Os Espíritos
superiores, como os homens sérios entre nós, não gostam de fazer travessuras.
Muitas vezes
interpelamos esses Espíritos zombeteiros sobre o motivo de perturbarem o
sossego alheio. A maioria quer apenas divertir-se. São Espíritos antes levianos
do que maus. Riem dos sustos que pregam e do trabalho que dão para descobrir a
causa do tumulto.
Muitas vezes
apegam-se a uma pessoa e se divertem a incomodá-la por toda parte. De outras
vezes se apegam a um lugar por simples capricho. Algumas vezes também se trata
de uma vingança, como veremos.
Em certos
casos sua intenção é a mais louvável: querem chamar a atenção e estabelecer
comunicação, seja para transmitir à pessoa um aviso útil, seja para fazer um
pedido. Vimo-los muitas vezes pedir preces, o cumprimento de um voto que em
vida não puderam realizar, e outros quererem, para o seu próprio sossego,
reparar uma maldade praticada em vida. Em geral, é um erro amedrontar-se com a
sua presença que pode ser importuna mas não perigosa.
Compreende-se
o desejo de livrar-se deles, mas para isso geralmente se faz o contrário do que
se deve.
Quando se
trata de Espíritos que se divertem, quanto mais se levá-los a sério, mais
persistirão, como as crianças traquinas que impacientam as pessoas e assustam
os medrosos.
Se, pelo
contrário, as pessoas também rirem com as suas peças, acabaram por se cansar e
deixá-las em paz. Conhecemos alguém que em vez de se irritar os excitava, os
desafiava a fazer isto ou aquilo, de maneira que em alguns dias se afastaram.
Mas como dissemos, há os que agem por motivos menos frívolos. Por isso é sempre
útil saber o que eles desejam. Se pedirem alguma coisa, é certo que cessarão
suas visitas quando forem satisfeitos. O melhor meio de informação é evocá-los
através de um bom médium escrevente. Pelas suas respostas, logo se verá quem
são e se poderá agir convenientemente.
Se for um
Espírito infeliz, a caridade manda tratá-lo com as atenções que merece; se um
brincalhão, pode tratá-lo sem rodeios; se um malvado, deve pedir a Deus que o
melhore. Em todos os casos a prece só pode dar bons resultados.
Mas a
solenidade das fórmulas de exorcismo lhes provoca o riso: não lhe dão nenhuma
importância. Se puder entrar em comunicação com eles, é preciso desconfiar dos
qualificativos burlescos ou assustadores que algumas vezes se dão, para se
divertirem com a credulidade dos ouvintes.
O Livro dos
Médiuns
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