Tendências viciosas como impulsos para a virtude procedem,
sim, do Espírito, agente determinante do comportamento humano.
Não podendo a organização celular definir estados
psicológicos e emocionais, estes obedecem às impressões espirituais de que se
encharcam, exteriorizando-se como fatores propelentes para uma ou outra
atitude.
Destituída de espontaneidade, exceto dos fenômenos que lhe
são inerentes, graças aos automatismos atávicos, a matéria orgânica é resultado
das aquisições eternas do Espírito que dela se veste para as experiências da
evolução.
A hereditariedade vigente nos mapas dos genes e dos
cromossomos encarrega-se de transmitir inúmeros caracteres morfológicos,
fisiológicos, sem exercer preponderância fundamental nos arcabouços
psicológicos e morais, que pertencem ao ser espiritual, modelador das
necessidades inerentes ao progresso e fomentador dos recursos que se lhe fazem
indispensáveis a esse processo de crescimento a que se destina.
Descartar-se o valor dos implementos espirituais nos
fenômenos comportamentais do homem, é uma tentativa de reduzi-lo a um amontoado
de tecidos frágeis que o acaso organiza e desmantela ao próprio talante.
A vida pessoal escreve nas experiências de cada ser as
diretrizes para as suas conquistas futuras.
Vícios e delitos ignóbeis, virtudes sacrificiais e
abnegação, pertencem à alma que os externa nos momentos hábeis conforme o seu
estágio evolutivo.
Vicente de Paulo e Francisco de Sales, fascinados pelo amor
aos infelizes, liberaram as altas forças que lhes jaziam inatas, a serviço da
caridade e da dedicação sem limite.
Ana Nery e Eunice Weaver, sensibilizadas pelo sofrimento
humano, esqueceram-se de si mesmas e dedicaram-se, a primeira, aos combatentes
feridos, e a segunda, à salvação dos filhos sadios dos hansenianos.
Eichmann e inúmeros carrascos nazistas acariciavam,
comovidos, os filhinhos, após enviarem, cada dia, milhares de outras crianças e
adultos aos fornos crematórios em inúmeros lugares dos países subjugados.
Tamerlão incendiava as cidades conquistadas, após degolar os
sobreviventes, para depois dormir tranqüilo ao lado daqueles a quem amava.
Homens e mulheres virtuosos, sempre revelaram o alto grau de
amor que lhes jazia em latência, da mesma forma que sicários e criminosos
sanguissedentos deixaram transparecer a crueldade assassina desde os primeiros
anos de infância...
As exceções demonstram o poder da vontade, que é
manifestação do Espírito, quando acionada, propelindo para uma ou para outra
atitude.
O hábito vicioso arraigado remanesce, impondo de uma para
outra reencarnação suas características, assim impelindo o homem para manter a
sua continuidade.
Da mesma forma, os salutares esforços no bem e na virtude
ressumam dos refolhos da alma, e conduzem vitoriosos aos labores de edificação.
Toda ação atual, portanto, tem as suas matrizes em outras
que as precedem, impressas nos arquivos profundos do ser.
Estás, na Terra, com a finalidade de abrir sepulturas para
os vícios e dar asas às virtudes.
Substituindo o mau pelo bom hábito, o equivocado pelo
correto labor, corrigirás a inclinação moral negativa, criando condicionamentos
sadios que se apresentarão como virtudes a felicitar-te a vida.
Teus vícios de hoje, transforma-os, no teu mundo íntimo, em
virtudes para amanhã ao teu alcance desde agora.
Libera-te pois, com esforço e valor moral, do mau gênio que
permanece dominador, das paixões perturbadoras que te inquietam, e renova-te
para o bem, pelo bem que flui do Eterno Bem.
Franco, Divaldo Pereira Franco. Da obra: Vigilância.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.