
Para o Espírito, encarnar é mais
difícil do que desencarnar. Envolver-se na matéria, tomar um corpo físico para
transitar no meio material é de uma grande complexidade pois todas as suas
faculdades são restringidas pela densidade do ambiente entrando ele como que
numa prisão, pois é assim que se sente, quase sem liberdade.
Ao longo dos milênios vividos, a
evolução espiritual moldou o corpo ao que ele é hoje a fim de que ofereça
melhores possibilidades àquele que o utiliza. Tanto o perispírito quanto o
organismo físico foram apresentando novas características, tornando-se mais
maleáveis ao uso do Espírito, além de menos grosseiros.
As energias magnéticas que servem de
união entre os dois foram se tornando menos rígidas facultando um
semidesligamento que fez o homem passar do sono fragmentado e superficial
próprio da maioria dos animais superiores para um sono mais contínuo e
profundo. Isso só foi possível graças a essa “elasticidade” dos fluidos
perispirituais conjugada a um organismo biológico que oferece menos
resistências ao desprendimento.
Ao mesmo tempo, o homem também foi
alcançando, através dos esforços civilizatórios, uma estada mais longa aqui na
Terra, o que o deixou afastado da vida espiritual por um período mais longo.
Achamos que isso poderia trazer consequências sérias para o equilíbrio, já que
os Espíritos encarnados também se ressentem do distanciamento da liberdade que
podem usufruir no plano espiritual.
O aprimoramento da emancipação da
alma veio amenizar essa dificuldade pela oportunidade de manter um contato mais
direto e intenso com aqueles que permaneceram do lado de lá, além de conferir
aos encarnados um pouco de liberdade a cada momento de sono.
Há um objetivo diferenciado naquelas
pessoas de sensibilidade mais apurada e que são capazes de uma emancipação
anímica mais profunda. Esses são os sonâmbulos, os extáticos, os letárgicos e
os catalépticos. Têm uma capacidade maior de desprendimento com vistas a evidenciar
a existência da alma e oferecer provas das faculdades que permanecem em gérmen
na maioria dos seres humanos aguardando o momento certo para eclodirem quando
Deus assim o determinar.
Esses por enquanto são exceção à
regra, mas dia virá em que será corriqueiro o contato com o Mundo Espiritual
seja através dos fenômenos de emancipação da alma, seja através da mediunidade,
ensejando um aprendizado mais rápido junto àqueles que já se adiantaram no
progresso espiritual e também reduzindo a “distância” vibratória daqueles entes
queridos que permaneceram na Espiritualidade enquanto reencarnamos ou que nos
precederam no retorno a ela.
Será possível a comunicação pelo
pensamento, o deslocamento em Espírito a outros lugares, enfim, não
precisaremos ficar encarcerados no corpo físico, o desgaste físico será menor,
as doenças serão mais raras, a longevidade será uma regra.
Sejamos gratos a Deus que apesar de
estarmos aqui na Terra pelo motivo justo que é o nosso crescimento espiritual e
de podermos contribuir com os planos divinos para a sua criação, Ele nos dá a
chance de absorvermos novas forças nos momentos de relativa liberdade pela
emancipação da alma para que não nos deixemos envolver pelo esmorecimento
diante da rudeza do mundo que habitamos.
CORREIO ESPÍRITA | Adilson Motta de
Santana
Fonte: Chico de Minas Xavier
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