Por que
temos medo?
Como ele se
instala e influencia nossas vidas?
Como
combatê-lo?
O medo é um
sentimento de grande inquietação quando estamos diante de um perigo real, um
perigo imaginário ou uma ameaça. É portanto um sintoma proveniente da
insegurança em face de certas situações da vida.
É natural
que alguém que não saiba nadar tenha medo de se afogar; é o medo natural
decorrente do instinto de sobrevivência. Outros medos são o medo de perder o
emprego, de perder um ente querido, de fracassar, e a insegurança do terrorismo
internacional, das catástrofes da natureza (tsunamis, tornados, avalanches de
neve, etc.), das doenças e epidemias que varam o mundo (gripe asiática, ébole),
dos acidentes de avião, de carro, etc.
Fatores
sociológicos e econômicos
Nossa
sociedade promete muito ao indivíduo, mas na realidade não lhe oferece nada
mais que ilusões. A sociedade tecnológica compele o indivíduo a querer ter cada
vez mais, a adquirir bens materiais, esquecendo-se dos bens verdadeiros - os
bens morais e éticos.
A sociedade
competitiva e eticamente egoísta onde vivemos e as consequências desastrosas
desta maneira de viver geram insegurança emocional que induz no indivíduo o
medo. Este medo manifesta-se de diversas formas devido a pressões psicológicas,
fatores sociológicos e impositivos econômicos da sociedade atual.
Por exemplo,
um comercial de televisão promete o sucesso imediato e o amor àqueles que
adquirem o carro do ano, ou que fumam o cigarro da marca X, ou bebem a cerveja
da marca Y, no bar famoso e entre gente bonita, que sorriem e alegram o
ambiente e o visual. O espectador, homens, mulheres e crianças do mundo, e não
do sonho televisivo, está em sua casa, nem tão bela, nem tão confortável, numa
situação diferente do ideal televisivo. O espectador, então, compara e deseja.
E sai em busca do sonho...
O mundo
oferece e pede que se entre na competição para adquirir o carro do ano e o
sucesso, a mulher ou o homem jovem e atraente, a casa agradável, a família
perfeita!
O indivíduo
reage a esta expectativa de obter, de adquirir, de forma contraditória. Por um
lado, quer competir, por outro lado tem medo de fracassar. Assim, "vivem
as festas furiosas, as extravagâncias de conduta, os desperdícios de moeda e o
exibicionismo", esperando vencer o medo íntimo e seus desafios internos e
externos. Outros descambam para a delinquência e para as drogas. Procuram
rapidamente obter o que a sociedade oferece, gerando uma onda de violência
urbana e de vícios.
Deste modo,
uns vivem a loucura da delinquência, dos vícios, das drogas, do materialismo
exagerado e suas variadas manifestações, enquanto outros vivem isolados,
buscando proteger-se e proteger sua família, emparedando-se no lar ou em clubes
fechados, onde se sentem protegidos e seguros.
Exagero?
Certamente não. Basta observar.
Nesta
sociedade alucinada pelo ter e não pelo ser, o medo instala-se nos
"temperamentos frágeis, nas constituições emocionais de pouca resistência,
de começo no indivíduo, depois na sociedade"1. Por isso, segundo a mentora
espiritual Joanna de Ângelis, "esta é uma sociedade amedrontada".
"O excesso de tecnologia gerou ausência de solidariedade humana, que
provoca uma avalanche de receios."
É no
Espírito que estão as causas do medo.
Embutidos
nos fatores sociológicos e econômicos, vamos descobrir os fatores psicológicos
oriundos do ser espiritual, pois é no cerne do ser – o Espírito – que se
encontram as causas do medo.
O medo
procede de experiências passadas, de reencarnações malsucedidas ou fracassadas.
Assim, o medo pode advir da culpa não liberada, em face de o crime haver
permanecido oculto ou não justiçado, mas permanecendo na consciência do ser
para posterior reparação. O medo pode ser ainda decorrente de grande impacto
negativo no âmago do ser, como planos maquiavélicos, traições infames com
disfarçado sorriso, que geram a atual consciência de culpa e os problemas de
relacionamento.
O medo de
enfrentar os seus problemas e resolvê-los impele as pessoas a conectarem-se com
outras mentes desencarnadas que lhes inspiram e sugerem a fuga através das
drogas, da bebida, do cigarro, do comportamento exagerado.
O medo de
não fazer parte da sociedade dos "ganhadores" impele a chamar a
atenção, através do comportamento e roupas exóticas e espalhafatosas.
O medo e a
frustração de não ter levam ao crime.
O medo de
não ser amado leva a buscar amor. Como não conhece o amor verdadeiro, busca-o
na troca constante de parceiros, e até na prostituição.
O medo gera
desorganização emocional e psíquica, gerando doenças por somatização destes
fatores.
E então,
como combater o medo? Como evitá-lo?
Novamente,
vem-nos esclarecer a mentora espiritual Joanna de Ângelis quando diz que o
antídoto para o medo são as informações trazidas pelo Espiritismo: a certeza da
reencarnação, a certeza de que estamos realizando experiências, praticando para
aprender melhor e de que a vida terrena não é mais do que um longo dia perante
a eternidade real da vida do Espírito.
O combate ao
medo faz-se através da fé aliada "a terapia oferecida pelo trabalho fraternal,
o culto doméstico do Evangelho, o pensamento de otimismo e o recolhimento na
oração, juntamente com o uso da água magnetizada e do passe."
Com a
certeza da imortalidade, construímos a nossa fé sólida e firme. A fé na vida
eterna, a certeza de que somos filhos de Deus, pois Ele nos ofereceu a dádiva
da vida, traz-nos a confiança de que "O Senhor é meu pastor, nada me
faltará", pois o bom pai nada deixa faltar aos seus filhos!
Através do
trabalho solidário e fraternal, aprendemos a entender as dores e angústias dos
nossos companheiros, a ter compaixão, e finalmente a amar verdadeiramente.
O culto do
Evangelho no lar educa nosso Espírito nas verdades divinas e ensina-nos a agir
e tomar atitudes moralmente éticas e cristãs. É o Evangelho de Jesus que nos
traz lições de otimismo vivo, o fator psicológico capaz de renovar nossos
padrões de comportamento, impedindo que o medo, a depressão e angústia se
instalem.
É a
entronização do otimismo, oriundo da confiança de que, se hoje uma porta se
fecha, amanhã outra se abrirá. Assim, se hoje perdemos o emprego, ou o amigo
não nos reconhece mais, amanhã outras oportunidades surgirão, outros amigos
estarão presentes. E o dínamo gerador deste otimismo é a fé. A fé clara,
raciocinada, porque baseada na certeza da vida espiritual e no amor que tudo
dignifica.
A frequência
ao Centro Espirita esclarece nossa mente e a mente daqueles Espíritos que nos
acompanham. Educamo-nos e educamos outros, que por afinidade conectam-se a nós.
A água
fluidificada e o passe são os bálsamos espirituais que auxiliam a cura e
fortalecem o nosso Espírito, quando embrenhado na luta para se conhecer, para
se autodescobrir.
Assim quando
o medo tentar tomar conta de ti, pensa que estás encarnado na Terra para
triunfar. O triunfo, no entanto, não está nos aplausos ou nas luzes da ribalta,
nem nos sucessos mundanos, que cegam o coração e a mente. O triunfo é sobre ti
mesmo, e para consegui-lo é preciso lutar. Portanto, ora e pede orientação do
Amigo Maior, que é Jesus; deixa os receios e expulsa o medo, para que possas
agir com dignidade. E, se a situação for tão aflitiva que não vês saída, confia
e segue em frente com alegria, pois a vida eterna está à tua frente, e jamais
estará só aquele que contribui para a construção do reino de amor e paz.
1 Divaldo
Pereira Franco e Joanna de Ângelis (Espírito): O Homem Integral.
2 Divaldo
Franco e Joanna de Ângelis: Florações Evangélicas.