Admitia
ela, no entanto, que os desígnios de Deus são sempre justos e
amorosos, mas o seu coração de mãe estava angustiado.
O
Ministro ouviu, fraternalmente, sua solicitação, dando início a
interessante diálogo, que transcrevemos em parte:
Ah!
minha amiga – disse o benfeitor amorável -‘ só no espírito de
humildade e de trabalho é possível a nós outros proteger alguém.
…Quantos bônus-hora poderá apresentar em benefício de sua
pretensão?
A
interpelada respondeu, hesitante:
Trezentos
e quatro.
É
de lamentar – elucidou Clarêncio, sorrindo -, pois aqui se
hospeda, há mais de seis anos, e apenas deu à colônia, até hoje,
trezentos e quatro horas de trabalho. Entretanto, logo que se
restabeleceu das lutas sofridas em região inferior, ofereci-lhe
atividade louvável…
Continuando
a leitura do livro encontramos no capítulo vinte e um a questão da
propriedade na Colônia:
“Como
se encara o problema da propriedade na colônia? Esta casa, por
exemplo, pertence-lhe? – Tal como se dá na Terra, a propriedade
aqui é relativa. Nossas aquisições são feitas à base de horas de
trabalho. O bônus-hora, no fundo, é o nosso dinheiro. Quaisquer
utilidades são adquiridas com esses cupons, obtidos por nós mesmos,
à custa de esforço e dedicação”.
Mas
é no capítulo vinte e dois que se discorre, fartamente, sobre o
bônus-hora, e de onde pinçamos esclarecimentos:
“Não
é propriamente moeda, mas ficha de serviço individual, funcionando
como valor aquisitivo.
Os
que se esforçam na obtenção do bônus-hora conseguem certas
prerrogativas na comunidade social.
As
almas operosas conquistam o bônus-hora e podem gozar a companhia de
irmãos queridos, ou o contato de orientadores sábios.
Mas,
é esse o único título de remuneração? – Sim, é o padrão de
pagamento a todos os colaboradores da colônia, não só na
administração, como também na obediência.
A
maioria dos homens encarnados está, simplesmente, ensaiando o
espírito de serviço e aprendendo a trabalhar nos diversos setores
da vida humana.”
Propriedade
legítima, o bônus-hora sempre será moeda de troca junto à
Economia Divina estando o espírito encarnado ou desencarnado,
permitindo o acesso a todo tipo de benefícios para si mesmo e para
outrem, segundo seus interesses e necessidades.
Se
na Terra todos os serviços são remunerados, e quando o são
parcamente, dá ensejo à atuação da Justiça dos Homens, diante da
perfeição da Justiça Divina o mesmo não acontece, como garantiu
Nosso Senhor Jesus Cristo ao dizer que a cada um é dado segundo suas
obras.
Portanto,
todos precisamos verificar, com isenção de consciência, antes de
pedir o que quer que seja “aos Céus” e seus representantes, qual
é o nosso saldo em bônus-horas – nosso Capital Espiritual –
conquistados através de trabalhos voluntários no âmbito de nossa
área de atuação reencarnatória, para que não passemos pela
decepção de ver nossos desejos não atendidos, ou atendidos em
parte.
Pensemos
nisso.
Antônio
Carlos Navarro- Kardec Rio Preto