1 – É lícito
o planejamento familiar, o casal estabelecer quantos filhos deseja?
Quem cuidará
deles? quem os sustentará, alimentará, protegerá, medicará, orientará, educará?
Então, se os pais assumem tão sérios compromissos, obviamente têm o direito de
decidir quantos serão os seus filhos.
2 – Isso não
contraria a vontade de Deus? não devemos deixar que o Criador decida?
Ao nos
outorgar a inteligência, Deus concedeu-nos, paralelamente, o livre arbítrio, a
liberdade de decidir quanto à nossa vida. Isso inclui a prole. É assim que
crescemos para a responsabilidade. Família planejada é família melhor cuidada.
Deixar que venham filhos à vontade, sem depois cuidar deles, como acontece com frequência,
envolvendo casais menos esclarecidos, está longe de representar o cumprimento
da vontade de Deus.
3 –
Aprendemos com a doutrina espírita que muitas vezes a família é planejada na
espiritualidade. o casal que limita a natalidade não corre o risco de estar
negligenciando seus deveres?
Colocaríamos
melhor a questão dizendo que “algumas vezes” esse planejamento é feito,
porquanto poucos Espíritos revelam, ao reencarnar, suficiente maturidade para
assumir tal compromisso. Se há o planejamento, o casal tende a observá-lo.
Reencarna com essa idéia. Ambos, intuitivamente, desejam determinado número de
filhos, e acabam por consumar o que foi planejado.
4 – Não pode
ocorrer uma defecção? Que o casal resolva limitar a natalidade, aquém do que
foi planejado?
Sim,
porquanto nossa visão no mundo espiritual é mais ampla e esclarecida. Do “outro
lado” identificamos melhor nossas necessidades. Aqui, de percepções bloqueadas
pela armadura física, temos uma visão limitada e, inspirados pelo egoísmo,
podemos refugar nossos compromissos.
5 – Se o
casal planejou receber determinados Espíritos como filhos, e não o faz, o que
acontece com eles?
Depende de
sua condição evolutiva. Espíritos mais evoluídos vão cuidar da vida. Desafetos,
que viriam para harmonizar-se com os pais, podem persegui-los. Amigos carentes,
em estado de desequilíbrio, que deveriam reajustar-se no processo
reencarnatório, podem vincular-se ao lar, agindo como almas penadas a
perturbá-los.
6 – Nos
países subdesenvolvidos a prole é numerosa, chega a envolver uma dúzia de
filhos. Os pobres são mais fiéis ao planejamento espiritual?
Não se trata
de fidelidade ao planejamento, mas de incapacidade de planejar, pela própria
condição cultural. Os nascimentos em lares assim obedecem à Natureza. Espíritos
vinculados ao psiquismo do casal são atraídos à reencarnação, pelo campo
vibratório que se forma no relacionamento sexual.
7 – Não há
interferência da espiritualidade?
Um evento
tão importante como a reencarnação de jamais ocorre sem a presença de mentores
espirituais, que oferecem seu apoio e ajuda. Eventualmente, podem até favorecer
que determinado espírito seja conduzido àquele lar, num planejamento sumário.
8 – Nota-se
que, na medida em que a população evolui cultural e economicamente, há uma
tendência para a limitação da natalidade. Isso não representa um “fechar de
portas” aos Espíritos que precisam reencarnar?
Há alguns
excessos nesse particular. casais com maior poder aquisitivo podem não querer
compromissos dessa natureza, a fim de “gozar a vida”. A virtude está no meio.
Nem despreocupação com a quantidade de filhos, nem limitação excessiva. Nem
porta escancarada, nem porta trancada antes da hora. Os filhos dão muito
trabalho e preocupações, mas oferecem, também, significado e objetivo à
existência, colaborando decisivamente para a mudança de pessoa na conjugação do
verbo de nossas ações. da primeira do singular – eu, sob orientação do egoísmo,
para a primeira do plural – nós, iniciando-nos nos domínios abençoados da
fraternidade.
Richard
Simonetti