A reencarnação é uma passagem
radical, tal qual a morte. É natural que os espíritos sintam a insegurança e a
hesitação tão comuns em momentos como estes.
O processo de encarnação é complexo e
exige muito do espírito. As memórias, por exemplo: praticamente todas elas
ficam inativas e dissociadas na encarnação. Só uma pequena parcela continua
ativa. Ou seja, a encarnação é uma "redução" da vida do espírito.
"Nem todo espírito parte rumo à
encarnação satisfeito; aliás, a disposição do espírito frente à encarnação
varia muito. A pesquisadora Helen Wambach conduziu a regressão de aproximadamente
1500 pessoas e montou um importante bancos de dados com estas informações. Em
dois livros, “Recordando Vidas Passadas” (Editora Pensamento) e Life Before
Life (Bantam Books), ela relatou as características das encarnações anteriores
e a disposição do espírito para a reencarnação. Existiram aqueles espíritos que
se sentiram sugados em direção ao feto, outros relataram temor, receio,
angústia de seguirem rumo à nova encarnação. Alguns contaram que foram
persuadidos a encarnar. Tiveram aqueles que tomaram as decisões por conta
própria, outros relataram grande número diálogos e orientações. A maioria dos
espíritos mostrou algum nível de hesitação para a reencarnação. Existem
inclusive aqueles que encarnaram indo contra a orientação dos espíritos mais
elevados. O que demonstra que mesmo no plano espiritual o livre arbítrio é
considerado. Há também aqueles que não puderam escolher o retorno e foram
compulsoriamente enviados. As situações são muito diversas".
A passagem de desencarnado para
encarnado é um desafio. O primeiro desafio é a mudança de consciência. “Perder”
a consciência espiritual, e se vincular a um corpo em formação é um processo
que exige disposição e coragem. Este processo de ligação e adaptação do
espírito ao novo corpo é iminentemente energético. Assim como na morte, no
renascimento o espírito não controla este processo de ligação energética. É
como entrar em uma montanha russa, depois que o “carrinho” começa a andar a
pessoa/espírito não pode fazer quase nada. O espírito faz parte do processo e
não o controla; é um passageiro indo por caminhos que pouco dependem dele.
Neste processo, as memórias possuem
uma importância especial. Explicando: após a fecundação do óvulo, o processo de
encarnação do espírito dura anos. Uma boa imagem para explicar é esta: a
encarnação é a tentativa de fazer com que uma parte significativa de um
elefante caiba em uma caixa de fósforo. A caixa de fósforo são o corpo físico e
o campo "magnético" que o envolve. Este corpo incorpora partes do
“elefante”. A maior parte fica de fora. O elefante é o espírito, com milhões de
anos de experiências, vivências e memórias. A encarnação é, portanto, uma
restrição da vida do espírito. Esta restrição acontece porque cada espírito
encarna com objetivos evolutivos restritos; jamais alguém conseguiria evoluir
tudo de uma só vez. Dá-se o nome a estes objetivos de MISSÕES DE VIDA. Estas
missões de vida são as prioridades evolutivas da vida que se inicia. Outros
objetivos são deixados para serem resolvidos no plano espiritual ou em outras
encarnações.
Reforçando: um espírito com milhares
(ou milhões) de anos e uma quantidade enorme de memórias não pode encarnar
“trazendo tudo para a vida na Terra”. Existe muita restrição. Esta restrição é,
portanto, uma proteção. Resolve-se alguns problemas na vida encarnada e outros
são deixados para encarnações futuras ou no plano espiritual. Esta proteção
significa que a imensa maioria das memórias ficam dissociadas (inativas) na
vida atual. A reencarnação é um novo recomeço; o espírito encarna trazendo
alguns conteúdos de sua vida pregressa e deve usar a nova oportunidade para
aprender a lidar com eles e superá-los.
Ao reencarnar, a imensa maioria dos
conteúdos do espírito ficam dissociados – “inativos”. A pequena parte destes
conteúdos que continua ativa é capaz de influenciar decisivamente a vida da
pessoa. Todos os seres humanos nascem desprotegidos da ação destes conteúdos
que permaneceram ativos. Estes conteúdos estão presentes na reencarnação por um
motivo simples: eles são influenciadores e servem como direcionadores da vida
da pessoa. Estes conteúdos ativos são a primeira influência sobre o feto,
gerando sua personalidade e temperamento.
A hesitação vem do não controle sobre
a encarnação (mudança de consciência, memórias que farão parte da nova vida,
etc). A nova vida é protegida porque grande parte das memórias (traumas,
condicionamentos, imaturidades, etc) ficam inativas; ao mesmo tempo, esta nova
vida é totalmente desprotegida das memórias que permanecem ativas e que moldam
a personalidade e a mente da pessoa, dirigindo grande parte de sua nova vida.
Concluindo: ao encarnar o espírito
sente insegurança porque tem que mudar completamente a sua vida, passar por um
processo de perda de controle, diminuição da consciência e enfrentar o desconhecido.
Autor: Regis Mesquita
Fonte: Blog: Nascer Várias Vezes
www.nascervariasvezes.com/