mediante uma ação positiva no bem. Vamos esclarecer bem essa questão do divórcio: A separação e o divórcio possibilitam a resolução dos conflitos que se estabelecem na vida das pessoas que estão ligadas por compromisso formal ou vínculos legais, mas não mais se entendem, nem se amam. Na nossa cultura, essa opção é acompanhada de grande sofrimento. Parte desse sofrimento decorre do próprio processo de ruptura e parte resulta de questões culturais. Quando as pessoas se casam, geralmente, acreditam que estão dando um passo definitivo, pretendem viver juntas por longo tempo e realizam, por isso, grande investimento energético na relação, construindo elos fortes.
Na separação, esses laços energéticos se rompem, o que repercute dolorosamente sobre a alma. Esse sofrimento é inerente ao processo e, quando o casal se decide pela separação, não dá para fugir dele, é preciso enfrentá-lo com serenidade. Mas há ainda o outro sofrimento, que resulta do ideário cultural sobre a indissolubilidade do matrimônio. Podemos atenuar esse último, se desenvolvermos uma visão crítica da cultura em que vivemos. A Doutrina Espírita nos ensina a ver o divórcio de uma maneira mais adequada. Os Espíritos, ao falarem sobre o assunto, criticaram claramente as amarras culturais que dificultam a vida dos casais. Destacam eles que a determinação legal de indissolubilidade do casamento é um erro e perguntam: “Julgas, porventura, que Deus te constranja a permanecer junto dos que te desagradam?”(LE – q.940) Depreende-se dos ensinos deles que Deus determina a união dos seres pelo amor, para que se crie no lar uma psicosfera favorável ao desenvolvimento sadio dos filhos que porventura venham a ter. “No meio espírita, costuma-se dizer que as pessoas não devem optar pelo divórcio, porque estarão adiando o pagamento de uma dívida e terão no futuro, por isso mesmo, maior dificuldade para efetuar esse pagamento. Talvez isso se aplique ao indivíduo que é inconsequente e irresponsável no direcionamento de suas energias amorosas, mas não se pode generalizar e achar que em todas as situações esse critério seja adequado. Na verdade, há casos em que o mal maior seria as pessoas permanecerem vinculadas a um compromisso que não desejam mais e, por isso, perderem a alegria de viver e a possibilidade de realizações espirituais significativas para sua própria evolução.
Somente aquele que está vivendo o problema poderá decidir, consultando sua própria consciência, qual o melhor caminho a seguir. “O conselho dos Espíritos é sempre no sentido de desenvolver as qualidades da alma para possibilitar um ajustamento harmonioso entre os componentes do grupo familiar e, quando se instala o conflito, a recomendação é de que se procurem todos meios de resolução do problema antes de optar pela separação. (Esse tema está mais desenvolvido no livro “Conflitos Conjugais” - edição FEEES/2002)
Como entendeis o ciúme?
O ciúme é gerado em nós pelo egoísmo, que produz um impulso de dominar o outro, tomar posse dele, retê-lo apenas para atender às nossas necessidades. É preciso esforçar-se para superar essa manifestação que pode ser muito nociva à relação afetiva. Se você tem uma convivência harmoniosa com seu marido, lute para preservar isso. Evite manifestações de ciúme, controle seus impulsos. Procure entender as raízes da sua insegurança. O estudo espírita é precioso recurso, para que possamos nos educar emocionalmente. Não se acomode, acreditando que seu temperamento é assim mesmo, ou que é difícil mudar. As mudanças psicológicas só dependem de vontade firme. Ore, pedindo aos Mentores Espirituais a ajuda necessária, eles nunca se negam a amparar-nos, quando sentem em nós a sinceridade de propósitos. Uma terapia bem conduzida também pode ajudar bastante.
Em uma relação conjugal, se um encontra-se insatisfeito, às vezes até frustrado em relação ao seu parceiro, pois é comum que prevaleça as vontades de um sobre as do outro, esta pessoa encontra-se “presa” a seu parceiro, tendo que resgatar futuramente pelo erro de se relacionar com alguém que não deu certo, ou a separação seria o caminho correto?
Neste caso, também haveria futuramente algum tipo de resgate?
Em resposta a uma questão a ele endereçada sobre o divórcio, Emmanuel afirmou: “Muitos dizem que o divórcio é válvula de escape para evitar o crime e não ousamos contestar. Casos surgem nos quais ele funciona, por medida lamentável, afastando males maiores, qual amputação que evita a morte, mas será sempre quitação adiada, à maneira de reforma no débito contraído. (1) “Percebe-se no texto a metáfora: casal em conflito é corpo doente. Quando uma pessoa adoece, deve buscar todas as formas de tratamento para obter a cura, mas há casos em que o órgão doente chega a comprometer todo o organismo e, antes que ocorra o óbito, apela-se para a cirurgia como recurso extremo, para salvar a vida do indivíduo. Assim também com o casal, é preciso tratar a relação, utilizando-se todas as formas possíveis: diálogo, terapia psicológica, terapia espiritual, mas, se a relação está tão doente, que compromete a saúde e o equilíbrio das pessoas, podendo levá-las a situações extremas que raiam pela destruição de si mesmas ou de outrem, o divórcio surge como a cirurgia que possibilita uma sobrevida para os dois, ainda que limitada algumas vezes pelos traumas e sofrimentos que produz.” “Talvez a inferência existente no meio espírita de que as pessoas não devem optar pelo divórcio, porque estarão adiando o pagamento de uma dívida e terão no futuro, por isso mesmo, maior dificuldade para efetuar esse pagamento, tenha nascido da leitura inadequada de textos como esse que transcrevemos, de Emmanuel, mas observemos: no texto dele, não se encontra a idéia de que, ao reformar o débito, o devedor venha a ter maior dificuldade de efetuar o pagamento. Não podemos nos esquecer de que o amigo espiritual está usando uma linguagem metafórica, não se pode interpretar isso dentro do contexto das dívidas que assumimos no mundo, em que o cobrador faz incidir juros sobre juros na cobrança. Em termos afetivos, o que ficamos devendo ao outro é o carinho, o amor, a atenção que não lhe pudemos dar na relação conjugal. Contudo, quem diz que não poderemos fazê-lo em funções afetivas diferentes: mãe/pai e filho, irmãos, amigos?” (Trecho de “Conflitos Conjugais” – publicação FEEES/2003) Pode-se acrescentar aqui que, na relação conjugal, não deve prevalecer a vontade de um em detrimento da vontade do outro. Ninguém deve abrir mão de si mesmo, silenciar sempre e reprimir seus desejos, anulando-se na relação. Isso inviabiliza a continuidade da vida a dois. Você faz isso por um tempo, mas não consegue fazer todo tempo. Uma vida é uma oportunidade ímpar de crescimento e o casamento é um exercício maravilhoso, para o desenvolvimento de nossas potencialidades. Anular-se não leva a essa realização, por isso, quando alguém se anula, mais cedo ou mais tarde, a relação se torna inviável. 1. EMMANUEL – Leis de Amor – cap. IV
Fonte: http://www.omensageiro.com.br/entrevistas/entrevista-70.htm
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