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domingo, 26 de março de 2017

“A MULHER ADÚLTERA NO CAMINHO DA REPARAÇÃO”

Na passagem evangélica da Mulher Adúltera, a narrativa de João Evangelista resume-se até a absolvição dela. O espírito Amélia Rodrigues, em o livro Pelos Caminhos de Jesus, pela psicografia de Divaldo Franco, nos conta que naquela mesma noite a mulher procurou o Mestre para mais elucidações. Abriu seu coração relatando-Lhe suas fraquezas, o abandono do marido que se entregara às noitadas junto dos amigos e da tentação de que não fora capaz de suportar. Reconhecia que nada desculpava sua atitude, o que denotava arrependimento. Continuava sua exortação preocupada, pois não poderia contar com ninguém já que fora levada a execração pública. Nem com a ajuda de seu pai, tampouco de seu marido. Todos a abandonaram.
O Mestre lhe indicou a necessidade de uma mudança, pois em Jerusalém não haveria espaço para um recomeço, tendo em vista tudo o que aconteceu. Ela sentiu nas entrelinhas que deveria buscar novos ares, onde pudesse viver sem a sombra do erro cometido. Na despedida, Jesus a confortou: “Há sempre um lugar no rebanho do amor para ovelhas que retornam e desejam avançar. Onde quer que vás estarei contigo e a luz da verdade no archote do bem brilhará à frente, clareando o teu caminho”.
DIVULGADORA DA BOA NOVA
Dez anos transcorreram e vamos encontrar nossa personagem em Tiro, em casa humilde, onde recebia companheiros enfermos e abandonados. Um pouso de amor ela erguera. Não esquecera jamais a passagem com o Messias. Tornara-se uma divulgadora da Boa Nova alentando almas, enquanto limpava as chagas dos corpos doentes. Encontramos aí sua expiação. Através dos trabalhos redentores se redimia perante a Lei de Causa e Efeito. Mas faltava a reparação final: faltava-lhe apagar totalmente de sua consciência o ato praticado dez anos atrás àquele que ofendera com o adultério. Faltava compensar o ofendido.
Continua Amélia Rodrigues informando que durante uma tarde, trouxeram-lhe um homem desfalecido. Ela tratou de suas chagas, deu-lhe alimento revigorante que lhe aliviou as dores. Em seguida lhe ofereceu mensagem falando de Jesus. Emocionado, o homem confessa que conhecera o Doce Rabi em um fatídico dia em Jerusalém e desde então nutrira amargo sentimento pelo Mestre Jesus. Guardava terrível raiva, pois o Mestre salvara a esposa adúltera, porém, para com ele não guardara nenhuma palavra de consolo. Confessara então que o tempo o fez meditar como se equivocou em seu julgamento em Jerusalém. Buscava encontrar a companheira e a procurou em muitos lugares sem êxito, até que a doença lhe visitara o corpo, consumindo-lhe as energias. Embargada pelas emoções se recordara a mulher de todo o fato. Reconheceu o companheiro do passado e sem revelar-lhe quem era, disse-lhe: “Deus é amor, e, Jesus, por isso mesmo nunca está longe daqueles que O querem e buscam”.
A CURA DA ALMA
Encontramos nesta bela narrativa, queridos leitores, a afirmação de que o amor liberta definitivamente, cura todas as chagas de nossas almas, inclusive as feridas causadas pelos nossos irmãos de jornada. Mas, devemos seguir o exemplo da mulher adúltera e transpormos as barreiras do passado, buscarmos firmes através das lutas do cotidiano as oportunidades para o reajustamento definitivo. Ressaltamos também que o decurso de tempo é necessário neste processo, aliado ao esclarecimento através do Evangelho exemplificado pelo Mestre Jesus, aprofundado com os ensinamentos da Doutrina dos Espíritos. A necessidade de renovação íntima e moral, e também de que em toda infração cometida à Lei de Deus, nascem o arrependimento, expiação e reparação.
André Afonso Monteiro-Correio Espírita
Bibliografia:
- Dias, Haroldo Dutra. João, capítulo 8, O Novo Testamento/ tradução de Haroldo Dutra Dias. – 1. ed. 2. imp. – Brasília: FEB, 2013.
- Rodrigues, Amélia (Espírito). Atire a primeira pedra. Luz no Mundo/ pelo Espírito Amélia Rodrigues; [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 1971.
- Rodrigues, Amélia (Espírito). Encontro de reparação. Pelos Caminhos de Jesus/ pelo Espírito Amélia Rodrigues; [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. Salvador: LEAL, 1988.
- Kardec, Allan, 1804-1869. Código penal da vida futura. O Céu e o Inferno, ou, A Justiça Divina Segundo o Espiritismo/ Allan Kardec; tradução de Albertina Escuderio Sêco. – 2. ed. – Rio de Janeiro: CELD, 2011.


“HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DO PAI”

Você já se surpreendeu olhando o firmamento à noite e se encantando com as estrelas? Já parou para pensar para que existem tantos pontos luminosos no espaço?
Povos antigos, intrigados com a beleza e o brilho desses sóis, criaram lendas. Falavam que as estrelas eram gotículas do suor do grande Criador.
Após realizar o labor da Criação, Ele passara a mão na testa, retirara o suor e o lançara no espaço.
Por acreditarem que a Terra era revestida por uma abóbada fechada, muitos cogitaram de que os pontos luminosos fossem buraquinhos no céu, por onde se coasse a luz. Igualzinho a um tecido esgarçado, colocado contra o sol.
Hoje, sabemos que as estrelas são sóis e não estão colocadas no firmamento para nosso exclusivo deleite.
Afirmam que são duas mil e quinhentas as que podem ser vistas a olho nu. E devem ter um objetivo sério, racional para existirem. Por que criaria Deus algo improdutivo?
Além das estrelas, existem disseminados no espaço mundos e sistemas.
A Terra longe está de ser um planeta dos mais importantes na economia universal.
O nosso sol é uma estrela de quinta grandeza. Existem muitos sóis mais poderosos do que o nosso.
São tantos que, se considerarmos dois planetas para cada um deles, poderemos contar duzentos bilhões em nossa galáxia.
No concerto das probabilidades, se somente um por cento deles tiver as mesmas condições e idades da Terra, teremos dois bilhões de planetas com as mesmas condições daquele em que vivemos.
É de se perguntar – Por que não serem habitados?
Considerando-se que existem planetas muito mais antigos do que a Terra, podemos cogitar de mundos mais avançados. Possuidores de maiores conhecimentos, de mais conquistas.
Afirmar que a vida inteligente não é patrimônio exclusivo do nosso pequeno planeta não é extraordinário, nem temerário.
Não repugna nem à inteligência, nem à cultura. A pluralidade dos mundos habitados foi ensinada por Jesus: as muitas moradas do pai. Se não fosse assim – afirmou - Eu vos teria dito.
Contemplando esses ninhos luminosos no céu, a alma sonha com a evolução e se enche de esperança.
Quantos deles conheceremos um dia? Lares em que vivemos. Lares que viveremos. Oceanos de saber e de arte, por enquanto, impenetráveis.
A doutrina da pluralidade dos mundos habitados é de fraternidade.
Compreende-se melhor a Sabedoria Divina, entende-se como a imensa Humanidade se encontra espalhada em muitos mundos. Pensa-se na fraternidade universal.
 Você sabia?
 Você sabia que, se tomássemos um veículo que se movimentasse com a velocidade da luz, que partisse da Terra para alcançar a extremidade da nossa galáxia, gastaríamos a bagatela de cinquenta mil anos-luz?
E não esqueça: a velocidade da luz é de trezentos mil quilômetros por segundo.
Já imaginou que imenso Universo temos a conhecer e a percorrer?
Quantas vidas demoraremos para adentrarmos mundos melhores? Não importa.
Um dia, essas resplandecentes moradas do Pai nos servirão de lar, como hoje a nossa Terra nos recebe e sustenta.
 Redação do Mundo Espírita, com base no cap. 2,
do livro No limiar do Infinito, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 3.2.2014.



sábado, 25 de março de 2017

“O MEDO NA VISÃO ESPÍRITA”

Por que temos medo?
Como ele se instala e influencia nossas vidas?
Como combatê-lo?
O medo é um sentimento de grande inquietação quando estamos diante de um perigo real, um perigo imaginário ou uma ameaça. É portanto um sintoma proveniente da insegurança em face de certas situações da vida.
É natural que alguém que não saiba nadar tenha medo de se afogar; é o medo natural decorrente do instinto de sobrevivência. Outros medos são o medo de perder o emprego, de perder um ente querido, de fracassar, e a insegurança do terrorismo internacional, das catástrofes da natureza (tsunamis, tornados, avalanches de neve, etc.), das doenças e epidemias que varam o mundo (gripe asiática, ébole), dos acidentes de avião, de carro, etc.
Fatores sociológicos e econômicos
Nossa sociedade promete muito ao indivíduo, mas na realidade não lhe oferece nada mais que ilusões. A sociedade tecnológica compele o indivíduo a querer ter cada vez mais, a adquirir bens materiais, esquecendo-se dos bens verdadeiros - os bens morais e éticos.
A sociedade competitiva e eticamente egoísta onde vivemos e as consequências desastrosas desta maneira de viver geram insegurança emocional que induz no indivíduo o medo. Este medo manifesta-se de diversas formas devido a pressões psicológicas, fatores sociológicos e impositivos econômicos da sociedade atual.
Por exemplo, um comercial de televisão promete o sucesso imediato e o amor àqueles que adquirem o carro do ano, ou que fumam o cigarro da marca X, ou bebem a cerveja da marca Y, no bar famoso e entre gente bonita, que sorriem e alegram o ambiente e o visual. O espectador, homens, mulheres e crianças do mundo, e não do sonho televisivo, está em sua casa, nem tão bela, nem tão confortável, numa situação diferente do ideal televisivo. O espectador, então, compara e deseja. E sai em busca do sonho...
O mundo oferece e pede que se entre na competição para adquirir o carro do ano e o sucesso, a mulher ou o homem jovem e atraente, a casa agradável, a família perfeita!
O indivíduo reage a esta expectativa de obter, de adquirir, de forma contraditória. Por um lado, quer competir, por outro lado tem medo de fracassar. Assim, "vivem as festas furiosas, as extravagâncias de conduta, os desperdícios de moeda e o exibicionismo", esperando vencer o medo íntimo e seus desafios internos e externos. Outros descambam para a delinquência e para as drogas. Procuram rapidamente obter o que a sociedade oferece, gerando uma onda de violência urbana e de vícios.
Deste modo, uns vivem a loucura da delinquência, dos vícios, das drogas, do materialismo exagerado e suas variadas manifestações, enquanto outros vivem isolados, buscando proteger-se e proteger sua família, emparedando-se no lar ou em clubes fechados, onde se sentem protegidos e seguros.
Exagero? Certamente não. Basta observar.
Nesta sociedade alucinada pelo ter e não pelo ser, o medo instala-se nos "temperamentos frágeis, nas constituições emocionais de pouca resistência, de começo no indivíduo, depois na sociedade"1. Por isso, segundo a mentora espiritual Joanna de Ângelis, "esta é uma sociedade amedrontada". "O excesso de tecnologia gerou ausência de solidariedade humana, que provoca uma avalanche de receios."
É no Espírito que estão as causas do medo.
Embutidos nos fatores sociológicos e econômicos, vamos descobrir os fatores psicológicos oriundos do ser espiritual, pois é no cerne do ser – o Espírito – que se encontram as causas do medo.
O medo procede de experiências passadas, de reencarnações malsucedidas ou fracassadas. Assim, o medo pode advir da culpa não liberada, em face de o crime haver permanecido oculto ou não justiçado, mas permanecendo na consciência do ser para posterior reparação. O medo pode ser ainda decorrente de grande impacto negativo no âmago do ser, como planos maquiavélicos, traições infames com disfarçado sorriso, que geram a atual consciência de culpa e os problemas de relacionamento.
O medo de enfrentar os seus problemas e resolvê-los impele as pessoas a conectarem-se com outras mentes desencarnadas que lhes inspiram e sugerem a fuga através das drogas, da bebida, do cigarro, do comportamento exagerado.
O medo de não fazer parte da sociedade dos "ganhadores" impele a chamar a atenção, através do comportamento e roupas exóticas e espalhafatosas.
O medo e a frustração de não ter levam ao crime.
O medo de não ser amado leva a buscar amor. Como não conhece o amor verdadeiro, busca-o na troca constante de parceiros, e até na prostituição.
O medo gera desorganização emocional e psíquica, gerando doenças por somatização destes fatores.
E então, como combater o medo? Como evitá-lo?
Novamente, vem-nos esclarecer a mentora espiritual Joanna de Ângelis quando diz que o antídoto para o medo são as informações trazidas pelo Espiritismo: a certeza da reencarnação, a certeza de que estamos realizando experiências, praticando para aprender melhor e de que a vida terrena não é mais do que um longo dia perante a eternidade real da vida do Espírito.
O combate ao medo faz-se através da fé aliada "a terapia oferecida pelo trabalho fraternal, o culto doméstico do Evangelho, o pensamento de otimismo e o recolhimento na oração, juntamente com o uso da água magnetizada e do passe."
Com a certeza da imortalidade, construímos a nossa fé sólida e firme. A fé na vida eterna, a certeza de que somos filhos de Deus, pois Ele nos ofereceu a dádiva da vida, traz-nos a confiança de que "O Senhor é meu pastor, nada me faltará", pois o bom pai nada deixa faltar aos seus filhos!
Através do trabalho solidário e fraternal, aprendemos a entender as dores e angústias dos nossos companheiros, a ter compaixão, e finalmente a amar verdadeiramente.
O culto do Evangelho no lar educa nosso Espírito nas verdades divinas e ensina-nos a agir e tomar atitudes moralmente éticas e cristãs. É o Evangelho de Jesus que nos traz lições de otimismo vivo, o fator psicológico capaz de renovar nossos padrões de comportamento, impedindo que o medo, a depressão e angústia se instalem.
É a entronização do otimismo, oriundo da confiança de que, se hoje uma porta se fecha, amanhã outra se abrirá. Assim, se hoje perdemos o emprego, ou o amigo não nos reconhece mais, amanhã outras oportunidades surgirão, outros amigos estarão presentes. E o dínamo gerador deste otimismo é a fé. A fé clara, raciocinada, porque baseada na certeza da vida espiritual e no amor que tudo dignifica.
A frequência ao Centro Espirita esclarece nossa mente e a mente daqueles Espíritos que nos acompanham. Educamo-nos e educamos outros, que por afinidade conectam-se a nós.
A água fluidificada e o passe são os bálsamos espirituais que auxiliam a cura e fortalecem o nosso Espírito, quando embrenhado na luta para se conhecer, para se autodescobrir.
Assim quando o medo tentar tomar conta de ti, pensa que estás encarnado na Terra para triunfar. O triunfo, no entanto, não está nos aplausos ou nas luzes da ribalta, nem nos sucessos mundanos, que cegam o coração e a mente. O triunfo é sobre ti mesmo, e para consegui-lo é preciso lutar. Portanto, ora e pede orientação do Amigo Maior, que é Jesus; deixa os receios e expulsa o medo, para que possas agir com dignidade. E, se a situação for tão aflitiva que não vês saída, confia e segue em frente com alegria, pois a vida eterna está à tua frente, e jamais estará só aquele que contribui para a construção do reino de amor e paz.
1 Divaldo Pereira Franco e Joanna de Ângelis (Espírito): O Homem Integral.

2 Divaldo Franco e Joanna de Ângelis: Florações Evangélicas.

sexta-feira, 24 de março de 2017

“PERDA DE ENTES QUERIDOS”

A perda dos entes que nos são caros não constitui para nós legítima causa de dor, tanto mais legítima quanto é irreparável e independente da nossa vontade?
“Essa causa de dor atinge assim o rico, como o pobre: representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.”
935. Que se deve pensar da opinião dos que consideram profanação as comunicações com o além-túmulo?
“Não pode haver nisso profanação, quando haja recolhimento e quando a evocação seja praticada respeitosa e convenientemente. A prova de que assim é tendes no fato de que os Espíritos que vos consagram afeição acodem com prazer ao vosso chamado. Sentem-se felizes por vos lembrardes deles e por se comunicarem convosco. Haveria profanação, se isso fosse feito levianamente.”
Comentário de Allan Kardec:
A possibilidade de nos pormos em comunicação com os Espíritos é uma dulcíssima consolação, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes e amigos, que deixaram antes de nós a Terra. Pela evocação, aproximamo-los de nós, eles vêm colocar-se ao nosso lado, nos ouvem e respondem. Cessa assim, por bem dizer, toda separação entre eles e nós. Auxiliam-nos com seus conselhos, testemunham-nos o afeto que nos guardam e a alegria que experimentam por nos lembrarmos deles. Para nós, grande satisfação é sabê-los ditosos, informar-nos, por seu intermédio, dos pormenores da nova existência a que passaram e adquirir a certeza de que um dia nos iremos a eles juntar.
936. Como é que as dores inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos Espíritos que as causam?
“O Espírito é sensível à lembrança e às saudades dos que lhe eram caros na Terra; mas, uma dor incessante e desarrazoada o toca penosamente, porque, nessa dor excessiva, ele vê falta de fé no futuro e de confiança em Deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que o choram e talvez à sua reunião com estes.”
Comentário de Allan Kardec:
Estando o Espírito mais feliz no Espaço que na Terra, lamentar que ele tenha deixado a vida corpórea é deplorar que seja feliz. Figuremos dois amigos que se achem metidos na mesma prisão. Ambos alcançarão um dia a liberdade, mas um a obtém antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria, de sua parte, mais egoísmo do que afeição em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual tempo? O mesmo se dá com dois seres que se amam na Terra. O que parte primeiro é o que primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento em que a nosso turno também o seremos.
Façamos ainda, a este propósito, outra comparação. Tendes um amigo que, junto de vós, se encontra em penosíssima situação. Sua saúde ou seus interesses exigem que vá para outro país, onde estará melhor a todos os respeitos. Deixará temporariamente de se achar ao vosso lado, mas com ele vos correspondereis sempre: a separação será apenas material. Desgostar-vos-ia o seu afastamento, embora para o bem dele?
Pelas provas patentes, que ministra, da vida futura, da presença, em torno de nós, daqueles a quem amamos, da continuidade da afeição e da solicitude que nos dispensavam; pelas relações que nos faculta manter com eles, a Doutrina Espírita nos oferece suprema consolação, por ocasião de uma das mais legítimas dores. Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se.
Impacientemente suportamos as tribulações da vida. Tão intoleráveis nos parecem, que não compreendemos possamos sofrê-las. Entretanto, se as tivermos suportado corajosamente, se soubermos impor silêncio às nossas murmurações, felicitar-nos-emos, quando fora desta prisão terrena, como o doente que sofre se felicita, quando curado, por se haver submetido a um tratamento doloroso.

Autor-

Allan Kardec   perda de entes queridos     Evangelho Segundo o Espiritismo   

“VIUVEZ E MORTE EM FAMÍLIA”

 O pai permanece em estado vegetativo há muitos anos. A família sofre com esta situação, principalmente a mãe. Então, quem estaria pagando por isso: o enfermo ou a família?
 Todos estão envolvidos em resgate. O pai, numa prisão, o corpo. Os familiares, carcereiros no bom sentido, encarregados de dar-lhe assistência. Importante que o façam de boa-vontade, com dedicação, sem questionamentos do passado e construindo o futuro de bênçãos.
 Pouco tempo após a morte do marido, a viúva arranjou um namorado. Familiares do falecido revoltaram-se, considerando falta de respeito. Como agir nessa situação?
 Aurélian Scholl, famoso escritor francês, dizia: "o casamento tem sua lua-de-mel; a viuvez também". A duração da lua-de-mel depende da extensão da paixão. A viuvez, como estado de espírito, só é duradoura quando o relacionamento transcendeu da paixão para o amor, sustentado por legítima afinidade. Se isso não ocorre, é inútil impor prazo para alguém tirar o luto.
 O que podem fazer os filhos diante o pai que, com setenta anos, após enviuvar, parece ter assumido uma segunda adolescência, interessado em festas, bebidas e namoricos?
 Quando o espírito não aproveita as oportunidades de edificação da jornada humana, marcando passo no caminho da evolução, a adolescência e a velhice se confundem, em exercício da inconseqüência. O adolescente deve ser disciplinado pelos pais. Quanto ao ancião, é esperar que a vida o faça, senão aqui, no Além, botando juízo em sua cabeça.
 Quando um homem desencarna e a viúva casa-se novamente, o morto fica infeliz? Ele vê o que acontece?
 Depende. Se for alguém compreensivo e amigo, preocupado com o bem-estar da família, certamente há de desejar que a esposa refaça sua vida afetiva com um companheiro que a ajude a enfrentar os desafios da existência. Se for do tipo egoísta e possessivo, vai aborrecer-se e até interferir, causando-lhe embaraços.
 Enquanto encarnado ele dizia que voltaria para atormentar a esposa. Isso é possível?
 Pouco provável que aconteça. Se essa era sua intenção legítima, certamente está fazendo estágio depurador no Umbral, o purgatório para onde são remetidos aqueles que cultivam más intenções.
 Sou casada em segundas núpcias. Como ficaremos os três no mundo espiritual?
 Prevalecerá a união com o cônjuge em relação ao qual teve maior afinidade, desde que ambos não se enrosquem em regiões umbralinas e se habilitem a viver em comunidades saudáveis no Plano Espiritual, tipo Nosso Lar, a cidade do Além descrita por André Luiz no livro Nosso Lar, psicografado por Francisco Cândido Xavier.
Sempre estarei com meus pais, irmãos, sobrinhos, cunhados, tios? Reencarnaremos juntos?
 Acima da família humana, transitória, há a família espiritual. A primeira atende às convenções humanas e ao sangue; a segunda atende à afinidade. Membros da família humana que guardem afinidade entre si tenderão a perpetuar seu relacionamento, ajudando-se mutuamente nos caminhos da evolução, em sucessivas reencarnações, ainda que ocorra mudança de posição quanto ao sangue. O pai de hoje poderá ser o irmão ou filho de amanhã... As alternativas são numerosas, sempre atendendo às necessidades de cada grupo.
 Mudei de cidade após a morte do marido. Será que ele conseguirá encontrar-me?
 Depende de como foi o relacionamento. Se tumultuado por desentendimentos e brigas, talvez ele prefira manter distância. Se houve amor e legítimo entendimento, não se preocupe. Ele a encontrará, guiado pela infalível bússola do coração.


Richard Simonetti.

“CONSOLO ESPIRITUAL: QUEM DE NÓS NUNCA CHOROU PELA PERDA DE UMA PESSOA AMADA?”

Um dos maiores serviços que o Espiritismo presta à Humanidade é o consolo.
E, quanto a esta última indagação, o conhecimento da vida após a morte representa um dos maiores avanços já conseguidos pelo homem.
Quem de nós nunca chorou pela morte de uma pessoa amada?
Os mais insensíveis, os mais materialistas, tanto quanto os mais descrentes, não importando o tamanho da sua descrença, sofrem pela perda de alguém.
É porque o amor e as pessoas amadas dão significado à nossa vida.
Muitos filósofos materialistas chegaram a afirmar que a vida não vale a pena porque é somente o conjunto de alguns anos de dor que culminam com uma dor maior, a morte.
Outros tantos sonhadores levaram a vida inteira à procura da fonte da juventude, que lhes garantiria vida eterna.
Finalmente, outros ainda esconderam suas mágoas contra a morte, numa frieza superficial, forçando a aceitação de uma fatalidade que a própria razão humana repele.
Allan Kardec expressou muito bem o significado da vida além da vida na seguinte analogia:
Um grupo de pessoas zarpou, numa embarcação, para alto mar.
Os dias passaram e a notícia chegou inesperada: o barco fora tolhido por um naufrágio, não restando sobreviventes.
Todavia, todos os viajantes haviam sobrevivido ao naufrágio e agora viviam numa ilha desconhecida e isolada.
Ao cabo de algum tempo, uma equipe de pesquisadores do mar defrontou-se com a ilha, descobrindo que os ditos mortos ainda viviam.
Retornando ao porto, narraram a descoberta.
Alguns se felicitaram, outros, contudo, duvidaram, exigindo provas.
Assim é com relação à morte.
Os nossos familiares, os nossos amores, os nossos amigos que chamamos mortos, vivem, apesar de termos sepultado os seus corpos.
Assim como durante muito tempo existiram na Terra regiões jamais imaginadas, existem essas regiões espirituais, para onde foram os seres que amamos e para onde todos nós igualmente retornaremos um dia.
Portanto, se a dor da perda de alguém está lhe aturdindo o coração, mude o seu ponto de vista, porque, na realidade, não houve perda, apenas uma separação momentânea.
Não é errado sentir saudade, pelo contrário, é demonstração de afeto.
Só não é justo matarmos em nossos pensamentos de desespero, pessoas que, após a morte, vivem e sentem também saudade.
Não haveria sentido no Universo se a morte fosse o fim.
Você pode acreditar se quiser, e você pode desacreditar, se conseguir, porque, se você parar para pensar, vai descobrir que não pode ser diferente.
A vida continua após a morte, e vai continuar, mesmo que você se recuse a aceitar.
Francisco Cândido Xavier transmitiu milhares de comunicações de Espíritos que forneceram detalhes íntimos de quando estavam vivos e que receberam confirmação dos familiares.
Muitas dessas comunicações podem ser encontradas em vários livros, com o depoimento dos familiares, que comprovam a sua autenticidade.
Todas essas pessoas não poderiam ter sido iludidas ao longo de tantos anos.
Pense nisso, mas, pense agora!

Redação do Momento Espírita.



𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...