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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

UMA CARTA ESCRITA ANTES DA PESSOA DESENCARNAR, DEIXA UMA GRANDE LIÇÃO PARA TODOS NÓS.

Ao lado de João Firpo, desencarnado ao impacto do fogo que lhe devorara a casa velha, numa noite de expiação e de assombro, estava a carta, datada por ele quatro dias antes, endereçada a um irmão e que o morto evidentemente deitaria ao correio, na primeira oportunidade. Enquanto bombeiros improvisados lhe retiravam o corpo inerte e benfeitores da Vida Maior lhe amparavam o Espírito liberto em doloroso trauma, copiei a curiosa missiva que revoava nas cinzas da tragédia, a fim de transmiti-la, com objetivos de estudo e meditação, aos companheiros do mundo.
Eis, assim, na íntegra, o valioso documento:
Meu caro Didito:
Espero que estas linhas encontrem você com saúde e paz, junto dos nossos.
Graças a Deus, estou bem. Você se afligiu à-toa com a notícia de meu resfriado.
Tudo não passou de um defluxo de brincadeira. Estou mais forte que a peroba do Brejo Grande, comendo por quatro cablocos na roça. Seja velho quem quiser. Com os meus sessenta e sete janeiros, não passo sem banho no rio e tutu no prato.
Moro sozinho porque não nasci para confusão. Dona Belinha vem diariamente fazer-me as refeições, assear a casa e isso chega.
Sobre o caso do sonho que você teve comigo, conforme seu conselho fui à reunião espírita no sítio do Totonho. A mulher dele é médium de verdade. Há muito tempo eu não assistia a uma incorporação tão perfeita. Realmente, mãe falou por ela. Não tenho dúvida. Aquela voz boa e cansada que nós dois não esquecemos.
Coitada de mãe! Está preocupada comigo, não sei porquê. Falou muito sobre a morte, coisa em que não penso. Fiz todos os exames de saúde que o médico recomendou, no mês passado, e tudo deu certo. Positivo. Por outro lado, não viajo.
Porque será que a velha mostrou medo de que eu venha a bater a pacuera, de um momento para outro?
Imagine que ela abortou um segredo. Disse coisa séria quanto ao dinheiro que venho guardando para a formação do nosso lar de velhinhos, compromisso antigo.
Avalie você que mãe conversou, conversou e, depois, me pediu empregar enorme importância na compra do terreno para a obra, aconselhando-me colocar a parte restante com amigos responsáveis para o custeio na construção. Considere o meu aperto. Que é que há? Não é fácil entregar assim de mão beijada quase todas as minhas economias de trinta anos.
Concordo com a providência, pois temos nosso projeto e promessa há mais de vinte anos. Não negarei os cobres, mas preciso de um mês para pensar.
Terrenos e amigos já estão apalavrados, desde o nosso encontro aqui, há tempos, mas dinheiro, meu caro!...
Não posso aceitar o negócio, assim do pé para a mão. Você sabe que a velha sempre foi aflita. Quando queria uma coisa, queria mesmo. Tenho conservado minhas economias com cautela. Não confio em bancos e em mãos dos outros, a grana começa prometendo bons juros e depois cria pernas para correr e cair no buraco.
É impossível tratar de problema assim tão grave, sem prazo para refletir.
Disse mãe que já tive muito tempo para resolver, mas eu não acho.
Comunico a você que não recusarei a doação; entretanto, o assunto não é sangria desatada. No mês que vem, cuidaremos de tudo.
Sem mais, venha, logo que possa, comer de nosso feijão bravo e receba um
abração do mano.
Firpo
Esta era a carta que o rico desencarnado tinha escrito e aguardava ensejo para mandar.
O Plano Espiritual lhe havia dado, cinco dias antes, em aviso urgente para a felicidade dele próprio. João, no entanto, exigia prazo a fim de atender.
Acontece, porém, que a provação não conseguira esperar.
Um incêndio de grandes proporções no madeiramento da pequena moradia lavrara, noite alta, obrigando-o a largar o corpo sufocado sem remissão.
O dinheiro a que se referira, com tanto carinho, decerto jazeria ali, inteiramente queimado, porque metal não havia.

De interessante nos escombros, apenas a carta que nos pareceu um recado precioso, lançado pelo "Livro da vida", sobre 
 m
onte de pó.


" A HISTÓRIA DE JÚLIA FETAL :INSPIRAÇÃO PARA A NOVELA ESPELHO DA VIDA."

Esta é uma história verídica. Aconteceu nos idos de 1847 na cidade do Salvador. É um momento na vida de João Estanislau da Silva Lisboa, no instante em que um amor desvairado invadiu o seu coração, obliterando todos os seus sentidos e transformando radicalmente a sua vida até então pacata, num redemoinho de uma paixão insana.
Tudo começou no dia 20 de abril de 1847…
João Estanislau era professor do então Liceu Regional em Salvador. Sua distinção e vasta cultura o distinguia dos demais colegas e a todos impunha um respeito pela sua postura irretocável. Nos seus dias de folga no Liceu, dava aulas particulares em residências de seus alunos, oportunidade em que conheceu uma moça de ascendência espanhola, dona de um temperamento alegre e jovial, de grande beleza e bastante jovem. Seu nome era Julia Fetal. Apaixonar-se por Julia foi inevitável para o professor. Como era costume naquele tempo, foi de muito gosto para a família de Julia o compromisso de aliança com João Estanislau, pois seguramente além de esposo o mesmo seria para ela a segurança de uma vida digna e honrada e de ótima posição social.
Seria, mas aí o destino resolve interferir. Talvez pela sisudez do professor, talvez pela diferença de idade, ou mesmo pelo “arranjo” do compromisso, tão comum então, Julia manteve o seu coração virgem de sentimentos. Certo dia ao conhecer um jovem de sua idade, encantou-se pelo mesmo e apaixonou-se loucamente. Na sua condição de jovem impetuosa, ainda com a cabeça navegando em sonhos, começou a viver secretamente o novo romance, para ela o primeiro, o início de sua viagem romântica tão natural para pessoas de sua idade. Como sempre acontece nesses casos, um dia o romance secreto chegou ao conhecimento do noivo ilustre.
A partir de então, começou a ruir o mundo do professor João Estanislau da Silva Lisboa, quando teve início o seu longo período de sofrimento. Sua vida transformou-se radicalmente, alternando momentos de uma sofrida lucidez com terríveis alucinações. Sua rotina escolar sofreu grandes transformações, ao ponto de causar aos seus próprios alunos a impressão que estavam lidando com dois homens diferentes.
Mesmo assim, com o pouco de racionalidade que lhe restava, ainda buscou um refúgio. Em virtude de residir em um casarão no topo da Ladeira da Montanha, próximo à praia da Preguiça, não raras vezes, alta madrugada ia até à mesma, e em suas águas atirava-se para em longas e cansativas braçadas tentar através o esforço, exorcizar as dores de seu grande martírio.
De nada adiantava. A traição o afetou profundamente e a maior parte do tempo ficava fora de si. Então, recolheu-se a um isolamento, ocasião em que começou a premeditar aquilo que viria a ser a catarse do seu sofrimento: o crime. A solução final.
No seu louco ciúme e também pela sua condição de ser um homem doravante marcado pelo sinal da traição, teve a certeza de que a sua amada não poderia jamais pertencer a outro homem. Caberia a ele resgatar a dignidade.
Sendo Julia uma pessoa única em sua vida, seu ídolo maior, sua paixão, sua razão de viver, teria de ter uma morte digna e compatível com a sua idolatria, alguma coisa superior e especial. João Estanislau da Silva Lisboa, armou-se de uma pistola. Mandou um artesão cunhar uma bala com a cápsula de ouro especialmente para a ocasião (segundo diz a tradição oral, teria mandado fazer com as alianças a bala de ouro). Certo domingo, no adro da Igreja da Graça onde sua amada costumava assistir à missa com seus pais, sorrateiramente aproximou-se dela. Julgado e condenado a 12 anos de prisão, passou a cumprir pena no Forte do Barbalho, onde como prêmio pelo seu excelente comportamento e erudição, recomeçou a lecionar para os detentos até o ano de 1861, época em que findava seu período de cárcere.
Nesse ano, Francisco Pereira de Almeida Brandão, fundador do Colégio São João no Corredor da Vitoria e que tinha o professor como seu mentor pedagógico, o convidou para assumir pessoalmente a direção do Colégio, fato que transformou a escola na melhor instituição de ensino da província. João Estanislau formou doutores, professores, industriais e militares e era amado pelos seus discípulos. Sempre à disposição de todos que o solicitavam, só abria exceção para o dia 20 de abril, ocasião em que se trajava de luto, e recolhia-se à sua cela num excêntrico ritual em homenagem à sua amada.
Convém ressaltar, que durante o cumprimento de sua pena no presídio, não quis aceitar um indulto concedido pelo Imperador, preferindo cumprir toda a pena.
Na ocasião, sua fama de excelente educador ultrapassou os muros do Forte, onde recebia visitas de mestres, colegas e discípulos. Alguns de seus alunos tinham aulas dentro dos muros da prisão, por autorização do Presidente da Província. O auge do reconhecimento ao professor se deu numa festa pomposa no Palácio da Vitoria, com a presença de sua majestade o Imperador.
Como testemunho do relato, o poema “O crime da bala de ouro”, gravado na lapide de Julia Fetal na Igreja da Graça, em Salvador, retrata poeticamente o amor passional de dois amantes que viveram na Bahia, uma terra cheia de encantos e mistérios.
Estavas bela Júlia descansada
Na flor da juventude e formosura,
Desfrutando das carícias e ternura
Da mão que por ti era idolatrada,
A dita de por todos ser amada
Gozavas sem prever tua alma pura
Que por mesquinho fado à sepultura
Brevemente serias transportada.
Eis que de fero algoz a destra forte
Dispara sobre ti, Júlia querida.
O fatal tiro que te deu a morte.
Dos olhos foi-te a luz amortecida
Do rosto te apagou a iníqua sorte
A branca e viva cor, com a doce vida.
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𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

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