O que eu fui na vida passada?
Quase todo mundo que acredita em
reencarnação tem essa curiosidade de saber o que foi na vida passada. Na
verdade, vida nós temos só uma. Nós somos seres imortais. Temos uma vida e
experimentamos muitas existências.
Tudo o que nós já vivemos, tudo o que
nós já sentimos, pensamos, falamos e fizemos está arquivado dentro de nós.
Jesus se referiu a isso ao dizer que “até os fios de cabelo de vossas cabeças
estão todos contados”. Mas evidentemente o nosso cérebro físico não tem acesso
a esses dados. O cérebro físico pertence a essa existência terrena, não pode
acessar dados de existências anteriores.
Há casos em que nós temos pequenas
lembranças de outras existências. Nós lembramos de cenas, de situações,
sentimos determinadas emoções que sabemos que não são da existência atual – e
quem sente isso sabe que isso não é fantasia, é lembrança real.
Há casos também, mais raros, de
pessoas, principalmente crianças, que lembram nitidamente de fatos da sua
existência imediatamente anterior a essa. Alguns desses casos são relatados no
livro 20 casos sugestivos de reencarnação, do Dr. Ian Stevenson – um
pesquisador canadense, não-religioso, que dedicou a sua vida a pesquisar sobre
a reencarnação. Nesses casos relatados por ele há inclusive sinais de nascença,
nessas crianças, relacionados a fatos vivenciados por elas na existência
anterior.
Existem vários fatores que são
capazes de despertar lembranças de uma existência anterior. Algum lugar que
visitamos, algum trauma que experimentamos, uma doença, um sonho – eu tive
contato com alguns acontecimentos passados quando desdobrado, na chamada
projeção consciente.
E existem métodos artificiais,
provocados, para reativar a memória de outras existências. A regressão, a hipnose,
a terapia de vidas passadas são talvez as mais conhecidas.
Particularmente eu não aconselho
esses métodos. Não tenho nada contra. Mas, se o terapeuta não for
suficientemente capacitado para conduzir o processo com segurança, os
resultados podem ser bem diferentes daquilo que se espera. Temos que ter em
mente que somos ainda muito imperfeitos, muito falhos, que já cometemos muitos
erros e que já sofremos muito. Se nós lembrarmos de fatos desagradáveis que nos
marcaram no passado e formos capazes de revivê-los, dando novo significado a
eles, ótimo – mas se apenas lembrarmos, reavivando-os em nós, isso pode ser
prejudicial.
Lembremos que nós reencarnamos
próximo de pessoas com quem nós temos reajustes a fazer. Se recuperássemos a
memória de experiências anteriores com essas pessoas talvez não saberíamos
lidar muito bem com isso.
Na verdade, se nós nos dedicamos a
estudar as coisas do espírito, se nós adotamos a prática de servir ao próximo,
e se nós reservamos algum tempo para analisar a nós mesmos, ao
autoconhecimento, a perscrutar a própria consciência, nós descobrimos quem
somos.
O que nós somos hoje é o resultado do
que nós fomos em outras existências. Nós nos construímos todos os dias. Os
nossos pensamentos íntimos, os nossos desejos mais secretos, os medos que nós
não contamos pra ninguém, isso é o que nós conseguimos fazer com nós mesmos até
agora. Se não está bom, temos que tratar de neutralizar essas características
através do trabalho – não interessa toda a soma de experiências que nos fez
assim.
Observe o tipo de pessoas que lhe
atrai, o tipo de ambiente que você procura, as suas falhas de caráter – seja
honesto nessa análise e você terá uma boa noção do que você fez em outras existências.
As suas tendências, os seus gostos,
as suas capacidades, tudo isso fala de você. Não importa o que você foi e o que
você fez – não importa O QUE, mas COMO. Como você ficou, como isso agiu em você
– e para isso basta observar a si mesmo.
MOREL FELIPE WILKON
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