Existem
diversos tipos de pactos espirituais que uma pessoa pode fazer. Há os pactos do
encarnado com outro encarnado, como, por exemplo, o pacto de sangue com
finalidades amorosas, que é o mais conhecido. Há também os pactos realizados de
encarnados com desencarnados. Esses pactos também podem envolver sangue,
rituais, matança de animais, símbolos mágicos, etc. O pacto é um compromisso
firmado com um ou mais espíritos que nos ligam a eles karmicamente, e servem,
na maioria das vezes, para se obter conquistas mundanas. Vamos entender melhor
o que é um pacto, suas consequências e como podemos nos libertar deles.
Quando Jesus
passou pelas provações no deserto, em uma das tentações o “diabo” o levou ao
alto de um monte. Daquele ponto mostrou-lhe todos os reinos da Terra e depois
disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”. Dizem que essa foi a
tentação mais difícil para Jesus. O tentador ofereceu o poder sobre o mundo
inteiro, todos os reinos e pessoas. Jesus teria o poder sobre tudo e seria o
homem mais rico e mais poderoso da Terra. No entanto, o diabo foi bem claro
quando disse: “Dar-te-ei tudo isto se, prostrado, me adorares.” O tentador
colocou uma condição: Jesus deveria servir o diabo; servir o mundo material e
deixar de lado sua alma, seu espírito, seu interior.
Aqui reside
a matéria prima de qualquer pacto firmado com o mal. Se Jesus tivesse aceitado
a oferta do diabo, ele teria, nesse momento, constituído um pacto com o diabo,
com as trevas, com o poder mundano. O que é o diabo na verdade? O diabo é o
poder do mundo, as riquezas materiais, as seduções da vida corpórea, tudo
aquilo que é parte do mundo externo e que nos gera satisfação, poder e
conforto. Jesus teria esquecido de Deus e teria ficado preso ao mundo e ao
poder mundano, caso tivesse aceitado a oferta do senhor do mundo. Mas como o
próprio Jesus ensinou posteriormente aos seus discípulos: “De nada adianta uma
pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma”. Assim, Jesus recusou o
mundo e todo o seu poder e prazer, tornando-se um espírito mais puro, feliz, em
paz e elevado.
Por isso
dizemos que o pacto com uma entidade espiritual é sempre realizado quando a
pessoa deseja algum beneficio no mundo. Aqueles que desejam ganhar no mundo
podem utilizar os espíritos para realizar seu intento. Seja a cura de uma
doença, um emprego, trazer a pessoa amada, poder, status, prejudicar uma
pessoa, etc. A pessoa pode pedir também aos espíritos ganhos de conhecimento,
pois conhecimento é poder. É comum que algumas pessoas invoquem entidades
negativas para adquirir certos conhecimentos sobre magia e que lhe confiram
mais poder. A sabedoria popular fala em “vender a alma ao diabo”. Vender a alma
nada mais é do que firmar um pacto com o mundo material onde vamos estar tão
ligados e apegados ao poder mundano e aos desejos materiais que isso trará como
consequência a perda de nossa alma. Isso ocorre porque aqueles que ganham o
mundo, perdem sua alma, abandonam sua essência e acabam perdendo a si mesmos…
Por outro lado, aqueles que perdem o mundo, ganham sua alma e restituem a si
mesmos. Assim, fazer um pacto com o diabo é desejar obter o mundo, algo que não
pode ser obtido sem que a pessoa venha a perder aquilo que é mais importante e
essencial em nossa vida… nossa alma, nosso espírito, ou seja, nós mesmos.
O pacto com
espíritos segue essa mesma lógica. A pessoa firma um compromisso espiritual com
entidades sombrias a fim de conquistar coisas, pessoas e poder. Geralmente não
são feitos pactos com apenas um espírito, mas sim com vários. É comum se firmar
pactos de compromisso, de sangue, ou de acesso a comunidades espirituais
trevosas, onde existe toda uma hierarquia de poder. Esse grupo de espíritos
pode, de fato, ajudar uma pessoa a conseguir algo num dado momento de sua
encarnação. A pessoa fica feliz por ter obtido aquilo que desejava e permanece
bem por um tempo. Uma mulher pode, por exemplo, pedir que seu marido volte para
ela. O marido retornando ela vai ficar feliz , vai acreditar que o pacto deu
certo e que ela tomou a melhor decisão. No entanto, com o passar do tempo, ela
começará a sentir os duros efeitos do compromisso firmado.
Que efeitos
são esses? É preciso esclarecer que pacto sempre tem como consequência
principal o nosso aprisionamento psíquico ao grupo de espíritos no qual foi
consolidado o compromisso espiritual. Ficamos conectados a energia deles,
ligados a sua egrégora, submetidos a sua energia. Assim, eles podem começar a
nos influenciar, nos controlar e nos usar de diversas formas. Muitas pessoas, a
princípio, não percebem essa influência e acreditam que estão no controle. No
entanto, com o passar do tempo, os efeitos se fazem mais presentes, a
influência dessas entidades se torna mais forte, e quem fez o pacto acaba se
tornando nada mais do que um vassalo dessas entidades. Ele passa a integrar
esse grupo de espíritos e eles o usam de diversas formas. Mesmo que você dê
muitas coisas aos espíritos, eles depois sempre vem pedir mais e mais. Eles
nunca estão satisfeitos com o que você os ofereceu e pedem que você faça mais
coisas. É como o ser humano comum que mesmo ganhando 500 mil reais, deseja
ganhar 1 milhão. Mesmo ganhando 5 milhões, deseja depois ganhar 10 milhões.
Mesmo tendo 500 milhões, não está satisfeito, e depois quer 1 bilhão. Os
espíritos nada mais são do que seres humanos sem corpo físico, e, assim, seguem
os mesmos padrões que nós.
Dessa forma,
pacto firmado cria um elo entre a pessoa e o grupo de espíritos. Esse elo nada
mais é do que uma ligação kármica, e assim pode permitir o livre acesso desses
espíritos a nossa energia. Eles entram e saem de nossa mente à vontade. Para o
encarnado se torna uma tarefa bastante difícil resistir a essa influência por
causa do elo criado a partir do pacto. O encarnado pode tentar se libertar, mas
não consegue, pois o pacto é uma força viva dentro dele e os espíritos agora
podem não apenas controla-lo, como também constantemente roubam as suas
energias. É curioso observar que muitas pessoas que fizeram o pacto acreditam
que estão no controle total de suas vidas, quando na verdade eles estão sendo arrastados
por forças que são maiores e mais letais do que ele imagina.
É muito
comum o pacto gerar uma forte depressão na pessoa. Somente a mera presença
dessas entidades nas proximidades da pessoa, rondando sua residência, seus
aposentos, já é suficiente para se criar um clima negativo no local. Os pactos
não são firmados apenas na vida atual. Há também pactos de vidas passadas e que
subsistem até hoje. Várias pessoas que hoje desenvolvem quadros depressivos são
indivíduos que, em vidas passadas, consolidaram pactos mágicos de diversos
tipos com entidades sombrias. A magia na antiguidade era abundantemente
praticada e muitos de nós a realizamos. A pessoa que se valeu dessas práticas
em vidas passadas hoje pode se encontrar submissa aos espíritos e não conseguir
dar continuidade a sua vida. Uma forte depressão pode se abater sobre ela.
Podem surgir também doenças físicas, assim como pânico, ansiedade, estafa,
desânimo generalizado, e outros sintomas.
Mas o que
pode ser feito para se quebrar um pacto? Isso não é algo simples de ser feito e
pode demorar um tempo, até mesmo uma vida inteira. Muitas pessoas entram em
desespero ao sentirem os efeitos deletérios que o pacto gerou sobre elas, e
assim recorrem a pessoas que supostamente os “desfazem”. Podemos afirmar que a
maioria destas pessoas não faz exatamente o que promete e muitas vezes pode até
mesmo agravar o problema. Não se desfaz um trabalho com outro trabalho de mesmo
nível. Ao contrário, um pacto com as trevas só pode ser desfeito com nossa
entrada no reino da luz, do bem e do amor. Não poderia ser de outra forma, pois
a escuridão não destrói a escuridão; somente a luz pode dissipar a trevas.
A primeira
coisa que a pessoa deve fazer para se livrar do pacto é mentalizar que o
compromisso firmado foi encerrado e que não deseja mais servir as trevas, mas
que agora inicia sua jornada no bem, no amor, na paz e serve unicamente a Deus.
A pessoa pode pedir aos espíritos puros para desfazerem qualquer tipo de
ligação espiritual produzida pelo pacto. Depois, a pessoa deve se desfazer de
tudo aquilo que foi conseguido por intermédio das entidades. Se a pessoa, por
exemplo, pediu aos espíritos um emprego e o conseguiu , ela deve largar esse
emprego. Se a pessoa pediu que os espíritos trouxessem a pessoa amada de volta,
ela deve contar a pessoa o que fez, pedir perdão a ela, arrepender-se do seu
ato e terminar o relacionamento. Se a pessoa pediu a cura de uma doença,
obviamente ela não poderá produzir novamente sua doença, mas deverá iniciar
algum trabalho, projeto social ou terapia espiritual para ajudar outras pessoas
a se libertarem de doenças semelhantes.
Isso nos
remete a outra parte do ato de desfazer um pacto. A pessoa deve iniciar
trabalhos no bem, de auxílio as outras pessoas, de preferência na área em que
ela é mais sensível ou na área em que ela desejou algum ganho mundano. Se a
pessoa pediu ao espírito para gerar uma doença em outra pessoa, ela deve pedir
perdão a essa pessoa e tentar auxilia-la de alguma forma. Deve fazer de tudo
para melhorar a vida do outro e dar-lhe condições dignas de vida. Algumas
pessoas podem rechaçar essa ajuda. Se isso ocorrer, respeite o livre arbítrio
do outro e não force nada. Comece um trabalho de caridade, de ajuda aos
necessitados; faça o bem que você acredita ser bem para o outro. Isso vai te
ajudar a gradualmente ir queimando o karma negativo criado pelo pacto. Use a
luz para iluminar as trevas e tudo ficará bem.
(Hugo Lapa)