Cada pessoa, na busca de sentido
transcendente à própria vida, segue os preceitos espiritualistas que mais lhe
convêm e professa a religião que melhor lhe serve aos propósitos.
Observam-se os mais diversos
movimentos religiosos em todo o mundo, reflexos da diversidade sociocultural da
humanidade e do heterogêneo nível evolutivo dos seres do nosso planeta.
Com relação às crenças dos
desencarnados ocorre fenômeno interessante.
Muitos seres, após a morte, seguem professando, ainda que
temporariamente, a mesma religião que cultivavam enquanto encarnados. Os
espíritos ainda ligados aos condicionamentos e convencionalismos terrenos podem
continuar, mesmo desencarnados, reféns de preconceitos e limitações a que se
vincularam. Pode-se morrer para o corpo e não para as crenças e tradições
cultivadas.
Existem nos planos extra físicos
locais em que se reúnem e agrupam seres que compartilham as mesmas concepções
religiosas. Tal ocorre por sintonia vibratória. Não somente durante a vida
física, mas igualmente além das fronteiras da morte, continua havendo
diversidade de crenças e práticas religiosas.
Inúmeros desencarnados não são
espíritas. Em muitos países e em diversos povos nunca se ouviu falar de
Espiritismo, portanto é natural e compreensível que, ao desencarnar, as almas
pertencentes a esses grupos continuem professando a crença religiosa que
manifestavam na Terra.
Muitos espíritos nem sequer têm
consciência de que desencarnaram, permanecendo por períodos mais ou menos
longos em relativa falta de lucidez, portanto temporariamente impedidos de
cultivar qualquer forma de espiritualidade. Alguns, mesmo relativamente
despertos, seguem condicionados a crenças restritivas e limitadoras, até que
lhes seja possível maior nível de compreensão. Outros, mais evoluídos, por sua
elevação, rumam a esferas de Luz muito acima da nossa capacidade de
compreensão, onde a religiosidade se manifesta além de qualquer concepção
humana.
O Espiritismo trouxe ao mundo nova
fase de revelações da vida após a morte, retirando diversos véus que havia em
torno da existência espiritual. Oferece-nos valiosas informações das mais
diversas condições de vida que há nos planos sutis adjacentes à crosta
planetária.
A Doutrina Espírita se mostra útil
não apenas durante a encarnação, mas igualmente após a morte. Fornece valiosos
ensinamentos que, ao serem vivenciados, transformam-se em patrimônio
inalienável da alma, a qual se torna portadora de bênçãos que a acompanharão em
qualquer plano onde se encontre.
A morte, como sabemos, nada mais é do
que mudança de plano vibratório, quando o ser se despoja do envoltório material
que usou durante a jornada terrena.
Quem morre continua sendo exatamente
quem é, sem mudanças radicais em sua estrutura psíquica. À medida que se adapta
à nova dimensão em que passa a viver, os horizontes de entendimento tendem a se
ampliar, inclusive quanto às concepções religiosas. Aos desencarnados, livres
do envoltório físico denso, torna-se mais fácil compreender certos conceitos
espiritualistas, os quais para os encarnados ainda é de difícil assimilação,
devido à hipnose que os sentidos físicos exercem na percepção do espírito.
Quem haja sido católico, protestante,
muçulmano ou hindu, ao desencarnar, pode conservar os traços da sua religião,
bem como os condicionamentos culturais a que se habituou. Há até mesmo os
fanáticos que continuam, no Além, presos aos próprios preconceitos. Por outro
lado, os seres mais evoluídos facilmente se libertam das injunções do meio a
que se vincularam, experimentando a plenitude da vida espiritual. Quanto mais
evoluída for a consciência, menos influência conservará do meio material em que
viveu.
Existem, nos planos mais elevados,
movimentos espiritualistas sem correspondência no mundo em que vivemos. As
concepções religiosas mais avançadas para nossa humanidade são noções
elementares se comparadas à sublimidade dos planos em que se situam os seres já
sublimados no amor e na sabedoria.
Há casos em que os seres mais evoluídos
professam, enquanto encarnados, determinada religião como instrumento de
serviço e amor aos seus irmãos, sem qualquer apego a dogmas, limitações ou
condicionamentos. Quando desencarnam, livres pela consciência pacificada, se
despojam de qualquer resquício de crença restritiva, alçando voo aos planos
sublimes a que fizeram jus pela pureza que os caracteriza.
Da mesma forma que ocorre aos
encarnados, nos planos sutis do nosso planeta existem cultos religiosos,
instituições filosóficas, escolas e cursos em que são estudados e ensinados
princípios espiritualistas de diversos sistemas doutrinários. Mesmo com as
ricas informações mediúnicas que nos foram ofertadas sobre a vida além da
matéria, ainda há um universo desconhecido para nós acerca das condições de
vida no Além, inclusive quanto às práticas religiosas dos espíritos.
Com relação aos desencarnados, quanto
mais elevada for a região espiritual que habitem – reflexo do nível evolutivo
que atingiram – mais próximos da verdade estarão os seres que lá vivem, e mais
puras as suas manifestações religiosas. À medida que se elevam em consciência,
mais se irmanam os seres, e não mais existem as barreiras que os separavam,
diluídas pelo Amor universal.
O amor e a sabedoria caracterizam os
espíritos superiores, qualquer que tenha sido a religião que hajam professado
durante a encarnação. Enquanto na Terra, Francisco de Assis foi católico,
Sathya Sai Baba hindu, Paramahansa Yogananda iogue e Chico Xavier espírita.
Como espíritos, todos eles são almas libertas que viveram e continuam, além da
matéria, inspirando a humanidade terrena e professando a Religião Cósmica do
Amor.
Por: André de Paiva Salum. Fonte:
União Espírita de Piracicaba.