1.
INTRODUÇÃO
O
objetivo deste estudo é mostrar que o Espiritismo traz em seu bojo
os principais subsídios para vencer os sintomas da loucura e do
suicídio.2.
CONCEITO
Louco
– que perdeu a razão; alienado, doido, demente. Que está fora de
si; contrário à razão ou ao bom senso; insensato. Em termos
simbólicos, o louco está fora dos limites da razão, fora das
normas da sociedade. Segundo o Evangelho, a sabedoria dos homens é
loucura aos olhos de Deus, loucura aos olhos dos homens: por detrás
da palavra loucura se esconde a palavra transcendência. (Dicionário
de Símbolos)
Alucinação – Erro, ilusão da pessoa que crê
ter percepção que realmente não tem. "Ver uma coisa que não
está ali". "Ouvir uma voz". Quando continuados e
persistentes, são apontados como sintomas de distúrbios
mentais.
Alienação – Desarranjo das faculdades mentais. A
expressão é usada como sinônimo de loucura (alienação mental);
entretanto, é mais geral do que esta. Produz lesões que se
distinguem em: parciais, gerais e mistas. As primeiras compreendem os
delírios e os impulsos alucinatórios; as segundas, a depressão e a
exaltação da inteligência; as terceiras, a dissociação de idéias
e a abolição da inteligência. (Enciclopédia Brasileira
Mérito)
Idiotia – define-se como sendo um sujeito que nunca
ultrapassará dois ou três anos de idade mental. O que é um idiota
na idéia materialista? Nada: apenas um ser humano. Conforme a
Doutrina Espírita, é um ser dotado da razão, como todo o mundo,
mas enfermo de nascença pelo cérebro, como outros membros. (Equipe
da FEB, 1995)3.
HISTÓRICO
Por
uma condição moral, a sociedade procura excluir uma parte de si
mesma. Até o final da Idade Média, a figura excluída era a do
leproso. Dada a intensa regressão dos leprosários, procurou-se
outro objeto de exclusão: o louco que, durante o período da Idade
Média, era sinônimo de possesso.
Ao entrarmos na fase do
iluminismo, a razão desarmará a loucura. René Descartes
(1596-1650) diz: "se minha existência é garantida por meu
pensamento, eu, que penso, não posso estar louco". A loucura
desaparece do exercício do pensar. O campo da exclusão é agora o
Hospital Geral.
Quando foram criados os Hospitais Gerais, uma
parte desses edifícios foi reservada aos alienados, mas os médicos
da época não sabiam tratá-los por outros meios que não fossem os
mais primitivos e bárbaros.
Em 1792, o alienista Pinel iniciou um
trabalho racional, libertando-os do regime inumano a que estavam
sujeitos. O alienado, então, deixou de ser considerado como
possesso, para ser tratado como doente. Daí em diante a Ciência
realizou grandes progressos no tratamento dos enfermos mentais,
atingindo, em nossos dias, importante estádio de valiosas pesquisas,
no campo da Psicanálise, com as teorias de Freud, Jung, Adler e
Adolfo Meyer. (Enciclopédia Brasileira Mérito)4.
CAUSAS ORGÂNICAS DA LOUCURA
4.1.
PREDISPOSIÇÃO FÍSICA
A
primeira das causas é a própria predisposição física do
indivíduo. Há muitas pessoas que reencarnam com um estoque de
fluido vital limitado, como conseqüência de desregramentos
cometidos em outras existências. Esse quadro mórbido fica como que
em potência, esperando o desenrolar de suas atividades no plano dos
encarnados. Chegado o momento, a doença se atualiza de maneira
indelével.4.2.
CÉREBRO FRACO
A
causa – cérebro fraco – é uma extensão da anterior. Sendo
limitado em sua capacidade, o cérebro não é capaz de elaborar
muitas informações, o que lhe dá um desgaste maior do que pode
suportar. Nesse mister, a loucura pode acontecer em todas as áreas
do saber: Ciência, Artes, Religião, inclusive no meio
espírita.4.3.
IDEIA FIXA
A
terceira causa orgânica é a idéia fixa. O cérebro não tendo
capacidade de se diversificar, acaba por aderir a uma única idéia,
conhecida por monoideísmo. Falta-lhe, nesse caso, a autocrítica,
elemento por demais útil na elaboração dos raciocínios. Da mesma
forma que a causa anterior, essa idéia fixa pode se referir a uma
Religião, a uma Ciência, ou a uma Arte.5.
CAUSAS MORAIS E ESPIRITUAIS
5.1.
DECEPÇÕES, DESGRAÇAS E AFEIÇÕES CONTRARIADAS
Visitados
por um malogro sem esperança, por uma desilusão, por um desengano
ou por um desapontamento, quantos não são os que procuram o
suicídio como solução? Um exemplo clássico: briga entre
namorados. Parece que o mundo desmorona e não se tem mais objetivo
para viver.
Quantos não se suicidam porque perderam grandes
fortunas na bolsa de valores?
A incredulidade, a simples dúvida
sobre o futuro, as idéias materialistas são os maiores excitantes à
loucura e ao suicídio.5.2.
PAVOR DO DIABO
Entre
as causas da loucura, devemos ainda incluir o pavor do diabo que, com
o seu poder destruidor, já desequilibrou muitos cérebros. Sabe-se o
número de vítimas que ele tem feito ao abalar imaginações fracas
com essa ameaça, que cada vez se procura tornar mais terrível
através de hediondos pormenores? A religião seria bem fraca se, por
não usar o medo, seu poder ficasse comprometido.5.3.
AS OBSESSÕES E AS POSSESSÕES
De
acordo com Bezerra de Menezes, é preciso incluir a causa da
influência espiritual menos feliz, pois nos seus estudos a respeito
do tema, percebeu que há loucura com e sem lesão cerebral. Para
ele, primeiramente há um desfalecimento; depois, um arrastamento.
(Menezes, 1983)6.
ORIENTAÇÕES EXTRAÍDAS DAS OBRAS ESPÍRITAS
6.1.
VALOR RELATIVO DAS COISAS TERRENAS
"O
verdadeiro espírita olha as coisas deste mundo de um ponto de vista
tão elevado; elas lhes parecem tão pequenas, tão mesquinhas, em
face do futuro que o aguarda; a vida é para ele tão curta, tão
fugitiva, que as tribulações não lhe parecem mais do que
incidentes desagradáveis de uma viagem. Aquilo que para qualquer
outro produziria violenta emoção, pouco o afeta, pois sabe que as
amarguras da vida são provas para o seu adiantamento, desde que
sofra sem murmurar, porque será recompensado de acordo com a coragem
demonstrada em suportá-las". (Kardec, 1995, p. 43)6.2.
A FORÇA ESPÍRITA COMO ANTÍDOTO À FRAQUEZA MORAL
"A
loucura tem como causa primeira uma relativa fraqueza moral que torna
o indivíduo incapaz de suportar o choque de certas impressões, em
cujo número figuram, ao menos em três quartas partes, a mágoa, o
desespero, o desapontamento e todas as tribulações da vida. Dar aos
homens a força necessária para ver essas coisas com indiferença,
é, pois, atenuar nele a causa mais freqüente da loucura e do
suicídio. Ora, essa força ele a colhe na Doutrina Espírita bem
compreendida. Em presença da grandeza do futuro que ela desenrola
aos nossos olhos e de que dá prova patente, as tribulações da vida
se tornam tão efêmeras, que deslizam sobre a alma como a água
desliza sobre o mármore, sem deixar traços... A contrariedade
sofrida seria insuficiente ou nula, e uma desgraça imaginária não
o teria arrastado a uma desgraça real.
Em resumo, um dos efeitos,
e nós podemos apontar, um dos benefícios do Espiritismo, é o de
dar à alma a força que lhe falta em muitas circunstâncias, e é
nisto que ele pode reduzir as causas de loucura e de suicídio. Não
está aí a verdadeira filosofia". (Revista Espírita de 1860,
p. 191 e 192)6.3.
A FÉ NO FUTURO ACALMA O CORAÇÃO
"A
calma e a resignação, hauridas na maneira de encarar a vida
terrestre, e na fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é
o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio. Com efeito, é
certo que a maioria dos casos de loucura são devidos à comoção
produzida pelas vicissitudes que o homem não tem força de suportar;
se, pois, pela maneira como o Espiritismo lhe faz encarar as coisas
deste mundo, ele recebe com indiferença, com alegria mesmo, os
reveses, as decepções que o desesperariam em outras circunstâncias,
é evidente que essa força, que o coloca acima dos acontecimentos,
preserva sua razão dos abalos que, sem ela, o sacudiriam".
(Kardec, 1984, cap. V, item 14, p. 79)6.4.
AS CONSEQÜÊNCIAS DA INDISCIPLINA E DA IGNORÂNCIA
"Excetuados
os casos puramente orgânicos, o louco é alguém que procurou forçar
a libertação do aprendizado terrestre, por indisciplina ou
ignorância. Temos neste domínio um gênero de suicídio habilmente
dissimulado, a auto-eliminação da harmonia mental, pela
inconformação da alma nos quadros de luta que a existência humana
apresenta. Diante da dor, do obstáculo ou da morte, milhares de
pessoas capitulam, entregando-se, sem resistência à perturbação
destruidora, que lhes abre, por fim, as portas do túmulo. A
princípio, são meros descontentes e desesperados, que passam
despercebidos mesmo àqueles que os acompanham mais de perto. Pouco a
pouco, no entanto, transformam-se em doentes mentais de variadas
gradações, de cura quase impossível, portadores que são de
problemas inextricáveis e ingratos. Imperceptíveis frutos da
desobediência começam por arruinar o patrimônio fisiológico que
lhes foi confiado na Crosta da Terra, e acabam empobrecidos e
infortunados". (Xavier, 1977, p. 210)7.
CONCLUSÃO
O
Espiritismo, antes de ser o causador da loucura e do suicídio, é o
seu grande médico, pois, através de seus princípios, o ser humano
consegue haurir muita calma e muita resignação em todas as
circunstâncias desfavoráveis de sua existência.
Sérgio
Biagi Gregório-
Fonte: Espirit book
8.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CHEVALIER,
J., GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes,
gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1998.
ENCICLOPÉDIA BRASILEIRA MÉRITO.
EQUIPE
DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC,
A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE,
1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp,
1995.
KARDEC, A. Revista Espírita de 1860. São Paulo:
Edicel.
MENEZES, A. B. de. A Loucura sob Novo Prisma: Estudo
Psíquico-Fisiológico. 4. ed., Rio de Janeiro, 1983.
XAVIER, F.
C. No Mundo Maior, pelo Espírito André Luiz. 7. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 1977.