Isso mesmo!
Os Espíritos não têm “sexo”. Os sexos só existem no organismo para a reprodução
dos corpos físicos. Mas os Espíritos não se reproduzem no além, razão pela qual
órgãos sexuais são inúteis no “ultratumba”. Eis aí um tema um tanto quanto
instigante. Todavia, após leitura atenta e uma boa compreensão do texto abaixo,
será possível a assimilação de juízos e aprendizado.
Aos 2 anos
de idade, Tyler, que nasceu menina, disse com todas as palavras para seus pais:
“eu sou menino”. Entretanto seus pais insistiram com ele que não. Mostraram
fotos do órgão sexual e argumentaram que ela havia nascido com corpo de menina.
Tyler respondia: “quando vocês me mudaram?”. Dois anos depois, um psicólogo
confirmou a condição: Tyler sofria mesmo de Transtorno de Identidade de Gênero,
e recomendou que os pais começassem a tratar a criança como um menino. A
“filha”, então, passou a ser carinhosamente tratada como menino.
Há 8 anos o
ator Brad Pitt revelou para a entrevistadora Oprah Winfrey que Shiloh, a
primeira de seus três filhos biológicos com Angelina Jolie, só queria ser
chamada de John. Em 2014, Shiloh, com 10 anos, apresentou-se de terno e gravata
à cerimônia de estreia de um filme dirigido por Angelina Jolie. Será que os
atores estão certos em apoiar o comportamento da filha? Deveriam
desestimulá-lo? O que eles fazem ou deixam de fazer afetará o futuro de Shiloh?
Há
escassíssima informação científica para orientar pais em situação como a do
casal Pitt e Jolie. Do ponto de vista da psicóloga Kristina Olson, da
Universidade de Washington, as 32 crianças transgêneros (entre 5 e 12 anos),
que foram submetidas ao Teste de Associação Implícita para medir a velocidade
com que associavam aspectos de gênero masculino e feminino à própria identidade,
mostraram uma identificação tão automática com o gênero que escolheram quanto
as crianças cisgênero. Embora sejam necessários mais estudos, Kristina afirma
que as crianças trans não são confusas, rebeldes nem estão simplesmente
fingindo ser o que não são. A identidade que cultivam está bastante arraigada
nelas. [1]
A
transexualidade é um assunto muito polêmico, e menos discutido do que deveria.
Talvez por isso não se compreenda exatamente do que se trata, e essa condição
seja motivo de tantos casos de preconceito. Consagradamente transexual é a
pessoa que nasceu com um determinado sexo, mas não se identifica com ele. E
esse transtorno mental e de comportamento leva tal indivíduo a procurar
tratamentos hormonais e até fazer cirurgias para mudar o corpo.
Uma pessoa
pode ser cisgênero ou transgênero. O cisgênero se identifica com o gênero
correspondente ao sexo biológico, ou seja, se possui órgão sexual feminino é
uma menina, se possui órgão sexual masculino é um menino. É o que todo mundo
considera regra. Já o transgênero é a pessoa que contesta essa regra, que não
tem seu gênero definido pelo sexo biológico. Uma pessoa transexual se
identifica com o gênero oposto ao sexo com que nasceu. O transexual é
transgênero, mas nem todo transgênero é transexual.
Um estudo
recente realizado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos,
publicado pela revista Psychological Science, concluiu que as crianças
transgênero começam a reivindicar um gênero diferente, ao mesmo tempo que as
crianças cisgênero se identificam com o gênero correspondente ao sexo
biológico, por volta dos 2 anos. É como se a criança olhasse no espelho e não
se reconhecesse. É uma expectativa constante de que ela vá acordar no corpo
certo.
A partir de
2013, a justiça alemã garantiu aos pais de recém-nascidos transgêneros três
opções para registrar seus filhos: “masculino”, “feminino” e “indefinido”. [2]
Quando existe uma criança transgênero na família, talvez seja importante a
procura por apoio moral e psicológico para lidar com esse momento desafiador e
estabelecer um canal aberto de comunicação entre os familiares. Por isso, a
ajuda de profissionais como pedagogos e psicólogos é oportuna. Mas, na hora de
procurar auxílio, é muito importante que tais especialistas entendam sobre
identidades transexuais, para que o caso não seja tratado como uma doença, o
que de fato não é. O profissional também ajudará a criança a lidar com os
preconceitos que ela enfrentará no transcurso da vida.
A sociedade
dará sinais de avanço quando compreender que o ser humano não se reduz à
morfologia de “macho” ou “fêmea”. O Espírito Emmanuel adverte que
“encontramo-nos diante do fenômeno “transexualidade”, perfeitamente
compreensível à luz da reencarnação. Inobstante as características
morfológicas, o Espírito reencarnado, em trânsito no corpo físico, é
essencialmente superior ao simples gênero masculino ou feminino. Aprenderemos,
gradualmente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade
deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para se
erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez
que a individualidade em si exalta a vida comunitária pelo próprio
comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa
com a parte que assume no jogo da delinquência”. [3]
Para os
Mensageiros do além, “as características sexuais dos Espíritos fogem do
entendimento humano, até porque são os mesmos os Espíritos que animam os corpos
de homens e mulheres. Para o Espírito, (re)encarnar no corpo masculino ou
feminino [ou sexualmente ‘indefinido’] pouco lhe importa. O que o guia na
escolha são as provas por que haja de passa”. [4] Os Espíritos encarnam como
homens ou como mulheres, porque não têm sexo. “Visto que lhes cumpre progredir
em tudo, cada sexo [experiência masculina ou feminina], como cada posição
social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de
ganharem experiência. Aquele que só como homem [ou mulher] encarnasse só
saberia o que sabem os homens e ou as mulheres.” [5]
É urgente
amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à maioria
heterossexual. E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão,
caminha o mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do
sexo, porquanto, à frente da vida eterna “os erros e acertos dos irmãos de
qualquer procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo
elevado gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa
área da evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada
um”. [6]
JORGE HESSEN
Referências
bibliográficas:
[1]
Disponível no site
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/criancas-trans-nao-estao-fingindo-elas-existem
acesso em 29/02/2016.
[2]
Disponível em http://goo.gl/oKdtQ8, acesso em 03/09/2013.
[3] Xavier,
Francisco Cândido. Vida e Sexo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap.
Homossexualidade.
[4] Kardec,
Allan. O Livro dos Espíritos, Parte 2ª – Capítulo IV – DA PLURALIDADE DAS
EXISTÊNCIAS – Sexo nos Espíritos, questões 200, 201 e 202.
[5] Idem.