P. — Cabe ao
Espírito a escolha do corpo em que encarne, ou somente a do gênero de vida que
lhe sirva de prova?
R. — Pode
também escolher o corpo, porquanto as imperfeições que este apresente serão,
para o Espírito, provas que lhe auxiliarão o progresso, se vencer os obstáculos
que lhe oponha.
Item 335
Reencarnação
nem sempre é sucesso expiatório, como nem toda luta no campo físico expressa
punição.
EMMANUEL
Assim como
não existem duas reencarnações exatamente iguais, também não há dois processos
reencarnatórios rigorosamente idênticos — eis um postulado doutrinário que,
segundo nos parece, todos os espiritas pacificamente aceitamos.
Diversos
fatores contribuem para esta variedade nas providências que antecedem uma
reencarnação e para que diverso seja o seu mecanismo.
Estado
evolutivo.
Ambiente
onde deva realizar a sua experiência. Necessidade ou não de uma boa saúde ou de
um corpo orgânico deficiente.
Natureza das
provas.
Qualidades
morais e culturais.
Missão mais
ou menos relevante a realizar.
Em resumo:
Motivo da reencarnação: — missão, prova ou expiação.
Eis, ai,
algumas das razões que alteram, que diversificam os processos reencarnatórios.
Focalizar,
pois, o assunto, nesse aspecto, significa, bem o sabemos, pisar em terreno
movediço.
Toda cautela
é pouca, para que não enverede o aprendiz espírita no campo do radicalismo, da
ortodoxia. Mas, nem por isso o estudante da Doutrina deve cruzar os braços ou
permanecer expectante ante a beleza, a magnitude, a sublimidade do tema.
Sem nos
esquecermos, pois, de que as reencarnações variam ao infinito, podemos, no
entanto, considerar que, em tese, um princípio geral deve ser obedecido nas
reencarnações de Espíritos de evolução média e que apresentem, as mesmas
necessidades.
Os mesmos
defeitos e virtudes, méritos e deméritos, boas qualidades e más tendências.
Para efeito
de estudo do assunto, figuremos três fases determinadoras das reencarnações,
cada uma delas com uma série de providências idênticas, ou, pelo menos, bem
semelhantes.
Eis, na
hipótese, algumas providências que seriam tomadas na chamada primeira fase:
a) —
Intercessão de benfeitores espirituais em geral, e, em particular, do
reencarnante.
b) — Se
necessário, preparação psicológica dos pais, no sentido de manter-lhes ou
despertar-lhes os valores afetivo-emocionais.
c) —
Encontros no Plano Espiritual do candidato à reencarnação com os futuros
genitores.
d) — Visita
ao lar onde deverá renascer.
A segunda fase
constaria do estabelecimento do contato fluídico com os pais, isso antes de
qualquer providência concepcional, no que toca à união sexual, a fim de
possibilitar:
a) — Perda
de energias perispiríticas acumuladas no plano extrafísico.
b) —
Assimilação de elementos fluídicos do plano corporal, em substituição às
energias mencionadas na alínea supra que, por pertencerem ao plano espiritual,
a este devem ser restituídas.
Como se
observa, despoja-se o Espírito dos elementos energéticos do plano extra físico,
a fim de ir tecendo o novo vestuário com os agentes somáticos.
Teríamos,
assim, de agora em diante, a fase final — a terceira fase, a se iniciar com a
operação redutiva do perispírito (diminuição do corpo perispirital, para
oportuno acondicionamento no seio materno).
Entendamos,
no entanto, que o que vai acondicionar-se no útero materno, a modelar o novo
corpo em formação, é, propriamente, o perispírito, porque, quanto mais elevado
for o Espírito, tem ele a faculdade de, durante o período de gestação, conservar
uma liberdade relativa, que lhe permite uma certa autonomia de movimentos, sem
prejuízo do andamento normal do processo biológico.
Em sentido
inverso, o reencarnante involuído, muito atrasado, ficará mais intimamente
justaposto ao seio materno.
Em tese, como se vê, o que se recolhe ao organismo feminino é
o perispírito.
Um Espírito
grandemente evoluído pode, até, comunicar-se em sessão mediúnica, durante o
período de gestação.
Reencarnar é
esconder-se, é ocultar-se no envoltório carnal.
É apagar-se
o Espírito, temporariamente, nas sombras do mundo.
E submergir
no "mar da matéria", se nos permitem a imagem, segundo a qual o
reencarnante seria o mergulhador, que utiliza compacto escafandro.
As fases da
reencarnação podem ser comparadas às providências para a descida de um
escafandro ao fundo do mar (vide ilustração à pág. 119).
O mergulho,
embora necessário, porque objetivando o adestramento e o progresso, com a
consequente vitória do homem sobre si mesmo, oferece perigos, mas o uso nobre e
adequado do livre-arbítrio, conciliando razão esclarecida e sentimento
evangélico, garante o triunfo e a iluminação.
a) — Do
preparo e condições do escafandrista: méritos espirituais, grau evolutivo,
patrimônio moral e cultural, etc.
b) —
Qualidade do escafandro, representada por limitações físicas, defeitos
provacionais ou expiatórios, inibições, anomalias; ou, em sentido contrário,
saúde excelente, equilíbrio orgânico, etc...
c) —
Excelência do pessoal da equipe intercessória: entidades especializadas, Espíritos
amigos, protetores que colaboram no processo reencarnatório.
d) —
Explorações e preparativos prévios: cursos, treinamentos, aprendizagem, enfim,
visando a preparação para a nova experiência.
e) —
Circunstâncias especiais: fatores imprevisíveis e fortuitos, que podem ocorrer,
apesar do melhor planejamento e das mais enfáticas promessas; aventuras,
riscos, configurações sutis de fatores, etc...
Voltemos ao
problema da redução do perispírito. Leon Denis ("O Problema do Ser, do
Destino e da Dor") e André Luiz ("Missionários da Luz",
"Entre a Terra e o Céu" e outros) explicam, com suficiente clareza,
como se processa essa redução do perispírito, que se inicia antes do ato
concepcional, propriamente dito, por meio de ação magnética, quando o reencarnante
é posto em sintonia com os Instrutores que presidem a reencarnação.
Estabelecida
a sintonia indispensável, para que se positive o trabalho magnético dos
Benfeitores de Mais Alto, é o reencarnante convidado ou induzido a participar
do processo palingenésico, da seguinte maneira:
a) —
Lembrar-se da organização fetal.
b) —
Mentalizar o seu próprio ingresso no seio materno, para o refúgio cíclico.
c) — Desejar
ser pequeno.
A
contribuição mental do reencarnante fará com que os Instrutores obtenham o começo
da operação redutiva, que se consolidará depois do inicio da ligação uterina,
através ou mediante a diminuição dos espaços intermoleculares, sob a influência
de "fortes correntes magnéticas".
Inicia-se,
assim, com as sagradas medidas acima expostas, o processo de co-criação de mais
um ente, de mais uma vida.
Uma vida
organizada e consciente, em seu duplo aspecto psicofísico, que ressurgirá, ou
despontará nove meses depois, na paisagem terrestre, para o sublime mister da
redenção pelo trabalho, pelo estudo, pelo amor.
Um dos
maiores débitos que temos para com a Doutrina Espírita, entre tantos outros que
o nosso coração agradecido registra, é este: o conhecimento de como se opera
uma reencarnação, em seus mínimos detalhes, o que, sem dúvida, nos leva a
melhor valorizá-la, buscando, consequentemente, aproveitar ao máximo o tempo de
vida que nos é concedido, no envoltório carnal, pela Divina Misericórdia.
"Conhecereis
a Verdade e ela vos fará livres" — asseverou o Mestre.
Conheçamos a
reencarnação — dizemos nós — e a verdade reencarnatória abrir-nos-á as portas
que levam ao progresso, à iluminação interna, à felicidade.
O estudo
criterioso do Espiritismo — nas fontes doutrinárias de Allan Kardec e nos
substanciosos livros de André Luiz e Emmanuel — constitui imperiosa
necessidade, eis que, adquirindo exata noção de nossa responsabilidade
individual, ser-nos-á possível realizar aquilo que, cm boa linguagem,
denominaríamos evolução consciente.
O estudo e a
aplicação, simultâneos, dos fundamentos doutrinários do Espiritismo, com a sua
consequente incorporação à nossa vida, colocam o ser humano no limiar do
Infinito.
Teoria e
prática espírita-cristãs desdobram à inteligência e ao coração os mais ricos e
mais belos panoramas de crescimento e evolução para Jesus, no rumo de Deus.
O passado
espiritual de grande parte da Humanidade é, realmente, deficitário, mas,
recordando Emmanuel, o extraordinário benfeitor, "dentro da grade dos
sentidos fisiológicos, porém, o espírito recebe gloriosas oportunidades de trabalho
no labor de auto superação".
"A
bênção de um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na Terra — acrescenta
Emmanuel — é como preciosa oportunidade de aperfeiçoamento espiritual, o maior
de todos os dons que o nosso Planeta pode oferecer."
EMMANUEL