Vários são
os porquês que ainda nos incomodam no dia-a-dia, principalmente os relativos à
vida. Muitos dos que creem em Deus não conseguem entender o motivo de tantas
desarmonias na sociedade. Por que existem tantas pessoas que sofrem, que
parecem ser perseguidas pelo azar, enquanto para outras a vida se mostra mais
fácil? Por que existem crianças que nascem doentes, enquanto outras vêm ao
mundo sadias? Por que muitas vezes o indivíduo mal-intencionado tem mais
oportunidades na vida do que aquele que parece ser honesto? Algumas respostas
surgem aqui e acolá: "Tudo é obra do destino de cada um"; "Saúde
e doença são explicadas pela genética"; "É a vontade de Deus, por
isso fulano sofre". São opiniões, apenas opiniões. Para aqueles que creem
na justiça e bondade de Deus, elas são incompletas, vagas e sem fundamentos. Se
acreditamos na existência de Deus, justo e superior a tudo e a todos, temos que
entender porquê acontecem essas diferenças, sem que Ele esteja cometendo
injustiças. Somente afirmar que Deus é Pai e sabe o que faz, não satisfaz o
raciocínio do século XX. Deus não cria mistérios para seus filhos. Pelo
contrário, deu a eles a inteligência para discernir o certo do errado, tirando
as próprias conclusões. Se acreditarmos no "destino", este não pode
ser obra do acaso. Alguém estaria pré-estabelecendo a vida. Fazendo uns bons e
outros maus, Deus estaria sendo autoritário, coisa inconcebível ao Criador do
Universo. Quanto ao fator genético, sabemos cientificamente que ele influi na
organização funcional e anatômica do homem. Mas, não deixa de ser uma Lei da
Natureza e, como tal, também criada por Deus. O homem não cria nada. Só
descobre as maravilhas do mundo que o cerca. Analisando essas colocações,
concluímos que Deus está por detrás de tudo o que acontece na vida. Ele rege a
atuação da justiça através de uma Lei superior, chamada Lei de Causa e Efeito
ou Ação e Reação. Ela é colocada em prática através das reencarnações. Na visão
espírita, a reencarnação é a oportunidade que Deus concede aos seus filhos para
que possam reparar seus erros, próprios da imperfeição humana. Há religiões
sérias que acreditam que depois da morte a pessoa boa irá para o Céu, e a má
para o Inferno, sofrendo penas ou gozos eternos. Há outras, também
respeitáveis, que creem que após a morte, a alma permanecerá no túmulo,
esperando o chamado Juízo Final, quando então será julgada pelos bons ou maus
atos praticados. Mas, num mundo como a Terra, onde o bem e o mal se confundem,
devido à miserabilidade cultural, como afirmar que uma pessoa é totalmente má?
Ou então, quem de nós ousaria, defronte ao espelho, dizer: não tenho pecados,
nunca os cometi? Jesus Cristo, nos Evangelhos, questionou-nos sobre isso na
passagem da mulher adúltera; e, segundo a história, ninguém teve a coragem de
se dizer sem erros. Portanto, é impossível que com uma média de 70 anos de
vida, consigamos atingir um estado tal de nos dizermos dignos do Céu. Com
relação aos condenados ao Inferno, façamos uma comparação: se você é pai e seu
filho cometer um erro, você lhe chamará a atenção. Se ele persistir no erro,
poderá puni-lo. Não com o intuito de que ele sofra por sofrer, mas para que,
através da punição, aprenda o modo correto de viver. Como pai, você nunca o
condenaria para sempre, por ele ter cometido uma falha própria de sua
inexperiência. Por que, então, Deus daria só uma chance de iluminação aos seus
filhos? Lembremos Jesus: “Se vós, pois, sendo maus, sabei dar boas coisas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhos
pedirem?” (Mateus cap.7: vers.11). Através da reencarnação o Espírito vive
muitas vidas, passando por provas e por oportunidades de corrigir os erros
cometidos no passado. Na Sua justiça, Deus não nos condena a sofrermos
eternamente por causa dos erros. Dá-nos a oportunidade de repará-los por nós
mesmos. Assim, entenderemos, com conhecimento de causa, que a prática do bem
nos traz felicidade; enquanto a do mal, com certeza nos levará, cedo ou tarde,
ao sofrimento. Deus nos dá a liberdade de agir como quisermos. O destino estará
sendo traçado por tudo o que nós fizermos. Viveremos bem ou mal, sadios ou
doentes, felizes ou tristes, de acordo com nossas atitudes. A plantação é
livre; porém, a colheita obrigatória. Tudo em perfeita harmonia com a Justiça
Divina. Por que não nos lembramos de outras vidas? Dizem os Espíritos que a
lembrança do passado, durante nossa existência atual, poderia exaltar nosso
orgulho, trazer-nos humilhações ou mesmo impedir nossas atitudes. Deus apenas
nos dá ligeiras recordações das vidas anteriores, como: inclinações para tal
atividade, gostos apropriados, aptidões inatas e mesmo alguns lampejos de
memória do pretérito. Às vezes, ao encontrarmos alguém pela primeira vez, temos
a impressão de conhecê-lo há muito tempo, gerando uma simpatia ou antipatia
instantânea. A Doutrina Espírita afirma que o Espírito nunca regride moral e
intelectualmente. Ou estaciona ou evolui. Portanto, basta vermos nossas
atitudes atuais para termos ideia do que fomos e tomarmos consciência do que
precisamos ser. Ao desencarnarmos (a morte do corpo material) e chegarmos no
mundo espiritual - chamado por Jesus de verdadeira vida -, nosso Espírito irá
rever algumas de suas vidas passadas e compreenderá o porquê das dificuldades
da última existência. Absorverá toda a experiência para chegar ao progresso
almejado. Reencarnação, portanto, é sinônimo de justiça e bondade de Deus.
Façamos nossa parte, procurando sermos melhores hoje do que fomos no dia de
ontem. Com certeza, a vida nos sorrirá com mais frequência, abrindo-nos novos
horizontes, sem as dores e frustrações atuais. O por quê da dificuldade de
muitas religiões e, consequentemente, seus seguidores não acreditarem ou
lidarem com a Reencarnação deve-se à ação do Imperador Justiniano no ano 553
d.C. de conclamar o Concílio de Constantinopla, convidando apenas os bispos
não-reencarnacionistas, e decretando que Reencarnação não existe, influenciado
por sua esposa Teodora, ex-cortesã, filha de um guardador de ursos do
anfiteatro de Bizâncio, que, para libertar-se de seu passado, mandou matar
antigas colegas e para não sofrer as consequências dessa ordem cruel em uma
outra vida como preconiza a lei do Karma, empenhou-se em suprimir a magnífica
Doutrina da Reencarnação. Esse Concílio não passou de um encontro que
excomungou e maldisse a doutrina da preexistência da alma, com protestos do
Papa Virgílio, sequestrado e mantido prisioneiro de Justiniano por 8 anos por
ter-se recusado a participar desse Concílio. Dos 165 bispos presentes, 159 eram
não-reencarnacionistas, e tal fato garantiu a Justiniano os votos de que
precisava para decretar que Reencarnação não existe. E assim a Igreja Católica
tornou-se uma igreja não-reencarnacionista e, mais tarde, as suas dissidências
levaram consigo esse dogma lá estabelecido. Com o predomínio, no Ocidente,
dessas igrejas não-reencarnacionistas, criou-se no Consciente Coletivo
ocidental a ideia de que Reencarnação não existe. Isso representou um dos
maiores atrasos da história da humanidade que, até hoje, reflete-se, pois temos
ciências, como a Psicologia e a Psiquiatria, que limitam-se apenas à vida
atual, ignorando todo um material de estudo e análise, do nosso passado,
escondido em nosso Inconsciente. E é aí que estamos indo, seguindo a orientação
do Dr. Freud. Entrando no Inconsciente das pessoas encontra-se a Reencarnação.
Isso é religião? Não, isso é pesquisa científica, isso é a emergência de uma
nova Psicologia e uma nova Psiquiatria. Você pode acreditar ou não na lei da
reencarnação, mas, se esta vida fosse o começo e o fim da existência humana,
seria impossível conciliar as desigualdades da vida com a justiça divina. Por
que um homem nasce em família rica, enquanto outra criança chega a um lar
paupérrimo, apenas para morrer de fome? Por que uma pessoa tem saúde suficiente
para viver cem anos, enquanto outra está sempre doente? Por que os esquimós
nascem no gélido norte e outros povos em países temperados, onde a luta pela
sobrevivência é mais fácil? Por que alguns bebês nascem cegos ou mortos? Por
quê? Por quê? Por quê? Se você fosse Deus, faria coisas tão injustas? De que
adiante ler e viver de acordo com as escrituras, se a vida é predestinada por
um Deus caprichoso que, deliberadamente, cria seres com corpos ou cérebros
imperfeitos? Segundo a lei de causa e efeito, a toda ação corresponde uma
reação proporcional. Portanto, tudo o que está acontecendo conosco agora deve
ser resultado de algo que fizemos anteriormente. Se nada existe nesta vida que
justifique as circunstâncias atuais, a conclusão inevitável é a de que a causa
foi posta em movimento em alguma época anterior, ou seja, em alguma existência
humana passado. Seus estados de ânimo e características mais fortes não
começaram com este nascimento; estabeleceram-se em sua consciência muito antes
disso. Assim, podemos compreender porque algumas pessoas mostram, desde a
primeira infância, certas fraquezas ou talentos específicos. Podemos
compreender também como a vida perfeita de Jesus na Terra foi resultado de
diversas encarnações prévias, nas quais ele foi desenvolvendo o autodomínio.
Sua vida milagrosa como o Cristo foi consequência de muitas vidas anteriores de
aprendizagem espiritual. Ele se tornou um avatar, uma encarnação divina porque,
em vidas passadas, como ser humano comum, combateu as tentações da carne e
venceu. Seu exemplo oferece esperança definitiva ao resto da humanidade. Do
contrário, que oportunidade teríamos? Se Deus tivesse enviado anjos para
ensinar-nos, eu diria: "Senhor, por que não me criaste anjo? Como posso
imitar seres que foram criados perfeitos e que não tiveram experiência com as
provações e tentações que Tu me deste?". Como ideal, precisamos de um ser
essencialmente igual a nós. Jesus teve que enfrentar tentações. "Afasta-te
Satã", disse ele. E venceu. Se jamais tivesse conhecido a tentação, sua
ordem teria sido uma encenação, e como isso poderia nos inspirar? Embora já
tivesse vencido a carne em outras vidas, teve que sentir essa fraqueza
novamente na encarnação como Jesus para mostrar à humanidade, por meio de sua
vitória, a altura espiritual que havia alcançado e, como seu exemplo, dar
coragem a todos os homens."
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sábado, 11 de fevereiro de 2017
“NASCER EM PAÍSES EM GUERRA É CARMA? ”
Por incrível
que pareça, pensamos que viver em um país em guerra seria um carma da
coletividade; que aquelas pessoas estão ali para pagarem por seus erros de
outrora, mas não é só isso.
Primeiro,
temos que lembrar que quem começa uma guerra o faz por sua simples escolha.
Seja o presidente de uma nação, seja o povo que o incita, tudo começou por uma
escolha. E continua, pela execução de novas escolhas.
Essas
escolhas estão intimamente relacionadas a nossa forma de enxergar a vida, aos
nossos conceitos e preconceitos, às nossas crenças. Assim, da mesma forma que
Deus não programou, no pretérito, as guerras mundiais e as guerras santas,
estas e as que existem ainda hoje são um reflexo da nossa humanidade ignorante
que não aceita as diferenças, que não tolera ser contrariada.
Então,
quando a guerra é proclamada, a partir dessa escolha humana, a Providência
Divina agirá para que os reflexos dessa escolha insensata sejam úteis para os
que nela viverem as suas experiências. Daí, começa uma mistura de carmas e
escolhas.
Muitos
poderão pedir para vir neste território em conflito para poderem superar as
mazelas que acreditam ser portadores; muitos poderão vir para enfrentar a si
mesmos e superar os seus traumas; muitos que não necessitam experienciar por
muito tempo a dor da guerra, se verão com coragem para sair daquele território
que já foi o seu lar e buscar conforto no território alheio; muitos se
colocarão como voluntários divinos na tarefa de conscientização e conforto aos
que lá já se encontram.
Mas,
precisamos entender que a guerra em si não modifica ninguém. Ela é somente um
fato que pode impulsionar uma possível mudança, positiva ou negativa, segundo a
vontade daquele ser humano que nela vivencia ou vivenciou as suas dores.
Temos visto
as duas faces da guerra, as duas formas que o povo, a ela submetido, reage:
uma, em que a busca e a conscientização da paz se torna meta de vida e, outra,
onde a vingança é a aplicação da justiça contra os seus algozes. Qualquer uma
dessas metas pode ser absorvida pelo povo em conflito ou mesmo por toda a
humanidade que, num mundo globalizado, acompanha os terríveis reflexos da
guerra alheia.
Porque ainda
existem essas guerras se já passamos por tantos conflitos que deveriam ter
ensinado algo à humanidade? Porque somos pessoas que tem aprendizados únicos e
particulares, e estes nos levam a caminhos únicos e particulares escolhidos por
nós a cada experiência. Lembrando que, hoje, no patamar evolutivo que temos,
poucos são aqueles que são obrigados a reencarnar compulsoriamente, então,
quando ao reencarnarmos, por exemplo, nos colocamos para vivenciarmos um
momento de conflito, temos em nós a vontade de superarmos as nossas tendências
violentas através de uma vivência na violência. Mas, quando estamos na dor,
somente a nós caberá a escolha e a responsabilidade do caminho a percorrer.
Entendamos
que por mais que o nosso planeta esteja no processo de regeneração, ainda
estamos na fase da seleção daqueles que nele ficarão. Então, muitos de nós
estão buscando superar nossos carmas com escolhas melhores a cada dia. Mas, o
que é melhor?! Somente a nós caberá definir.
Adriana
Machado
“AJUDA-TE E O CÉU TE AJUDARÁ”
Narra-se que
um sábio caminhava com os discípulos por uma estrada tortuosa, quando
encontraram um homem piedoso que, ajoelhado, rogava a Deus que o auxiliasse a
tirar seu carro do atoleiro.
Todos
olharam o devoto, sensibilizaram-se e prosseguiram.
Alguns
quilômetros à frente, havia um outro homem que tinha, igualmente, o carro
atolado num lodaçal. Esse, porém, esbravejava reclamando, mas tentava com todo
empenho liberar o veículo.
Comovido, o
sábio propôs aos discípulos ajudá-lo.
Reuniram
todas as forças e conseguiram retirar o transporte do atoleiro. Após os
agradecimentos, o viajante se foi feliz.
Os
aprendizes surpresos, indagaram ao mestre: Senhor, o primeiro homem orava, era
piedoso e não o ajudamos. Este, que era rebelde e até praguejava, recebeu nosso
apoio. Por quê?
Sem
perturbar-se, o nobre professor respondeu: Aquele que orava, aguardava que Deus
viesse fazer a tarefa que a ele competia. O outro, embora desesperado por
ignorância, empenhava-se, merecendo auxílio.
Muitos de
nós costumamos agir como o primeiro viajante. Diante das dificuldades, que nos
parecem insolúveis, acomodamo-nos, esperando que Deus faça a parte que nos cabe
para a solução do problema.
Nós podemos
e devemos empregar esforços para melhorar a situação em que nos encontramos.
Há pessoas
que desejam ver os obstáculos retirados do caminho por mãos invisíveis,
esquecidas de que esses obstáculos, em sua maioria, foram ali colocados por nós
mesmos, cabendo-nos agora, a responsabilidade de retirá-los.
Alguns se
deixam cair no amolentamento, alegando que a situação está difícil e que não
adianta lutar.
Outros não
dispõem de perseverança, abandonando a luta após ligeiros esforços.
Com
propriedade afirma a sabedoria popular que pedra que rola não cria limo,
sugerindo alteração de rota, movimento, dinamismo, realização.
Não basta
pedir ajuda a Deus, é preciso buscar, conforme o ensino de Jesus: Buscai e
achareis, batei e abrir-se-vos-á.
Devemos,
portanto, fazer a nossa parte que Deus nos ajudará no que não estiver ao nosso
alcance resolver.
Seria ideal
que, sem reclamar e pensando corretamente, fizéssemos esforços para retirar do
atoleiro o carro da nossa existência, a fim de seguirmos adiante felizes, com
coragem e disposição. Confiantes de que Deus sustentará as nossas forças para
que possamos triunfar.
Pensemos
nisso!
Redação do
Momento Espírita.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
“COMO AS DORES DOS QUE FICARAM AFETAM OS ESPÍRITOS”?
Como ficamos quando os nossos entes amados se vão e como os afetamos mesmo que indiretamente?
A primeira parte da pergunta é muito fácil de ser respondida: nós ficamos muito tristes. Isso é um fato. Muitos são os sintomas que podem ser vivenciados profundamente por cada um de nós: a saudade bate, arrependimentos se fazem presentes, a culpa por atitudes impensadas martela o nosso coração...
Na maioria das vezes, sentimos um vazio em nossas vidas que, a cada dia, nos faz lembrar que alguém deixou de estar conosco. Então, nós sofremos: sofremos pouco, sofremos muito, sofremos bastante... depende de cada um de nós.
Pensamos o quanto fomos vitimados por aquela situação dolorida que nos arrancou de nosso meio a presença de alguém que nos era muito querido, quase essencial.
Mas, em nosso egocentrismo pensamos que somente nós sentimos saudade. Esquecemos que não existe morte e que, do outro lado da vida, aqueles que são alvo de nossa saudade também a sentem e com intensidade.
Esquecemos que, se eles estão vivos, também estarão sentindo a mesma ausência, a mesma saudade, a mesma dor por terem tido a necessidade de se ausentar de uma vida que, em muitos casos, nem queriam perder.
O interessante, todavia, é que as nossas emoções não se fixam somente em nós, estejamos nós no plano material ou espiritual. O amor nos liga ao ser amado aonde quer que ele se encontre.
Vamos pensar: se estamos o tempo todo em constante ligação energética com quem amamos, imaginem se estivermos (desencarnados) fixados em alguém (encarnado) que está portando sentimento de tristeza, de saudade, de arrependimento e de culpa que foram construídos pela nossa ausência (no desencarne)? Imaginem que pudéssemos sentir tudo isso com muita intensidade! Se não é fácil lidar somente com as nossas dores, imagine nos depararmos com a dor que “provocamos” em alguém que amamos. Pois é o que acontece! Quando estamos no plano extrafísico, as emanações energéticas exacerbadas de nossos entes encarnados chegam a nós com intensidade e são quase audíveis.
Por isso, se amamos a quem se foi, temos que tomar cuidado com os sentimentos que alimentamos. Porque sentir é uma coisa, alimentar esse sentimento é outro bem diferente.
Para todo espírito que desencarna e que se encontra em um equilíbrio razoável (segundo a sua própria evolução), existe uma proteção natural que o isolará dos sentimentos normais de saudade dos entes que ficaram, dando-lhe a oportunidade de uma adaptação à sua nova etapa de vida.
O problema é quando não acontece assim. O espírito pode chegar portando algum nível de desequilíbrio que somado ao fato dos seus entes amados estarem sofrendo devastadoramente, fazem com que ele não consiga lidar bem com o seu retorno às esferas espirituais.
Ele pode sentir que precisa ajudar aos seus e, por uma escolha muito equivocada, desejar estar com eles nas esferas carnais. Imediatamente, ele se desloca para junto dos seus amados, fazendo com que todos entrem num processo prejudicial de influenciação.
Se não ficou claro, eu explico: todo espírito é livre para fazer o que quiser e, no plano espiritual, estará onde ele mais se identifica. Se ele deseja estar com os seus entes queridos, ele poderá se deslocar para junto deles. Mas, o problema é que ele não sabe o que fazer, porque ainda não se adaptou ao plano etéreo.
Então, em decorrência de uma postura de sofrimento exagerada adotada pelos próprios entes encarnados, inicia-se um processo obsessivo destes junto ao desencarnado, escravizando-o e alimentando uma ligação dolorosa de sofrimento mútuo.
Vê-se, portanto, que esse processo de influenciação pode partir dos encarnados. E isso em razão da ignorância daqueles que amam, mas que não conseguem amar livremente. Não conseguem libertar o alvo de seu amor, por acreditar que eles (encarnados) somente serão felizes ao lado daquele que se foi. Não conseguem entender que amar é libertar, é aceitar os desígnios de Deus, quando chega o momento em que os seres que se amam precisam se distanciar por algum tempo. Não acreditam que a ponte de amor que os une é forte para jamais se romper.
Por isso, precisamos ficar atentos aos nossos sentimentos desequilibrantes, seja para dar alento ao coração daquele amado que se distanciou, seja para que possamos aprender o melhor desse momento doloroso e trazermos paz ao nosso próprio coração.
Por incrível que pareça, a saudade é um sentimento importante em todos os seres, mas que quando em exagero, nos traz sofrimentos incalculáveis.
Se não sentíssemos saudade, não daríamos a devida importância àquela pessoa em nossa vida. Mas, para o nosso próprio bem, cabe a nós compreendermos que essa saudade deve caber em nosso coração. Se for maior do que ele, nos sufocará, bem como sufocará o ente amado que a sentirá com todas as dores construídas por nós e que a ela (saudade) forem somadas.
Portanto, acreditemos que somos capazes de viver a vida com a lembrança saudosa dos nossos entes queridos. Assim, estaremos construindo um futuro de felicidade para nós e para eles, dando-nos a condição de quando chegar a nossa vez de viajar para o outro lado, estejamos aptos para sermos recebidos com louvor por estes seres tão amados.
- Adriana Machado
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
“A VIOLÊNCIA É A DOENÇA DA ALMA”
Com a voz
serena e o bom humor digno de quem conhece os mistérios da vida e da morte, o
médium Divaldo Pereira Franco, 89 anos, afirma que cada ser humano só alcançará
a felicidade quando conseguir amar sem interesse de reciprocidade. Seria a
"plenitude", nas palavras do baiano de Feira de Santana, discípulo de
Chico Xavier e hoje o mais importante representante do espiritismo no país. Por
onde passa, arrasta multidões: em Porto Alegre e em ovo Hamburgo, cidades em
que palestrará neste fim de semana, as vagas já estão esgotadas há semanas.
Como ser
feliz? Qual a origem do mal? Como lidar com o sofrimento? Essas e outras
questões, bem como a conversa com os mortos, base da crença da doutrina
espírita, foram tratadas em entrevista concedida em um hotel de Porto
Alegre: Vivemos um momento de crise na, com pessoas sendo mortas pela
criminalidade. O que dizer a quem perde um filho, uma mãe ou um pai em uma
situação tão violenta?
É uma dor
para a qual não há consolo. Poderíamos dizer a respeito da esperança, a
esperança na imortalidade, quando então nos encontraremos depois da
indumentária física. Não obstante, somos criaturas humanas, e o sentimento de
amor, nesse momento, é dilacerado. Recordo que a Organização Mundial da Saúde (OMS)
estabeleceu que a violência é uma doença da alma e deve ser tratada na alma,
tanto do ponto de vista espiritual quanto de natureza psíquica. E para essa
violência urbana, que se transformou em uma guerra não declarada, a única
solução é a educação. Todas as religiões afirmam que a alma é imortal e que
voltaremos a nos encontrar. Há variações teológicas, pontos de vista, mas que
não suprimem a unidade básica, a imortalidade da alma.
Qual a
origem do mal? Por que existem tantas pessoas cruéis? Terroristas,
criminosos...
Para nós, a
reencarnação é a oportunidade lapidadora do espírito. O espírito, na sua
essência, é como o diamante bruto, por meio da lapidação ele se torna uma
estrela luminosa. Esses espíritos (maus) primitivos ainda estão psiquicamente nas
fases primárias da tribo, da barbárie, sem a menor noção de sensibilidade... Do
ponto de vista antropológico, nós somos instinto, até quando surgiu a primeira
manifestação do sentimento, que foi o medo. A partir daí, surgem as demais
emoções. Mas isso foi há cem mil anos. Não obstante, ainda existem pessoas
patologicamente perturbadas, que ainda se encontram na fase de tormento,
inquietação, e se comprazem em afligir os outros.
Os espíritas
acreditam que é possível conversar com os mortos. Quando o senhor começou a ver
espíritos?
Comecei a
ver aos quatro anos, eu era um menino especial para a época. Em nossa casa, um
velho casarão de uma cidade do interior, eu brincava com outras crianças. E é
muito comum os nossos filhos dizerem que estão brincando com crianças
invisíveis, muitas vezes se acredita que é um momento lúdico, a imaginação. No
entanto, é uma realidade. Os espíritos aparecem com mais facilidade na
infância, porque ainda não estão completamente reencarnados. Quando compreendi,
aos 12 anos, que eram os imortais, eu procurei apoio da religião que eu
professava. Eu era católico. Meu confessor procurou dizer-me que se tratavam de
interferências demoníacas para me afastar do caminho do bem. Os fatos provaram
o contrário, e eu próprio cheguei à conclusão. Como o bem pode vir para nos
ensinar o mal. Os espíritos só me falavam de coisas boas. Lentamente, fui
despertando, até que, quando estava com 20 anos, me dediquei inteiramente a
esse estudo.
É comum o
senhor ver espíritos onde está? Aqui, por exemplo...
Sim, é uma
espécie de segunda visão. À medida que a gente vai aprimorando, torna-se tão
clara que, muitas vezes, se não somos cuidadosos, confundimos. Elas nos
proporcionam a certeza da sobrevivência. Porque nos aparecem aqueles que nos
são familiares, mas, em sua maioria, aqueles que nos são perturbadores e que se
comprazem em gerar o que chamamos de obsessões, distúrbios psicológicos,
melancolia, especialmente hoje, a depressão, o grande mal do século.
Qual o
caminho da felicidade nesse mundo tão cheio de dores?
Jesus disse:
"Amar". No momento em que conseguimos amar, sem nenhum interesse em
reciprocidade, sem objetivo de receber uma resposta, nós encontraremos a
plenitude.
O senhor é
um homem bem-humorado...
A alegria
faz parte da vida. Uma pessoa triste é um santo triste. A vida é um convite à
beleza. O nosso estado interior é que, muitas vezes, mascara a beleza com a
nossa melancolia.
Como o
senhor é uma pessoa bem-humorada, posso lhe perguntar: dizem que o senhor sabe
quando vai morrer. É verdade?
O Evangelho
diz que nem Jesus sabe... Só Deus. No entanto, temos as nossas características.
Eu tenho 89 anos, então, meu tempo é curto. Procuro aproveitar o máximo.
Confesso que aguardo com tal naturalidade, como, ao me deitar, me vem a ideia
do despertar no dia seguinte.
Fonte: Entrevista
de Divaldo Franco ao Jornal Zero Hora .
Médium-Divaldo
Franco
“A RELAÇÃO ALÉM TÚMULO-ALMAS GÊMEAS”
A questão 298 de O Livro dos Espíritos nos
informa que não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a
de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam,
isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto
mais unidos.
Devemos
compreender que um Espírito não é metade do outro. Se um Espírito fosse a
metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos. A teoria das
metades eternas encerra uma simples figura representativa da união de dois
Espíritos simpáticos. Trata-se de uma expressão usada até na linguagem vulgar e
que se não deve tomar ao pé da letra.
Quando
falamos em almas gêmeas temos a ideia de um companheiro e companheira que
encontraremos dentro de um certo tempo.
Somos
levados a este comportamento por influência da sociedade, onde cada um deve
encontrar seu par.
E falamos
nesta alma gêmea como se fosse um salva-vidas. Idealizamos e colocamos nossas
expectativas no outro, procuramos qualidades que acabam se revelando impossíveis
em nós mesmos, e esperamos que o escolhido nos satisfaça em todos os sentidos.
Buscamos nosso complemento para a vida como se estivéssemos procurando um
produto qualquer.
Criadas umas
para as outras, as almas gêmeas se buscam, sempre que separadas. A união é a
aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres, se transviados, se
inseridos na senda do crime ou na inconsciência, experimentam a separação das
almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama
das existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se
amam intimamente. Quando se encontram, no acervo dos trabalhos humanos,
sentem-se de posse da felicidade real para os seus corações a da ventura de sua
união, e a única amargura que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova
separação pela morte, perspectiva essa que a luz da Nova Revelação veio
dissipar.
Nem sempre,
as almas gêmeas encontram-se no mesmo plano evolutivo. No livro Diário dos
Invisíveis, de Zilda Gama, o Espírito Victor Hugo afirma que almas criadas na
mesma era, iniciando úteis peregrinações em mundos primitivos, e, depois,
separadas em ponto diversos do globo terrestre, conservam, uma das outras,
reminiscências indeléveis.
É importante
no entanto, que fique claro o conceito de almas gêmeas: a tese é mais complexa
do que parece ao primeiro exame, mesmo porque, com a expressão "almas
gêmeas", não desejamos dizer metades eternas, e ninguém, a rigor, pode
estribar-se no enunciado para desistir de veneráveis compromissos assumidos na
escola redentora do mundo, sob a pena de aumentar os próprios débitos, com
difíceis obrigações à frente da Lei.
Vejamos
agora, o que O Livro dos Espíritos nos diz a respeito :
Pergunta 298
- As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a esta
união e cada um de nós tem, em alguma parte do universo, sua metade, a que
fatalmente um dia se reunirá?
R. Não, não
há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os
espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é,
segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais
unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos, da concórdia resulta a
completa felicidade.
Pergunta 299
- Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns espíritos se
servem para designar os espíritos simpáticos?
A expressão
é inexata. Se um espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam
ambos incompletos.
Pergunta 300
- Se dois espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para
todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros espíritos?
R. Todos os
espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas
esferas inferiores, desde que um espírito se eleva, já não simpatiza como
dantes, com os que lhe ficaram abaixo.
Fonte: O
Livro dos Espíritos.
“TODAS AS RELIGIÕES MERECEM RESPEITO E TOLERÂNCIA.
Para mim, as
diferentes religiões são lindas flores, provenientes do mesmo jardim. Ou são
ramos da mesma árvore majestosa. Portanto, são todas verdadeiras.
A frase que
você acabou de ouvir foi dita por uma das mais importantes personalidades do
Século XX: o Mahatma Gandhi.
Veja quanta
sabedoria nas palavras do homem que liderou a independência da Índia sem jamais
recorrer à violência!
Nos tempos
atuais, são raros os que realmente têm uma posição como a de Gandhi, que
manifestava um profundo respeito pela opção religiosa dos outros.
Muitas
pessoas acreditam que sua religião é superior às demais. Acreditam firmemente
que somente elas estão salvas, enquanto todos os demais estão condenados.
Pouquíssimas
pensam na essência da mensagem que abraçam, já que estão muito preocupadas em
converter almas que consideram perdidas.
E, no
entanto, Deus é Pai da Humanidade inteira. Todos nós temos a felicidade de
trazer, em nossa consciência, o sol da Lei Divina. Ninguém está desamparado.
De onde vem,
então, essa atitude preconceituosa, exclusivista, que nos afasta de nossos
irmãos?
Vem de nosso
pensamento limitado e ainda egoísta. Quase sempre o homem acredita que tem
razão.
Imagina que
suas opiniões, crenças e opções são as melhores. Você já notou que a maior
parte das pessoas acha que tem muito a ensinar aos outros?
É que, em
geral, as pessoas quase não se dispõem a ouvir o outro: falam sem parar, dão
opiniões sobre tudo, impõem sua opinião.
São almas
por vezes muito alegres, expansivas, que adoram brincar. Chamam a atenção pela
vivacidade, pelos modos espalhafatosos, pelas risadas contagiantes e pelas
conversas em voz alta.
Mas são
raras as vezes em que param para escutar o que o outro tem a dizer.
São como
crianças um tanto egoístas, para quem o mundo está centrado em si ou na
satisfação de seus interesses.
É uma
atitude muito semelhante a que temos quando acreditamos que o outro está
errado, simplesmente por ser de uma religião diferente. É que não conseguimos
parar de pensar em nossas próprias escolhas.
Não
estudamos a religião alheia, não nos informamos sobre o que aquela religião
ensina, que benefícios traz, quanta consolação espalha.
Se
estivéssemos envolvidos pelo sentimento de amor incondicional pelo próximo,
seríamos mais complacentes e mais atentos às necessidades do outro.
E então
veríamos que, na maioria dos casos, as pessoas estão muito felizes com sua
opção religiosa.
A nossa
religião é a melhor? Sim, é a melhor. Mas é a melhor para nós.
É óbvio que
gostamos de compartilhar o que nos faz bem. Ofertar aos outros a nossa
experiência positiva é uma atitude louvável e natural.
Mas esse
gesto de generosidade pode se tornar inconveniente quando exageramos.
Uma coisa é
ofertar algo com espírito fraternal, visando o bem. Mas diferente quando
desejamos impor aos demais a nossa convicção particular.
Se o outro
pensa diferente, respeite-o! Ele tem todo o direito de fazer escolhas. Quem de
nós lhe conhece a alma? Ou a bagagem espiritual, moral e intelectual que
carrega?
Deus nos deu
nosso livre-arbítrio e o respeita. Por que não imitá-lo?
Enquanto não
soubermos amar profundamente o próximo, respeitando-lhe as escolhas, não
teremos a atitude de amor ensinada por todas as religiões e pelos grandes
mestres da Humanidade.
Redação do
Momento Espírita.
“OS SERES DE LUZ OU ESPÍRITOS PUROS”
O Espírito progride no estado corpóreo e no estado espiritual. O estado corpóreo é necessário ao Espírito até que ele atinja um certo grau de perfeição: nele se desenvolve pelo trabalho a que está sujeito pelas suas próprias necessidades, e adquire conhecimentos práticos especiais. Uma única existência corpórea sendo insuficiente para fazê-lo adquirir todas as perfeições, retoma um corpo tão frequentemente quanto isso lhe seja necessário, e, a cada vez, nele chega com o progresso que alcançou em suas existências anteriores e na vida espiritual. Quando adquiriu no mundo tudo aquilo que pode nele adquirir, deixa-o para ir para outros mundos mais avançados, intelectual e moralmente, cada vez menos materiais, e assim continuamente até a perfeição, da qual a criatura é suscetível.
Puros Espíritos são aqueles que, chegados ao mais alto grau de perfeição, são julgados dignos de serem admitidos aos pés de Deus. O esplendor infinito que os rodeia, não a dispensa de sua parte de utilidade nas obras de criação: as funções que eles têm a cumprir correspondem à extensão de suas faculdades. Estes Espíritos são os ministros de Deus; eles regem, sob suas ordens, os mundos inumeráveis; dirigem do alto os Espíritos e os humanos; estão ligados entre eles, por um amor sem limites, este ardor se estende sobre todos os seres que procuram chamar e tornar dignos da suprema felicidade. Deus irradia sobre eles e lhe transmite as suas ordens; eles o veem sem serem oprimidos por sua luz.
Sua forma é etérea, não têm mais nada de palpável; eles falam aos Espíritos superiores e lhes comunicam a sua ciência; tornaram-se infalíveis. E nas suas fileiras que são escolhidos os anjos guardiães que descem com bondade seus olhares sobre os mortais, e os recomendam aos Espíritos superiores que os amaram. Estes escolhemos agentes de sua direção nos Espíritos da segunda ordem. Os puros Espíritos são iguais; e não poderia ser de outro modo, uma vez que não são chamados a essa classe senão depois de atingirem o mais alto grau de perfeição. Há igualdade, mas não uniformidade, porque Deus não quis que nenhuma de suas obras fossem idênticas. Os Espíritos puros conservam a sua personalidade, que somente adquiriram a perfeição mais completa, no sentido do seu ponto de partida.
À medida que os Espíritos se purificam e elevam na hierarquia, os caracteres distintivos de suas personalidades se apagam, de certo modo, na uniformidade da perfeição; nem por isso , entretanto, conservam eles menos suas individualidades. É o que se dá com os Espíritos superiores e os Espíritos puros.
Os puros Espíritos são os Messias ou mensageiros de Deus para a transmissão e execução de suas vontades; cumprem as grandes missões, presidem à formação dos mundos e à harmonia geral do Universo, encargo glorioso ao qual não se chega senão pela perfeição. Os de ordem mais elevada são os únicos nos segredos de Deus, se inspiram de seu pensamento do qual são os representantes diretos. [...]
A encarnação é inerente à inferioridade dos Espíritos; ela não é mais necessária àqueles que lhe transpuseram o limite e que progridem no estado espiritual, ou nas existências corpóreas dos mundos superiores que não têm mais nada da materialidade terrestre. Da parte destes é voluntária, em vista de exercer sobre os encarnados uma ação mais direta para o cumprimento da missão da qual estão encarregados junto a eles. Aceitam as vicissitudes e os sofrimentos por devotamento.
Fonte: O livro dos Espíritos
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
“QUEM É JESUS NA VISÃO ESPÍRITA? ”
Em meio à crescente proliferação de doutrinas exóticas no seio mesmo do nosso movimento, sobremodo nos preocupam aquelas cujo resultado é a deturpação da legitima visão espírita de Jesus de Nazaré.
Ao contrário do que a negligência de muitos confrades pode supor, Allan Kardec deixou-nos bem definida a concepção espírita sobre a natureza do Cristo, quer física, quer, sobretudo, espiritualmente.
No comentário ao nº 226 de O Livro dos Espíritos, o codificador estabelece que, quanto ao estado no qual se encontram, os espíritos podem ser encarnados, errantes ou puros. Acerca dos puros, dizem os espíritos superiores: "Não são errantes... Esses se encontram no seu estado definitivo."
Tal é a condição espiritual de Jesus: a dos espíritos puros, ou seja, a dos espíritos que "percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria" (Ob.cit.,nº 113). Apesar de integrar o número dos que "não estão mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis", dos que "realizam a vida eterna no seio de Deus" (id. Ibid.), entre nós, por missão, o mestre encarnou-se. Conforme o nº 233 de O livro dos espíritos esclarece, "os espíritos já purificados descem aos mundos inferiores", a fim de que não estejam tais mundos "entregues a si mesmos, sem guias para dirigi-los".
É bem verdade que no comentário ao nº 625 da mencionada obra, Allan Kardec apresenta Jesus como "o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra", em quase exata conformidade com o que diz sobre os espíritos superiores, os quais, segundo ele: "Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso e então nos oferecem o tipo da perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo" (nº 111).
Cumpre-nos salientar que na doutrina espírita o rigor do conceito de pureza se concentra na expressão "puro espírito", que Kardec explicou ser o estado dos seres que tradicionalmente são chamados "anjos, arcanjos ou serafins"; entretanto, com isso, não quis o codificador estabelecer a existência de gradações no estado de pureza espiritual; basta confrontarmos o item 111 com o item 226 de O livro dos espíritos.
Contudo, o sacrifício tipicamente missionário de um retorno à Terra, mesmo quando já não há necessidade desse tipo de experiência para evoluírem, é meritório aos espíritos superiores, do ponto de vista de sua progressão, pois não integram ainda a classe dos puros espíritos, não se encontram ainda no seu "estado definitivo".
Alguns entendem que este seria o caso de Jesus de Nazaré. Ele teria atingido a perfeição, ou, quiçá, um grau evolutivo mais alto entre os filhos do homem somente após o cumprimento de sua missão, o que, alias, é sugerido pelo autor da Epístola aos hebreus, o qual entende que Jesus, por seus sacrifícios, teria passado, de `sacerdote', à condição de `sumo sacerdote' da ordem de Melquisedeque.
Não desposamos essa ideia, embora admitamos que não confronta com o ensino de O livro dos espíritos, no qual, de fato, Jesus figura ainda como espírito superior; passível seria ele, portanto, de aperfeiçoamento.
A codificação espírita, todavia, não termina em O livro dos espíritos, começa nele. Allan Kardec desenvolveu e aprimorou o conceito espírita sobre a condição espiritual de Jesus como fez com relação a outros temas. Se não, vejamos.
Já mesmo em O livro dos médiuns, obra que constitui, segundo o próprio codificador, a sequência de O livro dos espíritos, Allan Kardec passou a classificar Jesus como espírito puro. Na nota que escreve à dissertação IX do cap. XXXI, distingue, com absoluta clareza "os espíritos verdadeiramente superiores" daquele que representa "o espírito puro por excelência", por desvelada menção a Jesus Cristo.
Ora, Allan Kardec diz que tais espíritos, mesmo superiores, não têm as qualidades do Cristo; de novo estabelece, portanto, diferença entre Jesus e os espíritos superiores, como fez em O livro dos médiuns, na aludida nota à dissertação IX do cap. XXXI. Isso tão- só porque os espíritos superiores ainda não são puros.
Do livro: "Reencarnação – Lei da Bíblia, Lei do Evangelho, Lei de Deus." - Sergio Fernandes Aleixo, ed. Lachâtre
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